Não tenhais medo! - Centenário das Aparições de Fátima. 1917-2017
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Abílio Pina Ribeiro<br />
correm perigo por mais que à volta se encrespem as vagas – assim<br />
também nós permaneceremos limpos e puros, no meio <strong>das</strong> amargas<br />
águas <strong>de</strong>ste mundo, se nos mantivermos na forte e preciosa<br />
concha do imaculado coração <strong>de</strong> Maria”<br />
1. só têm <strong>medo</strong> os qUe pensam qUe estão sós<br />
Falar do coração <strong>de</strong>sta Mulher bendita é situar-se num campo<br />
<strong>de</strong> esperança. Para aí apontam certas expressões da linguagem<br />
popular: “tem um coração <strong>de</strong> oiro”, “é toda coração”, “digo-to do<br />
fundo do coração”. Na Bíblia, coração significa a própria pessoa<br />
no que tem <strong>de</strong> mais vital, <strong>de</strong> mais íntimo, <strong>de</strong> mais profundo. É o<br />
motor e a raiz da pessoa. O coração <strong>de</strong> Maria é representado com<br />
dois símbolos: a espada do sofrimento e do martírio, e as chamas<br />
do amor e da ternura.<br />
Diz também o povo que “Uma palavra saída do coração<br />
guarda calor durante três invernos”. A promessa <strong>de</strong> Nossa Senhora<br />
confortou a Lúcia na longa travessia da sua vida pessoal e da<br />
história atribulada do século XX. Viveu – como ensinava, no seu<br />
tempo, São Guerrico, aba<strong>de</strong> – “sob o amparo da Mãe do Altíssimo,<br />
habitando sob a sua protecção e como que à sombra <strong>das</strong> suas asas”.<br />
A promessa da Virgem reconforta os cristãos <strong>de</strong> hoje no meio<br />
<strong>das</strong> crises, <strong>das</strong> angústias, dos fantasmas do <strong>medo</strong>. Hoje, <strong>de</strong> facto,<br />
os sinais <strong>de</strong> Deus parecem bruxulear e apagar-se à nossa volta: falta<br />
muitas vezes a amiza<strong>de</strong>, a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>, o respeito pela vida, a salvaguarda<br />
dos direitos humanos; muita gente não sabe o que é viver<br />
com pão e dignida<strong>de</strong>; o bem e a verda<strong>de</strong> parecem bater em retirada<br />
diante <strong>das</strong> forças do mal e da mentira. As enfermida<strong>de</strong>s ferem-nos<br />
com ru<strong>de</strong>za. A insegurança, a incerteza inva<strong>de</strong>m-nos, com frequência.<br />
<strong>Não</strong> é bom, então, <strong>de</strong>ixarmos ressoar em nós a promessa estimulante<br />
que a Lúcia ouviu na Cova da Iria?<br />
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