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centrada na ação, o reconhecimento de que construímos e reconstruímos<br />

ativamente a estrutura social no decurso das nossas atividades diárias (GIDDENS,<br />

2004, p. 670).<br />

A este processo ativo de construção e reconstrução da estrutura social<br />

Giddens chama de estruturação 33 . Conceito que o autor emprega para enfatizar que<br />

estrutura e ação estão necessariamente relacionadas entre si e para tentar se firmar<br />

numa perspectiva teórica de equilíbrio que não priorize um ou outro ponto da análise<br />

– a coletividade ou o indivíduo. Pois, conforme ele mesmo afirma:<br />

As sociedades, comunidades ou grupos apenas têm uma<br />

“estrutura” na medida em que as pessoas agem de um mo<strong>do</strong><br />

regular e previsível. Por outro la<strong>do</strong>, a “acção” apenas é possível na<br />

medida em que cada um de nós, como indivíduo, possui uma<br />

enorme quantidade de conhecimento socialmente estrutura<strong>do</strong><br />

(2004, p. 670) (negrito nosso)<br />

Isso nos permite notar a diferença entre essa perspectiva e a noção<br />

estruturalista de estrutura 34 . Aliás, foi a partir <strong>do</strong> declínio <strong>do</strong> estruturalismo, que<br />

diversos autores passaram a procurar um lugar de equilíbrio para a estrutura,<br />

convenci<strong>do</strong>s de que ela exerce certa influência sobre a ação social. E, é justamente<br />

nesse contexto, que se insere Anthony Giddens 35 , desenvolven<strong>do</strong> a teoria da<br />

33 A estruturação presume sempre o que o autor designa como «dualidade da estrutura». Isto significa<br />

que toda a ação social pressupõe a existência da estrutura. Mas, ao mesmo tempo, a estrutura<br />

pressupõe a ação, porque a «estrutura» depende das regularidades <strong>do</strong> comportamento humano. Cf.<br />

GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4 ed. revista e atualizada. Tradução de Alexandra Figueire<strong>do</strong> et al.<br />

Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004, p. 670.<br />

34 Questiona<strong>do</strong> sobre a diferença entre seu conceito de estrutura e o <strong>do</strong> estruturalismo, o próprio<br />

Giddens respondeu: ―o estruturalismo é basicamente uma orientação equivocada. É por isso que sou<br />

também bastante hostil a certas versões <strong>do</strong> pós-modernismo. Eles se equivocam já na construção da<br />

teoria <strong>do</strong> significa<strong>do</strong>, o que implica um erro básico. No estruturalismo, significa<strong>do</strong> é uma relação entre<br />

itens dentro de um sistema semiológico ou de um código semiótico, de mo<strong>do</strong> que ele é organiza<strong>do</strong><br />

internamente, como, por exemplo, no caso da linguagem ou outro sistema de comunicação. Isso está<br />

erra<strong>do</strong>, pois a linguagem se desenvolve no contexto de seu uso, e prefiro muito mais uma teoria<br />

wittgensteiniana da linguagem‖, por isso o autor destaca que ―estruturas existem, como no caso da<br />

linguagem (que não é somente uma estrutura semiótica), apenas não existem no tempo e no espaço.<br />

Elas são organizadas através de encontros práticos com o mun<strong>do</strong> real, nos quais compartilha-se<br />

esquemas perceptivos comuns‖. Cf. DOMINGUES, José Maurício; HERZ, Mônica; REZENDE,<br />

Cláudia. Entrevista com Anthony Giddens. Estu<strong>do</strong>s Históricos. Rio de Janeiro, vol. 8, n . 16, 1992.<br />

35 Ira J. Cohen, ao comentar as perspectivas teóricas que priorizam a ação social ou às propriedades<br />

das coletividades e a reconciliação de ação e coletividade, esclarece que: ―Deve-se creditar a<br />

Anthony Giddens ter aceita<strong>do</strong> as responsabilidades que esse projeto acarreta, como parte de um<br />

programa mais amplo cria<strong>do</strong> para produzir uma reorientação abrangente da agenda teórica na ciência<br />

social. A teoria da estruturação, fruto desse projeto, reconstrói a sabe<strong>do</strong>ria de uma série de idéias<br />

que ultrapassam todas as fronteiras nacionais e disciplinares e ao mesmo tempo coloca uma<br />

alternativa instiga<strong>do</strong>ra. A extraordinária diversidade das escolas de pensamento que estão sujeitas a<br />

críticas produtivas nos seus escritos, assim como o escopo e os detalhes da própria teoria da<br />

estruturação, diferencia Giddens de outros estudiosos que estão empenha<strong>do</strong>s em esforços similares‖.<br />

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