na boca: — Psiu! Calu<strong>da</strong>! E viu uma bem velhinha, de ADMIRAÇÃO — Cáspite! — Que baitaquinhas! — comentou <strong>Emília</strong>, tapando os I ouvidos. — Já estou tonta, tonta. . . — E há ain<strong>da</strong> aqui — disse o Verbo Ser — esta pequena caixa com as ONOMATOPÉIAS, OU Interjeições IMITATIVAS de certos sons. <strong>Emília</strong> viu nessa caixinha as O<strong>no</strong>matopéias Chape!, que imita o som do animal patinhando n'água. E viu Zás-Trás!, que imita movimento rápido. E viu também o célebre Nhoque!, muito usado por Pedrinho para imitar bote de cachorro bravo, E viu Tchibum! — que imita barulho duma coisa que cai n'água. E viu Trrrlin!, que imita som de esporas <strong>no</strong> assoalho, E viu Tique-Taque, som de relógio. E Toque- Toque, som de bati<strong>da</strong> em porta. E viu Coin, Coin, Coin, som de Rabicó quando leva pelota<strong>da</strong>s do bodoque de Pedrinho. — Sim, senhor! — disse <strong>Emília</strong>, retirando-se. — São muito galantinhas, mas deixam uma pessoa atordoa<strong>da</strong>. Lá <strong>no</strong> sítio usamos muito algumas destas interjeições, e ain<strong>da</strong> várias outras inventa<strong>da</strong>s por nós. Tia Nastácia é uma <strong>da</strong>na<strong>da</strong> para inventar Interjeições. Dana<strong>da</strong> para tudo, aquela negra. . . E, mu<strong>da</strong>ndo de tom: — Por que Vossa Serência não aparece por lá, um dia, para uma visita a Dona Benta? Por ser muito velho? Ora, deixe-se disso!. . . Estamos lá acostumados com a velhice. Dona Benta é velha e Tia Nastácia também. Cachorro bravo? . . . Oh, é bicho que nunca houve <strong>no</strong> sítio. Só temos Rabicó, que é um marquês que não morde, e a Vaca Mocha, que não tem chifre — e agora este Quindim, que é a pérola dos gramáticos. — E há ain<strong>da</strong> mais coisas por lá — continuou <strong>Emília</strong>, depois duma pausa. — Há os famosos bolinhos de Tia Nastácia, feitos de polvilho, leite, uma colherzinha de sal, etc. Depois ela frita. Quando Rabicó sente de longe o cheiro desses bolinhos, vem na vola<strong>da</strong>. Mas não pilha um só. É comi<strong>da</strong> de gente e não de. . . marquês. E finalizou, com uma piscadinha marota:
— Dona Benta é viúva. Vá, que até pode sair casamento. . . O Verbo Ser olhava para <strong>Emília</strong> com os olhos arregalados. Ele não sabia a história <strong>da</strong> célebre torneirinha de asneiras. . .
- Page 1 and 2:
EMÍLIA NO PAÍS DA GRAMÁTICA http
- Page 3 and 4:
CÍRCULO DO LIVRO S.A. São Paulo,
- Page 5 and 6:
I Uma idéia da Senhora Emília Don
- Page 7 and 8:
Parece que andam voando por aqui mi
- Page 9 and 10:
explique-nos que cidades são aquel
- Page 11 and 12:
-— Es-drú-xu-las! — repetiu Em
- Page 13 and 14: cidade e passam a morar aqui, até
- Page 15 and 16: — São palavras da Gíria, criada
- Page 17 and 18: otar num soneto este pobre Galicism
- Page 19 and 20: III Gente importante e gente pobre
- Page 21 and 22: homens exigem dele bastante serviç
- Page 23 and 24: desses dois Nomes quando passam per
- Page 25 and 26: IV Em pleno mar dos Substantivos Ha
- Page 27 and 28: Ladra. — E qual o feminino de Rab
- Page 29 and 30: esquisita, que vem latindo. Senhora
- Page 31 and 32: dizendo que os livros são o pão d
- Page 33 and 34: — Não burrifique tanto, Emília!
- Page 35 and 36: está incubando uma idéia. — O S
- Page 37 and 38: Pronome Eu. — Aqui na nossa cidad
- Page 39 and 40: os homens e todas as mulheres que e
- Page 41 and 42: mora lá? VII Artigos e Numerais
- Page 43 and 44: VIII No acampamento dos Verbos —
- Page 45 and 46: novo de pau para substituir o que a
- Page 47 and 48: Depois desfilou o MODO SUBJUNTIVO,
- Page 49 and 50: queimou, seja mato, lenha ou carvã
- Page 51 and 52: -— Pois vá, e interesse-se pelo
- Page 53 and 54: humanas. — Mas também morrem —
- Page 55 and 56: X A tribo dos Advérbios — O cami
- Page 57 and 58: Nada. Na sétima viu os Advérbios
- Page 59 and 60: XI As Preposições — Gosto dos A
- Page 61 and 62: XII ficava ao lado. Entre as Conjun
- Page 63: XIII A Casa da Gritaria — Que bar
- Page 67 and 68: apareceu sem mais nem menos? — Pe
- Page 69 and 70: céu; e vendo que era o rinoceronte
- Page 71 and 72: XV Uma nova Interjeição Houve um
- Page 73 and 74: — E os ignorantes de hoje continu
- Page 75 and 76: constituem verdadeiros rabinhos, qu
- Page 77 and 78: XVI Emília forma palavras — Pois
- Page 79 and 80: palavra nova, que quer dizer muitas
- Page 81 and 82: de qualquer planta. Que velha sabid
- Page 83 and 84: dá azeitonas e a que dá Sobrenome
- Page 85 and 86: meio de Sufixos e Prefixos. Já fal
- Page 87 and 88: Nariz pequeno é narizinho. . . —
- Page 89 and 90: (cidade), que é grega. Pira (peixe
- Page 91 and 92: Mas isso é curteza de vistas. Esse
- Page 93 and 94: — Irra! — berrou a boneca. —
- Page 95 and 96: — Quer dizer — indagou Narizinh
- Page 97 and 98: — Pois é isso, meus meninos. Sou
- Page 99 and 100: — E os Pronomes Oblíquos, que é
- Page 101 and 102: — Este aqui — disse, indicando
- Page 103 and 104: XXI Os Vícios de Linguagem Logo de
- Page 105 and 106: — Este é o CACÓFATO, que faz mu
- Page 107 and 108: — Este é o PROVINCIANISMO, que f
- Page 109 and 110: XXII As Orações ao ar livre Foram
- Page 111 and 112: E, para exemplificar, gritou na dir
- Page 113 and 114: XXIII Exame e Pontuação Depois de
- Page 115 and 116:
mais Vírgulas! Parecem bacilos do
- Page 117 and 118:
XXIV E o Visconde? Tornava-se preci
- Page 119 and 120:
Emília entrou em cena. Agarrou um
- Page 121 and 122:
Como fosse ali o bairro ortográfic
- Page 123 and 124:
— Pois a senhora precisa trabalha
- Page 125 and 126:
Introduziram-se na língua outros A
- Page 127 and 128:
XXVI Emília ataca o reduto etimol
- Page 129 and 130:
Emília que nem pôde abrir a boca
- Page 131 and 132:
Alfabeto. Avise todos os KK que o t
- Page 133 and 134:
Suma-se. — E eu como fico? — mu
- Page 135 and 136:
Depois da tremenda revolução orto
- Page 137 and 138:
XXVII Epílogo Quando Emília volto
- Page 139 and 140:
O AUTOR E SUA OBRA A elegante benga
- Page 141 and 142:
OBRA INFANTO-JUVENIL DE MONTEIRO LO