14.10.2014 Views

View - Universidade Estadual do Ceará

View - Universidade Estadual do Ceará

View - Universidade Estadual do Ceará

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

estrutura da PM, pelas propriedades de sua formação sócio-histórica, subestiman<strong>do</strong><br />

a capacidade reflexiva <strong>do</strong>s mesmos (GIDDENS, 1978).<br />

Ao que parece, o ideal é carrear os argumentos váli<strong>do</strong>s desse debate entre<br />

as correntes que enfatizam os componentes ativos e criativos <strong>do</strong> comportamento<br />

humano e os constrangimentos estruturais à ação humana, já que nenhuma dessas<br />

perspectivas é totalmente excludente ou inválida. Aliás, Giddens observa que,<br />

nenhuma delas é inteiramente correta e que existem, inclusive, conexões entre elas.<br />

De forma que, a concepção de Durkheim, em certos aspectos, é claramente válida.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, a teoria da estruturação de Anthony Giddens enquanto uma<br />

tentativa de superar as perspectivas dicotômicas da relação entre ação e estrutura,<br />

buscan<strong>do</strong> um meio termo teórico entre o subjetivismo e o objetivismo, entre o micro<br />

e o macro parece ser uma boa opção teórica 32 . Pois Giddens, com certo ecletismo<br />

meto<strong>do</strong>lógico procura articular as dimensões microscópica e macroscópica da vida<br />

social num mesmo corpo teórico.<br />

Com ele, podemos compreender que a PM, enquanto instituição social,<br />

precede de fato os policiais militares, sen<strong>do</strong> evidente que lhes coloca restrições e<br />

constrangimentos, na medida em que, já estabelecida e existente antes <strong>do</strong> ingresso<br />

<strong>do</strong>s mesmos em seus quadros, restringe as suas atividades. Mas, não se pode<br />

conceber que a PM seja exterior aos policiais militares. Pois, conforme assinala<br />

Giddens:<br />

este mun<strong>do</strong> continuaria a existir quer houvesse ou não seres<br />

humanos, mas seria perfeitamente disparata<strong>do</strong> dizer-se o mesmo de<br />

uma sociedade. Apesar de a sociedade ser exterior a cada indivíduo,<br />

toma<strong>do</strong> por si só, ela não pode por definição ser exterior a to<strong>do</strong>s os<br />

indivíduos toma<strong>do</strong>s em conjunto (2004, p. 670).<br />

Além disso, destaca Giddens que, apesar <strong>do</strong> que Durkheim chamou de fatos<br />

sociais, poderem exercer constrangimentos sobre nós, como seres humanos,<br />

fazemos escolhas e não reagimos passivamente aos acontecimentos. É por isso que<br />

o autor propõe, como forma de superar a diferença entre a abordagem estrutural e a<br />

32 Claro que isso não imuniza essa teoria contra críticas. Na verdade, ela já foi criticada por<br />

pesquisa<strong>do</strong>res liga<strong>do</strong>s a todas essas tradições teóricas. Aliás, quan<strong>do</strong> se questionou Giddens se ele<br />

acreditava ter acerta<strong>do</strong> no equilíbrio entre esses fatores, o autor respondeu: ―alguns dizem que não<br />

dei atenção suficiente à ação subjetiva, e outros dizem que dei pouca atenção a condições<br />

estruturais, e então suponho que acertei em grande medida‖. Cf. DOMINGUES, José Maurício;<br />

HERZ, Mônica; REZENDE, Cláudia. Entrevista com Anthony Giddens. Estu<strong>do</strong>s Históricos. Rio de<br />

Janeiro, vol. 8, n . 16, 1992.<br />

51

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!