View - Universidade Estadual do Ceará
View - Universidade Estadual do Ceará
View - Universidade Estadual do Ceará
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Nesse contexto, o processo de estruturação entra em cena com a finalidade<br />
de designar as condições que regem a continuidade ou a transformação da referida<br />
estrutura, significan<strong>do</strong> que as características estruturais <strong>do</strong>s sistemas sociais são, ao<br />
mesmo tempo, condições e resulta<strong>do</strong>s das atividades realizadas pelos agentes que<br />
fazem parte desses sistemas. Nesse senti<strong>do</strong>, são as palavras <strong>do</strong> autor, ao observar<br />
que a dualidade da estrutura refere-se à:<br />
retroatividade essencial da vida social como constituída em práticas<br />
sociais. A estrutura é tanto o meio como o resulta<strong>do</strong> da reprodução<br />
das práticas. A estrutura entra simultaneamente na constituição das<br />
práticas sociais e ―existe‖ nos momentos gera<strong>do</strong>res dessa<br />
constituição. (1979, p.4) Apud Cohen 1999, p. 430.<br />
Estrutura não se confunde com sistemas sociais (conjuntos estruturais). O<br />
estrutural ou as estruturas, enquanto conjunto de regras e recursos organiza<strong>do</strong>s de<br />
mo<strong>do</strong> recursivo, ―está fora <strong>do</strong> tempo e <strong>do</strong> espaço‖, caracterizan<strong>do</strong>-se por uma<br />
ausência <strong>do</strong> sujeito. Os sistemas sociais, diferentemente, se compõem das<br />
atividades espácio-temporalmente situadas <strong>do</strong>s agentes humanos (relações entre<br />
atores ou coletividades, reproduzidas e organizadas como práticas sociais regulares)<br />
que reproduzem estas últimas no tempo e no espaço (LALLEMENT, 2004, p. 177-<br />
178). Nesse contexto, analisar a estruturação <strong>do</strong>s sistemas sociais é nas palavras<br />
de Giddens:<br />
estudar os mo<strong>do</strong>s como tais sistemas, fundamenta<strong>do</strong>s nas atividades<br />
cognoscitivas de atores localiza<strong>do</strong>s que se apóiam em regras e<br />
recursos na diversidade de contextos de ação, são produzi<strong>do</strong>s e<br />
reproduzi<strong>do</strong>s em interação. Crucial para a idéia de estruturação é<br />
o teorema da dualidade da estrutura, o qual está logicamente<br />
subentendi<strong>do</strong> nos argumentos acima apresenta<strong>do</strong>s. A constituição<br />
de agentes e estruturas não são <strong>do</strong>is conjuntos de fenômenos<br />
da<strong>do</strong>s independentemente — um dualismo —, mas representam<br />
uma dualidade. De acor<strong>do</strong> com a noção de dualidade da<br />
estrutura, as propriedades estruturais de sistemas sociais são,<br />
ao mesmo tempo, meio e fim das práticas que elas<br />
recursivamente organizam. A estrutura não é ―externa‖ aos<br />
indivíduos: enquanto traços mnêmicos e exemplificada em práticas<br />
sociais, é, num certo senti<strong>do</strong>, mais ―interna‖ <strong>do</strong> que externa às suas<br />
atividades, num senti<strong>do</strong> durkheimiano. Estrutura não deve ser<br />
equiparada a restrição, a coerção, mas é sempre, simultaneamente,<br />
restritiva e facilita<strong>do</strong>ra. Isso, é claro, não impede que as propriedades<br />
estruturadas de sistemas sociais se estendam, no tempo e no<br />
espaço, para além <strong>do</strong> controle de quaisquer atores individuais.<br />
Tampouco compromete a possibilidade de que as teorias de sistemas<br />
sociais <strong>do</strong>s próprios autores, que eles ajudam a constituir e a<br />
reconstituir em suas atividades, possam reificar aqueles sistemas<br />
60