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— E — ele prosseguiu — você pode ver por que fiquei emocionado com a<br />
Sexta Visão. Assim que a li, percebi que meu trabalho era ajudar as pessoas a se<br />
esclarecerem, para poderem desenvolver esse sentido de propósito.<br />
— Sabe como Wil entrou nesse caminho?<br />
— Sim, ele partilhou algumas dessas informações comigo. O drama de Wil era<br />
ser distante, como o seu. Também como no seu caso, o pai e a mãe era interrogadores,<br />
e tinham uma forte filosofia que queriam que ele adotasse. O pai de Wil era um<br />
romancista alemão que afirmava que o destino último da raça humana era aperfeiçoarse.<br />
Jamais defendeu nada além dos mais puros princípios humanitários, mas os<br />
nazistas usaram sua idéia básica de perfeição para ajudar a legitimar o criminoso<br />
extermínio de raças inferiores.<br />
"A corrupção de seu tema destruiu o velho e o levou a se mudar para a América<br />
do Sul com a mulher e Wil. Ela era uma peruana criada e educada nos Estados<br />
Unidos. Também era escritora, mas essencialmente oriental em suas crenças<br />
filosóficas. Afirmava que a vida era alcançar uma revelação interna, uma consciência<br />
superior, caracterizada pela paz de espírito e o desprendimento das coisas do mundo.<br />
Segundo ela, a vida não era perfeição; era livrar-se da necessidade de aperfeiçoar<br />
qualquer coisa, de ir a qualquer parte... Vê onde isso deixou Wil?"<br />
Balancei a cabeça.<br />
— Foi deixado — continuou o padre Carl — numa posição difícil. O pai<br />
defendia a idéia ocidental de trabalhar pelo progresso e a perfeição, e a mãe abraçava<br />
a crença oriental em que a vida era alcançar a paz interior, nada mais.<br />
"Essas duas pessoas tinham preparado Wil para trabalhar na integração das<br />
principais diferenças filosóficas entre a cultura oriental e a ocidental, embora ele não<br />
soubesse disso a princípio. Primeiro se tornou um engenheiro dedicado ao progresso,<br />
e depois um simples guia em busca de paz, levando as pessoas aos locais belos e<br />
emocionantes deste país.<br />
"Mas a busca do Manuscrito despertou tudo isso nele. As visões falam<br />
diretamente à sua questão principal. Refreiam que os dois pensamentos, oriental e<br />
ocidental, podem ser integrados numa verdade superior. Mostram que o Ocidente está<br />
certo em sustentar que a vida é progresso, evoluir para alguma coisa superior. Mas o<br />
Oriente também está certo ao enfatizar que temos de abandonar o controle com o ego.<br />
Podemos progredir usando apenas a lógica. Temos de alcançar uma consciência mais<br />
plena, uma ligação mais íntima com Deus, pois só então nossa evolução para alguma<br />
coisa melhor poderá ser orientada por uma parte superior de nós mesmos.<br />
"Quando Wil começou a descobrir as visões, toda a sua vida passou a fluir.<br />
Conheceu José, o padre que primeiro encontrou o Manuscrito e mandou traduzi-lo.<br />
Logo depois disso, conheceu o dono de Viciente e ajudou a iniciar a pesquisa lá. E<br />
mais ou menos na mesma época conheceu Júlia, que tinha negócios, mas também<br />
guiava pessoas nas florestas virgens.<br />
"Era com Júlia que Wil tinha mais afinidade. Os dois se deram bem de imediato<br />
pela semelhança nas questões que perseguiam. Júlia foi criada com um pai que falava<br />
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