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Não tenhais medo! - Centenário das Aparições de Fátima. 1917-2017

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«A vossa face Senhor eu procuro!» – O paradoxo <strong>de</strong> Deus velado e revelado<br />

ausência po<strong>de</strong>rá ser um pungente <strong>de</strong>safio a purificar imagens muito<br />

ingénuas <strong>de</strong> Deus. <strong>Não</strong> será mero acaso que o Deus da fé cristã se revele<br />

pelo acontecimento e pela relação. Só <strong>de</strong>pois virá a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Deus.<br />

Viver no paradoxo do Deus velado e revelado supõe, então, <strong>de</strong>ixar que<br />

Deus seja Deus, que Ele seja mesmo o absolutamente Outro; mesmo<br />

se os nossos quadros mentais o não conseguem acompanhar.<br />

2. Um Deus peregrino – se for verda<strong>de</strong> que o Deus silêncio<br />

é sempre um Deus diferente, então facilmente se percebe que ser<br />

crente é mesmo ser discípulo, isto é um seguidor. Po<strong>de</strong> dar-se o caso<br />

que, para alguns, da experiência do silêncio divino se possa apenas<br />

extrair o <strong>de</strong>sespero ou a <strong>de</strong>scrença. Isto, porém, não é uma fatalida<strong>de</strong>.<br />

Outra resposta é possível. Quando, como Moisés, <strong>de</strong> Deus não<br />

vemos o rosto mas somente as costas, então é porque Deus está em<br />

movimento, é porque Ele já seguiu para diante. De nós talvez outra<br />

coisa não espere senão que o sigamos e que nos ponhamos, como<br />

Ele, em movimento. Por isso, o silêncio <strong>de</strong> Deus é para o crente<br />

não apenas um <strong>de</strong>sconstrutor <strong>de</strong> teologias ingénuas, mas também<br />

um <strong>de</strong>sbloqueador <strong>de</strong> vi<strong>das</strong> concretas. Ao silêncio <strong>de</strong> Deus po<strong>de</strong>-se,<br />

portanto, não apenas respon<strong>de</strong>r com a parálise, mas também com o<br />

caminhar. Aqui mora a peculiarida<strong>de</strong> da resposta <strong>de</strong> fé. É certo que<br />

o crente sabe <strong>de</strong> não po<strong>de</strong>r alcançar Aquele que sempre caminha à<br />

sua frente. Mas esta é a sua insanável condição: um perene peregrino<br />

<strong>de</strong> Deus e dos rastos da sua glória neste mundo, tal como Deus,<br />

em primeiro lugar, se fez Ele próprio peregrino da humanida<strong>de</strong>.<br />

3. Um Deus mistério – por fim, não há como iludir que, perante<br />

o silêncio e a ausência <strong>de</strong> Deus, não temos to<strong>das</strong> as respostas.<br />

Nunca as teremos. A verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, agora, só a vemos «como<br />

num espelho; <strong>de</strong> maneira confusa» (1Cor 13, 12). Por um lado,<br />

importa que levemos a sério as perplexida<strong>de</strong>s que uma tal situação<br />

gera em nós e na nossa vida <strong>de</strong> fé. Talvez valha a pena não<br />

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