Emília no País da Gramática - MiniWeb Educação
Emília no País da Gramática - MiniWeb Educação
Emília no País da Gramática - MiniWeb Educação
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
— Pois a senhora precisa trabalhar muito — disse <strong>Emília</strong> —,<br />
porque a maior parte <strong>da</strong>s gentes ain<strong>da</strong> não sabe escrever na regra. Eu<br />
mesma, que sou marquesa, erro às vezes. . .<br />
— Marquesa? — repetiu a Ortografia, admira<strong>da</strong>.<br />
— Marquesa de quê?<br />
— Marquesa de Rabicó, para a servir, minha senhora!<br />
— respondeu <strong>Emília</strong>, de mãos na cintura e queixo erguido.<br />
Narizinho confirmou o título <strong>da</strong> boneca e narrou várias<br />
passagens <strong>da</strong> sua vidinha, inclusive o casamento e o divórcio com o<br />
Marquês de Rabicó. A Ortografia espantou-se grandemente de tais<br />
prodígios. Em segui<strong>da</strong> falou <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong> ali. — Antigamente o sistema<br />
de escrever as palavras era o SISTEMA ETIMOLÓGICO, o qual man<strong>da</strong>va<br />
escrevê-las de acordo com a origem. Isso trazia muitas complicações e<br />
dificul<strong>da</strong>des.<br />
Por esse sistema, a palavra Cisma, por exemplo, escrevia-se<br />
Scisma, com uma letra inútil, mas justifica<strong>da</strong> pela origem. A palavra<br />
Tísica escrevia-se Phthisica, com três letras inúteis, sempre por causa<br />
<strong>da</strong> origem. Ditongo escrevia-se Diphthongo. De modo que havia uma<br />
e<strong>no</strong>rme trabalheira entre os homens para decorar a forma <strong>da</strong>s palavras<br />
— e trabalheira inútil, porque ninguém ganhava coisa nenhuma com<br />
isso.<br />
. .<br />
— Só os tipógrafos — lembrou Narizinho. — Esses engor<strong>da</strong>vam.<br />
— Sim, só os tipógrafos — confirmou a Ortografia. — Todos os<br />
mais perdiam tempo e fósforo cerebral. Em conseqüência disso ergueu-<br />
se um movimento para mu<strong>da</strong>r — para acabar com a ORTOGRAFIA<br />
ETIMOLÓGICA e pôr em lugar dela outra mais fonética, isto é, que só<br />
conservasse nas palavras as letras que se pronunciam. Esse movimento<br />
venceu, afinal, e acabou sendo sancionado por um decreto do gover<strong>no</strong>,<br />
depois de muito estu<strong>da</strong>do pela Academia Brasileira de Letras.<br />
— Quer dizer que agora ninguém mais erra? — disse Pedrinho.<br />
— Está muito enganado, meu filho. Há regras que têm de ser<br />
segui<strong>da</strong>s, e os que se afastarem dessas regras erram. Mas tudo se torna