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policial e pelo o militar 23 com o objetivo de desenvolver ―uma teoria <strong>do</strong>s usos sociais<br />

e políticos da força e para revelar as diferenças éticas entre os usos legítimos e os<br />

usos abusivos da violência‖ (2004, p. 481).<br />

O autor parte <strong>do</strong> contraste entre a polícia e o exército, toman<strong>do</strong> o exército<br />

como o tipo ideal <strong>do</strong> aparelho violento e, a partir desse paralelo, passa a examinar<br />

em que medida o perfil da polícia pode ser delinea<strong>do</strong> por meio da comparação com<br />

o <strong>do</strong> exército em cinco pontos <strong>do</strong>s seus respectivos funcionamentos: o poder de<br />

fogo, o contexto da intervenção, o ethos, o regulamento e a responsabilização<br />

(BRODEUR, 2004).<br />

Confrontan<strong>do</strong> os <strong>do</strong>is tipos de instituições, o autor conclui que o ethos da<br />

polícia não militarizada é um ethos <strong>do</strong> uso mínimo da força. Em suas palavras: ―o<br />

princípio <strong>do</strong> ethos da polícia, no seu recurso à violência física, decorre da sua posse<br />

<strong>do</strong> monopólio <strong>do</strong> uso legítimo da força‖ (IBIDEM, p. 484). Assim, como o direito de<br />

monopólio da força confere à polícia ―uma vantagem desproporcional sobre a<br />

maioria daqueles contra quem ela exercerá sua violência‖, em consequência, o<br />

desequilíbrio inicial deve fazer com que a polícia use ―a força com moderação,<br />

sobretu<strong>do</strong> porque é preciso atentar para a preservação da sua legitimidade‖<br />

(IBIDEM).<br />

O ethos <strong>do</strong> Exército, por sua vez, o militar por excelência, é o ethos <strong>do</strong> uso<br />

da força máxima. Embora Brodeur reconheça que há variações nele ao longo da<br />

história, o autor conclui que ―a ofensiva militar obedece a uma lógica segun<strong>do</strong> a qual<br />

o objetivo das operações é subjugar o adversário, a fim de vencê-lo o mais<br />

completamente possível‖ (ibidem). Esse núcleo histórico <strong>do</strong> ethos militar ainda está<br />

presente na contemporaneidade. Segun<strong>do</strong> o autor, ―mesmo não se levan<strong>do</strong> em<br />

conta a arma nuclear, a noção de força máxima está bem incrustada no ethos militar<br />

pós-moderno, como demonstram as táticas de fogo e de choque, no conflito da<br />

Chechênia, na Rússia‖ (IBIDEM).<br />

Entre o ethos <strong>do</strong> uso da força mínima e o <strong>do</strong> uso da força máxima está o<br />

ethos das polícias militarizadas, que surgiu da fusão <strong>do</strong> ethos da polícia com o ethos<br />

militar. Essa é a realidade ainda hoje presente nas tendências de mestiçagem 24 <strong>do</strong>s<br />

23 A comparação é entre a polícia e as Forças Armadas, mais especificamente o Exército.<br />

24 Segun<strong>do</strong> o autor, as tendências atuais de mestiçagem seriam: 1) o tipo homogêneo de polícia, que<br />

combina ethos policial com poder de fogo policial: 2) o tipo homogêneo de Forças Armadas, que<br />

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