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— Isto aqui é uma prisão?<br />
— Não, todos estão aqui para ser interrogados sobre o Manuscrito.<br />
— Há quanto tempo você está aqui? — perguntei. Ele me olhou com olhos<br />
tímidos, castanhos.<br />
— Dois meses.<br />
— Que fizeram com você?<br />
— Tentam me fazer desacreditar no Manuscrito e querem que eu lhes diga o<br />
nome dos outros que têm cópias.<br />
— Como?<br />
— Conversando comigo.<br />
— Só conversando, sem ameaças?<br />
— Só conversando — ele repetiu.<br />
— Disseram quando vão lhe soltar?<br />
— Não.<br />
Fiz uma pausa por um instante, e ele me olhou interrogativamente.<br />
— Você foi apanhado com cópias do Manuscrito? — perguntou.<br />
— É. Você também?<br />
— É. Moro perto daqui, num orfanato. Meu diretor ensinava segundo o<br />
Manuscrito. Me permitiu ensinar às crianças. Ele conseguiu escapar, mas eu fui<br />
capturado.<br />
— Quantas Visões você leu? — perguntei.<br />
— Todas que foram encontradas — ele respondeu. — E você?<br />
— Eéé, todas, com exceção da Sétima e da Oitava Visões. Estava com a sétima,<br />
mas não tive chance de ler antes de os soldados aparecerem.<br />
O jovem bocejou e pediu:<br />
— Podemos dormir agora?<br />
— Sim — respondi, ausentemente. — Claro. Deitei-me em meu catre e fechei<br />
os olhos, a mente disparada. Que devia fazer agora? Como me deixara capturar?<br />
Conseguiria fugir? Forjei várias estratégias e cenários antes de cair finalmente no<br />
sono.<br />
Mais uma vez tive sonhos vividos. Procurava a mesma chave, mas desta vez<br />
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