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Untitled - Centro de Artes Universidade Federal de Pelotas

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Dramaturgia <strong>de</strong> Série <strong>de</strong> Animação<br />

Nesta fase, o pensamento abstrato atinge outro nível, possibilitando o entendimento<br />

<strong>de</strong> estruturas mais complexas e o estabelecimento <strong>de</strong> opiniões próprias em relação a temas<br />

diversos da natureza humana e do mundo contemporâneo, como política, filosofia e relações<br />

sociais, por exemplo. Além disso, o adolescente passa a refletir sobre seu próprio pensamento,<br />

permitindo assim o estabelecimento <strong>de</strong> certa autocrítica e da introspecção.<br />

Em relação às três fases anteriores da infância, é na adolescência on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos observar<br />

a maior variação no comportamento e na personalida<strong>de</strong> entre indivíduos <strong>de</strong> uma mesma ida<strong>de</strong>.<br />

Isso significa dizer que diferentes indivíduos adolescentes po<strong>de</strong>m ter diferentes ritmos e formas<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, <strong>de</strong>finindo assim suas próprias personalida<strong>de</strong>s – que, por mais que possam<br />

se assemelhar a <strong>de</strong> outros colegas, sempre serão únicas. Esta situação se acentua ainda mais se<br />

consi<strong>de</strong>rarmos as variações que as pessoas e os meios po<strong>de</strong>m oferecer no relacionamento com<br />

os adolescentes nas mais diversas situações. Além disso, na adolescência, os diversos tipos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimentos não se expan<strong>de</strong>m necessariamente juntos com uma mesma velocida<strong>de</strong>, o que<br />

po<strong>de</strong> gerar problemas em seu relacionamento com o mundo. Um adolescente po<strong>de</strong>, por exemplo, ter<br />

sua estrutura física bem <strong>de</strong>senvolvida, dando a falsa impressão <strong>de</strong> ser uma pessoa mais madura, mas<br />

com o <strong>de</strong>senvolvimento psicológico e emocional não condizente com o <strong>de</strong> sua aparência.<br />

Enquanto na infância vivemos sob o domínio do tempo presente, na adolescência os outros<br />

tempos passam a se manifestar, inclusive como importante referencial i<strong>de</strong>ntitário. Na medida<br />

em que a infância se apresenta como uma “presença ausente” durante a adolescência, isto é,<br />

<strong>de</strong>ixa <strong>de</strong>terminados traços e reminiscências na personalida<strong>de</strong> do adolescente ao mesmo tempo<br />

em que é superada diante dos novos <strong>de</strong>safios da vida, o passado costuma ser evocado para<br />

ratificar transformações (“como eu era”) ou para evi<strong>de</strong>nciar uma fase ultrapassada, sobretudo<br />

por meio da memória – lembranças seletivas que parecem ser muito mais antigas do que são<br />

<strong>de</strong> fato. O futuro, normalmente mais imediato, é motivo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> apreensão e expectativas,<br />

uma vez que se revela incerto e imprevisível.<br />

É, portanto, na adolescência que o indivíduo busca construir sua própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> por<br />

meio <strong>de</strong> dois processos complementares: o auto<strong>de</strong>senvolvimento, movimento <strong>de</strong> caráter<br />

externo e o autoconhecimento, <strong>de</strong> caráter interno. De acordo com o professor norte-americano<br />

<strong>de</strong> psicologia Edward Tory Higgins, po<strong>de</strong>mos pensar em três (auto)representações possíveis da<br />

própria pessoa: a real (o que a pessoa é, <strong>de</strong> fato), a i<strong>de</strong>al (o que gostaria <strong>de</strong> ser) e a <strong>de</strong>sejável<br />

(o que “<strong>de</strong>veria” socialmente ser). Ainda segundo Higgins, essas três dimensões tornam ainda<br />

mais complexo o entendimento <strong>de</strong> si mesmo por parte dos adolescentes, uma vez que, graças<br />

às suas discrepâncias, po<strong>de</strong>m constantemente estar em conflito – fato que, em alguns casos,<br />

perdura até a vida adulta. 12<br />

In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> a série ter um cunho mais ou menos educativo, é sempre importante<br />

po<strong>de</strong>r contar com a assessoria <strong>de</strong> um pedagogo e/ou psicólogo infantil, preferencialmente<br />

que tenham experiência na produção <strong>de</strong> materiais para esse público, para garantir que os<br />

conteúdos <strong>de</strong>sejados possam ser transmitidos da melhor maneira possível.<br />

12. Já a vida adulta, cujo estudo enquanto público-alvo encontra-se além do escopo <strong>de</strong>ste livro, apesar <strong>de</strong> também po<strong>de</strong>r<br />

ser dividida por faixas etárias, costuma ser pensada por meio <strong>de</strong> outros critérios para <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado<br />

segmento, como nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, classe social, localização geográfica, hábitos, consumo etc.<br />

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