Ano 10 n.2 maio/agosto 2001 - Senac
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primeira turma do magistério indígena.<br />
E 2000 foi também o ano em<br />
que a Universidade Estadual do Mato<br />
Grosso anunciou seu primeiro<br />
vestibular para Pedagogia Indígena,<br />
único curso superior específico para<br />
professores índios no Brasil. Foram<br />
oferecidas 180 vagas, e inscreveramse<br />
530 candidatos – 70% professores<br />
indígenas. Dos professores formados<br />
na primeira turma da CPI do Acre, oito<br />
concorreram e três ingressaram na<br />
Universidade.<br />
“Pretendemos criar o curso de nível<br />
superior no Acre até o final de 2002”,<br />
afirma Nietta Lindenberg Monte, uma<br />
das diretoras da CPI e consultora do<br />
MEC para a Educação Escolar Indígena.<br />
Nietta é também responsável,<br />
junto com outros consultores,<br />
pela elaboração de um documento de<br />
orientação das secretarias estaduais<br />
de ensino quanto à educação escolar<br />
indígena.<br />
O material, chamado Diretrizes para<br />
a Implantação de Programas de<br />
Formação de Professores Indígenas<br />
nos Sistemas Estaduais de Ensino, é<br />
como uma “formação” das Secretarias<br />
de Educação, onde a implantação da<br />
educação indígena ainda encontra<br />
dificuldades – as Secretarias estaduais<br />
ficaram responsáveis pelo funcionamento<br />
das escolas e pela formação<br />
dos professores indígenas a partir de<br />
decreto de 1991 (ver boxe). Nos 23<br />
estados que possuem escolas indígenas,<br />
menos de dez Secretarias<br />
possuem programas de formação de<br />
professores indígenas.<br />
Foto: J. R. Ripper<br />
Foto: J. R. Ripper<br />
Como é a escola<br />
indígena<br />
Tantos acontecimentos são evidências<br />
do crescimento da questão na<br />
sociedade. De escolas rurais ou salasextensão<br />
de escolas não-indígenas,<br />
as escolas indígenas passaram a ser<br />
reconhecidas como específicas, com<br />
organização curricular própria e<br />
participação efetiva da comunidade<br />
indígena.<br />
“A escola indígena tem estrutura diferente.<br />
Os professores, num diálogo<br />
franco com suas comunidades,<br />
decidem sobre conteúdos, calendário,<br />
avaliação, sobre a pedagogia na sua<br />
totalidade”, explica Vera<br />
Olinda Senna, secretária<br />
executiva da CPI. Ela<br />
ressalta as características<br />
A constituição<br />
de 1988 garantiu<br />
o direito dos índios a<br />
uma educação escolar<br />
diferenciada.<br />
bem definidas da escola indígena: a<br />
interculturalidade, o bilingüismo (ou<br />
multilingüismo), a organização e a<br />
participação comunitária e a flexibilidade<br />
curricular.<br />
Joaquim Maná Kaxinawá, por exemplo,<br />
explica que em sua aldeia, que<br />
fica no município de Taranacá, ministra<br />
aula para uma turma multisseriada<br />
(misturando classes de 1ª a 4ª séries),<br />
onde crianças, jovens e velhos têm<br />
aulas em três ou quatro dias da<br />
semana, integrando disciplinas<br />
curriculares e práticas sociais da<br />
aldeia, como colheita, caça e festas.<br />
“Isto é o que não entra na cabeça das<br />
Secretarias de Educação do estado.<br />
A dificuldade é<br />
flagrante”, lamenta.<br />
<strong>Ano</strong> 44 <strong>10</strong> • <strong>n.2</strong> • <strong>maio</strong>/<strong>agosto</strong> de <strong>2001</strong> 44 <strong>Senac</strong> e Educação Ambiental