Não tenhais medo! - Centenário das Aparições de Fátima. 1917-2017
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Abílio Pina Ribeiro<br />
Na Imaculada começa a verificar-se a solene profecia: “Declaro<br />
a guerra entre ti [a serpente] e a mulher, entre a tua <strong>de</strong>scendência<br />
e a <strong>de</strong>scendência <strong>de</strong>la: esta te esmagará a cabeça e tu tentarás<br />
mordê-la no calcanhar” (Gen 3, 15). Com a humil<strong>de</strong> coragem do<br />
seu “sim”, Maria ajudou a libertar-nos do antigo adversário, dando<br />
um corpo humano Àquele que esmagaria a cabeça da serpente <strong>de</strong><br />
uma vez por to<strong>das</strong>. Graças a Maria, por ação do Espírito Santo, o<br />
Verbo ergueu a sua tenda no meio <strong>de</strong> nós e tornou-se o “Deus connosco”,<br />
motivo supremo da nossa esperança.<br />
Maria percorreu o seu itinerário terreno sustentada por uma<br />
fé intrépida, uma esperança inabalável e um amor inesgotável, seguindo<br />
as pega<strong>das</strong> do seu Filho. Ao lado <strong>de</strong>le esteve com materna<br />
solicitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Natal até ao Calvário, on<strong>de</strong> assistiu à Sua crucifixão,<br />
num mar <strong>de</strong> insondável sofrimento; saboreou <strong>de</strong>pois a alegria<br />
da ressurreição, quando o Crucificado <strong>de</strong>ixou o sepulcro vencendo<br />
para sempre e <strong>de</strong> maneira <strong>de</strong>finitiva o po<strong>de</strong>r do pecado e da morte.<br />
É representada no Apocalipse (12, 1) como a Mulher “vestida<br />
<strong>de</strong> sol”, na cabeça uma coroa <strong>de</strong> doze estrelas e, aos seus pés, a<br />
lua, imagem da mortalida<strong>de</strong>, porque, também ela, <strong>de</strong>ixou a morte<br />
para trás e foi inteiramente revestida da vida do Filho: Ela é, assim,<br />
o sinal da vitória do amor, da vitória <strong>de</strong> Deus.<br />
E ela que não se foi abaixo, mesmo no auge da prova, continua<br />
agora, lá do céu, a implorar o dom do Espírito Santo para<br />
que a Igreja persevere no fiel seguimento <strong>de</strong> Jesus Cristo. Para ela<br />
erguemos confiantes o olhar, como para um “sinal <strong>de</strong> consolação e<br />
<strong>de</strong> firme esperança” 1 .<br />
A primeira invocação mariana por nós conhecida foi composta<br />
no Egipto, no século III, e soa <strong>de</strong>ste modo: “À vossa proteção<br />
nos acolhemos, santa Mãe <strong>de</strong> Deus. <strong>Não</strong> <strong>de</strong>sprezeis as nossas súplicas<br />
em nossas necessida<strong>de</strong>s, mas livrai-nos <strong>de</strong> todos os perigos, ó<br />
Virgem gloriosa e bendita”.<br />
1 Cf. CONC. VATICANO II, Const. Dogm. Lumen Gentium, n. 68.<br />
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