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— É.<br />
Pensei por um momento, e disse:<br />
— Meu pai acredita mesmo em gozar a vida, viver com integridade, mas tirando<br />
o máximo que a vida pode lhe oferecer. Você sabe, viver o mais intensamente<br />
possível.<br />
— Conseguiu fazer isso?<br />
— Até certo ponto, sim, mas de algum modo parece que sempre tem uma maré<br />
de azar no momento mesmo em que acha que está prestes a gozar mais a vida.<br />
Padre Carl estreitou os olhos em contemplação.<br />
— Ele acredita que a vida é feita para diversão e alegria, mas ainda não<br />
conseguiu isso exatamente?<br />
— É.<br />
— Já pensou por quê?<br />
— Não muito. Sempre achei que ele não tinha sorte.<br />
— Não será talvez que ainda não tenha descoberto a maneira de fazer isso?<br />
— Talvez.<br />
— E sua mãe?<br />
— Ela já morreu.<br />
— Você consegue ver o que representou a vida dela?<br />
— Sim, a vida dela era a religião dela. Defendia princípios cristãos.<br />
— Como?<br />
— Acreditava no trabalho comunitário e em seguir as leis de Deus.<br />
— Ela seguiu as leis de Deus?<br />
— Ao pé da letra, pelo menos até onde a igreja dela ensinou.<br />
— Conseguia convencer seu pai a fazer o mesmo? Eu ri.<br />
— Na verdade, não. Minha mãe queria que ele fosse à igreja todas as semanas e<br />
se envolvesse nos programas comunitários. Mas como eu lhe disse, ele tinha um<br />
espírito mais livre.<br />
— Então onde isso deixa você? Olhei para ele.<br />
— Nunca pensei nisso.<br />
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