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Emília no País da Gramática - MiniWeb Educação

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voltado para o sítio com o Ditongo <strong>no</strong> bolso? Mistério. . .<br />

— Se houvesse por aqui um jornal, poderíamos pôr um<br />

anúncio: "Perdeu-se um Visconde assim, assim; dá-se boa gratificação a<br />

quem o achar".<br />

— Mas não existe jornal, e é tolice ficarmos to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong> a<br />

campeá-lo. Vamos esquecer o Visconde. Olhem que ain<strong>da</strong> temos de<br />

visitar a Senhora Ortografia.<br />

Foi resolvido esquecerem o Visconde e visitarem a Senhora<br />

Ortografia. Montaram de <strong>no</strong>vo em Quindim e partiram. A meio caminho<br />

<strong>Emília</strong> bateu na testa.<br />

— Heureca! Achei! Achei!... Já descobri tudo! Já descobri a<br />

razão do "delito" do Visconde. . .<br />

Todos se voltaram para ela.<br />

— O Visconde — explicou <strong>Emília</strong> — sofre do coração, como<br />

vocês muito bem sabem, e por isso se assusta com as palavras que<br />

trazem o tal Ditongo Ão. O coitado assusta-se como se o Ão fosse um<br />

tiro, ou um latido de cachorro bravo. . .<br />

— É ver<strong>da</strong>de! — confirmou Narizinho. — Lembro-me que uma<br />

vez ele levou um grandíssimo tombo, quando Tia Nastácia berrou <strong>da</strong><br />

cozinha para o camara<strong>da</strong> do compadre Teodorico, que ia para a ci<strong>da</strong>de:<br />

"Seo Chico, não esqueça de me trazer <strong>da</strong> ven<strong>da</strong> um pão de sabão!"<br />

Aquele "pão de sabão" berrado foi o mesmo que dois tiros de espingar<strong>da</strong><br />

de dois ca<strong>no</strong>s <strong>no</strong> coraçãozinho do Visconde, que estava distraído lendo<br />

a sua álgebra. O coitado caiu de costas. Lembro-me perfeitamente<br />

disso. . . ele até andou de coranchim machucado uma porção de dias.<br />

— Pois é — concluiu a boneca, radiante. — O Visconde raptou<br />

esse Ditongo para livrar a língua de to<strong>da</strong>s as palavras que dão tiros, ou<br />

que latem como cachorro bravo. . .<br />

— E fez muito bem — disse Quindim. — O maior defeito que<br />

acho nesta língua portuguesa é esse latido de cachorro, que a gente não<br />

encontra em nenhuma outra língua viva. Até a mim, que sou bicho<br />

africa<strong>no</strong>, o Ão me assustava <strong>no</strong> começo. Trazia-me a idéia de latido de<br />

cães de caça, seguidos de homens armados de carabinas. . .

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