Não tenhais medo! - Centenário das Aparições de Fátima. 1917-2017
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A Igreja como comunida<strong>de</strong> humana dos filhos <strong>de</strong> Deus não<br />
po<strong>de</strong> estar <strong>de</strong>sligada do género humano e da sua história, mas <strong>de</strong>ve<br />
assumir esta condição para po<strong>de</strong>r conduzir esta mesma humanida<strong>de</strong><br />
ao bem, à verda<strong>de</strong>, à beleza. Mergulhada profundamente na humanida<strong>de</strong><br />
é sua tarefa ser sinal <strong>de</strong> esperança, <strong>de</strong> futuro, <strong>de</strong> finalida<strong>de</strong>.<br />
a inqUietU<strong>de</strong> hUmana<br />
Francisco Pereira<br />
O primeiro objetivo da vida é a sobrevivência, esse é também<br />
o primeiro objetivo da vida humana, mas com um acréscimo, que<br />
nasce da sua condição racional, inteligente e volitiva: a felicida<strong>de</strong>.<br />
Todos queremos ser felizes.<br />
Em qualquer abordagem à história da humanida<strong>de</strong>, mesmo<br />
a mais simples, a nossa experiência contemporânea da vida social<br />
mostra-nos que é <strong>de</strong>ssa busca da felicida<strong>de</strong> que nasce a inquietu<strong>de</strong>,<br />
insatisfação, <strong>de</strong>sejo que se transforma num permanente <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />
progresso, <strong>de</strong> avanço.<br />
<strong>Não</strong> conseguimos estar parados. Parar é morrer diz o povo e o<br />
movimento só po<strong>de</strong> ser em frente. Este progresso humano tornou-<br />
-se uma tarefa mais premente com o Iluminismo, fonte <strong>de</strong> autonomia<br />
humana em relação ao universo que o envolve. A Revolução<br />
Francesa, em termos i<strong>de</strong>ológicos, e a Revolução Industrial, em termos<br />
práticos, ocorrendo praticamente ao mesmo tempo, buscavam<br />
uma libertação do homem <strong>de</strong> to<strong>das</strong> as opressões.<br />
Mas outras escravaturas surgiram como consequência <strong>de</strong>stas<br />
mudanças, <strong>das</strong> quais o homem se procurou libertar buscando uma<br />
autonomia cada vez maior, centrando essa autonomia na razão e na ciência,<br />
libertando-se <strong>de</strong> to<strong>das</strong> as ca<strong>de</strong>ias que impediam o completo <strong>de</strong>senvolvimento<br />
da humanida<strong>de</strong>. Para muitos filósofos Deus era o maior<br />
obstáculo ao <strong>de</strong>senvolvimento humano, sem querer retomando o papel<br />
da serpente do relato da criação no Livro do Génesis, sereis como<br />
Deus, ou, para usar a expressão <strong>de</strong> Nietzsche: sereis super-homens.<br />
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