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Ele me olhou, a princípio divertido, depois com impaciência.<br />

— O que você sentiu na montanha foi uma dádiva, uma abertura, uma visão de<br />

um caminho novo. Agora precisa aprender a conseguir essa experiência por si mesmo,<br />

um pouco de cada vez.<br />

Recuou mais um passo e tornou a me olhar.<br />

— Agora tente mais uma vez.<br />

Fechei os olhos e tentei sentir profundamente. A emoção acabou por me tomar<br />

de novo. Permaneci com ela, tentando intensificar a sensação com pequenos<br />

aumentos. Focalizei os olhos na árvore.<br />

— Isso é muito bom — ele disse de repente. — Você está recebendo energia e<br />

passando-a para a árvore.<br />

Olhei-o diretamente.<br />

— Eu a estou devolvendo à árvore?<br />

— Quando a gente aprecia a beleza e o aspecto único das coisas — ele explicou<br />

— recebe energia. Quando chega a um nível em que sente amor, pode então mandar a<br />

energia de volta, é só desejar.<br />

Durante um longo tempo fiquei ali sentado com a árvore. Quanto mais<br />

concentrava minha atenção nela e admirava sua cor e forma, mais amor parecia<br />

adquirir em geral, uma experiência incomum. Imaginei minha energia fluindo e<br />

inundando a árvore, mas não consegui ver isso. Sem mudar o foco, notei o padre<br />

levantar-se e começar a afastar-se.<br />

— Que aparência tem quando eu devolvo energia à árvore? — perguntei.<br />

Ele descreveu a percepção em detalhe e eu a reconheci como o mesmo<br />

fenômeno que presenciara quando Sarah projetava energia para o filodendro em<br />

Viciente. Embora ela tivesse conseguido, aparentemente não tinha consciência de que<br />

era necessário um estado de amor para que ocorresse a projeção. Devia estar<br />

adquirindo-a naturalmente, sem perceber.<br />

O padre desceu para o pátio e saiu do meu campo visual. Eu continuei na área<br />

de estar até o crepúsculo.<br />

Os dois padres me cumprimentaram polidamente com a cabeça quando entrei na casa.<br />

Um fogo crepitante cortava o frio do anoitecer e várias candeias a óleo iluminavam o<br />

aposento da frente. O ar recendia com o aroma de legumes, ou talvez batata, sopa. Na<br />

mesa, uma tigela de barro, várias colheres e um prato com quatro fatias de pão.<br />

Um dos padres virou-se e saiu sem me olhar, e o outro mantinha os olhos baixos<br />

e apontou com a cabeça uma grande panela de ferro fundido na lareira junto ao fogo.<br />

Um cabo saía de debaixo da tampa. Assim que vi a panela, o segundo padre<br />

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