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Meia quadra antes do nosso destino, mandei o motorista encostar.<br />

— Espere aqui — eu lhe disse. — Volto já.<br />

As ruas estavam cheias de gente, a maioria peruanos. Mas de vez em quando eu<br />

passava por alguns americanos e europeus. Alguma coisa na visão de turistas me fez<br />

sentir mais seguro. Quando me achava a uns cinqüenta metros do hotel, parei. Alguma<br />

coisa estava errada. De repente, enquanto eu olhava, soaram tiros e gritos encheram o<br />

ar. As pessoas à minha frente se jogaram no chão, abrindo a visão da calçada. Dobson<br />

corria em minha direção, os olhos alucinados, em pânico. Vultos o perseguiam. Um<br />

deles disparou para o alto e ordenou-lhe que parasse.<br />

Ao se aproximar, Dobson tentou focalizar os olhos, e me reconheceu.<br />

— Fuja! — gritou. — Pelo amor de Deus, fuja!<br />

Eu me virei e entrei por um beco correndo, aterrorizado. À frente havia uma<br />

cerca de madeira, de quase dois metros de altura, bloqueando o caminho. Quando a<br />

alcancei, saltei o mais alto que pude, agarrei as extremidades das tábuas com as mãos<br />

e passei a perna direita por cima. Ao passar a perna esquerda e saltar para o outro<br />

lado, olhei o beco lá atrás. Dobson corria desesperadamente. Mais tiros foram<br />

disparados. Ele tropeçou e caiu.<br />

Continuei a correr às cegas, saltando por entre montes de lixo e pilhas de caixas<br />

de papelão. Por um instante julguei ter ouvido passos atrás de mim, mas não me atrevi<br />

a virar a cabeça. À frente, o beco dava na rua seguinte, também apinhada de gente,<br />

aparentemente não assustada. Ao entrar na rua, ousei dar uma olhada à retaguarda, o<br />

coração martelando. Não havia ninguém lá. Apressei-me a tomar a calçada à direita,<br />

tentando sumir na multidão. Por que Dobson correra? me perguntava. Estaria morto?<br />

— Espere um pouco — alguém disse num cochicho alto por trás do meu ombro<br />

esquerdo. Eu quis correr, mas ele estendeu o braço e agarrou o meu. — Por favor,<br />

espere um pouco — tornou a dizer. — Eu vi o que aconteceu. Estou tentando ajudálo.<br />

— Quem é você? — perguntei, tremendo.<br />

— Sou Wilson James — respondeu. — Explico depois. No momento, a gente<br />

tem de sair dessas ruas.<br />

Alguma coisa na voz e atitude dele acalmaram meu pânico, e decidi<br />

acompanhá-lo. Seguimos pela rua e entramos numa loja de artigos de couro. Ele fez<br />

sinal com a cabeça para um homem atrás do balcão e me levou para um bolorento<br />

quarto vazio nos fundos. Fechou a porta e puxou as cortinas.<br />

Era um homem na casa dos sessenta, embora parecesse bem mais jovem. Um<br />

brilho no olhar ou qualquer coisa assim. Tinha a pele moreno-escura e os cabelos<br />

pretos. Parecia um peruano decente, mas o inglês que falava soava quase americano.<br />

Usava uma camiseta azul vistosa e jeans.<br />

— Vai ficar em segurança aqui por algum tempo — ele disse. — Por que estão<br />

atrás de você?<br />

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