Ano 10 n.2 maio/agosto 2001 - Senac
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Vários índios morreram durante<br />
confrontos ou foram perseguidos e<br />
assassinados, como o líder Marçal de<br />
Souza, que chegou a ser o representante<br />
de todos os índios brasileiros<br />
na primeira visita do papa João Paulo<br />
II ao Brasil . Em Pirakuá, destacou-se<br />
o líder Amilton Lopes, que declarou:<br />
“Se não fizerem alguma coisa por nós<br />
é melhor apagarem o sol”.<br />
Atualmente, cerca de 8.500 índios<br />
vivem em conflito pela posse de 70<br />
mil hectares de terra, com muitas<br />
comunidades ocupando apenas parte<br />
do território que reivindicam, à espera<br />
de definições políticas, administrativas<br />
e jurídicas do governo. São<br />
as comunidades Arroio Corá, Paraguassu<br />
e Potrero Guasu (Paranhos),<br />
Cerro Marangatu (Antônio João),<br />
Cerrito e Panambizinho (Dourados),<br />
Guassuty (Aral Moreira), Jaguapiré<br />
(Takuru), Jaguari (Amambai), Jarará<br />
(Juti), Lima Campo e Kokueí (Ponta<br />
Porã), Sete Cerros (Coronel Sapucaia),<br />
Sucuriy (Maracaju) e Takuára (Juti).<br />
Algumas reservas foram expandidas<br />
pelos índios, através de conflitos, por<br />
serem vizinhas a antigas terras sagradas,<br />
como é o caso de Paraguassu<br />
e Jaguapiré.<br />
Nas aldeias retomadas pelos índios,<br />
o número de hectare por pessoa subiu<br />
para 20. Nessas áreas, os índios<br />
tentam retomar a sua organização,<br />
que é de uma sociedade sem Estado,<br />
onde o núcleo fundamental é a família<br />
extensa, que valoriza a experiência, o<br />
prestígio e a religiosidade, expressa<br />
principalmente no Ñande Ru (pai de<br />
todos), o líder religioso, o pajé<br />
purificado, conselheiro e rezador. Até<br />
cerca de 30 anos atrás, os guaranis<br />
kaiowás moravam nos ogajekutu,<br />
grandes ocas onde se reuniam até<br />
cem pessoas de uma só família.<br />
Embora abandonadas pelos órgãos<br />
públicos, as áreas retomadas têm<br />
dado exemplos concretos de solidariedade.<br />
A cada nova família que<br />
chega, existe um exército de voluntários<br />
ajudando na sua reintegração<br />
e auto-estima. Por esses<br />
motivos, é visível a melhoria da<br />
condição de vida dos índios nestas<br />
áreas. Há mais espaço e a cultura<br />
indígena pode ser preservada.<br />
O reencontro com suas terras e a volta<br />
ao seu modo de viver original estão<br />
fazendo os guaranis kaiowás retomarem<br />
sua alegria.<br />
Existem fortes indícios que apontam<br />
para a superação dos casos de suicídio<br />
<strong>Ano</strong> <strong>10</strong> • <strong>n.2</strong> • <strong>maio</strong>/<strong>agosto</strong> de <strong>2001</strong> 16 <strong>Senac</strong> e Educação Ambiental