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Untitled - Centro de Artes Universidade Federal de Pelotas

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Dramaturgia <strong>de</strong> Série <strong>de</strong> Animação<br />

Apesar <strong>de</strong> seu gran<strong>de</strong> sucesso na época, o romance <strong>de</strong> folhetim per<strong>de</strong>, aos poucos, sua importância<br />

e prestígio com a chegada do rádio, a partir da década <strong>de</strong> 20. Muitos autores do gênero passaram<br />

a escrever roteiros para a nova mídia sonora, emprestando todo o conhecimento adquirido para a<br />

criação <strong>de</strong> narrativas em série. Experiências isoladas, entretanto, foram realizadas posteriormente<br />

com algum sucesso, como os romances <strong>de</strong> Suzana Flag (pseudônimo <strong>de</strong> Nelson Rodri gues), nos anos 40,<br />

e <strong>de</strong> Janete Clair, também dramaturga <strong>de</strong> televisão, nos anos 70 e 80.<br />

Durante sua era <strong>de</strong> ouro, que durou até a popularização da televisão nos anos 60, a ficção<br />

era um dos principais gêneros do rádio. Nomes importantes da dramaturgia mundial, como<br />

Bertold Brecht e Orson Welles, entre inúmeros outros, emprestaram seu talento para o gênero.<br />

A ficção no rádio podia se apresentar em forma <strong>de</strong> peça unitária (“radiatros”); em fragmentos<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> outros programas (sketches) ou em série (radionovelas).<br />

No Brasil, assim como em boa parte da América Latina, ao contrário dos Estados Unidos<br />

e da Europa, as radionovelas prevaleceram sobre os “radiatros” e fizeram enorme sucesso,<br />

principalmente junto ao público feminino da época. Por isso, os principais anunciantes <strong>de</strong>stes<br />

programas eram marcas <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> limpeza, <strong>de</strong> higiene pessoal e <strong>de</strong> cosméticos.<br />

Os roteiros das primeiras radionovelas exibidas no país eram traduzidos <strong>de</strong> autores<br />

estrangeiros, sobretudo cubanos, como “Em Busca da Felicida<strong>de</strong>”, <strong>de</strong> Leandro Blanco, e “O<br />

Direito <strong>de</strong> Nascer”, <strong>de</strong> Félix Caignet. Esta última ficou mais <strong>de</strong> três anos no ar e foi consi<strong>de</strong>rada<br />

a radionovela <strong>de</strong> maior sucesso no país. Entre as décadas <strong>de</strong> 40 e 50, somente a Rádio Nacional<br />

- uma das principais emissoras da época, juntamente com a Rádio Tupi - exibiu um total <strong>de</strong> 807<br />

produções <strong>de</strong> 118 autores distintos.<br />

Entre os autores brasileiros pioneiros da radionovela estão Oduvaldo Viana, Amaral Gurgel<br />

e Gilberto Martins, seguidos <strong>de</strong> outros roteiristas como Dias Gomes, Ivani Ribeiro, Janete Clair<br />

e Mario Lago. Uma das radionovelas <strong>de</strong> autoria nacional mais bem sucedidas foi “Jerônimo, o<br />

Herói do Sertão”, <strong>de</strong> Moysés Weltman, que posteriormente foi adaptada para os quadrinhos e<br />

para a televisão.<br />

A radionovela tinha como principal aliado para seu sucesso o emprego da linguagem sonora<br />

e musical. O uso <strong>de</strong> fala, música, efeitos sonoros e do “silêncio” estimulava a imaginação do<br />

ouvinte, que diante da ausência <strong>de</strong> qualquer imagem pronta era responsável, ele mesmo, pela<br />

construção <strong>de</strong>stas em sua mente. Em outras palavras, cada ouvinte era capaz, a partir <strong>de</strong><br />

uma mesma mensagem original, <strong>de</strong> construir imagens mentais próprias, não necessariamente<br />

parecidas com aquelas que rondavam a mente do autor ou <strong>de</strong> outros ouvintes.<br />

A era <strong>de</strong> ouro do rádio chega ao fim com a chegada da televisão, que o tira do posto <strong>de</strong><br />

principal mídia da época. Ouvintes e, junto com eles, anunciantes migram do rádio para a<br />

televisão. A narrativa seriada, assim como outros gêneros, abandona o rádio, que é obrigado a<br />

se diferenciar da programação televisiva e a se reinventar para não <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> existir.<br />

Apesar <strong>de</strong> haver em diversos países protótipos e experiências <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o final do século XIX,<br />

o boom da televisão se <strong>de</strong>u efetivamente a partir da década <strong>de</strong> 50 do século XX, após o fim da<br />

Segunda Guerra Mundial. Filmes como a “Era do Rádio”, <strong>de</strong> Woody Allen, e “A Hora Mágica”,<br />

<strong>de</strong> Guilherme <strong>de</strong> Almeida Prado, retratam bem este momento <strong>de</strong> transição da era do rádio<br />

para a da televisão.<br />

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