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Untitled - Centro de Artes Universidade Federal de Pelotas

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Dramaturgia <strong>de</strong> Série <strong>de</strong> Animação<br />

Nesse sentido, o primeiro item apresentado no programa é o conceito geral da série. Aqui,<br />

é necessário um po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> síntese capaz <strong>de</strong> apresentar, em linhas gerais, o projeto em um<br />

único parágrafo, priorizando o tema, o enredo central e o tom da série. Para isso, o primeiro<br />

passo po<strong>de</strong> ser pensar naquilo que <strong>de</strong>nominamos story line, uma sentença conceitual, isto é,<br />

não narrativa, que apresente a i<strong>de</strong>ia central da narrativa em uma única frase, tornando-a,<br />

portanto, mais universal. Vejamos, a título <strong>de</strong> exemplo, o mito grego <strong>de</strong> Perseu e Medusa.<br />

Na versão mais difundida do mito, conta-se a saga do jovem Perseu que, para presentear o<br />

rei Poli<strong>de</strong>ctes, <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> oferecer a cabeça da Medusa. A górgona, até então, havia transformado em<br />

pedra qualquer guerreiro que ousou entrar em seus domínios. Mesmo sabendo do perigo mortal<br />

da empreitada, Perseu, exemplo da figura do herói clássico, não hesita em realizar sua tarefa e<br />

consegue <strong>de</strong>rrotar o ser ctônico ao encará-lo pelo reflexo <strong>de</strong> seu escudo e, não, diretamente nos<br />

olhos. Daí, uma possível story line para este mito seria: “Po<strong>de</strong>mos superar qualquer <strong>de</strong>safio, mesmo<br />

aqueles consi<strong>de</strong>rados intransponíveis, se o encararmos sob uma nova perspectiva”.<br />

O story line po<strong>de</strong>, portanto, servir <strong>de</strong> ponto <strong>de</strong> partida para a criação dos <strong>de</strong>mais elementos<br />

narrativos <strong>de</strong> uma série, mantendo a essência pensada inicialmente, mesmo quando assume<br />

diferentes formas e aparências. Quantas vezes, por exemplo, a tragédia “Romeu e Julieta”,<br />

<strong>de</strong> Shakespeare, não foi recontada com outros nomes, nas mais variadas formas e em inúmeras<br />

mídias, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o final do século XVI?<br />

A partir do exemplo mitológico mencionado anteriormente, po<strong>de</strong>ríamos pensar em uma<br />

série sobre um corajoso jovem que sempre consegue resolver os problemas que os outros não<br />

conseguem solucionar, variando, por exemplo, os <strong>de</strong>safios apresentados a cada novo episódio.<br />

O story line seria mantido, portanto, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da série ser ambientada no espaço<br />

si<strong>de</strong>ral, em uma geleira glacial, no fundo do mar, em uma floresta tropical ou mesmo da<br />

protagonista ser representada por um monstro, uma máquina, um animal ou ser humano.<br />

O story line po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido em linhas gerais como uma espécie <strong>de</strong> “frase-conceito”, que<br />

explicita em seus aspectos subjetivos uma narrativa qualquer. Serve como fio condutor, uma espécie<br />

<strong>de</strong> bússola norteadora para o <strong>de</strong>senvolvimento do conceito geral da série e mesmo <strong>de</strong> cada episódio.<br />

Apesar <strong>de</strong>, na maioria das vezes, não ser solicitado isoladamente no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um projeto,<br />

o story line po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado um dos aspectos centrais do conceito geral. Trata-se <strong>de</strong> um<br />

exercício minimalista e abstrato que, em alguns casos, po<strong>de</strong> ser tão ou mais difícil do que o próprio<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do roteiro em si. Já em outros casos, principalmente naqueles em que as animações<br />

possuam maior apelo visual, po<strong>de</strong> até mesmo ser pensado por fim, isto é, após a criação <strong>de</strong> todo o<br />

universo narrativo e <strong>de</strong> seus elementos constituintes.<br />

Além <strong>de</strong>ssa essência apresentada pelo story line, o conceito geral da série <strong>de</strong>ve ainda<br />

explicitar, sempre em linhas gerais <strong>de</strong>, no máximo, um parágrafo (cerca <strong>de</strong> oito linhas), o tom<br />

da série, bem como o enredo central, com a apresentação do universo no qual a série será<br />

<strong>de</strong>senvolvida, das personagens principais e <strong>de</strong> seus relacionamentos. Além <strong>de</strong> sintético, o texto<br />

do conceito geral da série <strong>de</strong>ve ser bastante claro e objetivo, possibilitando um entendimento<br />

em linhas gerais das principais características e elementos propostos pela série.<br />

Atente para o <strong>de</strong>talhe <strong>de</strong> que o processo <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> uma série nunca é inconsciente<br />

e que se o conceito central <strong>de</strong>ssa criação não estiver claro pelo menos para o próprio autor,<br />

não estará para mais ninguém. Vejamos abaixo os conceitos gerais apresentados pelas séries<br />

“Carrapatos e Catapultas” e “Tromba Trem”, posteriormente analisadas neste livro.<br />

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