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Charlene baixou o olhar para a mesa um instante e tornou a erguê-lo para mim.<br />
—- Não interprete mal — disse. — Sem dúvida essa consciência já foi sentida e<br />
descrita antes. Na verdade, o padre fez questão de salientar que a Primeira Visão não<br />
era nova. Explicou que alguns indivíduos tiveram consciência dessas coincidências<br />
inexplicáveis em toda a história, que esta foi a percepção por trás de muitas grandes<br />
tentativas na filosofia e religião. Mas a diferença agora está no número. Segundo o<br />
padre, a transformação está ocorrendo hoje por causa do número de indivíduos que<br />
têm essa consciência ao mesmo tempo.<br />
— Que é que ele quer dizer exatamente? — perguntei.<br />
— Ele me disse que, segundo o Manuscrito, o número de pessoas conscientes<br />
dessas coincidências ia começar a aumentar sensacionalmente na sexta década do<br />
século 20. E que esse aumento ia continuar até um determinado momento do século<br />
seguinte, quando atingiríamos um nível específico desses indivíduos; um nível que eu<br />
concebo como uma massa crítica.<br />
"O Manuscrito prevê", ela prosseguiu, "que assim que atingirmos tal massa<br />
crítica, toda a cultura começará a levar essas experiências coincidentes a sério. Vamos<br />
nos perguntar, em massa, que processo misterioso está por baixo da vida humana<br />
neste planeta. E será esta pergunta, feita ao mesmo tempo por um número suficiente<br />
de pessoas, que permitirá que as outras visões também venham à consciência — pois,<br />
segundo o Manuscrito, quando um número suficiente de indivíduos perguntar a sério<br />
o que ocorre na vida, começaremos a descobrir. As outras visões serão reveladas...<br />
uma após a outra.<br />
Ela fez uma pausa para beliscar um pouco da comida.<br />
— E quando atingirmos as outras visões — perguntei — a cultura mudará?<br />
— Foi isso que o padre me disse — ela respondeu. Olhei-a por um instante,<br />
pensando na idéia da massa crítica, e depois disse:<br />
— Sabe, tudo isso me parece de uma incrível sofisticação para um Manuscrito<br />
escrito no ano 600 a.C.<br />
— Eu sei — ela respondeu. — Eu mesma levantei essa questão. Mas o padre me<br />
garantiu que os estudiosos que primeiro traduziram o Manuscrito estavam<br />
absolutamente convencidos de sua autenticidade. Sobretudo porque foi escrito em<br />
aramaico, a mesma língua em que foi escrita grande parte do Velho Testamento.<br />
— Aramaico na América do Sul? Como isso foi parar lá em 600 a.C?<br />
— O padre não sabia.<br />
— A Igreja dele apóia o Manuscrito? — perguntei. —Não — ela respondeu. —<br />
Ele me disse que a maioria do clero estava furiosamente tentando suprimir o<br />
Manuscrito. Por isso é que não quis me dizer seu nome. Aparentemente, só falar sobre<br />
o assunto já era muito perigoso para ele.<br />
— Ele disse por que a maioria das autoridades da Igreja combatia o Manuscrito?<br />
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