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tudo em volta, inclusive Deus e o sentido da existência da humanidade no planeta.<br />
Assim, mandou os exploradores saírem para descobrir a verdadeira natureza da sua<br />
situação e comunicá-la na volta."<br />
Ele parou e me olhou.<br />
— O Manuscrito — explicou — diz que nesse ponto começa a preocupação da<br />
qual estamos despertando hoje. Mandamos esses exploradores saírem em busca de<br />
uma explicação completa de nossa existência, mas devido à complexidade do<br />
universo eles não conseguiram voltar logo.<br />
— Qual era a preocupação?<br />
— Se ponha mais uma vez naquela época — ele me disse. — Quando o método<br />
científico não conseguiu trazer de volta um novo quadro de Deus e do sentido da<br />
humanidade no planeta, a falta de certeza e explicação atingiu profundamente a<br />
cultura ocidental. Precisávamos de alguma outra coisa para fazer até que nossas<br />
perguntas fossem respondidas. Acabamos chegando ao que parecia ser uma solução<br />
bastante lógica. Nos olhamos uns aos outros e dissemos: "Bem, como os exploradores<br />
ainda não voltaram com nossa verdadeira situação espiritual, por que não nos<br />
instalamos neste nosso novo mundo enquanto esperamos? Certamente estamos<br />
aprendendo o suficiente para manipular este novo mundo em nosso benefício, logo<br />
por que não trabalharmos neste meio tempo para elevar nosso padrão de vida, nosso<br />
senso de segurança no mundo?"<br />
Ele me olhou e deu um sorriso.<br />
— E foi o que fizemos. Há quatro séculos! Nos livramos da sensação de estar<br />
perdidos tomando a coisa em nossas mãos, nos concentrando na conquista da Terra e<br />
usando os recursos dela para melhorar nossa situação, e só agora, quando nos<br />
aproximamos do fim do milênio, podemos ver o que aconteceu. Nossa concentração<br />
foi aos poucos se tornando uma preocupação. Nos perdemos totalmente ao criar uma<br />
segurança secular, econômica, em substituição à espiritual que havíamos perdido. A<br />
questão do motivo de estarmos vivos, do que na verdade estava acontecendo aqui<br />
espiritualmente, foi aos poucos sendo posta de lado e reprimida inteiramente.<br />
Ele me olhou intensamente, e disse:<br />
— O trabalho para estabelecer um estilo de sobrevivência mais confortável<br />
passou a parecer completo em si e por si, como uma razão para viver, e gradual e<br />
metodicamente esquecemos nossa pergunta original... Esquecemos que ainda não<br />
sabemos para que estamos sobrevivendo.<br />
Pela janela, vi muito abaixo uma cidade grande. A julgar por nossa rota de vôo,<br />
desconfiei de que fosse Orlando, na Flórida. Fiquei impressionado com o traçado<br />
geométrico de ruas e avenidas, a configuração planejada e ordenada do que seres<br />
humanos haviam construído. Olhei para Dobson. Ele tinha os olhos fechados, parecia<br />
ter adormecido. Durante uma hora me falara mais sobre a Segunda Visão, depois<br />
chegara nosso lanche, nós o comêramos e eu lhe falara de Charlene e do meu motivo<br />
para ir ao Peru. Depois disso, eu queria apenas olhar as formações de nuvens lá fora e<br />
pensar no que ele havia dito.<br />
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