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Ano 10 n.2 maio/agosto 2001 - Senac

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Fotos: Luiz F. Silva<br />

Álvaro Nascimento<br />

A ocupação desordenada<br />

de áreas de floresta, em<br />

um contexto de pobreza,<br />

falta de saneamento e de<br />

assistência à saúde, cria<br />

as condições para a<br />

disseminação de doenças<br />

até então desconhecidas<br />

pelo homem.<br />

A instalação desordenada de um número<br />

cada vez <strong>maio</strong>r de novas populações<br />

em regiões de floresta está acelerando<br />

o contato do homem com animais e<br />

mosquitos silvestres, que podem estar<br />

contaminados por vírus conhecidos<br />

(transmissores da malária, dengue e febre<br />

amarela) e outros vetores ainda não<br />

decifrados pela ciência.<br />

A urbanização dos chamados vírus<br />

emergentes já é preocupação de<br />

institutos de pesquisa como a Fundação<br />

Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de<br />

Janeiro, o Instituto Adolfo Lutz, em São<br />

Paulo, e o Evandro Chagas, no Pará, que<br />

mantêm pesquisadores voltados para os<br />

arbovírus (cujo mais conhecido é o<br />

causador da dengue) e o perigoso<br />

hantavírus. Este último já registra 56<br />

casos em oito anos, no Brasil, sendo que<br />

em 63% dos episódios tem levado o<br />

paciente à morte, um índice de letalidade<br />

altíssimo.<br />

Para o infectologista Luciano Toledo,<br />

diretor do Centro de Pesquisa Leônidas<br />

e Maria Deane, unidade da Fiocruz<br />

recém-inaugurada em Manaus (AM),<br />

“enquanto circulavam apenas nas<br />

populações tradicionais, ninguém se<br />

preocupava com essas novas doenças.<br />

Mas ao sair desses nichos e atingir<br />

grandes concentrações humanas, o país<br />

está acordando para o problema”.<br />

Um dos “inimigos” mais letais é o<br />

hantavírus, transmitido por ratos<br />

silvestres. Os primeiros casos brasileiros<br />

de síndrome pulmonar causados por<br />

esse tipo de vírus foram confirmados em<br />

Juquitiba (SP), em 1993. A partir daí,<br />

pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz<br />

empenham-se num projeto de localização<br />

e identificação das espécies de<br />

ratos vetores do hantavírus em várias<br />

cidades brasileiras, custeado em parte<br />

pelo Sistema de Vigilância do SUS<br />

(Vigisus), do Ministério da Saúde.<br />

A pesquisadora Lygia Busch, da<br />

Universidade de São Paulo (USP), revela<br />

que o índice de letalidade do hantavírus<br />

é muito alto. “De cada dez ou onze<br />

pessoas que contraem a doença, cinco<br />

morrem”, diz ela. Já foram registrados<br />

95 casos de hantaviroses no Brasil, sendo<br />

43 deles mortais. Sete estados brasileiros<br />

já foram afetados.<br />

O mais importante de se notar é que os<br />

ratos silvestres não invadem as cidades.<br />

É o homem que está ocupando o<br />

campo, em geral em meio a uma<br />

realidade que une desmatamento,<br />

migração humana, pobreza, habitações<br />

<strong>Ano</strong> <strong>10</strong> • <strong>n.2</strong> • <strong>maio</strong>/<strong>agosto</strong> de <strong>2001</strong> 22 <strong>Senac</strong> e Educação Ambiental

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