13.03.2015 Views

Sacha Baron Cohen - Fonoteca Municipal de Lisboa

Sacha Baron Cohen - Fonoteca Municipal de Lisboa

Sacha Baron Cohen - Fonoteca Municipal de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Miguel Vale <strong>de</strong> Almeida<br />

Senhor <strong>de</strong> si<br />

Acaba <strong>de</strong> publicar “A Chave do Armário:<br />

Homossexualida<strong>de</strong>, Casamento, Família”, diz que<br />

homossexualida<strong>de</strong> e rebeldia já não colam, gosta da i<strong>de</strong>ia<br />

<strong>de</strong> “lobby” gay e quer casar-se com o companheiro mal<br />

o casamento gay seja legal em Portugal. Eis a voz mais<br />

consistente do activismo gay português. Bruno Horta<br />

Livros<br />

Dir-se-ia que se<br />

aburguesou. Sem<br />

dor ou culpa. Membro<br />

da Juventu<strong>de</strong><br />

Comunista no fim<br />

dos anos 70, militante<br />

da Política XXI e do Bloco<br />

<strong>de</strong> Esquerda até 2006, 48<br />

anos, é um dos protagonistas da luta<br />

dos homossexuais portugueses pelo<br />

casamento. Mas admite ter-se afastado<br />

do activismo esquerdista para agora<br />

abraçar i<strong>de</strong>ias liberais <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong>.<br />

No seu novo livro, “A Chave do Armário:<br />

Homossexualida<strong>de</strong>, Casamento,<br />

Família”, cruza abertamente o<br />

activismo com as teorias da Antropologia.<br />

E não vê nisso problema. É o<br />

nono livro científico que escreve e o<br />

quarto ensaio editado em Portugal<br />

no último ano e meio sobre o casamento<br />

entre pessoas do mesmo (segue-se<br />

a “O Casamento entre Pessoas<br />

do Mesmo Sexo”, <strong>de</strong> Pamplona Côrte-Real<br />

e outros; “Casamento entre<br />

Pessoas do Mesmo Sexo – Sim ou<br />

Não?”, <strong>de</strong> Pedro Múrias e Miguel Nogueira<br />

<strong>de</strong> Brito; e “O Casamento Sempre<br />

foi Gay e Nunca Triste”, <strong>de</strong> José<br />

António Almeida).<br />

Frontal, polémico e bom comunicador,<br />

nasceu e vive em <strong>Lisboa</strong> e doutorou-se<br />

em Antropologia pelo ISCTE<br />

em 1994. Bloguista inveterado, escreve<br />

“Os Tempos Que Correm”, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

Maio <strong>de</strong> 2003. Tímido, lê muito, sobretudo<br />

ficção das Américas. O mexicano<br />

Jorge Volpi é um dos autores que<br />

actualmente lhe interessam.<br />

Consi<strong>de</strong>ra-se um ficcionista e artista<br />

plástico no armário, mas já publicou<br />

um romance (“Euronovela”, 1998) e<br />

um livro <strong>de</strong> contos e <strong>de</strong>senhos (“Quebrar<br />

em Caso <strong>de</strong> Emergência”, 1996).<br />

De entre os seus livros mais conhecidos<br />

<strong>de</strong>staca-se “Senhores <strong>de</strong> Si: Uma<br />

Interpretação Antropológica da Masculinida<strong>de</strong>”<br />

(1995).<br />

Sente-se bem na pele <strong>de</strong> militante<br />

e activista e confessa que o tempo lhe<br />

ensinou que sair do armário “dá imenso<br />

po<strong>de</strong>r a uma pessoa”.<br />

Na introdução do livro diz que<br />

não é fácil para o antropólogo<br />

olhar com distância as causas em<br />

que se envolve como cidadão.<br />

É, portanto, um antropólogo<br />

activista.<br />

Sou e não tenho nenhum problema<br />

com isso.<br />

Os seus pares terão problemas<br />

com isso?<br />

Que eu saiba, não.<br />

Sempre assumi<br />

que gran<strong>de</strong> parte<br />

do que faço é para<br />

ter um efeito social<br />

específico. No passado,<br />

submetia as minhas<br />

análises antropológicas à sua<br />

utilida<strong>de</strong> social. E nas intervenções<br />

como activista tentava ser suficientemente<br />

crítico a partir do que sei da<br />

Antropologia. Com este livro quase<br />

acaba essa distinção. Isso não prejudica<br />

uma coisa ou outra. A mistura é<br />

libertadora, o que tem a ver com o<br />

amadurecimento. Se as pessoas amadurecerem<br />

bem, libertam-se <strong>de</strong> coisas.<br />

Agora, a questão é se aquilo que<br />

se produz do ponto <strong>de</strong> vista do activismo<br />

e do da Antropologia é ou não<br />

mais rico. Se for, tudo bem.<br />

Parece haver uma matriz anglosaxónica<br />

no seu modo <strong>de</strong> estar. É<br />

uma pessoa <strong>de</strong> reflexão e acção,<br />

<strong>de</strong> aca<strong>de</strong>mismo e activismo. Que<br />

lugar ocupa no espaço público<br />

português?<br />

Essa maneira <strong>de</strong> estar surgiu naturalmente,<br />

tem a ver com razões <strong>de</strong> origem<br />

e educação, e com experiências<br />

noutros lugares, nomeadamente nos<br />

EUA [fez o mestrado em Antropologia,<br />

em 1986, pela State University <strong>de</strong> Nova<br />

Iorque]. O espaço que gosto <strong>de</strong> ocupar,<br />

e on<strong>de</strong> me sinto bem, é o da militância<br />

e activismo, mas não dou<br />

muito o corpo ao manifesto.<br />

Mas <strong>de</strong>sfila sempre na Marcha do<br />

Orgulho LGBT [Lésbicas, Gays,<br />

Bissexuais e Transgéneros], em<br />

<strong>Lisboa</strong>.<br />

Sim, mas <strong>de</strong>pois não sou bom no tra-<br />

“Gosto <strong>de</strong> correr<br />

o risco <strong>de</strong> sair<br />

do conforto <strong>de</strong> uma<br />

<strong>de</strong>finição categorial<br />

muito certa:<br />

o académico,<br />

o activista, isto ou<br />

aquilo. Curiosamente,<br />

isto bate certo com<br />

o ar dos tempos”<br />

balho colectivo e associativo, sou melhor<br />

a escrever. Tenho esse problema,<br />

sou intelectual. Mas gosto que o que<br />

escrevo dialogue com a socieda<strong>de</strong> e<br />

gosto <strong>de</strong> ter um registo radical. Não<br />

faço Antropologia para <strong>de</strong>ntro, mas<br />

para fora. Escrevo não apenas em livros,<br />

mas também nos media, para<br />

permitir o acesso <strong>de</strong> outras pessoas.<br />

Gosto <strong>de</strong> escrever com cuidado e tratar<br />

bem a língua, mas não gosto <strong>de</strong> ter<br />

uma língua elitista, gosto <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />

dizer asneiras, falar coloquialmente.<br />

É um jogo <strong>de</strong>licado.<br />

Se tivesse <strong>de</strong> me <strong>de</strong>screver diria que<br />

gosto <strong>de</strong> correr o risco <strong>de</strong> sair do conforto<br />

<strong>de</strong> uma <strong>de</strong>finição categorial muito<br />

certa: o académico, o activista, isto<br />

ou aquilo. Curiosamente, isto bate<br />

certo com o ar dos tempos. A partir<br />

dos anos 80, 90, com a transformação<br />

da socieda<strong>de</strong> em termos dos meios <strong>de</strong><br />

comunicação, das legitimações do que<br />

as pessoas fazem e da divisão do<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Av. Frei Miguel Contreiras, 52 | 1700-213 <strong>Lisboa</strong><br />

telefone: 218 438 800 | www.teatromariamatos.egeac.pt<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Ípsilon • Sexta-feira 10 Julho 2009 • 29

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!