Anais do I Congresso de Bioetica e Bem-Estar Animal - Unoesc
Anais do I Congresso de Bioetica e Bem-Estar Animal - Unoesc
Anais do I Congresso de Bioetica e Bem-Estar Animal - Unoesc
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> I <strong>Congresso</strong> Brasileiro <strong>de</strong> Bioética e <strong>Bem</strong>-<strong>Estar</strong> <strong>Animal</strong> e<br />
I Seminário Nacional <strong>de</strong> Biossegurança e Biotecnologia <strong>Animal</strong><br />
BIOSSEGURANÇA NA MANIPULAÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES<br />
BIOSSEGURANÇA NA REINTRODUÇÃO DE<br />
ANIMAIS SILVESTRES NA NATUREZA<br />
José Luiz Catão DIAS 70<br />
Os riscos para a conservação da biodiversida<strong>de</strong> são crescentes, sen<strong>do</strong> que trabalhos<br />
estimam que a cada dia pelo menos uma espécie vegetal e animal são extintas, muitas sem<br />
que ao menos tenham si<strong>do</strong> <strong>de</strong>scritas ou estudadas pela comunida<strong>de</strong> científica.<br />
As causas <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong> são muitas e complexas, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se<br />
pre<strong>do</strong>minantemente a perda <strong>de</strong> habitat. Além <strong>de</strong>ste processo, outros que comprometem<br />
o patrimônio genético natural envolvem a caça, o tráfico ilegal <strong>de</strong> animais e plantas, a<br />
introdução <strong>de</strong> fauna e flora exóticas e a ocorrência <strong>de</strong> epizootias <strong>de</strong>vasta<strong>do</strong>ras, em especial<br />
aquelas nas quais patógenos adapta<strong>do</strong>s aos animais <strong>do</strong>mésticos ultrapassam esta barreira<br />
e atingem a fauna selvagem (CATÃO-DIAS, 2003).<br />
O manejo <strong>de</strong> fauna ameaçada correspon<strong>de</strong> a um conjunto <strong>de</strong> ações integradas<br />
que visam, em última análise, a manutenção <strong>do</strong> patrimônio genético <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada<br />
espécie animal. As principais ferramentas que compõem este conjunto <strong>de</strong> ações são<br />
aquelas relacionadas com a propagação em cativeiro, a reintrodução ao habitat natural e<br />
a translocação entre habitats naturais <strong>de</strong> indivíduos da espécie animal em estu<strong>do</strong>.<br />
A propagacão em cativeiro representa um componente muitas vezes imprescindível<br />
para a sobrevivência <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada espécie animal, sen<strong>do</strong> que para algumas como,<br />
por exemplo, a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) e mutum-das-Alagoas (Mitu mitu),<br />
trata-se da última fronteira antes da completa extinção.<br />
Porém, como estabeleci<strong>do</strong> por Seal & Armstrong em 2000, “..a soltura <strong>de</strong> animais,<br />
seja através da translocação <strong>de</strong> espécimes <strong>de</strong> uma população natural para outra, da<br />
introdução <strong>de</strong> animais nasci<strong>do</strong>s em cativeiro em uma população natural ou <strong>do</strong> retorno <strong>de</strong><br />
animais reabilita<strong>do</strong>s à natureza após algum tempo em cativeiro, implica em algum nível<br />
<strong>de</strong> risco <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças.”<br />
Neste contexto, segun<strong>do</strong> Dzack e colabora<strong>do</strong>res (2000), existem quatro<br />
cenários possíveis para a transmissão <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças que precisam ser analisa<strong>do</strong>s durante o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> qualquer programa <strong>de</strong> soltura <strong>de</strong> animais selvagens em um ambiente<br />
natural:<br />
. introdução <strong>de</strong> uma <strong>do</strong>ença nova em um ambiente natural através <strong>de</strong> um animal selvagem<br />
transloca<strong>do</strong>/reintroduzi<strong>do</strong>:<br />
Neste cenário, o animal selvagem reitroduzi<strong>do</strong>/transloca<strong>do</strong> atua como o vetor para<br />
a introdução <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> patógeno em uma área anteriormente livre <strong>de</strong>ste agente.<br />
Desta forma, os animais suscetíveis da área na qual ocorreu a soltura ficam expostos à<br />
enfermida<strong>de</strong> relacionada a este patógeno. Como os animais da área não são naturalmente<br />
expostos ao agente, frequentemente, neste cenário, a imunida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s animais nativos à<br />
70<br />
Médico Veterinário, Mestra<strong>do</strong> e Doutora<strong>do</strong> em Patologia Experimental e Comparada pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo - USP, Pesquisa<strong>do</strong>r visitante<br />
junto ao Departament of Pathology, National Zoological Park, Smithsonian Institution, Washington, DC, EUA, Livre-Docência em Patologia Comparada<br />
junto à Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina Veterinária e Zootecnia da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo - USP, Professor Associa<strong>do</strong> <strong>de</strong> Patologia Comparada <strong>de</strong> Animais<br />
na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo - USP, Co-editor <strong>do</strong> Livro “Trata<strong>do</strong> <strong>de</strong> Animais Selvagens - Medicina Veterinária”.<br />
Sistema CFMV/CRMVs - Comissão <strong>de</strong> Ética, Bioética e <strong>Bem</strong>-<strong>Estar</strong> <strong>Animal</strong> e Comissão <strong>de</strong> Biotecnologia e Biossegurança<br />
69