Anais do I Congresso de Bioetica e Bem-Estar Animal - Unoesc
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<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> I <strong>Congresso</strong> Brasileiro <strong>de</strong> Bioética e <strong>Bem</strong>-<strong>Estar</strong> <strong>Animal</strong> e<br />
I Seminário Nacional <strong>de</strong> Biossegurança e Biotecnologia <strong>Animal</strong><br />
ou ambas as orelhas. Algumas práticas, ditas “esportivas”, também produzem traumas<br />
– e, consequentemente, <strong>do</strong>r – aos animais, a exemplo <strong>do</strong>s ro<strong>de</strong>ios (PRADA et al., 2002),<br />
hipismo e vaquejadas.<br />
Junte-se a todas estas práticas o mito <strong>de</strong> que estes animais não sentem ou sentem<br />
pouca <strong>do</strong>r, e po<strong>de</strong>-se facilmente concluir que os mesmos são muito mais expostos à <strong>do</strong>r<br />
que os animais <strong>de</strong> pequeno porte.<br />
Além da <strong>do</strong>r aguda associada a estes procedimentos, o perío<strong>do</strong> pós-operatório<br />
também cursa com sofrimento, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, inclusive, esta sensação <strong>do</strong>lorosa tornar-se<br />
crônica (DUNCAN, 2005)<br />
Um <strong>do</strong>s pontos críticos na avaliação <strong>do</strong> sofrimento animal é como mensurá-lo,<br />
pois um mesmo estímulo <strong>do</strong>loroso po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar respostas diferentes entre as espécies<br />
animais e mesmo entre indivíduos da mesma espécie e raça. Em se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> animais <strong>de</strong><br />
produção, méto<strong>do</strong>s como comportamento ativo <strong>de</strong> fuga, avaliação postural, mensuração<br />
<strong>de</strong> cortisol plasmático e escalas <strong>de</strong> <strong>do</strong>r têm si<strong>do</strong> os mais emprega<strong>do</strong>s (MOLONY e KENT,<br />
997; KENT et al., 2000).<br />
Das práticas <strong>de</strong> manejo realizadas em animais <strong>de</strong> produção, a castração é a mais<br />
comum, existin<strong>do</strong> vários méto<strong>do</strong>s possíveis <strong>de</strong> serem aplica<strong>do</strong>s. A <strong>do</strong>r gerada por este<br />
procedimento varia conforme o méto<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> que os mais <strong>do</strong>lorosos são o<br />
elastra<strong>do</strong>r e a bandagem (STAFFORD et al., 2002). Rollin (2003) afirma que não existem<br />
bases científicas que comprovem que a castração seja menos <strong>do</strong>lorosa em animais<br />
jovens <strong>do</strong> que em adultos, um fato bastante difundi<strong>do</strong> entre cria<strong>do</strong>res e veterinários. Pelo<br />
contrário, Hellebrekers (2002, cita<strong>do</strong> por LUNA e TEIXEIRA NETO, 2006) afirma que<br />
o neonato percebe a <strong>do</strong>r <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> mais eficaz que o animal adulto. Sturlini e Luna (2006,<br />
cita<strong>do</strong>s por LUNA e TEIXEIRA NETO, 2006) <strong>de</strong>monstraram, em leitões, a viabilida<strong>de</strong><br />
da realização <strong>de</strong> anestesia previamente à castração, a partir <strong>do</strong> acompanhamento <strong>do</strong> ganho<br />
<strong>de</strong> peso na semana seguinte à cirurgia, uma vez que os animais castra<strong>do</strong>s sob anestesia<br />
ganharam mais peso que os que não foram anestesia<strong>do</strong>s, o que compensou inclusive os<br />
custos <strong>do</strong> procedimento anestésico.<br />
A <strong>de</strong>scorna <strong>de</strong> bezerros, cabritos e cor<strong>de</strong>iros é outra prática muito difundida entre<br />
os cria<strong>do</strong>res, segun<strong>do</strong> os quais facilita o manejo e diminui os riscos <strong>de</strong> traumas aos animais<br />
e trata<strong>do</strong>res. No entanto este procedimento é extremamente <strong>do</strong>loroso, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> apenas ser<br />
realiza<strong>do</strong> sob anestesia local. Graf e Senn ( 999) relataram um aumento <strong>do</strong>s movimentos <strong>de</strong><br />
cauda e <strong>de</strong> cabeça, maior frequência <strong>de</strong> tropeços, e elevação da concentração plasmática <strong>de</strong><br />
vasopressina, ACTH e cortisol em bezerros <strong>de</strong> quatro a seis semanas <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, submeti<strong>do</strong>s<br />
à <strong>de</strong>scorna com ferro quente. Os autores comprovaram que estas alterações foram evitadas<br />
quan<strong>do</strong> foi realizada anestesia local previamente ao procedimento.<br />
A amputação <strong>de</strong> cauda, realizada em ovinos, suínos e, em alguns países, bovinos<br />
e equinos, é justificada pelos cria<strong>do</strong>res como útil para melhorar a higiene e diminuir os<br />
riscos durante o trabalho (equinos). Quan<strong>do</strong> realizada sem anestesia – como na maioria da<br />
vezes – causa <strong>do</strong>r intensa, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da ida<strong>de</strong> em que é realizada e, da mesma forma<br />
que a castração, po<strong>de</strong> causar <strong>do</strong>r crônica <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à inflamação e infecção <strong>do</strong> coto, após o<br />
procedimento (SNEDDON E GENTLE, 200 ). Kent et al. (2000) <strong>de</strong>monstraram que o<br />
comportamento <strong>do</strong> animal após a amputação po<strong>de</strong> permanecer altera<strong>do</strong>, indican<strong>do</strong> <strong>do</strong>r,<br />
por até 4 dias.<br />
A <strong>de</strong>bicagem, ou corte das extremida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> bico, é realizada em aves com a<br />
finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reduzir-se o canibalismo. Pesquisas têm <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> que este procedimento<br />
Sistema CFMV/CRMVs - Comissão <strong>de</strong> Ética, Bioética e <strong>Bem</strong>-<strong>Estar</strong> <strong>Animal</strong> e Comissão <strong>de</strong> Biotecnologia e Biossegurança<br />
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