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Anais do I Congresso de Bioetica e Bem-Estar Animal - Unoesc

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<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> I <strong>Congresso</strong> Brasileiro <strong>de</strong> Bioética e <strong>Bem</strong>-<strong>Estar</strong> <strong>Animal</strong> e<br />

I Seminário Nacional <strong>de</strong> Biossegurança e Biotecnologia <strong>Animal</strong><br />

enfermida<strong>de</strong> é baixa, facilitan<strong>do</strong> a ocorrência <strong>de</strong> graves epizootias. Um exemplo <strong>de</strong>sta<br />

situação foi a introdução <strong>de</strong> Plasmodium kempi no meio-oeste norte americano por meio<br />

<strong>de</strong> perus selvagens transloca<strong>do</strong>s (CASTLE e CHRISTENSEN, 990).<br />

2. transmissão <strong>de</strong> uma <strong>do</strong>ença localmente existente na população selvagem para animais<br />

transloca<strong>do</strong>s/reintroduzi<strong>do</strong>s:<br />

Por sua, nesta situação, os animais reintroduzi<strong>do</strong>s/transloca<strong>do</strong>s ficam expostos<br />

à patógenos existentes em indivíduos selvagens <strong>do</strong> próprio local da soltura. Como o<br />

patógeno circula no ambiente, a resistência natural <strong>do</strong>s espécimes nativos ten<strong>de</strong> a ser<br />

maior <strong>do</strong> que aquela observada nos animais reintroduzi<strong>do</strong>s/transloca<strong>do</strong>s. Em alguns<br />

casos, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> agente em questão, os animais submeti<strong>do</strong>s à soltura po<strong>de</strong>m não<br />

apresentar imunida<strong>de</strong> natural satisfatória ao mesmo, fato que possibilita a ocorrência<br />

<strong>de</strong> processos <strong>de</strong> alta mortalida<strong>de</strong> nos animais reintroduzi<strong>do</strong>s/transloca<strong>do</strong>s. Um exemplo<br />

clássico <strong>de</strong>ste cenário foi observa<strong>do</strong> no programa <strong>de</strong> reintrodução <strong>de</strong> furão-<strong>de</strong>-pata-preta<br />

(Mustela nigripes) nas pradarias norte-americanas, quan<strong>do</strong> animais cria<strong>do</strong>s em cativeiro<br />

morreram <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à infecção por Yersinia pestis, patógeno comumente encontra<strong>do</strong> na área<br />

<strong>de</strong> soltura escolhida (BALLOU, 993).<br />

3. transmissão <strong>de</strong> uma <strong>do</strong>ença <strong>de</strong> um animal selvagem transloca<strong>do</strong>/reintroduzi<strong>do</strong> para<br />

animais <strong>do</strong>mésticos existentes na área <strong>de</strong> soltura:<br />

Esta situação, apesar <strong>de</strong> não implicar necessariamente no óbito <strong>de</strong> animais<br />

selvagens, apresenta eleva<strong>do</strong> risco <strong>de</strong> comprometimento para to<strong>do</strong>s os programas <strong>de</strong><br />

conservação <strong>de</strong> fauna selvagem, haja vista o impacto negativo que po<strong>de</strong> causar junto às<br />

comunida<strong>de</strong>s humanas associadas às áreas <strong>de</strong> soltura. Neste cenário, os animais selvagens<br />

reitroduzi<strong>do</strong>s/transloca<strong>do</strong>s agem como vetores para a introdução <strong>de</strong> patógeno em uma área<br />

anteriormente livre <strong>de</strong>ste agente, e ao qual animais <strong>do</strong>mésticos po<strong>de</strong>m apresentar elevada<br />

suscetibilida<strong>de</strong> e, consequentemente, altas morbida<strong>de</strong>/mortalida<strong>de</strong>. O exemplo mais<br />

notório <strong>de</strong>sta situação é, possivelmente, a <strong>de</strong>sastrosa epizootia <strong>de</strong> peste bovina ocorrida<br />

na África no final <strong>do</strong> século XIX. Neste caso, o vírus da peste bovina foi introduzi<strong>do</strong><br />

no norte da África em 888, alcançan<strong>do</strong> a África <strong>do</strong> Sul em 896. Ao longo da sua<br />

trajetória, a epizootia dizimou populações inteiras <strong>de</strong> herbívoros selvagens e <strong>do</strong>mésticos e<br />

é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> o mais impactante processo sócio-econômico <strong>do</strong> continente africano <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

o fim da escravidão (MELTZER, 1993).<br />

4. transmissão <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças <strong>de</strong> animais <strong>do</strong>mésticos existentes na área <strong>de</strong> soltura para uma<br />

espécie selvagem translocada/reintroduzida<br />

Finalmente, neste cenário, <strong>do</strong>enças observadas na população <strong>de</strong> animais <strong>do</strong>mésticos<br />

habitante da área <strong>de</strong> soltura po<strong>de</strong>m comprometer a sobrevivência <strong>de</strong> animais selvagens<br />

reintroduzi<strong>do</strong>s/transloca<strong>do</strong>s. Isto ocorre em virtu<strong>de</strong> da falta <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação imunitária<br />

<strong>do</strong>s animais selvagens maneja<strong>do</strong>s frente aos patógenos naturalmente encontra<strong>do</strong>s nas<br />

populações <strong>do</strong>mésticas. Um exemplo <strong>de</strong>sta situação foi recentemente observa<strong>do</strong> na Africa<br />

oriental, quan<strong>do</strong> grupos transloca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cachorros-selvagens-africanos (Lycaon pictus)<br />

apresentaram elevada mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à cinomose transmitida por cães <strong>do</strong>micilia<strong>do</strong>s<br />

na região adjacente à área <strong>de</strong> soltura (ALEXANDER et al., 996).<br />

Sistema CFMV/CRMVs - Comissão <strong>de</strong> Ética, Bioética e <strong>Bem</strong>-<strong>Estar</strong> <strong>Animal</strong> e Comissão <strong>de</strong> Biotecnologia e Biossegurança

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