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Ano 10 n.2 maio/agosto 2001 - Senac

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Foto: Adriano Von Markendorf<br />

em abril o terceiro levantamento<br />

sobre as condições da Mata, com<br />

instrumentos aperfeiçoados de avaliação<br />

que revelam a dramaticidade<br />

da situação nos estados de Mato<br />

Grosso do Sul, Goiás, Bahia, Rio de<br />

Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais,<br />

São Paulo, Paraná, Santa Catarina e<br />

Rio Grande do Sul. Dividido nas<br />

categorias Estados, Municípios,<br />

Fisionomias Vegetais e Unidades de<br />

Conservação, o Atlas dos Remanescentes<br />

Florestais da Mata Atlântica<br />

reúne também dados sobre locais<br />

críticos e em regeneração.<br />

“A situação é diferente em cada<br />

estado”, aponta a diretora de projetos<br />

da SOS Mata Atlântica e coordenadora<br />

da pesquisa, Márcia Hirota. Ela<br />

explica que, assim como a Mata<br />

possui grande diversidade em relevo,<br />

composição florística e fauna, por<br />

exemplo, as características da<br />

degradação também se apresentam<br />

diferentes, de acordo com o estado.<br />

A <strong>maio</strong>ria, no entanto, mostra<br />

degradação por ação do homem, em<br />

busca de áreas para ocupação e uso.<br />

Os mapas dos estados analisados<br />

estão sendo entregues gradualmente.<br />

Os resultados do Rio de<br />

Janeiro foram divulgados no início de<br />

abril, e os próximos lançamentos<br />

serão no Paraná, em Santa Catarina e<br />

no Rio Grande do Sul, terminando na<br />

Bahia, em novembro. Outra grande<br />

inovação desse último levantamento<br />

é que cada município (2.500 no total)<br />

receberá um mapa das condições da<br />

Mata Atlântica local, nos estados<br />

pesquisados.<br />

“Esperamos assim atrair os prefeitos,<br />

vereadores e ONGs locais para<br />

contribuir com o monitoramento, a<br />

conservação dos ecossistemas e a<br />

adoção de políticas públicas regionais”,<br />

diz Márcia Hirota.<br />

A revelação de que a devastação atua<br />

nos estados de forma fragmentada –<br />

em áreas pequenas, originando<br />

“pequenas ilhas verdes” – reforça a<br />

necessidade da fiscalização em nível<br />

local, segundo Mario Mantovani. Ele<br />

alerta que a fragmentação causa<br />

também a erosão genética, quando<br />

as espécies passam a se reproduzir<br />

apenas entre si, em oposição à<br />

principal característica da Mata<br />

Atlântica, que é a sua biodiversidade.<br />

“Chegou a vez da escala da cidadania,<br />

da responsabilidade compartilhada”,<br />

opina. Ele crê que o diferencial desse<br />

trabalho – o fato de ser realizado pela<br />

sociedade civil – reafirma a necessidade<br />

de participação da população e<br />

de políticos locais. Em todas as etapas,<br />

a pesquisa contou com o apoio de<br />

órgãos governamentais, ambientalistas,<br />

universidades e institutos de<br />

pesquisa, especialistas e com o<br />

patrocínio de empresas privadas.<br />

O caso do Rio<br />

O Rio de Janeiro foi o estado<br />

originalmente com <strong>maio</strong>r cobertura da<br />

Mata Atlântica – em 1500, 97% de<br />

sua área eram cobertos pela mata<br />

nativa. No último monitoramento,<br />

realizado em 1995, ele foi o campeão<br />

da devastação da Mata Atlântica.<br />

Agora, o Atlas aponta principalmente<br />

para a situação inédita do Rio: de 150<br />

mil hectares devastados entre 1990<br />

e 1995, o estado passou a 3,7 mil<br />

hectares, entre 1995 e 2000.<br />

O monitoramento mostrou que só<br />

restam 17% (750 mil hectares) do<br />

território fluminense cobertos<br />

pela Mata Atlântica, quando as<br />

estimativas do penúltimo Atlas<br />

apontavam que os remanescentes<br />

chegariam a 21% (890 mil<br />

hectares). A diferença, de 140 mil<br />

hectares, corresponde a 28 vezes<br />

a Floresta da Tijuca. Esse resultado<br />

deve-se não apenas à ação mais<br />

agressiva e fragmentada do homem,<br />

mas à mudança de metodologia<br />

da pesquisa, que usa<br />

hoje uma escala mais precisa,<br />

1:50.000, com foco mínimo de<br />

<strong>10</strong> hectares.<br />

A Mata Atlântica hoje é<br />

inexistente nos municípios ao<br />

Norte, Noroeste e na Baixada<br />

Fluminense, como São João de<br />

Meriti, Queimados, Nilópolis e<br />

Aperibé, devido principalmente ao<br />

desmatamento, mas ainda se<br />

mantém abundante nas áreas de<br />

relevo acidentado do estado, como a<br />

região serrana, que abrange Nova<br />

Friburgo, Cachoeiras de Macacu e<br />

Paulo de Frontin. O corredor ecológico<br />

do Sul do estado é a região de <strong>maio</strong>r<br />

preservação do bioma, em municípios<br />

como Parati, Rio Claro, Mangaratiba e<br />

Angra dos Reis – este último com<br />

73% de cobertura de Mata Atlântica.<br />

“Essa situação se deve, especialmente,<br />

à legislação rigorosa que<br />

possuímos, com a Área de Proteção<br />

Ambiental de Tamoios. Mas somos<br />

ainda muito pressionados por<br />

invasões de caráter especulativo,<br />

principalmente após a desativação do<br />

presídio da Ilha Grande”, conta o<br />

secretário de Planejamento e Meio<br />

Ambiente de Angra dos Reis, Rubem<br />

Dobler. O secretário diz que, para<br />

continuar a conservar a floresta, os<br />

municípios da região assinarão em<br />

breve o Consórcio Ambiental Intermunicipal<br />

da Costa Verde, em parceria<br />

com a Secretaria de Estado de Meio<br />

Ambiente.<br />

Outra medida foi a campanha nacional<br />

Mata Atlântica 3 o Milênio – Desmatamento<br />

ou Recuperação Já, iniciada<br />

em <strong>maio</strong> pela SOS Mata Atlântica e<br />

pela Rede Nacional da Mata Atlântica,<br />

que reúne nove entidades ambientalistas<br />

localizadas no Sul, Sudeste e<br />

Nordeste do país. Através da campanha,<br />

as ONGs se mobilizam para fazer<br />

passar no Congresso projeto de lei<br />

que garanta proteção total ao bioma.<br />

“Além disso, pedimos a inserção do<br />

estudo da Mata Atlântica nas escolas,<br />

<strong>Ano</strong> <strong>10</strong> • <strong>n.2</strong> • <strong>maio</strong>/<strong>agosto</strong> de <strong>2001</strong> 54 <strong>Senac</strong> e Educação Ambiental

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