Ano 10 n.2 maio/agosto 2001 - Senac
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Foto: AFP<br />
Estações de metrô na semi-escuridão: até quando?<br />
A Argentina planeja ter 3 mil MW até<br />
20<strong>10</strong>, e a Inglaterra está implantando uma<br />
fazenda eólica no mar, para gerar 1,5 mil<br />
MW.<br />
Questão de<br />
planejamento<br />
A crise do momento pode encerrar-se<br />
no primeiro trimestre de 2002, com o<br />
período chuvoso, segundo os mais<br />
otimistas, mas pode estender-se por todo<br />
o próximo ano e entrar em 2003, na ótica<br />
dos críticos. Até mesmo integrantes do<br />
governo admitem que faltou planejamento<br />
adequado e um mínimo de<br />
investimentos.<br />
O insumo de energia é essencial para um<br />
país como o Brasil, cujo potencial de<br />
crescimento exige um suprimento<br />
adequado. Economia ainda com enorme<br />
margem para expandir-se, a infraestrutura<br />
energética corresponde à base<br />
de apoio, sem a qual é impossível obter<br />
impulso.<br />
Foi este entendimento que levou à<br />
montagem dessa infra-estrutura<br />
energética desde os anos 40, passando<br />
pela criação da Petrobrás e da Eletrobrás.<br />
O vasto programa energético brasileiro,<br />
montado na força dos rios, foi produto<br />
de atento planejamento. Comentando a<br />
crise atual, o ex-ministro Delfim Netto<br />
definiu a situação fazendo uma<br />
comparação com o tempo em que era a<br />
figura dominante da economia do país:<br />
“Naquela época, o país era pensado a<br />
longo prazo. Tínhamos sempre um<br />
planejamento para 12 anos à frente.”<br />
Foi o planejamento econômico que<br />
permitiu que o Brasil deixasse de ser um<br />
país agrícola para chegar à oitava<br />
economia industrial do mundo, embora<br />
a ausência de planejamento social faça a<br />
<strong>maio</strong>ria de seus cidadãos viverem<br />
situações até de Quinto Mundo. No<br />
tocante à produção, porém, o<br />
planejamento funcionou, dando as<br />
respostas adequadas, na época certa, às<br />
demandas da indústria.<br />
Pelas possibilidades naturais do Brasil,<br />
porém, é possível manter o otimismo,<br />
mesmo lamentando os inconvenientes da<br />
imprevidência que resulta nas<br />
dificuldades de hoje e dos próximos<br />
meses. Os recursos continuam<br />
disponíveis, mas é preciso torná-los<br />
utilizáveis da forma mais adequada, tanto<br />
do ponto de vista ambiental quanto<br />
econômico, como afirmou o engenheiro<br />
Mário Santos, presidente do Operador<br />
Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em<br />
depoimento à Comissão de Infra-Estrutura<br />
do Senado.<br />
Os preços<br />
Para o nível de renda do brasileiro,<br />
a conta de luz sempre<br />
pesou no fim do mês. Mas, na<br />
verdade, a energia no país é<br />
gerada a preços baixos, devido<br />
à sua predominante origem<br />
hidrelétrica. Um exemplo é a<br />
Hidrelétrica do Funil, no Rio de<br />
Janeiro, e integrante do Sistema<br />
Furnas: gera energia a R$<br />
5,50 por 1.000 kW. Furnas<br />
repassa os mesmos 1.000 kW<br />
à distribuidora Light a R$ 35. A<br />
Light cobra R$ 160 pelos<br />
mesmos 1.000 kW ao consumidor<br />
fluminense.<br />
O temor é que uma eventual<br />
privatização do Sistema Furnas<br />
leve os novos controladores<br />
a aumentarem os preços<br />
de geração da energia, superando<br />
os R$ 5,50 atuais por<br />
1.000 kW. Os efeitos na ponta<br />
final, o consumo caseiro ou<br />
comercial, seriam, portanto, os<br />
de uma cascata de aumentos.<br />
As tarifas, aliás, já estão<br />
aumentando: em meados de<br />
junho, a Agência Nacional de<br />
Energia Elétrica (Aneel) autorizou<br />
novas tarifas para a<br />
Companhia Força e Luz Cataguazes-Leopoldina<br />
(19,33%),<br />
de Minas, e Companhia de<br />
Eletricidade de Nova Friburgo,<br />
no Rio de Janeiro (16,25%).<br />
Esperavam-se para julho<br />
aumentos também nas tarifas<br />
da Eletropaulo, em São Paulo.<br />
Numa proporção ainda não<br />
prevista, as tarifas sofrerão<br />
também o impacto futuro da<br />
energia termelétrica, cuja<br />
produção é mais cara que a<br />
hidrelétrica.<br />
Foto: AFP<br />
<strong>Senac</strong> e Educação Ambiental 37 <strong>Ano</strong> <strong>10</strong> • <strong>n.2</strong> • <strong>maio</strong>/<strong>agosto</strong> de <strong>2001</strong>