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Não tenhais medo! - Centenário das Aparições de Fátima. 1917-2017

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«A vossa face Senhor eu procuro!» – O paradoxo <strong>de</strong> Deus velado e revelado<br />

Escritura conserva-se viva no tempo a revelação <strong>de</strong> Deus, tornando<br />

possível que o que Ele disse em tempos antigos continue a ressoar<br />

por todos os tempos.<br />

Todavia, a própria Sagrada Escritura não <strong>de</strong>sconhece que<br />

Deus, apesar <strong>de</strong> falar e se mostrar, também por vezes se cala e escon<strong>de</strong>.<br />

A revelação que nela acontece não ilu<strong>de</strong> o realismo da nem sempre<br />

fácil relação Deus-Homem. E se a questão do silêncio <strong>de</strong> Deus<br />

é motivo <strong>de</strong> justa perplexida<strong>de</strong>, talvez a observação <strong>de</strong> que tal faz<br />

parte do próprio dinamismo da revelação bíblica aju<strong>de</strong> a interpretar<br />

teológica e espiritualmente o paradoxo <strong>de</strong> Deus velado e revelado. Eis<br />

alguns elementos que nos indicam como este paradoxo se insinua já<br />

na própria Sagrada Escritura:<br />

Moisés: o amigo <strong>de</strong> Deus que o vê <strong>de</strong> «costas» – talvez não haja,<br />

em todo o Antigo Testamento, outra figura tão íntima <strong>de</strong> Deus<br />

como Moisés. A nenhum outro foi revelado, com tal profundida<strong>de</strong>,<br />

o rosto <strong>de</strong> Deus, o nome <strong>de</strong> Deus, a vonta<strong>de</strong> Deus, a Lei <strong>de</strong><br />

Deus. Moisés falava com Deus «face-a-face». Conhecia pois «a face<br />

<strong>de</strong> Deus». Moisés conversava com Deus «como um homem fala<br />

com o seu amigo» (Ex 33, 20). Conhecia portanto a voz <strong>de</strong> Deus<br />

(cf. Sl 17, 14). Moisés escutou a revelação que Deus fez do seu<br />

nome: «Eu sou aquele que sou» (Ex 3, 14). Conhecia enfim algo da<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus. Na relação <strong>de</strong> aliança entre Deus e Moisés temos<br />

então um dos vértices da revelação <strong>de</strong> Deus à história. E no entanto,<br />

também ele (ou melhor, até ele) experimentou como Deus,<br />

por vezes, não mostra o seu rosto, mas antes o escon<strong>de</strong>. Quando<br />

Moisés pedia para ver a glória <strong>de</strong> Deus, este respon<strong>de</strong>u-lhe: «Tu não<br />

po<strong>de</strong>rás ver a minha face». E assim foi. Quando a glória <strong>de</strong> Deus<br />

passou junto a Moisés, este só o viu «pelas costas», pois a «face <strong>de</strong><br />

Deus não se po<strong>de</strong> ver» (cf. Ex 33, 18-23).<br />

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