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Ano 10 n.2 maio/agosto 2001 - Senac

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Foto: Luiz F. Silva<br />

Falta de saneamento básico: terreno propício para<br />

a disseminação de doenças.<br />

em Saúde Pública da Fiocruz, “a<br />

emergência e a reemergência de<br />

doenças infecciosas e sua rápida<br />

disseminação em escala global estão<br />

desafiando os sistemas nacionais de<br />

saúde”.<br />

Para ela, a expectativa de controlar essas<br />

doenças através de novas vacinas,<br />

medicamentos e da criação de uma<br />

vigilância global tem sido frustrada pela<br />

complexidade do problema, apesar do<br />

fantástico avanço verificado na biologia<br />

molecular e na engenharia genética.<br />

Há uma contradição nesse fato, que<br />

ultrapassa os muros do conhecimento<br />

científico-tecnológico e coloca na ordem<br />

do dia as prioridades globais da própria<br />

alocação de recursos materiais e<br />

humanos no esforço para dominar novos<br />

conhecimentos.<br />

Essa contradição faz com que a<br />

Humanidade assista, entre perplexa e<br />

orgulhosa, à clonagem de animais como<br />

a ovelha Dolly, que abre caminho para a<br />

possível e provável clonagem humana.<br />

Mas, ao mesmo tempo, o mundo se vê<br />

refém de estranhas diarréias e hepatites<br />

provocadas por vírus devastadores, que<br />

se mantêm imunes às investigações e<br />

cujas características não podem ser<br />

decifradas sequer pelos supermicroscópios<br />

eletrônicos de última geração.<br />

Para equacionar essa contradição,<br />

segundo Cristina Possas, o Homem talvez<br />

necessite abraçar uma nova concepção<br />

de desenvolvimento, que associe<br />

ecossistema social e saúde, incorporando<br />

essas distintas áreas num único<br />

referencial, voltado para a qualidade de<br />

vida e de saúde.<br />

O melhor é<br />

prevenir<br />

Foto: Vanor Correia<br />

“À medida que o homem altera<br />

o meio ambiente e avança no<br />

processo de urbanização, aumenta<br />

o risco de contato com<br />

os roedores, transmissores dos<br />

hantavírus. Estes, e também os<br />

arenavírus (que podem causar<br />

febre hemorrágica), representam<br />

sérios riscos à saúde, pois<br />

não há vacinas para eles.<br />

A intensa movimentação humana<br />

na Amazônia favorece a<br />

urbanização dos vírus. O<br />

Oropouche é um caso clássico.<br />

Foi isolado pela primeira vez em<br />

Trinidad-Tobago, em 1955.<br />

Cinco anos depois, na construção<br />

da rodovia Belém-Brasília,<br />

foi isolado de uma preguiça e de<br />

mosquitos. No ano seguinte,<br />

houve uma epidemia em Belém.<br />

A doença se alastrou na<br />

década de 70, ao longo da<br />

Transamazônica, e passou por<br />

várias cidades até atingir o Peru,<br />

em 1994. No ano passado,<br />

chegou à Costa Rica.<br />

Foto: Vanor Correia<br />

Os vírus já conhecidos<br />

Arbovírus: tipo de vírus introduzido em vertebrados por insetos.<br />

Arenavírus: pode causar a febre hemorrágica, e normalmente é<br />

transmitido por roedores.<br />

Hantavírus: transmitido por roedores, provoca síndrome pulmonar ou<br />

febre hemorrágica. É de alta letalidade.<br />

De um modo geral, doenças<br />

causadas por vírus desconhecidos<br />

não têm cura, pois não<br />

há tratamentos específicos. O<br />

melhor é prevenir. É preciso ser<br />

ágil no diagnóstico laboratorial,<br />

e para isso é preciso construir<br />

uma rede de laboratórios no<br />

continente americano que possa<br />

fazer frente a esses problemas”,<br />

conclui.<br />

Pedro Vasconcelos<br />

(virologista do Instituto<br />

Evandro Chagas, Belém/PA)<br />

<strong>Ano</strong> <strong>10</strong> • <strong>n.2</strong> • <strong>maio</strong>/<strong>agosto</strong> de <strong>2001</strong> 24 <strong>Senac</strong> e Educação Ambiental

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