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Anais do I Congresso de Bioetica e Bem-Estar Animal - Unoesc

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<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> I <strong>Congresso</strong> Brasileiro <strong>de</strong> Bioética e <strong>Bem</strong>-<strong>Estar</strong> <strong>Animal</strong> e<br />

I Seminário Nacional <strong>de</strong> Biossegurança e Biotecnologia <strong>Animal</strong><br />

Dor e senciência<br />

Senciência, palavra originada <strong>do</strong> latim sentire, que significa sentir, é a “capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> sofrer ou sentir prazer ou felicida<strong>de</strong>” (SINGER, 2002). De forma sintética é a capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> sentir, estar consciente <strong>de</strong> si próprio ou apenas <strong>do</strong> ambiente que o cerca. Não cabe<br />

aqui estabelecer uma discussão filosófica <strong>do</strong> termo senciência, mas sim das implicações<br />

práticas relacionadas ao fato inquestionável cientificamente <strong>de</strong> que pelo menos os animais<br />

vertebra<strong>do</strong>s sofrem e são serem sencientes. A evidência <strong>de</strong> que os animais sentem <strong>do</strong>r se<br />

confirma pelo fato que estes evitam ou tentar escapar <strong>de</strong> um estímulo <strong>do</strong>loroso e quan<strong>do</strong><br />

apresentam limitação <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> física pela presença <strong>de</strong> <strong>do</strong>r, está é eliminada ou<br />

melhorada com o uso <strong>de</strong> analgésicos. Para muitos filósofos, a senciência fornece ao animal<br />

um valor moral intrínseco, da<strong>do</strong> que há interesses que emanam <strong>de</strong>stes sentimentos. Estas<br />

evidências estão bem <strong>do</strong>cumentadas por estu<strong>do</strong>s comportamentais, pela similarida<strong>de</strong><br />

anatomo-fisiológica em relação ao ser humano e pela teoria da evolução (LUNA 2006).<br />

A <strong>do</strong>r faz parte <strong>do</strong> cotidiano <strong>de</strong> qualquer ser vivo e é condição fundamental para<br />

sobrevivência. É uma qualida<strong>de</strong> sensorial <strong>de</strong> alerta para que os indivíduos percebam<br />

a ocorrência <strong>de</strong> dano tecidual e que estabeleçam mecanismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa ou <strong>de</strong> fuga<br />

(TEIXEIRA, 1995). Esta é a <strong>do</strong>r é conhecida como fisiológica e tem função protetora<br />

(WOOLF, 1991; GOZZANI, 1997). Por outro la<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> a <strong>do</strong>r fisiológica não é tratada<br />

a<strong>de</strong>quadamente após o dano tecidual, po<strong>de</strong> ocorre a persistência <strong>do</strong> fenômeno, ativação <strong>de</strong><br />

vias não envolvidas na mediação da <strong>do</strong>r em condições normais e que passam a contribuir<br />

para a nocicepção, fenômeno conheci<strong>do</strong> como alodinia, adiciona<strong>do</strong> da redução <strong>do</strong> limiar<br />

<strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s nociceceptores, fenômeno conheci<strong>do</strong> como hiperalgesia. Nestas<br />

situações a <strong>do</strong>r passa <strong>de</strong> sintoma <strong>de</strong> uma possível lesão tecidual à própria <strong>do</strong>ença. Casos<br />

<strong>de</strong> hipersensibilida<strong>de</strong> periférica e central tornam a <strong>do</strong>r auto-persistente, muitas vezes por<br />

toda a vida <strong>do</strong> animal. Neste caso a <strong>do</strong>r é <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> patológica ou clínica e po<strong>de</strong> ser<br />

torna crônica e neuropática. Está bem <strong>do</strong>cumenta<strong>do</strong> que a melhor forma <strong>de</strong> controlar a<br />

<strong>do</strong>r é prevení-la, para evitar a sensibilização periférica e central <strong>do</strong> sistema nervoso, esta<br />

última muitas vezes é irreversível, dada à dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento (LUNA 2006).<br />

Avaliação da <strong>do</strong>r em animais<br />

A complexida<strong>de</strong> da <strong>do</strong>r ultrapassa a fronteira física e é influenciada pelo meio<br />

ambiente e pela resposta psíquica <strong>do</strong> animal. Desta forma é consi<strong>de</strong>rada como um<br />

fenômeno biopsico-social, que envolve os aspectos biológico, psíquico e social <strong>do</strong><br />

indivíduo. Relaciona-se ao ambiente que o animal vive e às condições <strong>de</strong> tratamento <strong>do</strong><br />

mesmo. O ponto crítico é como avaliar a <strong>do</strong>r em animais. Apesar <strong>do</strong> antropormofismo não<br />

ser a melhor forma <strong>de</strong> lidar com a questão, dada às gran<strong>de</strong>s diferenças existentes não só<br />

entre a espécie humana e os animais, bem como entre as diferentes espécies <strong>de</strong> animais, o<br />

principio <strong>de</strong> analogia é um bom guia para reconhecer a <strong>do</strong>r em animais. De forma geral os<br />

estímulos que causam <strong>do</strong>r nas diferentes espécies <strong>de</strong> animais são muito similares, haven<strong>do</strong><br />

uma similarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> limiar <strong>de</strong> <strong>do</strong>r para estímulos, mecânicos, térmicos ou químicos.<br />

A variação entre as espécies não ocorre pela sensação em si, mas sim pela forma <strong>de</strong><br />

manifestação comportamental reativa frente ao estímulo <strong>do</strong>loroso (LUNA 2006).<br />

Dentre os animais <strong>do</strong>mésticos, os animais <strong>de</strong> produção são os que mais sofrem<br />

<strong>do</strong>r, tanto pelo fato <strong>de</strong> que raramente recebem profilaxia ou tratamento analgésico em<br />

condições clínicas, como pelo fato que são submeti<strong>do</strong>s a diversos procedimentos cruentos<br />

Sistema CFMV/CRMVs - Comissão <strong>de</strong> Ética, Bioética e <strong>Bem</strong>-<strong>Estar</strong> <strong>Animal</strong> e Comissão <strong>de</strong> Biotecnologia e Biossegurança

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