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Anais do I Congresso de Bioetica e Bem-Estar Animal - Unoesc

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<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> I <strong>Congresso</strong> Brasileiro <strong>de</strong> Bioética e <strong>Bem</strong>-<strong>Estar</strong> <strong>Animal</strong> e<br />

I Seminário Nacional <strong>de</strong> Biossegurança e Biotecnologia <strong>Animal</strong><br />

Enten<strong>de</strong>mos que cabe ao veterinário o papel <strong>de</strong> contribuir para a expressão <strong>de</strong><br />

to<strong>do</strong> o potencial benéfico <strong>de</strong>ssa interação e, a partir disso, promover a continuida<strong>de</strong> e o<br />

bem-estar <strong>de</strong> ambos (humanos e animais) através <strong>do</strong> equilíbrio harmônico na convivência<br />

e a satisfação das necessida<strong>de</strong>s espécies-específicas. O veterinário <strong>de</strong>ve estar apto a<br />

compreen<strong>de</strong>r as diferenças e ajudar as pessoas a ser os melhores guardiões possíveis, ten<strong>do</strong><br />

presente que é <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a esse vínculo que as pessoas trazem seus animais aos consultórios<br />

veterinários (CATANZARO, 2002).<br />

Na prática, poucos veterinários clínicos <strong>de</strong> animais <strong>de</strong> companhia po<strong>de</strong>m<br />

argumentar que o vínculo humano-animal não afeta o seu exercício <strong>do</strong> dia-a dia. É comum,<br />

por exemplo, após um procedimento <strong>de</strong> eutanásia, o veterinário oferecer algum tipo <strong>de</strong><br />

apoio emocional ou aconselhamento para seus clientes humanos enluta<strong>do</strong>s. Na verda<strong>de</strong>,<br />

os veterinários estão expostos a inúmeros comportamentos que evi<strong>de</strong>nciam a natureza <strong>do</strong><br />

vínculo constituí<strong>do</strong> entre o cliente e o seu animal <strong>de</strong> estimação. Essa ligação é evi<strong>de</strong>nte<br />

na sala <strong>de</strong> espera <strong>de</strong> um consultório veterinário, on<strong>de</strong> clientes sorri<strong>de</strong>ntes, ou tensos e<br />

preocupa<strong>do</strong>s, abraçam, afagam seus animais e falam com eles. Também se estabelece uma<br />

re<strong>de</strong> comunicativa entre animais e pessoas que aguardam atendimento, o que evi<strong>de</strong>ncia o<br />

tipo <strong>de</strong> vínculo existente e o seu significa<strong>do</strong> na vida <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s. No entanto, a maior parte<br />

<strong>do</strong>s profissionais ainda carece <strong>de</strong> conhecimentos importantes a respeito das proprieda<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>ssa relação, e isso apesar <strong>de</strong> as pesquisas recentes sugerirem que a compreensão <strong>de</strong>sse<br />

vínculo é uma das competências essenciais <strong>do</strong>s profissionais mais bem-sucedi<strong>do</strong>s.<br />

É fato também que, nos últimos anos, as socieda<strong>de</strong>s alteraram sua visão sobre os<br />

<strong>de</strong>mais seres vivos; com isso, algumas leis foram aperfeiçoadas, reconhecen<strong>do</strong> o valor<br />

intrínseco <strong>do</strong>s animais não-humanos e conferin<strong>do</strong>-lhes uma maior proteção legal. Essa<br />

transformação social tem e terá no futuro sérias implicações para a prática da Medicina<br />

Veterinária. Os profissionais recebem novas <strong>de</strong>mandas ao serem chama<strong>do</strong>s para contribuir<br />

como especialistas para avaliar se as condições <strong>de</strong> vida <strong>do</strong>s animais são as a<strong>de</strong>quadas, ao<br />

serem solicita<strong>do</strong>s a ensinar para os estudantes e para os clientes novos mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> convivência<br />

com seus animais e, por fim, ao serem media<strong>do</strong>res em conflitos particulares e públicos.<br />

Lamentavelmente, os profissionais também são mais freqüentemente responsabiliza<strong>do</strong>s<br />

por crimes contra o bem-estar <strong>do</strong>s animais e sofrem as <strong>de</strong>vidas sanções legais e sociais.<br />

É importante ter em mente que a maioria <strong>do</strong>s clientes que traz seus animais<br />

aos consultórios veterinários espera encontrar compreensão sobre seus sentimentos e<br />

conhecimentos profissionais. Essa compreensão permite ao veterinário fortalecer o fluxo<br />

<strong>de</strong> comunicação com cada cliente. O favorecimento <strong>do</strong> elo entre profissional e cliente<br />

conduz a resulta<strong>do</strong>s mais promissores para to<strong>do</strong>s: o veterinário, o cliente humano e o<br />

paciente. Um exemplo prático é a maior a<strong>de</strong>rência <strong>do</strong> cliente aos aconselhamentos e<br />

terapêuticas, bem como a continuida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> preconiza<strong>do</strong>s.<br />

Também no campo <strong>de</strong> processos cognitivos sociais, verifica-se que a convivência<br />

entre humanos e animais repercute sobre a aprendizagem animal. Portanto, o nível <strong>de</strong><br />

percepção sensorial <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> entre humanos e animais é um instrumento valioso tanto<br />

para promover a aquisição <strong>de</strong> aprendizagem quanto para fortalecer o vínculo entre ambos.<br />

Ao investigar os traços <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s pelo cão, Miklósi et al. (2003) sugerem que uma das<br />

principais diferenças comunicativas entre o cão <strong>do</strong>méstico e o lobo é o comportamento<br />

<strong>de</strong> olhar a expressão facial <strong>de</strong> seus parceiros humanos. Esse comportamento tem a função<br />

<strong>de</strong> iniciar e manter a interação comunicativa e é congruente com os sistemas humanos<br />

Sistema CFMV/CRMVs - Comissão <strong>de</strong> Ética, Bioética e <strong>Bem</strong>-<strong>Estar</strong> <strong>Animal</strong> e Comissão <strong>de</strong> Biotecnologia e Biossegurança<br />

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