Untitled - Centro de Artes Universidade Federal de Pelotas
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Dramaturgia <strong>de</strong> Série <strong>de</strong> Animação<br />
audiência. Nesse caso, o primeiro episódio da série coinci<strong>de</strong> com o piloto – o que nem sempre<br />
ocorre necessariamente.<br />
Quando não é bem recebido, o piloto po<strong>de</strong> representar o único episódio <strong>de</strong> uma série.<br />
Nos Estados Unidos, principal país produtor <strong>de</strong> séries <strong>de</strong> televisão, estima-se que apenas 25%<br />
dos pilotos realizados resultem em séries regulares. Em outras situações ainda, ressalvas são<br />
feitas ao piloto e modificações po<strong>de</strong>m ser sugeridas para a série, como mudanças no <strong>de</strong>sign,<br />
na técnica <strong>de</strong> animação e a inclusão, remoção ou alteração <strong>de</strong> personagens.<br />
Um equívoco bastante comum ao se pensar o piloto é a tentativa <strong>de</strong> se colocar “tudo”, ou<br />
o máximo <strong>de</strong> informações neste episódio específico. Isso po<strong>de</strong> ocorrer por ansieda<strong>de</strong> do autor<br />
ou por vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> querer convencer que a série possui muitos elementos interessantes. Mas<br />
não se <strong>de</strong>ve presumir que “mais é melhor” e o episódio piloto <strong>de</strong>ve funcionar da mesma forma<br />
que se imagina que os outros episódios <strong>de</strong>vam funcionar.<br />
Em alguns casos, o episódio piloto mostra uma situação inaugural que <strong>de</strong>u origem à série,<br />
por exemplo: como as personagens se conheceram e foram parar em certo lugar. Entretanto,<br />
isto não é uma regra, visto que muitas séries não explicam sua origem ou o faz alguns episódios<br />
mais a frente. O principal é que o roteiro do episódio piloto possa apresentar, da maneira mais<br />
clara e direta possível, ainda que não em sua totalida<strong>de</strong>, o universo narrativo, as personagens<br />
principais e o tom da série.<br />
O passo seguinte na elaboração do roteiro piloto é pensar nas ações que ocorrerão e na<br />
história que será contada, sempre em consonância com o conceito geral da série. Quando se<br />
tem o universo narrativo e personagens bem construídas, a premissa da série oferece algum<br />
tipo <strong>de</strong> condição ou circunstância maior, que permite o <strong>de</strong>sdobramento potencial <strong>de</strong> inúmeras<br />
situações específicas para cada episódio. As maneiras mais comuns para isso acontecer se<br />
manifestam: pela busca <strong>de</strong> objetivos da(s) protagonista(s), pelo relacionamento conflitante<br />
entre personagens <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong>s distintas ou por meio da introdução <strong>de</strong> alguma situação<br />
ou elemento inusitado e <strong>de</strong>sestabilizador <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado modus operandi padrão.<br />
Uma possibilida<strong>de</strong> interessante <strong>de</strong> ser explorada é a realização <strong>de</strong> um roteiro híbrido,<br />
isto é, que possibilite à animação posteriormente ser exibida tanto na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> curtametragem<br />
quanto como piloto <strong>de</strong> série, como foi o caso <strong>de</strong> “Osmar, a Primeira Fatia do Pão<br />
<strong>de</strong> Forma”, <strong>de</strong> Alê McHaddo. Esse hibridismo permite, além <strong>de</strong> maior visibilida<strong>de</strong> à obra,<br />
conhecer a recepção da animação por diferentes tipos <strong>de</strong> público.<br />
Uma das maneiras <strong>de</strong> se começar a pensar a história po<strong>de</strong> ser, como dissemos anteriormente,<br />
por meio da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uma story line seguida da escrita <strong>de</strong> uma sinopse técnica. A escolha <strong>de</strong><br />
um título para o episódio po<strong>de</strong> auxiliar no processo <strong>de</strong> passagem da primeira para a segunda,<br />
embora, às vezes, o título <strong>de</strong>finitivo só seja criado após a finalização do episódio.<br />
A partir da sinopse técnica, é possível expandi-la em um argumento com cerca <strong>de</strong> três<br />
páginas. O argumento manterá a essência da sinopse técnica <strong>de</strong> contar a história com spoilers<br />
(<strong>de</strong>scrições e revelações sobre o enredo, que são omitidas previamente do espectador),<br />
começo, meio e fim, porém em um espaço maior, o que permite mais <strong>de</strong>talhes. Po<strong>de</strong>mos<br />
comparar o argumento ao gênero literário do conto, mas com algumas diferenças. Assim como<br />
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