09.05.2015 Views

universidade feevale thiago lorenz governança em empresa familiar

universidade feevale thiago lorenz governança em empresa familiar

universidade feevale thiago lorenz governança em empresa familiar

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

UNIVERSIDADE FEEVALE<br />

THIAGO LORENZ<br />

GOVERNANÇA EM EMPRESA FAMILIAR: ESTUDO E DIAGNÓSTICO PARA<br />

PROFISSIONALIZAÇÃO DA GESTÃO DA GOVERNANÇA<br />

Novo Hamburgo<br />

2011


THIAGO LORENZ<br />

GOVERNANÇA EM EMPRESA FAMILIAR: ESTUDO E DIAGNÓSTICO PARA<br />

PROFISSIONALIZAÇÃO DA GESTÃO DA GOVERNANÇA<br />

Trabalho de Conclusão de Curso<br />

apresentado como requisito<br />

parcial à obtenção do grau de<br />

Bacharel <strong>em</strong> Administração pela<br />

Universidade Feevale<br />

Orientador: Prof. Dr. Ernani Cesar de Freitas<br />

Novo Hamburgo<br />

2011


THIAGO LORENZ<br />

Trabalho de Conclusão do curso de Administração, com o título Governança <strong>em</strong><br />

<strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong>: estudo e diagnóstico para profissionalização da gestão,<br />

submetido ao corpo docente da Universidade Feevale, como requisito necessário<br />

para a obtenção do grau de Bacharel <strong>em</strong> Administração.<br />

Aprovado por:<br />

____________________________________<br />

Orientador: Prof. Dr. Ernani Cesar de Freitas<br />

____________________________________<br />

Prof. (Banca Examinadora)<br />

____________________________________<br />

Prof. (Banca Examinadora)<br />

____________________________________<br />

Prof. (Banca Examinadora)<br />

Novo Hamburgo, outubro de 2011.


Agradecimentos<br />

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus por me<br />

acompanhar e me iluminar ao longo desta caminhada.<br />

Agradecer a minha família, base de tudo, <strong>em</strong> especial<br />

aos meus pais Luiz Evaldo Lorenz e Eliane de Cesaro<br />

Lorenz, por acreditar<strong>em</strong> <strong>em</strong> mim, e me proporcionar<strong>em</strong><br />

essa oportunidade de estudo. S<strong>em</strong>pre por vocês.<br />

A minha irmã Tais Lorenz, por estar comigo <strong>em</strong> todos os<br />

momentos da minha vida, me proporcionando muita alegria.<br />

A minha namorada Giorgia Andreza Antunes, pela pessoa que<br />

és, e pela importância que teve na busca desta conquista<br />

pessoal, s<strong>em</strong>pre com conselhos sinceros e inteligentes.<br />

Aos meus sogros Jorge e Irene Antunes, por ter<strong>em</strong> me acolhido como<br />

um filho e me proporcionado uma segunda família maravilhosa.<br />

Meus avós, ex<strong>em</strong>plo de garra, determinação e humildade.<br />

Meus professores, que me concederam muito conhecimento,<br />

transformando e aprimorando minhas ideias.<br />

Ao meu orientador, professor Dr. Ernani Cesar de Freitas, que<br />

por muitas vezes, dispôs de t<strong>em</strong>po e atenção para que a<br />

elaboração deste trabalho ocorresse com sucesso.<br />

Meus amigos, e d<strong>em</strong>ais pessoas que s<strong>em</strong>pre estiveram ao meu lado, e<br />

que de alguma forma contribuíram para esta conquista tão importante.<br />

A todos vocês, um muito obrigado.


“Perder com classe e vencer com ousadia. Pois o triunfo pertence a<br />

qu<strong>em</strong> mais se atreve... e a vida é muito para ser insignificante”.<br />

Charles Chaplin


RESUMO<br />

Este trabalho t<strong>em</strong> por finalidade apresentar estudo e diagnóstico sobre a gestão da<br />

<strong>governança</strong> <strong>em</strong> <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es. Nesse sentido, a pesquisa visa como objetivo<br />

geral analisar os processos de gestão da <strong>governança</strong> e de profissionalização nas<br />

<strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es, a fim de entender e relacionar a repercussão desses processos<br />

junto à <strong>em</strong>presa Unidão Transportes. A <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong> é uma forma de<br />

organização muito importante na economia mundial, e por isso é um assunto<br />

frequent<strong>em</strong>ente estudado por profissionais da administração e por pesquisadores. A<br />

base teórica usada para a pesquisa bibliográfica, quanto à gestão da <strong>governança</strong>,<br />

teve como base autores como Bornholdt (2005), Bernhoeft e Gallo (2003); <strong>em</strong><br />

relação à profissionalização, Casillas, Vasquez e Díaz (2007); quanto à sucessão<br />

utilizou-se Grzybovski e Tedesco (2000). O desenvolvimento deste estudo ocorreu<br />

mediante a utilização dos seguintes tipos de pesquisa: exploratória, estudo de caso<br />

com abordag<strong>em</strong> qualitativa. A coleta de dados ocorreu mediante a aplicação de<br />

entrevista não-estruturada com perguntas abertas. Atualmente as <strong>em</strong>presas<br />

<strong>familiar</strong>es têm uma grande dificuldade de realizar sua profissionalização, muitas<br />

vezes sua <strong>governança</strong> é guiada pelo proprietário que t<strong>em</strong> dificuldades para<br />

comandar a <strong>em</strong>presa quando ela alcança um estágio significativo de<br />

desenvolvimento, <strong>em</strong> termos de crescimento e de resultado. T<strong>em</strong>-se que se a<br />

<strong>em</strong>presa não se adequar ao que o mercado exige, certamente irá fracassar e será<br />

mais uma de tantas outras que chegam a essa situação, o que pode representar<br />

dificuldades e consequente encerramento das atividades. Por isso, a pesquisa<br />

realizada mostra conceitos e sugestões que vis<strong>em</strong> auxiliar <strong>em</strong>presas e <strong>em</strong>presários<br />

no sentido de melhor compreender como realizar, de forma apropriada, alguns<br />

processos de gestão que poderão proporcionar às <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es melhores<br />

condições de gerir<strong>em</strong> o negócio, desenvolvendo-se e crescendo constant<strong>em</strong>ente, de<br />

maneira eficaz sob a perspectiva da profissionalização da gestão <strong>em</strong>presarial, com<br />

reflexos positivos para a perpetuidade do <strong>em</strong>preendimento e com vantag<strong>em</strong><br />

competitiva no mundo corporativo e concorrencial.<br />

Palavras-chave: Empresas <strong>familiar</strong>es. Gestão. Governança. Profissionalização.<br />

Vantag<strong>em</strong> competitiva.


ABSTRACT<br />

This study aims to present an analysis on the diagnosis and manag<strong>em</strong>ent of<br />

governance in family businesses. In this case, the general purpose of this research<br />

aims to analyze the processes of governance manag<strong>em</strong>ent and professionalization in<br />

family businesses, in order to understand and relate the impact of such processes of<br />

the Unidão Transport Company. The family businesses are a very important form of<br />

organization in the world´s economy and this is a subject often studied by the<br />

administration professionals and researchers. The theoretical basis used for the<br />

literature in this research regarding the manag<strong>em</strong>ent of governance was based on<br />

authors such as Bornholdt (2005), Bernhoeft and Gallo (2003), concerning<br />

professionalism, Casillas, Vasquez and Diaz (2007), in relation to succession<br />

,Grzybovski and Tedesco (2000). The development of this study was conducted by<br />

using the following types of research: exploratory case study with qualitative<br />

approach, data collection happened through the application of unstructured interview<br />

with open questions. Currently, family businesses have great difficulty in carrying out<br />

professionalism, its governance is often guided by the owner who has difficulties to<br />

run the company when it reaches a significant stage of development in terms of<br />

growth and income. If the company does not suit the market d<strong>em</strong>ands, it will surely<br />

fail and become one of the many others that happen to reach this situation<br />

presenting difficulties and consequent closure. Therefore, the survey shows concepts<br />

and suggestions aimed at helping the companies and the entrepreneurs in order to<br />

better understand how to perform in the most appropriate way in some manag<strong>em</strong>ent<br />

processes that can provide family businesses better conditions to manage the<br />

company, growing consistently and effectively from the perspective of professional<br />

business manag<strong>em</strong>ent, with positive consequences for the continuation of<br />

development and with competitive advantage in the corporate world.<br />

Keywords: Family businesses. Manag<strong>em</strong>ent. Governance. Professionalization.<br />

Competitive Advantage.


LISTA DE FIGURAS<br />

Figura 1 - Relação Modelo de três círculos da <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong> ............................... 14<br />

Figura 2 - Estratégia e competências essenciais ...................................................... 46


LISTA DE QUADROS<br />

Quadro 1 - Empreendedorismo: principais linhas de pensamento ............................ 40<br />

Quadro 2 - Perfil do fundador e do atual gestor da Unidão Transportes ................... 59<br />

Quadro 3 - Gestão e Governança ............................................................................. 70<br />

Quadro 4 - Habilidades e competências ................................................................... 73<br />

Quadro 5 - Profissionalização ................................................................................... 78


SUMÁRIO<br />

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10<br />

1 EMPRESAS FAMILIARES E GESTÃO ................................................................. 12<br />

1.1 GESTÃO E GOVERNANÇA NAS EMPRESAS FAMILIARES ............................. 17<br />

1.1.1 Conselho de família........................................................................................ 24<br />

1.2 PROFISSIONALIZAÇÃO NAS EMPRESAS FAMILIARES .................................. 26<br />

1.3 SUCESSÃO NAS EMPRESAS FAMILIARES ...................................................... 30<br />

1.4 CULTURA ORGANIZACIONAL NAS EMPRESAS FAMILIARES ........................ 34<br />

2 EMPREENDEDORISMO E VANTAGEM COMPETITIVA ..................................... 38<br />

2.1 EMPREENDEDORISMO ..................................................................................... 38<br />

2.2 VANTAGEM COMPETITIVA ............................................................................... 44<br />

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 50<br />

4 ESTUDO DE CASO ............................................................................................... 55<br />

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA ................................................................... 55<br />

4.2 RESULTADOS E ANÁLISE ................................................................................ 57<br />

4.2.1 Gestão da <strong>governança</strong> ................................................................................... 60<br />

4.2.2 Profissionalização .......................................................................................... 70<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 79<br />

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 83<br />

APÊNDICES ............................................................................................................. 87<br />

APÊNDICE A - ENTREVISTA APLICADA AOS GESTORES E ACIONISTAS DA<br />

EMPRESA EM ESTUDO........................................................................................... 88


10<br />

INTRODUÇÃO<br />

Este trabalho t<strong>em</strong> como foco principal o assunto gestão da <strong>governança</strong> nas<br />

<strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es, visto a importância dessas organizações nos cenários<br />

econômicos e sociais de uma determinada região ou país. Trata-se de um t<strong>em</strong>a que<br />

t<strong>em</strong> sido muito pesquisado por diversas pessoas, tais como acadêmicos e<br />

profissionais da área.<br />

O estudo foi realizado na <strong>em</strong>presa Unidão Transportes, uma Transportadora<br />

de médio porte que presta serviços no ramo do transporte rodoviário de cargas,<br />

localizada na cidade de São Leopoldo/RS. Atualmente, a Empresa possui uma frota<br />

de 121 caminhões e conta com <strong>em</strong> torno de 360 colaboradores diretos.<br />

Em função de a <strong>em</strong>presa ser da família do acadêmico autor, surgiu o<br />

interesse do estudo, visto o conhecimento sobre os processos de gestão da<br />

<strong>governança</strong> que foram buscados na organização, os quais pod<strong>em</strong> ser usados para<br />

aperfeiçoar o sist<strong>em</strong>a de gestão <strong>familiar</strong> nesta Transportadora <strong>em</strong> um futuro<br />

próximo.<br />

A pesquisa probl<strong>em</strong>atiza a seguinte questão: como se desenvolv<strong>em</strong> os<br />

processos de gestão da <strong>governança</strong> na <strong>em</strong>presa Unidão Transportes? De que<br />

maneira esses processos poderiam ser aprimorados no sentido de otimizar a<br />

profissionalização da gestão nessa organização?<br />

A hipótese que se apresenta diante desse probl<strong>em</strong>a de pesquisa é que<br />

apesar de a <strong>em</strong>presa Unidão vir alcançando crescimento e aumentando sua<br />

competitividade no mercado dos negócios, diante de um mercado à sua disposição,<br />

sob o ponto de vista do acadêmico, a <strong>em</strong>presa pode situar-se <strong>em</strong> um nível mais<br />

elevado de des<strong>em</strong>penho organizacional. Isso ocorreria mediante uma<br />

profissionalização mais eficaz da gestão de sua <strong>governança</strong> na <strong>em</strong>presa.<br />

O objetivo geral deste estudo visou analisar os processos de gestão da<br />

<strong>governança</strong> e de profissionalização da <strong>em</strong>presa Unidão Transportes. Para<br />

desenvolver os objetivos gerais do trabalho, delinearam-se os seguintes objetivos<br />

específicos: a) conhecer o processo de gestão da <strong>governança</strong> na <strong>em</strong>presa; b)<br />

compreender como ocorre o processo de profissionalização na Unidão; c) realizar<br />

diagnóstico sobre as possíveis ações que facilit<strong>em</strong> os processos de gestão da<br />

<strong>governança</strong> e de profissionalização da Unidão, visando sua competitividade; d)


11<br />

identificar o perfil do fundador e do atual gestor da Empresa, para verificar aspectos<br />

que facilitam ou dificultam ações organizacionais para profissionalização da gestão<br />

na Empresa; e e) verificar como a gestão da cultura organizacional pode contribuir<br />

para esses processos da profissionalização da gestão da Unidão.<br />

Os procedimentos metodológicos utilizados para a realização desta pesquisa<br />

foram: a) Quanto aos objetivos: a pesquisa caracterizou-se como exploratória, pois o<br />

acadêmico não tinha pleno conhecimento dos acontecimentos relacionados à gestão<br />

da <strong>em</strong>presa pesquisada; b) quanto aos procedimentos: para conseguir os dados<br />

necessários para a realização do trabalho, foi utilizada a pesquisa bibliográfica visto<br />

que o pesquisador teve acesso aos materiais necessários para tal. Em relação aos<br />

procedimentos, também se utilizou o estudo de caso na <strong>em</strong>presa Unidão; c) quanto<br />

à abordag<strong>em</strong> do probl<strong>em</strong>a: foi utilizada pesquisa qualitativa, pois nesta etapa o<br />

pesquisador obteve a interpretação de diversas situações do setor, valendo-se muito<br />

do ambiente natural da <strong>em</strong>presa onde ocorr<strong>em</strong> as atividades de gestão da<br />

<strong>governança</strong>.<br />

A pesquisa realizou-se através de entrevistas não estruturadas com<br />

perguntas abertas. Dessas entrevistas participaram três m<strong>em</strong>bros que têm relação<br />

direta com a gestão da <strong>em</strong>presa (diretor geral, diretor comercial e financeiro) e um<br />

m<strong>em</strong>bro com participação indireta (acionista).<br />

Com base nos estudos realizados e nos dados coletados através das<br />

entrevistas, o trabalho compõe-se das seguintes seções: a primeira seção contém<br />

noções conceituais sobre as <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es <strong>em</strong> geral, seguido de explicações<br />

e ideias sobre gestão e <strong>governança</strong> nas <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es; conselho de família;<br />

profissionalização nas <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es; sucessão nas <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es;<br />

cultura organizacional nas <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es.<br />

O segundo capítulo apresenta as seções de <strong>em</strong>preendedorismo e vantag<strong>em</strong><br />

competitiva. Com relação ao capitulo três, este explica qual foi a metodologia<br />

utilizada no decorrer da pesquisa, apresentando conceitos de metodologia, tipos de<br />

pesquisa e procedimentos metodológicos.<br />

No quarto capítulo, o trabalho aborda e apresenta o estudo de caso<br />

realizado. Por último constam as considerações finais e as referências bibliográficas<br />

do referido trabalho de conclusão de curso.


12<br />

1 EMPRESAS FAMILIARES E GESTÃO<br />

Para iniciar o estudo e ter um melhor entendimento sobre o assunto de<br />

<strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es, é necessário que se tenha o conhecimento dos principais<br />

conceitos sobre o t<strong>em</strong>a a ser abordado neste trabalho. Por isso, a intenção deste<br />

capítulo é apresentar <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es, relatando sua orig<strong>em</strong>, evolução e sua<br />

noção conceitual.<br />

Sabe-se, no mundo atual, que as <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es representam uma<br />

grande importância no cenário econômico de diversos países, cidades e regiões.<br />

Isso faz com que essas <strong>em</strong>presas busqu<strong>em</strong> um fortalecimento cada vez maior no<br />

mercado, além de maior competitividade e constante inovação.<br />

Pode-se afirmar que é por esses e tantos outros motivos que o assunto é<br />

pesquisado por milhares de pessoas, que buscam uma forma de melhorar cada vez<br />

mais a gestão da <strong>governança</strong> e a profissionalização dessas <strong>em</strong>presas. Muitas<br />

dessas ainda procuram preparar de forma inteligente e segura os seus sucessores,<br />

para que eles consigam seguir tocando o negócio da família <strong>em</strong> pleno sucesso.<br />

Segundo Freitas e Frezza (2005, p. 31), „„as <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es têm sido objeto<br />

frequente de observação e estudo, pela importância que representam na economia<br />

do país e pelo potencial de desenvolvimento que possu<strong>em</strong>‟‟. De acordo com Dalla<br />

Costa (2010, p. 22),<br />

[...] as <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es surgiram junto com as atividades comerciais de<br />

troca, compra e venda de produtos e serviços a partir da invenção e<br />

desenvolvimento da agricultura. As manufaturas, superadas pelas fábricas,<br />

expandiram a quantidade e o tamanho das <strong>em</strong>presas, s<strong>em</strong> que, na maioria<br />

das vezes, deixass<strong>em</strong> de ser <strong>familiar</strong>es.<br />

Leone (2005, p. 18), comenta que:<br />

Na época da formação de Portugal, a hereditariedade era já costumeira. A<br />

tradição de os reis eleger<strong>em</strong> seus sucessores constituía uma regra não<br />

escrita e a coroa passava, normalmente, de pais para filhos ou, <strong>em</strong><br />

ausência ou menoridade destes, para irmãos ou outros parentes próximos.<br />

Os reinos eram considerados propriedades <strong>familiar</strong>es, e como tais, às<br />

vezes, divididos entre os diversos filhos. A coroa do novo reino, quase<br />

invariavelmente, limitava-se a indicar como herdeiros os respectivos<br />

primogênitos. Essa „tradição‟ foi trazida para o Brasil à época do seu<br />

descobrimento.


13<br />

Através do pensamento de Leone, pode-se afirmar, então, que as <strong>em</strong>presas<br />

<strong>familiar</strong>es surgiram após o Brasil ser descoberto por Portugal, logo no início do<br />

século XVI.<br />

Considerando a visão do hoje e seguindo como referência Beldi (2010), as<br />

<strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es, depois de fundadas, raramente são concebidas como<br />

“<strong>familiar</strong>es”. Elas representam uma vontade de dependência do seu fundador e<br />

quase s<strong>em</strong>pre, são criadas a partir de um sonho. O sonho de ter o próprio negócio<br />

motiva muitos a iniciar<strong>em</strong>, mesmo s<strong>em</strong> ter muito conhecimento ou habilidade no<br />

ramo, atividades <strong>em</strong>presariais. Mesmo que os proprietários não possuam esse<br />

conhecimento, a luta é constante para buscá-lo e se tornar<strong>em</strong> os melhores do<br />

segmento <strong>em</strong> que atuam. A vontade, entre essas pessoas que abr<strong>em</strong> negócios,<br />

geralmente é s<strong>em</strong>pre a mesma: ter sucesso, conseguir grandes patrimônios e deixálos<br />

para a próxima geração que, na cabeça dos fundadores, é qu<strong>em</strong> fará a <strong>em</strong>presa<br />

crescer cada vez mais através de ideias e conhecimentos novos.<br />

Com a intenção de relatar sobre o conceito e deixar mais claro o assunto<br />

abordado, as <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es pod<strong>em</strong> ser definidas “como sendo um negócio de<br />

família há pelo menos duas gerações. além disso, a família está profundamente<br />

ligada aos interesses da <strong>em</strong>presa [...] que ainda é administrada pela família do<br />

fundador” (BARBIERI, 1997, p. 18). Reforçando essa ideia, Bornholdt (2005)<br />

comenta que a <strong>em</strong>presa é <strong>familiar</strong> quando: o controle acionário pertence a uma<br />

família e/ou a seus herdeiros; os parentes encontram-se <strong>em</strong> posições estratégicas,<br />

tanto na diretoria quanto no conselho administrativo; quando os laços <strong>familiar</strong>es<br />

determinam a sucessão no poder, entre outros fundamentos.<br />

Como base neste estudo, Leone (2005, p. 8) reforça que: “é<br />

internacionalmente aceito que o conceito de <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong> congregue três<br />

grandes vertentes”:<br />

1ª vertente: nível da propriedade – o controle da <strong>em</strong>presa encontra-se nas<br />

mãos de uma família (que detém ou controla a maioria do capital); controle da<br />

família.<br />

2ª vertente: nível da gestão – os lugares do topo da <strong>em</strong>presa são ocupados<br />

pelos m<strong>em</strong>bros da família; gerenciamento influenciado pela família.<br />

3ª vertente: nível da sucessão – a segunda geração <strong>familiar</strong> assume os<br />

lugares deixados vagos pelos parentes e, assim, sucessivamente.


14<br />

Essas vertentes, também, pod<strong>em</strong> ser conhecidas como o modelo de três<br />

círculos de acordo como mostra a figura 1:<br />

Figura 1 - Relação Modelo de três círculos da <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong><br />

Fonte: Gersick et al. (1997, p.6)<br />

Segundo Dalla Costa (2010), o modelo dos três círculos apresenta a<br />

<strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong> <strong>em</strong> três subsist<strong>em</strong>as independentes, superpostos, denominados de<br />

gestão, propriedade e família. O autor ressalta que qualquer pessoa de uma<br />

<strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong> pode ser colocada <strong>em</strong> um dos sete setores formados pelos círculos<br />

superpostos dos subsist<strong>em</strong>as.<br />

Para melhor entender cada um desses sete setores, Bornholdt (2005) relata<br />

que qualquer pessoa, independent<strong>em</strong>ente se é <strong>familiar</strong> ou não, mas que tenha<br />

alguma ligação com a <strong>em</strong>presa, pode se encontrar <strong>em</strong> um desses sete setores.<br />

Cada setor t<strong>em</strong> uma explicação e é descrito da seguinte maneira:<br />

1) Familiares que não são sócios e n<strong>em</strong> trabalham na <strong>em</strong>presa;<br />

2) Sócios não <strong>familiar</strong>es que não trabalham na <strong>em</strong>presa;<br />

3) Executivos que não pertenc<strong>em</strong> à família e também não são sócios;<br />

4) M<strong>em</strong>bros da família que não são sócios, mas trabalham na <strong>em</strong>presa;<br />

5) Sócios <strong>familiar</strong>es que não trabalham na <strong>em</strong>presa;<br />

6) Executivos e sócios não <strong>familiar</strong>es;<br />

7) Sócios <strong>familiar</strong>es que trabalham na <strong>em</strong>presa.<br />

Como este estudo visa relacionar a teoria pesquisada com a prática na<br />

<strong>em</strong>presa Unidão Transportes, o pesquisador acredita que seria interessante levantar<br />

uma hipótese sobre a posição da <strong>em</strong>presa nestes setores. A organização insere-se


15<br />

nos setores cinco, seis e sete, pois possui sócios que não trabalham na Empresa;<br />

t<strong>em</strong> um diretor comercial que não é <strong>familiar</strong> e o diretor operacional é um acionista da<br />

<strong>em</strong>presa. Assim, é possível notar que a <strong>em</strong>presa v<strong>em</strong> buscando sua<br />

profissionalização de uma maneira mais lenta, não deixando ainda de ser <strong>familiar</strong>.<br />

Para o autor Biehl (2005, p.13), “<strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong> é aquela <strong>em</strong> que o<br />

capitalista exerce função executiva ou gerencial na <strong>em</strong>presa própria ou da família”.<br />

Nessa perspectiva, o proprietário está no comando da <strong>em</strong>presa ou então, pelo<br />

menos, faz parte do quadro diretivo da organização.<br />

Tendo <strong>em</strong> vista a vontade dos <strong>em</strong>presários que começam negócios próprios<br />

com a intenção de criar <strong>em</strong>preendimentos de sucesso como realização de um sonho<br />

e também como solução para os probl<strong>em</strong>as futuros de seus filhos, Álvares (2003, p.<br />

23) comenta que:<br />

Muito se t<strong>em</strong> discutido sobre a sobrevivência da <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong> no mundo<br />

globalizado. Toda família pretende que o negócio se perpetue e dê lucro de<br />

geração <strong>em</strong> geração. Em um ambiente <strong>em</strong>presarial cada vez mais<br />

competitivo, esse é um grande desafio. Toda <strong>em</strong>presa enfrenta crises que<br />

ameaçam o seu crescimento e sua sobrevivência, oriundas de pressões e<br />

mudanças que ocorr<strong>em</strong> no ambiente externo e de probl<strong>em</strong>as internos,<br />

decorrentes de seu funcionamento e da busca contínua por adaptações.<br />

Dessa forma, é possível alertar os <strong>em</strong>presários que não adianta apenas<br />

organizar sua <strong>em</strong>presa internamente, fazendo uma boa equipe, adaptando sist<strong>em</strong>as<br />

e processos de acordo com a necessidade da <strong>em</strong>presa. É preciso que os<br />

controladores possuam planejamentos a longo prazo, s<strong>em</strong>pre tendo <strong>em</strong> vista uma<br />

possível ameaça do ambiente externo, pois suas forças são maiores do que<br />

qualquer força interna nas organizações.<br />

Muitos <strong>em</strong>presários, que pod<strong>em</strong> ser chamados de <strong>em</strong>preendedores,<br />

consegu<strong>em</strong> detectar lacunas e oportunidades de negócios no mercado. Justamente<br />

por isso, são nomeados <strong>em</strong>preendedores. Porém é muito importante l<strong>em</strong>brar<br />

também que exist<strong>em</strong> pessoas que, simplesmente, decid<strong>em</strong> começar um negócio<br />

próprio por outros motivos. Garcia (2001, p. 6) revela que é apenas “a vontade de<br />

ser dono do próprio destino, abandonando a vida de <strong>em</strong>pregado é o que leva muitos<br />

homens e mulheres a iniciar<strong>em</strong> seus próprios negócios. Assim, geralmente, iniciam<br />

novas <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es que pod<strong>em</strong> ter sucesso, ou não”.


16<br />

Com base nas bibliografias pesquisadas, é possível notar que o assunto de<br />

<strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es possui uma gama diversificada de definições. O que se pode<br />

perceber, quando se segue a ideia de que uma <strong>em</strong>presa t<strong>em</strong> a cara de seu<br />

fundador, é que todas as <strong>em</strong>presas, pelo menos já foram <strong>em</strong> algum momento<br />

<strong>familiar</strong>. Segundo Vidigal (1996, p.14),<br />

[...] e o que é uma <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong>? A não ser as criadas pelo governo,<br />

todas as <strong>em</strong>presas, na orig<strong>em</strong>, tiveram um fundador ou um pequeno grupo<br />

de fundadores, que eram seus donos. As ações ou cotas da <strong>em</strong>presa<br />

seriam provavelmente herdadas por seus filhos. Praticamente todas as<br />

<strong>em</strong>presas, portanto, foram <strong>familiar</strong>es na orig<strong>em</strong>.<br />

Nesse sentido, define-se uma <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong> quando os valores<br />

institucionais de uma organização identificam-se com um sobrenome <strong>familiar</strong> ou com<br />

a figura de um fundador. Todavia, Lodi (1993, p. 3) faz um alerta importante,<br />

comentando que: “a <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong> precisa definir com objetividade como os<br />

parentes estão contribuindo para o sucesso do <strong>em</strong>preendimento.” É interessante,<br />

pois muitas organizações colocam <strong>familiar</strong>es para trabalhar<strong>em</strong>, mesmo s<strong>em</strong> saber<br />

se estão aptos a exercer<strong>em</strong> a função que para ele foi destinada. O simples fato de<br />

uma pessoa ser da família não quer dizer que ela tenha que, obrigatoriamente,<br />

trabalhar na <strong>em</strong>presa. Muitas vezes, é mais vantag<strong>em</strong> para a organização contratar<br />

uma pessoa de fora, que tenha o conhecimento e a competência necessária para<br />

atuar <strong>em</strong> determinada função e que pode, com mais facilidade, ajudar a <strong>em</strong>presa a<br />

alcançar objetivos e resultados almejados.<br />

Ricca (1998) relata que, para manter o equilíbrio entre os interesses<br />

individuais e os da <strong>em</strong>presa, é muito importante que se tenha estabilidade e<br />

harmonia no relacionamento <strong>familiar</strong>.<br />

Para Bernhoeft e Gallo (2003, p. 6), “a história das famílias <strong>em</strong>presárias no<br />

Brasil possui origens e características muito próprias, como acontece <strong>em</strong> diferentes<br />

culturas”. Nesse sentido, é possível entender um pouco o motivo das <strong>em</strong>presas<br />

ter<strong>em</strong> grandes diferenças <strong>em</strong> suas gestões e atendimentos nos dias de hoje,<br />

mesmo, muitas vezes, atuando no mesmo segmento de mercado. Cada uma possui<br />

um traço cultural diferente, ou seja, cada organização foi fundada e, geralmente,<br />

segue a figura/comportamento de seu fundador.<br />

Conforme Beldi et al.,


17<br />

[...] trabalhar <strong>em</strong> uma <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong> pode trazer vantagens para os<br />

funcionários, como a rápida tomada de decisão, <strong>em</strong> função das relações<br />

pessoais mais próximas e do acesso mais direto e pessoal aos gestores,<br />

além da especialização dos m<strong>em</strong>bros da família por meio do conhecimento<br />

profundo do <strong>em</strong>preendimento (2010, p. 1).<br />

Para saber se uma <strong>em</strong>presa é <strong>familiar</strong>, Barbieri (1997, p. 56) afirma que<br />

[...] a <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong> é caracterizada pela interferência mútua de<br />

instituições diferenciadas: a instituição social (família) e a instituição negócio<br />

(<strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong>). Muitas vezes, as duas instituições confund<strong>em</strong>-se,<br />

sobrepõ<strong>em</strong>-se, dificultando a identificação das questões relacionadas<br />

somente à família e as que são referentes exclusivamente à <strong>em</strong>presa.<br />

Nessa assertiva, é importante deixar claro que ainda não existe apenas uma<br />

definição de conceito. O t<strong>em</strong>a <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong> possui certa divergência de<br />

conceitos entre alguns autores. Isso, segundo Casillas, Vásquez e Díaz (2007, p. 3),<br />

“deve-se, <strong>em</strong> grande parte, ao fato de os negócios <strong>familiar</strong>es ser<strong>em</strong> realidades<br />

multidimensionais por natureza, motivo pelo qual alguns autores propuseram<br />

definições baseadas <strong>em</strong> múltiplos fatores”.<br />

Encerrando uma definição do conceito geral de <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong>, o próximo<br />

tópico apresenta mais especificamente o assunto sobre gestão nas <strong>em</strong>presas<br />

<strong>familiar</strong>es.<br />

1.1 GESTÃO E GOVERNANÇA NAS EMPRESAS FAMILIARES<br />

Este tópico t<strong>em</strong> a intenção de mostrar sobre o que se trata a gestão e a<br />

<strong>governança</strong> nas <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es, qual a importância destes assuntos e como<br />

eles dev<strong>em</strong> ser vistos pelos <strong>em</strong>presários que possu<strong>em</strong> negócios próprios, com a<br />

intenção de ajudar e dar ideias para o leitor deste estudo.<br />

Sabe-se, através de Bernhoeft e Gallo (2003), que a preocupação com esse<br />

t<strong>em</strong>a de gestão e <strong>governança</strong> nas <strong>em</strong>presas v<strong>em</strong> de muitos anos atrás. Todavia, é<br />

muito novo no mundo todo por ter uma ação mais concreta apenas no início da<br />

década de 1990. A preocupação sobre o assunto é grande, pois, hoje <strong>em</strong> dia, a má<br />

gestão do negócio é um dos aspectos que mais leva as <strong>em</strong>presas ao fracasso. Para


18<br />

entender um pouco melhor essa afirmação, Casillas, Vásquez e Díaz (2007, p. 31),<br />

relatam que uma gestão inadequada é caracterizada:<br />

[...] por uma estrutura organizacional majoritariamente personalista, há um<br />

sist<strong>em</strong>a de controle pouco formalizado e uma política de recursos humanos<br />

não muito b<strong>em</strong> definida de formação, promoção, e r<strong>em</strong>uneração,<br />

geralmente não relacionadas com critérios de mercado e eficácia.<br />

Conforme os autores Klein e Freitas (2010, p. 56),<br />

[...] a globalização da economia e a queda de barreiras alfandegárias criam<br />

um ambiente de competição <strong>em</strong> que só <strong>em</strong>presas altamente eficientes<br />

sobreviverão, pois as <strong>em</strong>presas não preparadas para enfrentar esse novo<br />

ambiente de negócio estão fadadas ao declínio.<br />

É importante, portanto, que todos os <strong>em</strong>presários estejam atentos aos<br />

acontecimentos da economia, ao ambiente externo. Assim, torna-se mais fácil<br />

elaborar planos de melhoria na sua gestão dentro da organização <strong>em</strong> que atua,<br />

evitando que a <strong>em</strong>presa seja engolida pelos concorrentes.<br />

A <strong>governança</strong>, não menos importante, é outro ponto que deve ser analisado<br />

e praticado com cuidado para que se consiga atingir o sucesso desejado. De acordo<br />

com Bernhoeft e Gallo (2003), a <strong>governança</strong> corporativa é entendida como um<br />

conjunto de práticas que guia os gestores/pessoas na hora de tomar as decisões,<br />

além de auxiliá-lo no acompanhamento da gestão do negócio. Essas práticas de<br />

gestão pod<strong>em</strong> incluir procedimentos, tais como descentralizar poderes, delegar<br />

responsabilidades, agilizar decisões e impl<strong>em</strong>entá-las de maneira diligente.<br />

Independente de tamanho ou de ser <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong> ou não-<strong>familiar</strong>, toda a<br />

organização deve seguir normas e regras para que as ações aconteçam da forma<br />

esperada. Segundo Casillas, Vásquez e Díaz (2007, p. 100),<br />

[...] a necessidade de melhorar os sist<strong>em</strong>as e os mecanismos que permit<strong>em</strong><br />

governar a <strong>em</strong>presa, na máxima extensão da palavra „governar‟, atinge todo<br />

tipo de <strong>em</strong>presa, grande ou pequena, que tenha cotação ou não, industrial<br />

ou de serviços e, evident<strong>em</strong>ente, <strong>familiar</strong> ou não-<strong>familiar</strong>.<br />

O fato de melhorar os processos de gestão e de seguir regras e normas,<br />

independente se é dono da organização ou não, é muito importante para que a<br />

<strong>em</strong>presa inicie sua profissionalização. Isso quer dizer que, quando os proprietários


19<br />

quer<strong>em</strong> profissionalizar seus negócios, o processo acaba sendo mais fácil que o<br />

normal. As ações, dessa forma, ocorr<strong>em</strong> mais naturalmente.<br />

Mesmo que se comente sobre a <strong>governança</strong> nas <strong>em</strong>presas, não exist<strong>em</strong><br />

regras universais para que isso aconteça, <strong>em</strong> função de particularidades. Cada<br />

<strong>em</strong>presa deve se adaptar de acordo com suas características e peculiaridades, ou<br />

seja, cada <strong>em</strong>presa deve ter o seu sist<strong>em</strong>a de <strong>governança</strong> próprio. Nesse sentido,<br />

Bornholdt (2005, p. 21) afirma que<br />

[...] o governo das <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es trata de normas e regras entre os<br />

diferentes interesses <strong>em</strong> torno de uma cultura organizacional formada ao<br />

longo da história. Os interesses financeiros acumulados ou herdados, a<br />

ambiguidade de trabalhar ou não trabalhar na <strong>em</strong>presa, de ser sócio ou<br />

não, de assumir papel estratégico, são alguns dos componentes deste<br />

processo.<br />

Tendo <strong>em</strong> vista a impl<strong>em</strong>entação de uma boa <strong>governança</strong> dentro das<br />

organizações, Bornholdt (2005, p. 78) ressalta que<br />

[...] a boa prática da <strong>governança</strong> corporativa t<strong>em</strong> como alicerce o exercício<br />

na transparência, o fundamento na confiança e o suporte no compromisso e<br />

no respeito <strong>em</strong> relação a todos os atores, direta e indiretamente, envolvidos<br />

com uma organização.<br />

Para tanto, é muito importante saber diferenciar a relação entre negócio e<br />

família.<br />

Atualmente, todas as pessoas, que têm uma noção básica sobre negócios e<br />

família, sab<strong>em</strong> a importância de não misturar pessoa física e pessoa jurídica. Esse é<br />

um passo muito importante para o sucesso <strong>em</strong>presarial, para a busca de uma<br />

<strong>em</strong>presa rentável e saudável. Conforme Floriani (2006, p. 210), mesmo conscientes<br />

da necessidade de separação dos interesses <strong>familiar</strong>es <strong>em</strong> relação às <strong>em</strong>presas<br />

<strong>familiar</strong>es, através do tripé – família – propriedade – administração, com uma<br />

estrutura espacial capaz de identificar claramente os cuidados, interesses e<br />

necessidades básicas, um novo desafio se apresenta ao <strong>em</strong>presariado nacional:<br />

administrar profissionalmente as <strong>em</strong>presas, seguindo princípios e valores comuns a<br />

todos os sócios quotistas ou acionistas.<br />

Para proporcionar, então, um nível de qualidade existente no primeiro<br />

mundo, fica claro a necessidade de impl<strong>em</strong>entar boas práticas de gestão; saber


20<br />

distribuir tarefas e responsabilidades; além de colocar as decisões <strong>em</strong> prática com<br />

cautela. Esses são passos fundamentais para a profissionalização e a perpetuidade<br />

de uma <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong>.<br />

Assim, é de extr<strong>em</strong>a importância que o profissional, que for realizar qualquer<br />

mudança na gestão da <strong>governança</strong> de uma <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong>, seja muito capacitado<br />

e competente para que não haja probl<strong>em</strong>as <strong>em</strong> meio a estes processos. Conforme<br />

Bornholdt (2005, p. 21), „„as crises e os altos e baixos do processo de <strong>governança</strong><br />

nas <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es pod<strong>em</strong> ser compreendidos como „perigos‟ e<br />

„oportunidades‟. Esse é um processo fascinante, mas ao mesmo t<strong>em</strong>po muito difícil‟‟.<br />

Essa dificuldade está, conforme Bernhoeft e Gallo (2003), no m<strong>em</strong>bro da família que<br />

pode se sentir mais importante que os d<strong>em</strong>ais dentro da organização e cometer o<br />

erro de confundir seu papel de acionista com as atribuições do cargo que ocupa.<br />

Os proprietários dev<strong>em</strong> confiar nos seus funcionários, respeitando e<br />

apoiando as decisões tomadas. Ideias e trocas de experiências são importantes,<br />

porém, <strong>em</strong> determinadas ocasiões, ninguém sabe mais que a própria pessoa que<br />

trabalha <strong>em</strong> determinado setor da <strong>em</strong>presa. Nessa perspectiva, segundo Lodi (1994,<br />

p. 11), „„não é a deterioração da situação financeira da firma, n<strong>em</strong> a conjuntura do<br />

País, o que dá orig<strong>em</strong> aos conflitos: é o comportamento ético entre os indivíduos‟‟.<br />

Mesmo o proprietário de determinada <strong>em</strong>presa deve ter cuidado, pois dar o passo<br />

maior que a perna pode ser perigoso para a sua gestão e para o seu ambiente de<br />

trabalho.<br />

Conforme Bornholdt (2005), n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre os sist<strong>em</strong>as de <strong>governança</strong>s estão<br />

necessariamente <strong>em</strong> oposição ou confronto. Normalmente, alguns posicionamentos<br />

que pod<strong>em</strong> ser, aparent<strong>em</strong>ente, conflitantes entre os executivos e os sócios<br />

<strong>familiar</strong>es, na verdade, são formas de ataque e defesas individuais e carregadas<br />

com certo grau de <strong>em</strong>oção Bornholdt (p. 29). Esse fator de conflito entre as pessoas<br />

já acabou com diversas <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es. Todos os <strong>em</strong>presários que possu<strong>em</strong><br />

esse tipo de negócio estão sujeitos a esses acontecimentos. No entanto, pod<strong>em</strong><br />

evitar, se tiver<strong>em</strong> uma atuação profissional e compreensiva dentro de sua<br />

organização. Compl<strong>em</strong>entando esta ideia, Bornholdt (2005, p. 44) afirma que „„é<br />

preciso conviver e administrar as relações afetivas e as gerenciais entre <strong>familiar</strong>es<br />

quando se está <strong>em</strong> um campo que exige objetividade‟‟.<br />

Não perdendo o foco da ideia e do assunto, Gordon e Nicholson (2008)<br />

relatam, de uma forma mais descontraída e com um vocabulário mais comum, que


21<br />

uma família é igual a um caldeirão borbulhante, porém, de ingredientes humanos <strong>em</strong><br />

que cada m<strong>em</strong>bro t<strong>em</strong> o seu sabor. Isso pode acarretar <strong>em</strong> uma boa sopa muitas<br />

vezes; mas <strong>em</strong> outras, as personalidades pod<strong>em</strong> não se misturar muito b<strong>em</strong>,<br />

fazendo com que as coisas desagradáveis venham à superfície. Executivos e<br />

proprietários dev<strong>em</strong> estar b<strong>em</strong> preparados no momento que for<strong>em</strong> praticar a gestão<br />

e a <strong>governança</strong> de uma <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong>. Esse é um desafio e tanto para qu<strong>em</strong><br />

aceita assumir um lugar no quadro diretivo neste tipo de <strong>em</strong>presa. É necessário ter<br />

consciência que os nervos e <strong>em</strong>oções estão s<strong>em</strong>pre a “flor da pele”.<br />

Sabe-se que, na maioria das organizações, há existência de conflitos. Nas<br />

<strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es, eles pod<strong>em</strong> ser ainda mais complicados pelo fato dos<br />

<strong>familiar</strong>es disputar<strong>em</strong> entre si o maior poder <strong>em</strong> frente à <strong>em</strong>presa, ou então, por ter<br />

um proprietário centralizador que não confia plenamente no seu funcionário,<br />

querendo participar de todos os processos desenvolvidos. Procurando evitar esse<br />

tipo de acontecimento dentro das <strong>em</strong>presas, Casillas, Vásquez e Díaz (2007, p. 101)<br />

relatam que “as <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es, por conta de suas particularidades e apesar da<br />

sua grande heterogeneidade, dev<strong>em</strong> elaborar um sist<strong>em</strong>a de <strong>governança</strong> adequado<br />

para suas características específicas que garanta a defesa de todos os agentes nela<br />

envolvidos”.<br />

Tendo a consciência de que, <strong>em</strong> muitos casos, há probl<strong>em</strong>as nos<br />

relacionamentos internos de <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es e sabendo que nenhum individuo é<br />

igual ao outro, Beldi et al. (2010, p. 106) afirma que<br />

[...] dentro de um ambiente <strong>familiar</strong>, as pessoas costumam gozar dos<br />

mesmos direitos e ter obrigações s<strong>em</strong>elhantes. No entanto, essa igualdade<br />

entre os m<strong>em</strong>bros da família não representa a perda da individualidade de<br />

cada <strong>familiar</strong>. Cada parente continua sendo um único individuo, com<br />

características impares, com personalidades e ambições próprias, humor<br />

individual, qualidades e defeitos peculiares. Nesse ambiente <strong>familiar</strong><br />

formado por diferentes pessoas, existe um elo do qual muitos parentes<br />

participam e que pode ser motivo de muita discórdia: a <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong>.<br />

Para as <strong>em</strong>presas que não possu<strong>em</strong> esses importantes processos de gestão<br />

e <strong>governança</strong>s b<strong>em</strong> definidos, a elaboração pode ser vista como um<br />

desenvolvimento da <strong>em</strong>presa, uma maneira da organização estar crescendo e<br />

ficando mais atraente no mercado. Atualmente muito se fala das <strong>em</strong>presas que não<br />

possu<strong>em</strong> uma boa gestão profissional que acabam fracassando, depois de ter<strong>em</strong><br />

patinado já algum t<strong>em</strong>po.


22<br />

Isso é uma preocupação constante entre os <strong>em</strong>presários. Todavia, mesmo<br />

com essa preocupação, não estão aptos para realizar mudanças dentro da própria<br />

<strong>em</strong>presa e não buscam ajuda, pois têm o sonho de que a próxima geração resolverá<br />

qualquer probl<strong>em</strong>a existente. Engano. Em muitas ocasiões perd<strong>em</strong> tudo que<br />

conseguiram durante anos de luta e dedicação. Torna-se necessário começar a vida<br />

lutando desde o início, justamente porque não se renderam a profissionais<br />

competentes e capacitados que pudess<strong>em</strong> ajudar no momento <strong>em</strong> que a <strong>em</strong>presa<br />

mais precisava. Segundo Padula (apud FREITAS, 2005, p. 41), “cada fase de<br />

crescimento caracteriza-se por fatores que são a chave para o desenvolvimento dos<br />

sist<strong>em</strong>as de gestão”, como:<br />

- o estilo gerencial adotado pelo <strong>em</strong>preendedor e seus dirigentes;<br />

- a estrutura organizacional;<br />

- o nível de formalização dos sist<strong>em</strong>as administrativos;<br />

- os principais objetivos estratégicos;<br />

- o grau de engajamento do patrão–dirigente na condução do negócio.<br />

É importante que todos os <strong>em</strong>preendedores e <strong>em</strong>presários saibam da<br />

importância de implantar esses processos de gestão <strong>em</strong> suas <strong>em</strong>presas. Só assim,<br />

deixarão um <strong>em</strong>preendimento para que seus filhos ou parentes próximos consigam<br />

dar continuidade com sucesso. Nessa perspectiva, Bernhoeft (2005) comenta que os<br />

<strong>em</strong>preendedores pensam que, criando uma <strong>em</strong>presa e acumulando patrimônio,<br />

resolverão os futuros probl<strong>em</strong>as dos seus filhos. Mas é importante que cada<br />

fundador compreenda que existe uma profunda diferença entre criar algo e<br />

conseguir dar continuidade ao seu <strong>em</strong>preendimento. O conhecido provérbio “pai<br />

rico, filho nobre e neto pobre” é muito mais sério do que se imagina (BERNHOEFT,<br />

2005, p. 31).<br />

Para evitar um futuro desastre e praticar uma boa impl<strong>em</strong>entação desses<br />

processos, faz-se necessário que todos obedeçam às regras e normas definidas na<br />

<strong>em</strong>presa, não importando se é m<strong>em</strong>bro da família, proprietário ou apenas<br />

funcionário. Bornholdt (2005, p. 21) destaca que:<br />

Definir regras e normas entre os interesses individuais <strong>em</strong> prol do coletivo<br />

(<strong>em</strong>presa) é fundamentalmente um processo de renúncias. As renúncias da<br />

individualidade <strong>em</strong> prol da identidade <strong>familiar</strong> (e não por opção) despertam<br />

os sentimentos mais contraditórios e ambivalentes, como paixão, ódio,<br />

amor, inveja, segurança e resignação.


23<br />

Em relação a esses acontecimentos, pode-se dizer que, geralmente, são<br />

normais no âmbito das <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es, pois os proprietários ou a primeira<br />

geração dificilmente quer<strong>em</strong> sair do alto poder <strong>em</strong>presarial. Conforme Casillas,<br />

Vásquez e Díaz (2007), a <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong> é resistente quando o assunto é<br />

renovação organizacional. Isso se deve muito à personalidade exercida pelo líder da<br />

organização que acaba sendo muito centralizado e voltado para uma gestão<br />

paternalista.<br />

Por isso, é interessante que as <strong>em</strong>presas estejam dispostas a mudar, que<br />

tenham pessoas competentes e capacitadas para praticar esses processos, pois é<br />

com eles que a <strong>em</strong>presa buscará o sucesso e os objetivos desejados. Cabe<br />

ressaltar que regras e normas dev<strong>em</strong> ser definidas junto com um planejamento dos<br />

processos a ser<strong>em</strong> seguidos. Além disso, todos os m<strong>em</strong>bros da organização dev<strong>em</strong><br />

segui-los, independente da ligação que têm com a <strong>em</strong>presa. Assim a busca pela boa<br />

gestão <strong>em</strong>presarial e o aumento de bons resultados ficam facilitados.<br />

Após a realização desta pesquisa sobre a gestão nas <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es,<br />

fica claro e de fácil compreensão que a gestão b<strong>em</strong> definida e exercida <strong>em</strong> uma<br />

<strong>em</strong>presa é ponto fundamental para que determinada organização cresça neste atual<br />

mercado tão competitivo e disputado.<br />

Conforme Casillas, Vásquez e Díaz (2007), profissionais de diferentes níveis<br />

que não possu<strong>em</strong> participação nenhuma no capital de uma <strong>em</strong>presa são vitais para<br />

o funcionamento da organização. Esses autores ainda faz<strong>em</strong> um breve comentário<br />

relatando que, às vezes, até o diretor geral da <strong>em</strong>presa é um profissional alheio à<br />

família.<br />

Nesse sentido, apresenta-se outra sugestão para reflexão feita por Bernhoeft<br />

e Gallo (2003, p. 28): “a família deve usufruir dos seus momentos de família para<br />

desfrutá-los s<strong>em</strong> misturar os assuntos que digam respeito à sociedade ou às<br />

<strong>em</strong>presas”. Destaca-se, também, segundo esses autores, a existência de um<br />

Conselho de Família atuante, que possa contribuir para cumprir esse papel. O<br />

conselho deve criar momentos formais e propiciar também momentos festivos.<br />

Quando se comenta sobre esses eventos a ser<strong>em</strong> criados pelo conselho, sugere-se<br />

que sejam elaboradas reuniões periódicas para falar sobre o negócio, e momentos<br />

de festas que serv<strong>em</strong> para fortalecer o laço <strong>familiar</strong>, como festa de Natal, Ano Novo<br />

ou um simples churrasco de final de s<strong>em</strong>ana. Deve-se l<strong>em</strong>brar acerca da<br />

importância de saber dividir momentos <strong>familiar</strong>es e momentos <strong>em</strong>presariais.


24<br />

O tópico a seguir abordará o assunto sobre conselho de família, relatando<br />

sua noção conceitual, vantagens e desvantagens nas <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es.<br />

1.1.1 Conselho de família<br />

Tendo <strong>em</strong> vista que mais à frente este trabalho apresentará um estudo<br />

específico sobre a <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong> Unidão Transportes, o pesquisador entendeu<br />

ser de grande valia relatar um pouco sobre o assunto “conselho <strong>familiar</strong>”, relatando<br />

sua importância na hora de melhorar a profissionalização da gestão e <strong>governança</strong><br />

de uma organização. A Unidão Transportes possui um Conselho que, através da<br />

coleta de dados, foi possível notar seu nível de atuação. Esse conselho é formado<br />

por acionistas que não atuam no dia-a-dia da organização.<br />

Bornholdt (2005, p. 95) considera que o conselho de família é um órgão<br />

instituído no acordo societário para determinar os interesses e as participações dos<br />

<strong>familiar</strong>es nos negócios e zelar pelo patrimônio dos sócios e dos acionistas,<br />

evitando, dessa forma, a ingerência na administração da <strong>em</strong>presa <strong>em</strong> função de<br />

questões <strong>familiar</strong>es. Muitas pessoas não estão aptas ou capacitadas para<br />

des<strong>em</strong>penhar funções dentro de uma determinada <strong>em</strong>presa. Em muitos casos, têm<br />

conhecimento do negócio/mercado <strong>em</strong> que atuam, mas não consegu<strong>em</strong><br />

operacionalizar ou, então, praticar um bom sist<strong>em</strong>a de gestão na organização. Para<br />

que não se perca esse conhecimento de mercado, forma-se o conselho de<br />

administração.<br />

Ao iniciar a pesquisa e tendo a intenção de esclarecer sobre o assunto<br />

conselho <strong>familiar</strong>, retoma-se Casilas, Vásquez e Dias (2007, p. 113):<br />

A importância e as funções do conselho de administração pod<strong>em</strong> variar<br />

consideravelmente de uma <strong>em</strong>presa para outra. Para algumas <strong>em</strong>presas, o<br />

conselho de administração constitui o núcleo da tomada de decisões<br />

estratégicas, enquanto, para outras, o conselho não passa de uma figura<br />

decorativa, s<strong>em</strong> responsabilidades e tarefas definidas, e cuja finalidade<br />

essencial é manter alguns m<strong>em</strong>bros da família ocupados ou justificar a<br />

r<strong>em</strong>uneração de alguns deles.<br />

Muitas <strong>em</strong>presas realmente possu<strong>em</strong> um conselho <strong>familiar</strong> que é importante<br />

para a busca do objetivo de cada organização. É um conselho atuante, respeitado


25<br />

por todos e, inclusive, levado a sério pelo presidente. Porém, a afirmação feita por<br />

Casilas, Vásquez e Dias (2007) não deixa de ser verdadeira. Muitos conselhos<br />

serv<strong>em</strong> apenas para jogar conversa fora, já que nada sai organizado e/ou definido,<br />

ou seja, há conselhos que não agregam valor nenhum às <strong>em</strong>presas.<br />

Pode-se dizer que, <strong>em</strong> algumas situações, os presidentes e executivos de<br />

<strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es realizam reuniões do conselho apenas para dar a sensação de<br />

que eles estão participando da gestão <strong>em</strong>presarial dos seus negócios. Entretanto,<br />

quando a reunião acaba, cada m<strong>em</strong>bro participante volta para seus postos de<br />

trabalhos e segu<strong>em</strong> a gestão e a forma de trabalhar que s<strong>em</strong>pre foi seguida dentro<br />

da organização, deixando para trás tudo que foi conversado, na ocasião, entre o<br />

conselho.<br />

Nesse sentido, Bernhoeft e Gallo (2003, p. 28) comentam:<br />

[...] um conselho de família deve servir como cenário, ou espaço, para que<br />

as questões e os interesses ligados ao mundo dos negócios sejam<br />

debatidos de forma estruturada. Dessa forma, procura-se evitar fazê-lo <strong>em</strong><br />

eventos como jantares, aniversários, Natal, Ano Novo etc.<br />

O grande segredo, então, é aproveitar os momentos de festas para<br />

confraternizar com a família, deixando que o conselho realize momentos formais<br />

para discutir e administrar as questões que possam ter impacto sobre a sociedade e<br />

as <strong>em</strong>presas.<br />

Enfim, é muito importante ressaltar que o conselho não pode servir apenas<br />

como figura decorativa dentro de uma <strong>em</strong>presa. É interessante que, nos encontros<br />

formais realizados, os participantes estejam com a visão e objetivos alinhados, para<br />

que a reunião sirva como uma ferramenta na busca de resultados para a <strong>em</strong>presa; e<br />

também seja uma oportunidade dos acionistas colocar<strong>em</strong> suas ideias na mesa,<br />

clareza às oportunidades que eles enxergam no negócio.<br />

O próximo tópico deste trabalho t<strong>em</strong> a intenção de mostrar a importância da<br />

profissionalização nas <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es.


26<br />

1.2 PROFISSIONALIZAÇÃO NAS EMPRESAS FAMILIARES<br />

Este tópico do estudo visa expor a ideia da profissionalização de uma<br />

<strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong>. T<strong>em</strong> como objetivo mostrar qual a importância disso dentro de<br />

uma organização e de que forma ajuda para que o sucesso da <strong>em</strong>presa esteja cada<br />

vez mais perto, acompanhado de um funcionamento administrativo profissional, que<br />

tenha a capacidade de exercer a função do cargo.<br />

O assunto é muito relevante e importante nos dias de hoje. É fundamental<br />

que a profissionalização esteja presente nas <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es, pois, segundo<br />

Casillas, Vásquez e Díaz (2007, p. 78), “se precisáss<strong>em</strong>os escolher até cinco<br />

pontos-chave relacionados com a continuidade das <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong> ao longo do<br />

t<strong>em</strong>po, certamente estaria entre eles a profissionalização”.<br />

Profissionalizar a <strong>em</strong>presa é dar um passo grande para o sucesso. É através<br />

desse processo que os <strong>em</strong>presários consegu<strong>em</strong> selecionar as pessoas que tenham<br />

a competência necessária para des<strong>em</strong>penhar as funções que para eles for<strong>em</strong><br />

destinadas, evitando pessoas incapacitadas, que apenas trabalham nas <strong>em</strong>presas<br />

devido aos laços afetivos com a família proprietária.<br />

Nesse sentido, Bernhoeft (2005) relata que é muito comum se falar <strong>em</strong><br />

profissionalizar a <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong>. Essa expressão não quer dizer diretamente que<br />

se deva trocar os m<strong>em</strong>bros da família, por profissionais fora da sociedade que<br />

tenham títulos acadêmicos de prestigio ou anos de experiência <strong>em</strong> <strong>em</strong>presas<br />

importantes. A realidade é que, se isso fosse levado ao pé da letra como se diz,<br />

talvez a organização possa perder grandes <strong>em</strong>preendedores e conhecedores do seu<br />

negócio e ganhar habilidades potenciais, mas que não têm conhecimento e<br />

experiência sobre a <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong> concreta e no negócio concreto. Todavia,<br />

Bernhoeft (2005, p. 103) deixa claro que:<br />

É frequente que estas <strong>em</strong>presas efetivamente necessit<strong>em</strong> profissionalizar<br />

vários dos sist<strong>em</strong>as de gestão para dar base a processos que, até o<br />

momento, vêm sendo executados com grande intuição e sucesso, mas que,<br />

no futuro, <strong>em</strong> uma <strong>em</strong>presa de maior porte e complexidade, serão mais b<strong>em</strong><br />

efetuados caso se fundament<strong>em</strong> numa sist<strong>em</strong>atização conveniente.<br />

Seguindo essa linha de raciocínio, praticamente todos, ou a maioria, sab<strong>em</strong><br />

que os grandes <strong>em</strong>preendedores tiveram sucessos com seus negócios próprios. No


27<br />

entanto, sabe-se, também, há t<strong>em</strong>po, não existia tanto esse negócio de gestão nas<br />

<strong>em</strong>presas. A facilidade de vencer no mercado e manter o negócio era algo notável<br />

<strong>em</strong> função da menor competitividade que existia. Isso é um fato preocupante, pois,<br />

de acordo com Muller e Carlin (apud FREITAS, 2005, p. 40), “pode-se dizer que a<br />

continuidade desse sucesso depende da profissionalização dos quadros diretivos,<br />

sejam eles compostos por descendentes dos primeiros <strong>em</strong>preendedores ou por<br />

executivos contratados no mercado”.<br />

Com esse comentário e sabendo da grande dificuldade que as <strong>em</strong>presa<br />

<strong>familiar</strong>es vêm sofrendo perante o mercado, por não se preparar<strong>em</strong> como deveriam,<br />

é importante que todos os leitores deste estudo que possu<strong>em</strong> <strong>em</strong>presa e ainda não<br />

começaram a se preocupar com a situação, fiqu<strong>em</strong> atentos e não deix<strong>em</strong> seu<br />

patrimônio escapar. É preciso que comec<strong>em</strong> a montar estratégias que façam o<br />

sucesso ser predominante dentro da <strong>em</strong>presa.<br />

Independente da pessoa que tiver no comando da <strong>em</strong>presa, se t<strong>em</strong> ou não<br />

participação no capital da organização, é indispensável que sejam fixadas normas<br />

para que a <strong>em</strong>presa e os m<strong>em</strong>bros possam conviver e desenvolver suas atividades.<br />

esse sentido, Gordon e Nicholson (2010, p. 106) destacam que:<br />

[...] pod<strong>em</strong>os considerar um dos principais pilares da perpetuidade <strong>em</strong> uma<br />

<strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong> a criação e a fixação de regras uniformes e apolíticas que<br />

englob<strong>em</strong> todos os m<strong>em</strong>bros da organização, sejam eles sócios,<br />

<strong>em</strong>pregados, m<strong>em</strong>bros da família ou não.<br />

Para melhor compreensão, Freitas (2005) relata que, quando o assunto se<br />

trata da condução de <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es, a profissionalização deve ir além dos<br />

gestores, alcançando a família, para que venha a exercer seu papel de acionista.<br />

Mas nunca esquecendo que ninguém é mais do que ninguém dentro de uma<br />

organização. Essa situação, às vezes, pode se tornar um pouco mais complicada<br />

quando a <strong>em</strong>presa possui mais de um sócio. Exist<strong>em</strong> pessoas que gostam de<br />

mostrar o seu poder aos funcionários de uma <strong>em</strong>presa e, assim, não aceitam regras<br />

e normas. Isso se deve ao fato de que essas pessoas pensam que não precisam<br />

obedecer aos outros, pois elas são os proprietários.<br />

Atualmente, uma coisa é fato: qualquer pessoa que fizer parte de uma<br />

sociedade se sentirá capaz e irá querer fazer parte da diretoria ou algo do gênero<br />

dentro de sua <strong>em</strong>presa, afinal também é dona da organização. Isso, porém, acaba


28<br />

se tornando um assunto muito delicado quando a pessoa que deseja trabalhar não<br />

t<strong>em</strong> o perfil desejado pelo cargo. Conforme Ricca (1998, p. 41),<br />

[...] a profissionalização da <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong> não é um assunto fácil de<br />

discutir, porque a família pode não ter capacidade de administrar o negócio,<br />

por não ter suficientes m<strong>em</strong>bros ou porque n<strong>em</strong> todo mundo que pertence a<br />

ela está apto a participar do negócio.<br />

Essa complicação, muitas vezes, pode ocorrer devido ao status que se<br />

adquire quando se participa do quadro diretivo de uma <strong>em</strong>presa, ou então, o fato do<br />

m<strong>em</strong>bro da família querer colocar sua visão/ideia <strong>em</strong> prática. É natural que os<br />

componentes da família, considerando tanto os descendentes diretos como os<br />

componentes que a ela se agregam, e que trabalham na <strong>em</strong>presa, apresent<strong>em</strong><br />

desejos e expectativas muito próprias (BERNHOEFT; GALLO, 2003, p. 20).<br />

Seja a <strong>em</strong>presa administrada por m<strong>em</strong>bros da família ou por pessoas mais<br />

qualificadas contratadas junto ao mercado de trabalho, Freitas (2005, p.41) deixa<br />

claro que „„[...] a profissionalização começa a ocorrer quando a organização deixa de<br />

ser apenas „um negócio da família‟ para tornar-se uma <strong>em</strong>presa profissional. A<br />

separação entre propriedade e a gestão passa a ser percebida com mais clareza‟‟.<br />

Isso é possível quando os proprietários aceitam entregar seus cargos para pessoas<br />

mais competentes, neste caso, podendo ser <strong>familiar</strong> ou não. O que realmente<br />

importa para os proprietários é que a gestão <strong>em</strong>presarial melhorará e trará mais<br />

resultados positivos.<br />

Considerando a situação de trabalhar ou não na própria <strong>em</strong>presa, vale<br />

destacar que, fazendo parte do dia-a-dia ou não de sua organização, o <strong>familiar</strong> que<br />

for afastado por não ter capacidade ou por qualquer outro motivo não pode<br />

simplesmente ser deixado de lado. As informações sobre o andamento da<br />

organização dev<strong>em</strong> chegar a ele para que, assim, esteja a par sobre a realidade do<br />

seu negócio. Beldi et al.(2010, p. 109) reforçam essa ideia ao comentar que:<br />

[...] é essencial que haja uma boa comunicação sobre os valores da família,<br />

sua missão e visão de longo prazo, para todos os m<strong>em</strong>bros, mantendo-os<br />

informados e atualizados sobre os principais desafios, realizações e rumos<br />

estratégicos da <strong>em</strong>presa, especialmente para aqueles que não estão<br />

envolvidos diretamente com a gestão dos negócios.


29<br />

Quando a <strong>em</strong>presa afasta um m<strong>em</strong>bro da família, também é de grande valia<br />

afirmar que os <strong>familiar</strong>es dev<strong>em</strong> seguir as regras e normas estabelecidas dentro da<br />

organização, possuindo canais formais e informais de comunicação para que<br />

possam trocar ideias e ajudar na tomada de decisões da <strong>em</strong>presa. Isso quer dizer<br />

que ninguém pode entrar na <strong>em</strong>presa quando b<strong>em</strong> entender e começar a mudar os<br />

processos de determinados setores, impondo regras aos colaboradores, ou algo do<br />

gênero. É para isso que se têm os momentos combinados, a fim de que nenhuma<br />

regra seja infringida e todos possam trabalhar com tranquilidade e s<strong>em</strong> dúvidas.<br />

Casillas, Vásquez e Díaz (2007) ressaltam que, quando o assunto tratado é<br />

a profissionalização das <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es, pode-se dizer que n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre é o<br />

mesmo fenômeno. Para os autores, exist<strong>em</strong> dois aspectos distintos.<br />

Em primeiro lugar, refer<strong>em</strong>-se ao caráter externo ou interno das pessoas que<br />

exerc<strong>em</strong> cargos de direção. Mesmo sabendo que isso t<strong>em</strong> influência sobre a<br />

<strong>em</strong>presa, os autores acham que esse aspecto não t<strong>em</strong> nada a ver com a<br />

profissionalização.<br />

Como segundo aspecto do ponto de vista dos autores, o conceito correto<br />

sobre o assunto é a existência de uma estrutura organizacional e de gestão, <strong>em</strong> que<br />

os valores <strong>em</strong>presariais são levados <strong>em</strong> conta e seus dirigentes sejam competentes,<br />

tendo uma formação e capacitação idônea para o cargo que exerc<strong>em</strong>, pertencendo<br />

ou não à família.<br />

Para tudo que foi falado no decorrer do assunto de profissionalização nas<br />

<strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es, Ricca (1998) relata que o primeiro passo, é saber qual o motivo<br />

do sucesso ou fracasso da <strong>em</strong>presa. Para isso, também, torna-se importante saber<br />

se a família está ciente de que alguns objetivos pessoais só pod<strong>em</strong> ser atingidos no<br />

longo prazo, não sendo criadas expectativas irreais.<br />

O autor, também, cita que é fundamental decidir se a família está sujeita a<br />

estabelecer regras e limites, até mesmo, para os proprietários. Deixa-se assim, a<br />

participação dos <strong>familiar</strong>es restrita ao limite que a pessoa pode contribuir. Esse<br />

comportamento ajudará a organização no crescimento e fortalecimento da <strong>em</strong>presa.<br />

A profissionalização, como pode se notar, é muito importante para que as<br />

<strong>em</strong>presas sobrevivam <strong>em</strong> meio a esse mercado competitivo <strong>em</strong> que se vive. Apesar<br />

de alguns autores divergir<strong>em</strong> um pouco sobre a questão conceitual do assunto,<br />

todos eles relataram acerca da importância das <strong>em</strong>presas se profissionalizar<strong>em</strong>.


30<br />

Vale repetir aqui o que foi comentado ao longo deste capitulo e que, na<br />

concepção do pesquisador, é fundamental: todos os <strong>em</strong>presários e <strong>em</strong>preendedores<br />

dev<strong>em</strong> ter claro que a profissionalização não quer dizer apenas que os m<strong>em</strong>bros da<br />

família tenham que ser trocados por executivos do mercado. Dev<strong>em</strong> ser criados, no<br />

entanto, cargos diretivos com pessoas capacitadas e competentes para a realização<br />

das funções e atribuições do cargo.<br />

Com a intenção de deixar uma dica para os leitores deste estudo, utilizou-se<br />

de Freitas e Schmidt (2009, p. 73): “o planejamento é uma ferramenta muito<br />

importante para o sucesso e a sobrevivência da <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong> no mercado. Não<br />

só a parte estratégica, como também a profissionalização e a sucessão dos<br />

gestores”.<br />

Com isso, encerra-se o tópico de profissionalização nas <strong>em</strong>presas<br />

<strong>familiar</strong>es, tendo como próximo passo do trabalho: relatar um pouco sobre a<br />

sucessão nas <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es.<br />

1.3 SUCESSÃO NAS EMPRESAS FAMILIARES<br />

Abordando assuntos de gestão, <strong>governança</strong> e profissionalização neste<br />

estudo, o pesquisador acredita que seja interessante apresentar um pouco sobre a<br />

sucessão nas <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es, pois, conforme já citado no decorrer deste<br />

trabalho, tanto pessoas da família, quanto executivos do mercado pod<strong>em</strong> ocupar<br />

cargos diretivos.<br />

A sucessão nas <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es é um t<strong>em</strong>a muito discutido, hoje <strong>em</strong> dia,<br />

<strong>em</strong> meio aos <strong>em</strong>presários. Muitas <strong>em</strong>presas não têm conhecimento da importância<br />

disso para o futuro de uma organização que quer dar continuidade ao sucesso<br />

obtido pela primeira geração. Normalmente, a maioria não leva o assunto adiante e<br />

acaba tendo muito mais trabalho depois de algum t<strong>em</strong>po.<br />

Inicialmente, vale ressaltar, que muitos que realizam esse processo de<br />

sucessão, justamente por não ter<strong>em</strong> o conhecimento, ou então, por não se<br />

preocupar<strong>em</strong> no t<strong>em</strong>po certo, faz<strong>em</strong> de uma forma amadora, s<strong>em</strong> muita organização<br />

e planejamento. Para isso, é interessante o que mencionam Grzybovski e Tedesco<br />

(apud PADULA et al., 2000, p. 169), “muitos dos negócios <strong>familiar</strong>es que


31<br />

fracassaram foram vendidos ou transferidos aos herdeiros de forma impensada,<br />

resultado de decisões meramente <strong>em</strong>ocionais, s<strong>em</strong> nenhum respaldo nas técnicas<br />

modernas de gestão de <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es”.<br />

É inevitável comentar sobre a competitividade do mercado atual, pois o<br />

planejamento e as estratégias estão sendo cada vez mais exigidos para as<br />

<strong>em</strong>presas que quer<strong>em</strong> continuar crescendo e competindo nos seus negócios, e a<br />

sucessão é uma das principais causas de fracasso e sucesso atualmente.<br />

Leone (2005, p. 41) comenta que a “sucessão não é algo que pode ser<br />

resolvido da noite para o dia. Ela é um processo longo que t<strong>em</strong> como alicerces o<br />

planejamento e a organização”. A palavra planejar já diz tudo: é praticamente<br />

impossível colocar um filho para dirigir a <strong>em</strong>presa s<strong>em</strong> tê-lo preparado. É preciso<br />

que esse processo tenha sido planejado há mais t<strong>em</strong>po, para que, assim, a <strong>em</strong>presa<br />

seja dirigida por uma pessoa competente e capacitada.<br />

S<strong>em</strong> citar o planejamento, a organização e sendo mais objetivo, Passos et<br />

al. (2006) relata que a sucessão é quando ocorre a troca do bastão do fundador ou<br />

dos atuais líderes nas esferas da família, do patrimônio e da <strong>em</strong>presa para a nova<br />

geração. E essa é a situação delicada que deve ser cuidada. Qualquer alteração mal<br />

pensada pode ser fatal.<br />

Grzybovski e Tedesco (apud PADULA et al. 2000, p. 44) ressaltam sobre o<br />

novo comportamento dos sucessores. Os autores entend<strong>em</strong> que “a sucessão é a<br />

substituição do criador do <strong>em</strong>preendimento para dar prosseguimento à obra<br />

projetada, criada e gerida pelo pioneiro, porém com enfoque alterado, estilos de<br />

liderança diferenciados, formação teórica e prática renovada”. Na perspectiva do<br />

pesquisador, essa visão está correta, porém a formação teórica e a prática renovada<br />

também faz<strong>em</strong> parte de um processo, ou seja, tudo depende de como o futuro<br />

sucessor foi criado e educado pelos seus pais ou responsáveis. Nessa questão,<br />

também, entra o interesse e o comprometimento da pessoa escolhida.<br />

Não basta apenas criar um planejamento e organizar a sucessão para que<br />

ela seja b<strong>em</strong> sucedida. Por trás disso, dev<strong>em</strong> estar pessoas que foram preparadas<br />

para assumir o comando da <strong>em</strong>presa. Pessoas que, realmente, quer<strong>em</strong> atingir um<br />

objetivo e não, simplesmente, viver de status e ganhar dinheiro s<strong>em</strong> trabalhar/se<br />

dedicar, pensando que seus pais ou fundadores deixaram um<br />

<strong>em</strong>preendimento/patrimônio que durará para s<strong>em</strong>pre, independente do esforço atual.


32<br />

Hoje, por diversas vezes, os proprietários que exerc<strong>em</strong> cargos diretivos<br />

tornam-se resistentes <strong>em</strong> deixar seus cargos para herdeiros. Muitos acabam saindo<br />

apenas quando não têm mais condições de saúde ou quando a idade realmente não<br />

permite mais. Para Lodi (1989), isso não está correto, pois o importante é que se<br />

entregue o cargo ao sucessor <strong>em</strong> pleno vigor físico e mental, pois, assim, qu<strong>em</strong><br />

entregou o cargo t<strong>em</strong> t<strong>em</strong>po para pensar <strong>em</strong> coisas novas com o seu t<strong>em</strong>po livre e,<br />

ao mesmo t<strong>em</strong>po, consegue orientar os que ficaram no seu lugar na operação. Isso<br />

é uma questão para ser muito b<strong>em</strong> analisada, pois acontece com frequência. Qu<strong>em</strong><br />

é dono jamais quer parar de trabalhar, nunca cansa de fazer a <strong>em</strong>presa crescer, ou<br />

então, quer recuperar a <strong>em</strong>presa a qualquer custo para que a próxima geração<br />

assuma uma organização rentável e saudável.<br />

Muito se nota, nas pesquisas, que as <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong>es têm probl<strong>em</strong>as de<br />

sobrevivência com o passar das gerações. Para ex<strong>em</strong>plificar isso, Bernhoeft (2005,<br />

p. 32) destaca que “o conhecido provérbio „Pai rico, filho nobre e neto pobre‟ é muito<br />

mais sério do que se imagina”. De acordo com Vidigal (1996, p. 17), “essas seis<br />

palavras s<strong>em</strong>pre representam um pesadelo para os eventuais herdeiros de grupos<br />

<strong>familiar</strong>es”. Esse ditado só pode ser mudado por alguma(s) pessoa(s): o(s) fundador<br />

(es)/ presidentes. Eles definirão o que realmente quer<strong>em</strong> para o futuro de suas<br />

<strong>em</strong>presas.<br />

Segundo Vidigal (1996), isso pode estar atrapalhando o crescimento dos<br />

sucessores nas suas respectivas <strong>em</strong>presas, pois, com esses ditados, já chegam ao<br />

mercado com um “peso nas costas”, com uma pressão que não precisaria existir. O<br />

que realmente os futuros <strong>em</strong>presários ou proprietários dev<strong>em</strong> saber é que basta o<br />

processo ser b<strong>em</strong> planejado e organizado e o sucessor ser b<strong>em</strong> avaliado e<br />

preparado, para que não se tenha surpresas desagradáveis e o processo de<br />

sucessão seja realmente um sucesso. Junto com isso, outra preocupação que se<br />

t<strong>em</strong>, quando se pode assumir futuramente a <strong>em</strong>presa da família, é o que ressalta<br />

Álvares (2003, p. 70):<br />

[...] <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es pod<strong>em</strong> desaparecer pelo simples fato de seus<br />

fundadores não ter<strong>em</strong> tido a intenção de criar uma dinastia. Assim, eles<br />

viveram b<strong>em</strong> de seu <strong>em</strong>preendimento e simplesmente o fecharam, ou<br />

venderam, no momento apropriado.


33<br />

Conforme relatado no tópico 1.2 sobre o assunto profissionalização da<br />

<strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong>, profissionalizar não é necessariamente trocar os m<strong>em</strong>bros da<br />

família por executivo. Leone (2005) relata que exist<strong>em</strong> dois tipos de sucessão: a<br />

sucessão profissional e a sucessão <strong>familiar</strong>.<br />

A sucessão profissional é quando executivos contratados ocupam cargos<br />

diretivos da <strong>em</strong>presa no lugar dos <strong>familiar</strong>es, e a família monta um conselho de<br />

administração que pode ou não atuar. Sucessão <strong>familiar</strong> é o que t<strong>em</strong> mais<br />

acontecido nas <strong>em</strong>presas, e ocorre quando uma geração abre espaço para outra<br />

para que assuma o comando da organização.<br />

Para entender as vantagens entre os dois tipos de sucessão, Oliveira (apud<br />

LEONE, 2005, p. 45), destaca que:<br />

[...] as principais vantagens da sucessão profissional, para quais os<br />

executivos dev<strong>em</strong> estar atento, são: ter maior facilidade de recrutamento e<br />

seleção de um executivo com perfil desejado; receber, de maneira mais<br />

rápida e efetiva, as experiências e os conhecimentos de um executivo<br />

profissional; receber novos estilos e filosofias de administração e ter maior<br />

flexibilidade para a alteração de executivos.<br />

Os responsáveis pela contratação de um executivo profissional precisam<br />

estar atentos ao que, realmente, a <strong>em</strong>presa necessita. Além disso dev<strong>em</strong> estar<br />

dispostos a receber novas maneiras de pensar, pois, muitas vezes, os executivos do<br />

mercado vêm com ideias diferentes dos proprietários.<br />

Em relação às vantagens da sucessão <strong>familiar</strong>, Oliveira (apud LEONE 2005,<br />

p. 45) relata que “ter pessoas da família com interesse societário na otimização dos<br />

resultados e ter o espírito de família, além de ter, principalmente no início do<br />

processo, maior poder de comando sobre o executivo sucessor são vantagens<br />

consideráveis”.<br />

Sabendo dessas dificuldades encontradas pelas <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es na<br />

passag<strong>em</strong> do bastão, Casillas, Vásquez e Diaz (2007, p. 233) afirmam que “nunca é<br />

cedo para elaborar esse plano de sucessão, pois pod<strong>em</strong> acontecer acidentes e<br />

mortes pr<strong>em</strong>aturas”.<br />

A verdade é que o processo de sucessão deve iniciar já na educação que<br />

será passada para as gerações. Lodi (1987, p. 9) comenta que


34<br />

[...] pod<strong>em</strong>os enumerar três grupos de medidas que anteced<strong>em</strong> a fase<br />

propriamente sucessória: a) a formação de base dos sucessores; b) O seu<br />

plano de desenvolvimento; c) As medidas de caráter organizacional e<br />

jurídico.<br />

Finalizando esta parte do estudo, conforme Beldi et al. (2010, p. 33):<br />

[...] a troca de lugares e cargos <strong>em</strong> uma <strong>em</strong>presa costuma trazer consigo<br />

diversas questões que precisam ser analisadas detalhadamente, para que a<br />

transição ocorra com sucesso. As sucessões que envolv<strong>em</strong> <strong>familiar</strong>es ainda<br />

traz<strong>em</strong> mais dificuldades, devido a carga <strong>em</strong>ocional que cerca não apenas<br />

as pessoas envolvidas na sucessão, mas todos da família.<br />

Portanto, é necessário s<strong>em</strong>pre deixar as coisas b<strong>em</strong> claras e explicadas,<br />

pois qualquer palavra ou gesto que for mal interpretado pode acabar causando<br />

conflitos desagradáveis e desgastantes para a <strong>em</strong>presa e, consequent<strong>em</strong>ente,<br />

atingir a relação <strong>familiar</strong>.<br />

Com esta apresentação sobre sucessão nas <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es e<br />

compreendendo a importância desse assunto para as organizações, o próximo<br />

passo deste trabalho é sobre a cultura organizacional nas <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es,<br />

identificando a sua importância e influência na contribuição para o sucesso.<br />

1.4 CULTURA ORGANIZACIONAL NAS EMPRESAS FAMILIARES<br />

Inicia-se este tópico com o conceito de cultura organizacional utilizado por<br />

Bornholdt (2005, p. 20):<br />

[...] a cultura organizacional é formada pela história por meio de mitos e atos<br />

heroicos; pela ideologia das crenças e valores; pela filosofia das práticas<br />

éticas; pelo negócio e suas peculiaridades; pela linguag<strong>em</strong> e pelo processo<br />

de comunicação e pelos rituais, atos pautados e repetitivos.<br />

Nesse sentido, também Lodi (1994) relata que determinar a natureza, o<br />

ajustamento e a extensão dos valores de uma <strong>em</strong>presa requer um ouvido educado<br />

para a mitologia. Segundo o autor, a história não começa com a <strong>em</strong>presa, mas<br />

geralmente com a imigração antes do início do negócio. Para ele, nada pode ser<br />

iniciado antes de se ter chegado aos valores. Rosa e Freitas (2011, p. 52) reforçam


35<br />

essas ideias, comentando que “[...] nas <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es, a cultura organizacional<br />

sofre grande influência da família e seus herdeiros”.<br />

Cultura, geralmente, é um assunto muito complexo a ser tratado, porque<br />

cada <strong>em</strong>presa t<strong>em</strong> a sua, seja ela <strong>familiar</strong> ou não. Nas <strong>familiar</strong>es, geralmente, a<br />

cultura v<strong>em</strong> do próprio fundador. A maneira como ele iniciou pode fazer com que a<br />

<strong>em</strong>presa continue com a mesma cultura, adotada no início de sua fundação por<br />

muitos e muitos anos, ou, então, pode ser mudada de acordo com a troca de<br />

acionistas ou departamentos importantes. Conforme Santos (apud<br />

BOHNENBERGER, 2005, p. 48), „„a cultura de cada organização é única e interfere<br />

no comportamento das pessoas que estão inseridas nela, determinando padrões de<br />

comportamento e atitude‟‟. A maneira como os colaboradores vão atuar e trabalhar<br />

depende de como eles vê<strong>em</strong> o desenvolvimento exercido dentro de uma <strong>em</strong>presa. O<br />

reflexo do seu proprietário, ou da família proprietária é algo fundamental. Por isso, é<br />

s<strong>em</strong>pre muito importante ter postura e causar uma boa impressão para todos dentro<br />

de uma organização. Bornholdt (2005, p. 20) segue o mesmo pensamento relatando<br />

que:<br />

[...] no início de uma <strong>em</strong>presa, a cultura organizacional é formada pelos<br />

seus fundadores <strong>em</strong>preendedores. Na medida <strong>em</strong> que uma <strong>em</strong>presa deixa<br />

de ser „unipessoal‟ (de um dono) e passa para uma sociedade de pessoas<br />

com laços <strong>familiar</strong>es, os interesses individuais, muitas vezes, difer<strong>em</strong> uns<br />

dos outros.<br />

Com esse comentário de Bornholdt, pod<strong>em</strong>os levar <strong>em</strong> conta, também, o<br />

que explica Lodi (1994): „„a definição de uma cultura organizacional deve-se<br />

bastante a histórias de família, curtos relatos que, na maioria das vezes, são<br />

transmitidos oralmente, e geralmente são os mais velhos que contam aos mais<br />

novos para enfatizar traços e valores da família‟‟.<br />

Em alguns casos, a cultura seguida por determinada <strong>em</strong>presa pode não ser<br />

a ideal para que a organização consiga atingir o seu sucesso pretendido. Na época<br />

<strong>em</strong> que a <strong>em</strong>presa é criada, a cultura pode ser sim a ideal. Entretanto, com o passar<br />

dos anos e com as mudanças que o mercado exige, a forma de trabalho precisa ser<br />

revista para que a <strong>em</strong>presa continue sobrevivendo e crescendo. Contudo, <strong>em</strong> muitos<br />

casos, os controladores são resistentes por acreditar<strong>em</strong> que s<strong>em</strong>pre deu certo com<br />

a cultura adotada desde o início. Casillas, Vásquez e Díaz (2007) ressaltam que<br />

bons conhecimentos sobre administração estratégica mostram, cada vez com mais


36<br />

clareza, como é importante ter uma cultura própria adequada para que o sucesso<br />

continuado seja alcançado dentro da <strong>em</strong>presa, pois as pessoas que nela trabalham<br />

viv<strong>em</strong> essa cultura de forma fiel e intensa.<br />

Esse assunto precisa ser levado <strong>em</strong> conta com muita seriedade, pois deve<br />

ser geralmente definida pelos proprietários qual cultura será seguida dentro do<br />

negócio. Isso é para que, mais no futuro, a <strong>em</strong>presa tenha como seguir seu caminho<br />

com a cultura certa, prevenindo-se, assim, de diversos probl<strong>em</strong>as quando ocorrer a<br />

troca de geração, mesmo sabendo que novos laços <strong>familiar</strong>es pod<strong>em</strong> implicar na<br />

troca ou reajuste de cultura dentro da <strong>em</strong>presa.<br />

Portanto, é importante ficar atento com essa ação nas <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es,<br />

pois não é um assunto que se possa tratar com facilidade. Segundo Lodi (1994 p. 4),<br />

“não é tão fácil identificar esse fundo cultural da família na primeira abordag<strong>em</strong>”.<br />

Para isso, é preciso verificar:<br />

- Em que os líderes prestam atenção, o que mensuram e controlam.<br />

- Reações a incidentes críticos e crises.<br />

- Como são ensinados e treinados.<br />

- Como as recompensas e status são alocados.<br />

- Como a família recruta, promove, aposenta e excomunga os seus<br />

m<strong>em</strong>bros.<br />

- As histórias, lendas, mitos e parábolas da família.<br />

O fundador, ou já gerações que foram assumindo determinadas <strong>em</strong>presas,<br />

muitas vezes, mesmo tendo a consciência de que não estão seguindo a cultura certa<br />

para atingir os objetivos <strong>em</strong>presariais, tornam-se resistente <strong>em</strong> trocá-las. Esse fato,<br />

muitas vezes, ocorre por questão de orgulho. O fundador apega-se tanto na história<br />

como a <strong>em</strong>presa começou que faz de tudo para provar que não é culpa do<br />

comportamento que v<strong>em</strong> sendo seguido. Ou então, já a segunda ou terceira geração<br />

acha que o fundador não gostaria de mudar aquele comportamento que há tanto<br />

t<strong>em</strong>po foi visto como o certo. Com isso, acham desculpas, colocando a culpa na<br />

economia e nos acontecimentos naturais, muitas vezes.<br />

É preciso não colocar a <strong>em</strong>presa nesse tipo de gestão. Deve-se, no entanto,<br />

enxergar com atenção e ver o que nela deve ser modificado. Se for a cultura, mãos<br />

à obra, pois este não é um trabalho fácil e a competitividade atual não perdoa.


37<br />

Com um breve conhecimento do assunto e para finalizar esta parte da<br />

cultura dentro das <strong>em</strong>presas, é importante deixar claro o que comenta Bohnenberger<br />

(apud FREZZA, 2005, p. 45):<br />

[...] o processo de mudança da cultura organizacional deve ser planejado,<br />

feito <strong>em</strong> pequenas etapas e respeitar profundamente os valores, as<br />

crenças, os ritos e as normas da <strong>em</strong>presa. A consistência da mudança vai<br />

depender deste planejamento e será maior ou menor, conforme o grau de<br />

alterações que se pretende. Vale destacar que o mais indicado são<br />

mudanças pequenas e progressivas, garantido desta forma a eficácia das<br />

ações.<br />

A administração de uma <strong>em</strong>presa não aceita que as coisas sejam feitas s<strong>em</strong><br />

planejamento, nada se consegue s<strong>em</strong> esta ação “mágica”. É preciso assim, analisar<br />

o mercado futuro e ver como a <strong>em</strong>presa terá que se comportar. Assim, haverá t<strong>em</strong>po<br />

de se preparar e adequar a organização conforme a exigência do<br />

mercado/segmento <strong>em</strong> que atua, podendo, muitas vezes, tornar-se um diferencial<br />

entre os concorrentes.<br />

O próximo capítulo deste trabalho apresenta os assuntos <strong>em</strong>preendedorismo<br />

e vantag<strong>em</strong> competitiva.


38<br />

2 EMPREENDEDORISMO E VANTAGEM COMPETITIVA<br />

Este capítulo do trabalho t<strong>em</strong> o objetivo de comentar sobre a importância do<br />

<strong>em</strong>preendedorismo e a vantag<strong>em</strong> competitiva nas <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es.<br />

Primeiramente, será abordado o assunto sobre <strong>em</strong>preendedorismo, <strong>em</strong> que será<br />

apresentado o conceito e também o que as <strong>em</strong>presas ganham, assumindo riscos e<br />

procurando novas oportunidades no mercado dos negócios.<br />

A vantag<strong>em</strong> competitiva, não menos importante, será o segundo tópico<br />

apresentado, tendo <strong>em</strong> vista a grande competitividade do mercado atual. Neste<br />

tópico, a intenção é mostrar ao leitor como as <strong>em</strong>presas dev<strong>em</strong> se organizar para<br />

sobreviver<strong>em</strong> à competição existente entre organizações e o quanto isso pode<br />

ajudá-las no seu desenvolvimento e evoluções.<br />

2.1 EMPREENDEDORISMO<br />

Iniciando o tópico sobre o assunto de <strong>em</strong>preendedorismo, é interessante<br />

entender, através de Chiavenato (2008), que a palavra <strong>em</strong>preender t<strong>em</strong> orig<strong>em</strong> do<br />

Francês entrepreneur, o que significa aquele que assume riscos e começa algo<br />

novo.<br />

Já sabendo o porquê da palavra e tendo a intenção de iniciar o estudo, o<br />

pesquisador achou interessante falar um pouco sobre o surgimento deste assunto, já<br />

que é uma prática que v<strong>em</strong> sendo exercida a não muito t<strong>em</strong>po. Segundo Dornelas<br />

(2001), a primeira definição sobre <strong>em</strong>preendedorismo pode ser creditada a Marco<br />

Pólo, que assinou um contrato com uma pessoa que tinha dinheiro para vender as<br />

suas mercadorias. Nesse caso, o capitalista era qu<strong>em</strong> assumia o risco e Marco Pólo<br />

assumia riscos físicos e <strong>em</strong>ocionais.<br />

As coisas foram começando a mudar. Na Idade Média, mesmo ainda não<br />

assumindo riscos, o <strong>em</strong>preendedor passou a ser a pessoa que gerenciava grandes<br />

projetos de produção. Já no século XVII, começou-se, então, a relação entre<br />

assumir riscos e ser <strong>em</strong>preendedor, que fazia um acordo contratual com o governo


39<br />

para vender serviços ou produtos, sendo sua a responsabilidade por qualquer<br />

acontecimento relacionado ao que se foi vendido.<br />

A diferenciação entre <strong>em</strong>preendedor e capitalista ocorreu logo no século<br />

XVII. Acredita-se que isso tenha sido influenciado pelo início da industrialização. O<br />

grande ex<strong>em</strong>plo para isso foi Thomas Edison com a química e a eletricidade, <strong>em</strong><br />

que investidores tiveram que financiar os experimentos para ver se, realmente,<br />

funcionavam.<br />

Já no final do século XIX e no início do século XX, os <strong>em</strong>preendedores<br />

começaram a ser confundidos com os administradores das <strong>em</strong>presas, sendo<br />

analisados pelo ponto de vista econômico. Isso é um erro que ocorre inclusive nos<br />

dias de hoje, pois as pessoas não sab<strong>em</strong> diferenciar o <strong>em</strong>presário e o<br />

<strong>em</strong>preendedor. Nessa perspectiva Dornelas (2001, p. 28) ressalta que “todo<br />

<strong>em</strong>preendedor necessariamente deve ser um bom administrador para obter<br />

sucesso, no entanto, n<strong>em</strong> todo bom administrador é um <strong>em</strong>preendedor”.<br />

Para reforçar e resumir um pouco o assunto até aqui comentado, destaca-se<br />

o que Reynolds e Schumpeter (apud CHIAVENATO, 2008, p. 5) comentam:<br />

[...] o <strong>em</strong>preendedorismo t<strong>em</strong> sua orig<strong>em</strong> na reflexão de pensadores<br />

econômicos do século XVIII e XIX, conhecidos defensores do laissaz-faire<br />

ou liberalismo econômico. Esses pensadores econômicos defendiam que a<br />

ação da economia era refletida pelas forças livres do mercado e da<br />

concorrência. O <strong>em</strong>preendedorismo t<strong>em</strong> sido visto como um engenho que<br />

direciona a inovação e promove o desenvolvimento econômico.<br />

Tendo o conhecimento de como surgiu o <strong>em</strong>preendedorismo, ficam as<br />

seguintes perguntas: a <strong>em</strong>presa não sai do lugar? O administrador não aguenta<br />

mais a mesma rotina? A resposta para isso é: talvez a <strong>em</strong>presa esteja precisando de<br />

um espírito mais <strong>em</strong>preendedor, ou seja, assumir riscos, inovar e buscar novas<br />

oportunidades nos negócios.<br />

Seguindo o pensamento <strong>em</strong>preendedor, Chiavenato (2008) ressalta que<br />

outras ciências ajudam na compreensão desse assunto: a sociologia, a psicologia e<br />

a antropologia. De acordo com o Quadro 1, exist<strong>em</strong> três visões sobre a expansão do<br />

<strong>em</strong>preendedorismo: a escola dos economistas, a dos behavioristas<br />

(comportamentalistas) e a dos precursores da teoria dos traços de personalidade.


40<br />

Quadro 1 - Empreendedorismo: principais linhas de pensamento<br />

Fonte: Chiavenato (2008, p. 5)<br />

Tendo <strong>em</strong> vista o que já foi relatado até aqui, nota-se que, para ser<br />

<strong>em</strong>preendedor, não basta ter apenas um comportamento. O <strong>em</strong>preendedor possui<br />

características que se un<strong>em</strong> e transformam uma determinada pessoa <strong>em</strong><br />

<strong>em</strong>preendedora. Para melhor explicar, Hisrich e Peters (2004, p. 29) afirmam que:<br />

Em quase todas as definições de <strong>em</strong>preendedorismo, há um consenso de<br />

que estamos falando de uma espécie de comportamento que inclui: (1)<br />

tomar iniciativa, (2) organizar e reorganizar mecanismos sociais e<br />

econômicos a fim de transformar recursos e situações para proveito prático,<br />

(3) aceitar o risco ou o fracasso.<br />

Esse comentário dos autores deixa claro que o <strong>em</strong>preendedor precisar ter<br />

atitude, precisa ser uma pessoa corajosa e determinada. Muitos, atualmente, têm<br />

um medo enorme do fracasso. Assim, acabam vivendo s<strong>em</strong>pre na mesma rotina,


41<br />

mas com a garantia de que, no final do mês, receberão seu dinheiro referente ao<br />

mês todo que se dedicaram dentro de suas <strong>em</strong>presas. Conforme Campos et al.<br />

(2003, p. 24), “o <strong>em</strong>preendedor é a pessoa que t<strong>em</strong> corag<strong>em</strong> de voar s<strong>em</strong> ter asas,<br />

usando a sua inquietude e imaginação para criar e inovar. É movido pelo gosto de<br />

desafios, capacidade de persuasão e busca constante por novas oportunidades”.<br />

Chiavenato (2008) comenta que <strong>em</strong>preendedor é qu<strong>em</strong> possui uma ideia ou<br />

projeto pessoal e opera o negócio de forma a realizá-lo, assumindo riscos,<br />

responsabilidades e inovando continuamente. Em relação a isso, também é<br />

importante ressaltar que não é preciso necessariamente correr atrás de um novo<br />

negócio para abrir e se tornar um <strong>em</strong>preendedor. Uma ação que esteja relacionada<br />

ao seu segmento, que faça a <strong>em</strong>presa ser diferenciada no mercado ou que faça a<br />

<strong>em</strong>presa ser inovadora já é uma maneira de <strong>em</strong>preender. Até mesmo a criação de<br />

novos produtos ou serviços inexistentes no mercado dentro da sua atual<br />

organização pode render o título de <strong>em</strong>preendedor; o importante é saber receber e<br />

aproveitar as oportunidades. Segundo Joseph Schumpeter, o <strong>em</strong>preendedor é<br />

aquele que introduz novos produtos e serviços, cria novas formas de organizar ou<br />

explora novos recursos e materiais (apud DORNELAS, 2001).<br />

Voltando um pouco sobre o que já foi comentado na explicação do<br />

surgimento do <strong>em</strong>preendedorismo, o pesquisador acha importante e de grande valia<br />

rel<strong>em</strong>brar o comentário de Dornelas <strong>em</strong> Campos et al. (2003), o autor ressalta que<br />

para muitas pessoas o <strong>em</strong>preendedor é um <strong>em</strong>presário, o que não é correto. Na<br />

visão de Campos, todo <strong>em</strong>presário deve ser <strong>em</strong>preendedor para enfrentar com êxito<br />

a sua tarefa, mas não necessariamente todo <strong>em</strong>preendedor deve ser <strong>em</strong>presário.<br />

Essa afirmação deixa claro que é possível ter ideias maravilhosas para o mercado,<br />

porém, ao invés de executá-las, pode-se vender para investidores que estejam<br />

dispostos a operar o negócio e colocá-lo <strong>em</strong> prática, fazendo com que essa ideia ou<br />

projeto dê certo no ramo dos negócios.<br />

Tendo <strong>em</strong> vista que esta pesquisa teve uma <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong> como objeto<br />

de estudo, é interessante relatar o que afirmam Freitas e Schmidt (2009 p. 73):<br />

[...] as <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es t<strong>em</strong> por característica ser<strong>em</strong> <strong>em</strong>preendedoras,<br />

pois surg<strong>em</strong> a partir de uma necessidade ou um desejo pessoal de ter uma<br />

<strong>em</strong>presa, mas n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre o(s) <strong>em</strong>preendedor (es) <strong>familiar</strong> (es) possui<br />

(u<strong>em</strong>) alguma experiência ou conhecimento do negócio .


42<br />

Também Almeida (2001) apresenta um decálogo da trabalhabilidade após<br />

observar os <strong>em</strong>preendedores de sucesso, compilando didaticamente a cultura<br />

<strong>em</strong>preendedora da seguinte forma:<br />

a) Transformar crise <strong>em</strong> oportunidade: <strong>em</strong>preendedores otimistas. O término<br />

de um vínculo <strong>em</strong>pregatício ou qualquer tragédia que aconteça pode ser um uma<br />

grande oportunidade de começar um negócio.<br />

b) Empreender s<strong>em</strong> capital: improvisar é a palavra para qu<strong>em</strong> não t<strong>em</strong><br />

capital para começar um negócio, seja vendendo carro, seja fazendo qualquer<br />

dependência de sua casa virar escritório, capital de terceiros, enfim, as<br />

improvisações pod<strong>em</strong> se tornar do nada, verdadeiros impérios <strong>em</strong>presariais.<br />

c) Marketing e negociação: conforme citado acima, é aquele que consegue<br />

vender com maestria suas ideias ou projetos. Vend<strong>em</strong> sua imag<strong>em</strong> profissional e<br />

seus talentos.<br />

d) Know-how e experiência anterior: pessoas que já tiveram contato <strong>em</strong><br />

<strong>em</strong>pregos anteriores, que já possu<strong>em</strong> contatos com clientes, fornecedores, ou seja,<br />

que já possu<strong>em</strong> um bom conhecimento da área.<br />

e) Visão <strong>em</strong>preendedora: pessoas que têm o feeling enxergam no mercado<br />

lacunas e espaços deixados pelas <strong>em</strong>presas.<br />

f) Opinião própria: pessoa que contraria tudo e a todos. Mas que com<br />

sabedoria, sabe discernir, ouvir e escutar.<br />

g) Persistência: qu<strong>em</strong> sabe a hora certa para colher os frutos que plantou;<br />

que não troca os pés pelas mãos e sabe que a sua hora vai chegar.<br />

h) Assumir riscos: aquele que possui autoconfiança e autodeterminação.<br />

Não t<strong>em</strong> medo de errar, assume riscos e trilha caminhos incertos s<strong>em</strong>pre com a<br />

chama da esperança acesa.<br />

i) Ser líder e entusiasmado: pessoa que consegue motivar seus<br />

colaboradores e também a si próprio, isso é fundamental. Conduzir suas tarefas com<br />

êxito e saber reconhecer os liderados.<br />

j) Harmonia com a missão: amor, dedicação; quando se entrega de corpo,<br />

alma e espírito <strong>em</strong> busca daquilo que quer<strong>em</strong>os.<br />

Independente do tipo de <strong>em</strong>preendedor que foi relacionado por Almeida <strong>em</strong><br />

seu decálogo, Degen (1989, p. 11) l<strong>em</strong>bra que


43<br />

[...] o <strong>em</strong>preendedor, por definição, t<strong>em</strong> de assumir riscos, e o seu sucesso<br />

está na sua capacidade de conviver com eles e sobreviver a eles. Os riscos<br />

faz<strong>em</strong> parte de qualquer atividade, e é preciso aprender a administrá-los. O<br />

<strong>em</strong>preendedor não é mal sucedido nos seus negócios porque sofre revezes,<br />

mas porque não sabe superá-los.<br />

Sabe-se que muitas pessoas não consegu<strong>em</strong> ter essas atitudes, não por<br />

não ter<strong>em</strong> conhecimento ou capacidade, mas sim, por ter<strong>em</strong> certo t<strong>em</strong>or quando o<br />

assunto é <strong>em</strong>preender. Assim, muitos prefer<strong>em</strong> ter seu salário no final do mês<br />

garantido e ter sua vida feita de regras do que assumir riscos com certos<br />

investimentos. Essas pessoas, com certeza, não nasceram para ser<strong>em</strong><br />

<strong>em</strong>preendedoras. Degen (1989) deixa isso b<strong>em</strong> claro quando comenta que muitas<br />

pessoas b<strong>em</strong> sucedidas não deixam seus <strong>em</strong>pregos, não porque não gostariam de<br />

ter um negócio próprio, mas sim, porque sab<strong>em</strong> que vão ter que sujar as mãos para<br />

iniciar um novo <strong>em</strong>preendimento.<br />

A criação de muitas <strong>em</strong>presas, geralmente, n<strong>em</strong> seus próprios donos sab<strong>em</strong><br />

dizer o porquê e como foram criadas. Dornelas (2001 p. 39) comenta que, na<br />

maioria das vezes, “essa decisão ocorre devido a fatores externos, ambientais e<br />

sociais, a aptidões pessoais ou a um somatório de todos esses fatores, que são<br />

críticos para o surgimento e o crescimento de uma nova <strong>em</strong>presa”.<br />

A verdade é que todos possu<strong>em</strong> conhecimento, basta pensar e ter atitude,<br />

para assim se obter novas ideias. Cher (2008, p. 205) aborda <strong>em</strong> sua teoria um<br />

parágrafo que deveria ser lido por todas as pessoas envolvidas nos negócios. O<br />

autor relata que<br />

[...] conhecimento é a matéria-prima das novas ideias. O indivíduo criativo é<br />

alguém com bagag<strong>em</strong> de conhecimentos, mas isso não basta. A verdadeira<br />

chave para se tornar criativo está no que se faz com o conhecimento. São<br />

as atitudes que definirão se o individuo é mais ou menos criativo e é <strong>em</strong><br />

torno das suas atitudes que o <strong>em</strong>preendedor desenvolve e amplia o seu<br />

potencial criativo, b<strong>em</strong> como o de seus colaboradores.<br />

Relatando a importância das pessoas ter<strong>em</strong> essas atitudes e qual a<br />

contribuição disso para a economia, Chiavenato (2008, p. 4) ressalta que:


44<br />

[...] os <strong>em</strong>preendedores são heróis populares do mundo dos negócios.<br />

Fornec<strong>em</strong> <strong>em</strong>pregos, introduz<strong>em</strong> inovações e incentivam o crescimento<br />

econômico. Não são simplesmente provedores de mercadorias ou de<br />

serviços, mas fontes de energia que assum<strong>em</strong> riscos <strong>em</strong> uma economia <strong>em</strong><br />

mudança, transformação e crescimento. Continuamente, milhares de<br />

pessoas com esse perfil – desde jovens as pessoas adultas e de todas as<br />

classes sociais – inauguram novos negócios por conta própria e agregam a<br />

liderança dinâmica que conduz ao desenvolvimento econômico e ao<br />

progresso das nações. É essa força vital que faz pulsar o coração da<br />

economia.<br />

Para finalizar este tópico do trabalho, segue para reflexão o que comenta<br />

Chiavenato (2008, p. 65): o primeiro passo é identificar as oportunidades e estar<br />

atento às lacunas detectadas no mercado. Todavia, a oportunidade é notada quando<br />

o <strong>em</strong>preendedor consegue visualizar a realização de um sonho pessoal, buscando<br />

s<strong>em</strong>pre o lucro.<br />

No próximo tópico, o objetivo é apresentar alguns enfoques sobre vantag<strong>em</strong><br />

competitiva no mundo dos negócios, tendo <strong>em</strong> vista a grande importância que isso<br />

traz para o crescimento e o ciclo de vida das <strong>em</strong>presas <strong>em</strong> meio a esse mercado tão<br />

disputado que é o mercado dos negócios.<br />

2.2 VANTAGEM COMPETITIVA<br />

Neste tópico, a intenção é apresentar o assunto sobre vantag<strong>em</strong> competitiva<br />

nas <strong>em</strong>presas, relatando sua noção conceitual, vantagens e importância para que as<br />

organizações alcanc<strong>em</strong> o sucesso e o crescimento pleno.<br />

Vantag<strong>em</strong> competitiva, hoje <strong>em</strong> dia, é peça fundamental para que uma<br />

<strong>em</strong>presa possa ter o seu des<strong>em</strong>penho com excelência e sucesso. É através dessa<br />

vantag<strong>em</strong> que uma organização pode-se diferenciar dos seus concorrentes. Por<br />

isso, Porter (1989, p. 10) explica que<br />

[...] a vantag<strong>em</strong> competitiva está no âmago de qualquer estratégia, e para<br />

obtê-la é preciso que uma <strong>em</strong>presa faça uma escolha – se uma <strong>em</strong>presa<br />

deseja obter uma vantag<strong>em</strong> competitiva, ela deve fazer uma escolha sobre<br />

o tipo de vantag<strong>em</strong> competitiva que busca obter e sobre o escopo dentro do<br />

qual irá alcançá-la.


45<br />

Nenhuma <strong>em</strong>presa consegue ser/ter tudo de uma única vez para o seu<br />

cliente. É necessário que ela tenha um foco na vantag<strong>em</strong> competitiva que quer<br />

seguir. O fato de querer ser “tudo para todos”, conforme Porter (1989), é um grande<br />

passo para o fracasso e para o des<strong>em</strong>penho abaixo da média, podendo significar<br />

quase s<strong>em</strong>pre que a <strong>em</strong>presa não possui qualquer vantag<strong>em</strong> competitiva.<br />

Para sobreviver e vencer, é preciso obter vantag<strong>em</strong> sobre os concorrentes.<br />

É necessário ser melhor que os concorrentes <strong>em</strong> fazer coisas de valor para<br />

os consumidores. Obtém-se vantag<strong>em</strong> competitiva pela adoção de<br />

abordagens de administração que satisfaçam às pessoas (tanto dentro<br />

quanto fora da <strong>em</strong>presa) (BATEMAN; SNELL, 1998, p. 35).<br />

Bat<strong>em</strong>an e Snell (1998) relatam que é através das abordagens<br />

administrativas que se obtém a vantag<strong>em</strong> competitiva. Para esses autores, é<br />

extr<strong>em</strong>amente necessário ser melhor que a concorrência, obtendo, assim,<br />

vantagens para enfrentar este mercado de tanta competição. Com esse breve<br />

comentário, fica de fácil entendimento que não basta apenas ter vantagens<br />

competitivas implantadas para que as <strong>em</strong>presas possam sobreviver e se diferenciar<br />

no mundo dos negócios. Uma administração eficaz, acompanhada de um diferencial,<br />

é fundamental para que as organizações consigam alcançar o sucesso almejado.<br />

A <strong>em</strong>presa dever ser diferente dos seus concorrentes, isto é, deve<br />

apresentar algo a mais para o seu consumidor final, buscando atingir a excelência<br />

das vendas de seu produto ou serviço. É de extr<strong>em</strong>a importância que o consumidor<br />

perceba o alto valor agregado que o produto ou serviço possui. Assim, fica mais fácil<br />

de identificar a vantag<strong>em</strong> competitiva nas <strong>em</strong>presas, e, consequent<strong>em</strong>ente, o<br />

crescimento e a evolução das mesmas. Porter (1989) comenta que a vantag<strong>em</strong><br />

competitiva sustentável é peça fundamental para que se tenha um des<strong>em</strong>penho<br />

acima da média a longo prazo.<br />

Conforme A. Fleury e M. Fleury (2006, p. 32), “a competitividade de uma<br />

organização seria determinada pela inter-relação dinâmica entre as competências<br />

organizacionais e a estratégia competitiva”. Isso quer dizer que é necessário se ter<br />

recursos para obter as competências e essas competências elaborariam as<br />

estratégias da organização. Para melhor entendimento, abaixo segue a figura 2 que<br />

mostra a relação entre a estratégia e as competências essenciais.


46<br />

Figura 2 - Estratégia e competências essenciais<br />

Fonte: A. Fleury e M. Fleury (2006, p. 33)<br />

Para esclarecer um pouco mais, Prahalad e Hamel (apud FLEURY, A.;<br />

FLEURY, M., 2006, p. 33) relatam a diferença entre competências organizacionais e<br />

essenciais. As competências essenciais oferec<strong>em</strong> reais benefícios aos<br />

consumidores, são difíceis de imitar e dão acesso a diversos mercados. As<br />

competências organizacionais são as competências necessárias para determinadas<br />

funções dentro da organização. Com isso, pode-se dizer que a organização possui<br />

diversas competências organizacionais, mas que apenas algumas dessas realmente<br />

faz<strong>em</strong> a diferença e pod<strong>em</strong> se tornar vantagens competitivas, ou seja, apenas<br />

algumas são competências essenciais.<br />

Empresas não são c<strong>em</strong> por cento fontes de vantag<strong>em</strong> competitivas. Todas<br />

possu<strong>em</strong> pontos fortes, mas também pontos fracos. Porter (1989, p. 31) ressalta que<br />

“a vantag<strong>em</strong> competitiva não pode ser compreendida, observando-se a <strong>em</strong>presa<br />

como um todo”. A <strong>em</strong>presa deve analisar e verificar quais são seus pontos fortes e<br />

que pod<strong>em</strong> trazer valor agregado a <strong>em</strong>presa. Logo <strong>em</strong> seguida, e se a <strong>em</strong>presa tiver<br />

condições, investimentos pod<strong>em</strong> ser feitos para que consiga a diferenciação perante<br />

seus concorrentes, buscando s<strong>em</strong>pre a satisfação plena de seus<br />

consumidores/clientes. Bat<strong>em</strong>an e Snell (1998, p.35) reforçam, comentando que


47<br />

“obtém-se vantag<strong>em</strong> competitiva pela adoção de abordagens de administração que<br />

satisfaçam as pessoas (tanto dentro, quanto fora da <strong>em</strong>presa)”.<br />

A busca da vantag<strong>em</strong> competitiva e da satisfação dos clientes deve ser b<strong>em</strong><br />

pensada pelas <strong>em</strong>presas que quer<strong>em</strong> adotá-las. Como já comentado neste estudo,<br />

a organização deve focar primeiramente o caminho que pretende seguir antes de<br />

elaborar qualquer estratégia e, para isso, exist<strong>em</strong> quatro pontos principais:<br />

a) Competitividade de custos: Bat<strong>em</strong>an e Snell (1998) comentam que essa<br />

vantag<strong>em</strong> pode ser obtida quando um produto ou serviço é oferecido por um preço<br />

atrativo para os clientes no mercado. Todavia, os autores alertam e relatam que n<strong>em</strong><br />

s<strong>em</strong>pre o produto que tiver o preço menor é o que será vendido. Isso quer dizer, que<br />

há consumidores que, muitas vezes, pagam um preço maior, simplesmente por<br />

notar<strong>em</strong> mais valor agregado do produto concorrente.<br />

Essa vantag<strong>em</strong> competitiva, quando utilizada, abrange praticamente todas<br />

as áreas da organização, pois acaba envolvendo custos operacionais e não<br />

operacionais, o que pode torná-la um pouco mais complexa.<br />

b) Produtos de alta qualidade: Bat<strong>em</strong>an e Snell (1998, p. 35) destacam que<br />

“a qualidade é a excelência de seu produto, incluindo sua atratividade, ausência de<br />

defeitos, confiabilidade e segurança a longo prazo”. Essa vantag<strong>em</strong> inclui tudo o que<br />

agrega valor ao cliente que está cada vez mais exigente. Bat<strong>em</strong>an e Snell (1998)<br />

ainda relatam que as <strong>em</strong>presas não irão mais sobreviver s<strong>em</strong> produtos ou serviços<br />

de qualidade como se conseguia fazer a t<strong>em</strong>pos atrás, devido à exigência dos<br />

consumidores.<br />

c) Velocidade: Bat<strong>em</strong>an e Snell (1998, p. 36) defin<strong>em</strong> muito b<strong>em</strong> esta<br />

vantag<strong>em</strong> quando destacam que “a velocidade separa os vencedores dos<br />

perdedores no mundo da competição [...] está muito melhor qu<strong>em</strong> é mais rápido que<br />

os competidores – ou qu<strong>em</strong> pode responder rapidamente aos concorrentes”.<br />

Com isso, fica claro que as <strong>em</strong>presas dev<strong>em</strong> estar s<strong>em</strong>pre atentas ao futuro;<br />

dev<strong>em</strong> captar a oportunidade de um novo lançamento de produto ou serviço antes<br />

da concorrência ou, então, lançar logo <strong>em</strong> seguida para que o concorrente que<br />

lançou primeiro não se destaque no mercado.<br />

d) Inovação: falando no último dos quatro pontos que pod<strong>em</strong> ser utilizados<br />

para buscar a satisfação dos clientes e ser diferente no mercado perante os<br />

concorrentes, Bat<strong>em</strong>an e Snell (1998) comentam que os produtos não são vendidos<br />

para s<strong>em</strong>pre. Inovação é a introdução de novos produtos ou serviços no mercado, é


48<br />

a utilização do espírito <strong>em</strong>preendedor. Toda <strong>em</strong>presa deve estar atenta às novas<br />

d<strong>em</strong>andas de consumo, aos novos desejos exigidos pelos consumidores. Qu<strong>em</strong> não<br />

inovar não irá viver.<br />

Esses quatro aspectos são escolhas que as <strong>em</strong>presas dev<strong>em</strong> fazer e focar.<br />

Contudo, além de escolher o caminho que quer<strong>em</strong> seguir, precisam também analisar<br />

o investimento que será necessário para implantar cada uma delas, pois muitas<br />

precisam de tecnologia, publicidade, o que envolve valores elevados muitas vezes.<br />

Mas outras também pod<strong>em</strong> ser feitas com muito trabalho e dedicação apenas. Por<br />

isso, esta análise é muito importante antes de definir qual o caminho a ser trilhado.<br />

Como este estudo é voltado para <strong>em</strong>presas e mais especificamente<br />

<strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es, o pesquisador identificou como sendo de grande valia ressaltar<br />

algumas vantagens que este tipo de <strong>em</strong>presa já possui: a <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong> se tiver<br />

uma gestão e um conselho b<strong>em</strong> definido t<strong>em</strong> mais facilidade para tomar suas<br />

decisões, o presidente juntamente com os acionistas pode escolher o caminho a ser<br />

seguido pela <strong>em</strong>presa com mais rapidez, pois o poder de decisão é exatamente<br />

deles e de mais ninguém. Reforçando essa ideia, Bernhoeft (1989 apud LEONE,<br />

2005) destaca que as <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es têm facilidades para implantar mudanças<br />

organizacionais, tendo <strong>em</strong> vista sua proximidade entre <strong>em</strong>presa e poder. As<br />

facilidades <strong>em</strong> buscar parcerias tecnológicas também são importantes para esse tipo<br />

de corporação, pois com isso há inovação mais constante ao seu lado.<br />

Entretanto, os proprietários não dev<strong>em</strong> se basear nisso e pensar que sua<br />

<strong>em</strong>presa t<strong>em</strong> uma vantag<strong>em</strong> competitiva por esses motivos. Vale l<strong>em</strong>brar que a<br />

organização deve focar-se <strong>em</strong> um dos quatro pontos citados para obter sua<br />

vantag<strong>em</strong> perante o mercado: custo, qualidade, velocidade e inovação. Em muitas<br />

ocasiões, a <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong> t<strong>em</strong> vantagens para escolher qual o diferencial que vai<br />

adotar <strong>em</strong> relação ao seu mercado concorrencial. Para esclarecer melhor essa<br />

questão, é interessante o que ressaltam Bernhoeft e Gallo (2003, p. 96):


49<br />

[...] <strong>em</strong>bora, <strong>em</strong> termos gerais, se possa pensar que as oportunidades e<br />

perigos do ambiente são idênticos para as <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es e não<br />

<strong>familiar</strong>es, que, com características s<strong>em</strong>elhantes atuam nos mesmos<br />

setores de atividade econômica, esta igualdade não pode se aplicar da<br />

mesma forma aos pontos fortes e pontos fracos, visto que as <strong>em</strong>presas<br />

<strong>familiar</strong>es são mais propensas a uns ou a outros, e menos ainda a influencia<br />

das preferências sociais, pois o que detém o poder da <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong>,<br />

pelo menos na primeira e segunda geração, costumam ser proprietários que<br />

reún<strong>em</strong> <strong>em</strong> si próprios os direitos da „propriedade‟ e as responsabilidades<br />

da direção, s<strong>em</strong> que ocorra a distinção entre direitos e responsabilidades<br />

que costumam marcar as <strong>em</strong>presas não – <strong>familiar</strong>es.<br />

Assim, pode-se notar uma facilidade maior das <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es na hora<br />

de tomar as decisões. O proprietário, geralmente, não precisa pedir autorização a<br />

ninguém para realizar algum tipo de mudança dentro da organização,<br />

diferent<strong>em</strong>ente das <strong>em</strong>presas não <strong>familiar</strong>es, <strong>em</strong> que a maioria das pessoas precisa<br />

de autorização do presidente/diretor para que possa tomar certas atitudes <strong>em</strong><br />

relação a mudanças, mesmo que seja para melhorar, podendo, assim, se tornar<br />

muitas vezes uma vantag<strong>em</strong> competitiva, atrasando determinados projetos e ideias.<br />

O próximo capítulo deste trabalho t<strong>em</strong> como objetivo apresentar de que<br />

maneira este estudo foi desenvolvido e quais os procedimentos metodológicos<br />

utilizados para que o acadêmico tenha êxito na sua elaboração.


50<br />

3 METODOLOGIA<br />

A intenção deste capítulo do trabalho é mostrar de que maneira o estudo foi<br />

desenvolvido, quais métodos foram utilizados e aplicados para que o pesquisador<br />

obtivesse as informações com um certo grau de confiabilidade.<br />

Prodanov e Freitas (2009, p. 19) afirmam que<br />

[...] a Metodologia Científica preconiza uma série de regras através das<br />

quais o conhecimento deve ser obtido. Essas regras atribu<strong>em</strong> à produção<br />

científica um alto grau de confiabilidade na medida <strong>em</strong> que permit<strong>em</strong><br />

apresentar a comprovação daquilo que afirmam‟.<br />

Através dessa afirmação, e fica mais claro dizer que metodologia cientifica<br />

não são suposições ou ideias, e sim conclusões reais, ou seja, instrumento que<br />

facilita a busca de conhecimento de determinados assuntos com base <strong>em</strong><br />

procedimentos logicamente estruturados.<br />

Além dessa noção conceitual, Prodanov e Freitas (2009, p. 20) asseveram<br />

que „„a metodologia é entendida como uma disciplina que consiste <strong>em</strong> estudar e<br />

avaliar os vários métodos disponíveis, identificando as limitações de suas<br />

utilizações‟‟. Toda metodologia que for utilizada para pesquisa t<strong>em</strong> seus pontos<br />

fortes e fracos, determinado método pode ser excelente para uma situação de<br />

pesquisa, mas não tão bom para outra. Por isso, a metodologia deve ser utilizada de<br />

forma variada e de acordo com o objeto de estudo, de pesquisa.<br />

Mas o que ser um método? Conforme Prodanov e Freitas (2009), método<br />

são diversos procedimentos que juntos têm a intenção de atingir o objetivo final<br />

proposto. Lakatos e Marconi (apud PRODANOV; FREITAS, 2009, p. 34) ressaltam<br />

também que „„a utilização de métodos científicos não é exclusiva da ciência, sendo<br />

possível usá-los para a resolução de probl<strong>em</strong>as do cotidiano‟‟. Por isso, o método é<br />

muito importante para que se possa seguir um determinado caminho com a intenção<br />

de atingir determinados objetivos.<br />

Este trabalho foi realizado com o propósito de buscar novos conhecimentos<br />

para o próprio pesquisador e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, proporcionar novas possibilidades<br />

de estudo aos leitores. Segundo Prodanov e Freitas (2009, p. 52), „„a pesquisa<br />

científica é a realização de um estudo planejado, sendo o método de abordag<strong>em</strong> do


51<br />

probl<strong>em</strong>a o que caracteriza o aspecto científico da investigação‟‟. Na realidade,<br />

pesquisar pode ter um significado b<strong>em</strong> simples. É buscar conhecimentos ou<br />

respostas de algo que não conhec<strong>em</strong>os ou que quer<strong>em</strong>os aprofundar <strong>em</strong> termos de<br />

conhecimento. Prodanov e Freitas (2009) comentam que se pesquisa diariamente,<br />

porém, n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre é de modo científico. Pode-se dizer que <strong>em</strong> praticamente todas<br />

as ações que são exercidas, no dia-a-dia, se está pesquisando e buscando<br />

conhecimentos; uma conversa informal com um amigo, por ex<strong>em</strong>plo, não deixa de<br />

ser uma busca de conhecimentos, todavia, não pode ser esse processo visto como<br />

um método científico.<br />

Para realização deste trabalho, foram usados os seguintes tipos de<br />

pesquisa:<br />

a) Quanto aos objetivos: a pesquisa caracterizou-se como exploratória, pois<br />

o acadêmico não tinha conhecimento mais aprofundado dos acontecimentos<br />

relacionados à gestão da <strong>em</strong>presa pesquisada. Por isso, teve que investigar maiores<br />

informações para poder atingir o objetivo proposto. Prodanov e Freitas (2009)<br />

destacam que pesquisa exploratória é quando o pesquisador não t<strong>em</strong> muito<br />

conhecimento sobre determinado assunto, que precisa ser investigado através de<br />

levantamentos bibliográficos, entrevistas e análises para que se obtenha uma<br />

melhor definição do t<strong>em</strong>a da pesquisa. Assim aconteceu com o acadêmico autor<br />

sobre o t<strong>em</strong>a <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>, que fez estudo bibliográfico para fundamentar a<br />

pesquisa, elaborou e aplicou entrevistas individuais com pessoas que foram julgadas<br />

importantes as quais pudess<strong>em</strong> contribuir com fatos e dados, acontecimentos sobre<br />

a gestão <strong>familiar</strong> na <strong>em</strong>presa Unidão.<br />

b) Quanto aos procedimentos: visando conseguir os dados necessários para<br />

a realização deste trabalho, foi utilizada a pesquisa bibliográfica visto que o<br />

pesquisador teve acesso aos materiais necessários para tal. Segundo Prodanov e<br />

Freitas (2009), pesquisa bibliográfica é aquela <strong>em</strong> que são coletados dados através<br />

de materiais já escritos e publicados e que o pesquisador usa para entender melhor<br />

o assunto da pesquisa. Para isso, foram utilizados alguns materiais de autores como<br />

Bernhoeft e Gallo (2003), Bornholdt (2005), Freitas (2005), Casillas, Vásques e Díaz<br />

(2007), Vidigal (1996), Lodi (1994), entre outros.<br />

Da maneira como foi realizado o trabalho sobre <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong> e mais<br />

especificamente, quanto à <strong>em</strong>presa Unidão Transportes, pode-se definir que esta<br />

pesquisa foi um estudo de caso. O acadêmico pesquisador teve muito cuidado no


52<br />

momento de entender o que acontecia dentro da <strong>em</strong>presa, com a finalidade de<br />

captar cada detalhe de forma clara e aberta, s<strong>em</strong> excluir aspectos importantes na<br />

análise e na relação entre teoria e prática. Para uma melhor definição, estudo de<br />

caso, de acordo com Prodanov e Freitas (2009, p. 74), „„refere-se ao estudo<br />

minucioso e profundo de um ou mais objetos‟‟.<br />

Seguindo a mesma linha de raciocínio, Yin (2001, p. 32) ressalta que o<br />

“estudo de caso é uma investigação <strong>em</strong>pírica que investiga um fenômeno<br />

cont<strong>em</strong>porâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os<br />

limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidos”. Com isso,<br />

pode-se dizer que o estudo de caso, neste trabalho, serve para entender como<br />

funciona realmente a gestão da <strong>em</strong>presa Unidão Transportes. Yin (2001, p. 32)<br />

ainda destaca que „„você poderia utilizar o método de estudo de caso quando<br />

deliberadamente quisesse lidar com condições contextuais – acreditando que elas<br />

poderiam ser altamente pertinentes ao seu fenômeno de estudo‟‟.<br />

c) Quanto à abordag<strong>em</strong> do probl<strong>em</strong>a: para melhor captar os dados da<br />

<strong>em</strong>presa Unidão e depois fazer a análise e respectiva correlação entre teoria e<br />

prática, realizou-se uma pesquisa qualitativa, pois, nesta etapa, o pesquisador<br />

obteve a interpretação de diversos acontecimentos no ambiente <strong>em</strong> que ocorr<strong>em</strong> as<br />

atividades de gestão da <strong>governança</strong> na <strong>em</strong>presa foco deste estudo. Sendo assim, a<br />

intenção do acadêmico não foi se preocupar com dados estatísticos da <strong>em</strong>presa<br />

Unidão Transportes, mas realizar um trabalho de campo b<strong>em</strong> explorado para<br />

conseguir obter os dados necessários para que o estudo fosse concluído com<br />

sucesso. Prodanov e Freitas (2009, p. 81) enfatizam que „„na abordag<strong>em</strong> qualitativa,<br />

a pesquisa t<strong>em</strong> o ambiente como fonte direta dos dados. O pesquisador mantém<br />

contato direto com o ambiente e o objeto de estudo <strong>em</strong> questão, necessitando um<br />

trabalho mais intensivo de campo‟‟.<br />

O universo do estudo e a população-alvo situam-se na própria Empresa<br />

Unidão Transportes. O universo de pesquisa, segundo Prodanov e Freitas (2009, p.<br />

108), „„é a totalidade de indivíduos que possu<strong>em</strong> as mesmas características<br />

definidas para um determinado estudo‟‟. Foram alvo para coleta de dados quatro<br />

entrevistados, sendo o entrevistado A o diretor geral da <strong>em</strong>presa, o entrevistado B<br />

um acionista e o entrevistado C, responsável pelo departamento financeiro; o último<br />

entrevistado (D) é diretor comercial da <strong>em</strong>presa Unidão Transportes.


53<br />

Nesse sentido, a amostra caracteriza-se como não-probabilística do tipo por<br />

acessibilidade ou por conveniência. De acordo Prodanov e Freitas (2009, p. 109),<br />

este tipo de amostra:<br />

[...] apresenta o menos rigoroso de todos os tipos de amostrag<strong>em</strong>. Por isso<br />

mesmo são destituídas de qualquer rigor estatístico. O pesquisador<br />

seleciona os el<strong>em</strong>entos a que t<strong>em</strong> acesso, admitindo que esses possam, de<br />

alguma forma, representar o universo. Aplicamos esse tipo de amostrag<strong>em</strong><br />

<strong>em</strong> estudos exploratórios ou qualitativos, <strong>em</strong> que não é requerido elevado<br />

nível de precisão.<br />

Os dados coletados desses sujeitos (4 pesquisados) foram feitos através de<br />

entrevista que, conforme Prodanov e Freitas (2009, p. 117), „„é a obtenção de<br />

informações de um entrevistado sobre determinado assunto ou probl<strong>em</strong>a‟‟. Mais<br />

especificamente, a pesquisa foi realizada através de entrevista não-estruturada, com<br />

perguntas abertas, também chamada de entrevista não-padronizada. De acordo com<br />

Prodanov e Freitas (2009), é a entrevista que não possui um roteiro especifico,<br />

podendo o pesquisador explorar de forma mais ampla as questões que deseja. Com<br />

as perguntas abertas, cada indivíduo selecionado foi entrevistado de forma individual<br />

para que se sentisse mais à vontade no momento de responder às questões,<br />

evitando constrangimentos. Foram formuladas 19 (dezenove) perguntas (Apêndice<br />

A) que abordavam assuntos como gestão e <strong>governança</strong>, profissionalização,<br />

sucessão, <strong>em</strong>preendedorismo, todos relacionados à gestão administrativa da<br />

<strong>em</strong>presa e sua vantag<strong>em</strong> competitiva.<br />

A tabulação e a apresentação dos dados obtidos com as entrevistas foram<br />

organizadas através de blocos/categorias teóricas 1 para conseguir elaborar a análise<br />

e a interpretação dos dados com mais clareza e objetividade. Segundo Prodanov e<br />

Freitas (2009), a tabulação e apresentação dos dados é a etapa <strong>em</strong> que se<br />

organizam os dados obtidos na pesquisa de campo. Já a interpretação e análise de<br />

dados, para Prodanov e Freitas (2009, p. 124), é a etapa que<br />

[...] prevê a interpretação e análise de dados tabulados, os quais foram<br />

organizados na etapa anterior. A análise deve ser feita a fim de entender<br />

aos objetivos da pesquisa e para comparar e confrontar dados e provas<br />

com o objetivo de confirmar ou rejeitar a(s) hipótese (s) ou os pressupostos<br />

da pesquisa.<br />

1 As categorias teóricas foram divididas <strong>em</strong>: gestão da <strong>governança</strong>, profissionalização, cultura<br />

organizacional, <strong>em</strong>preendedorismo e vantag<strong>em</strong> competitiva.


54<br />

O pesquisador ainda fez vínculos teóricos para respaldar e dar suporte aos<br />

resultados apresentados. E, ao final de cada bloco/categoria teórica, elaborou-se um<br />

quadro síntese para evidenciar os resultados mais relevantes.<br />

Após apresentar a metodologia utilizada para a realização do trabalho, o<br />

próximo capítulo apresenta o estudo de caso, sua contextualização e os resultados<br />

com a respectiva análise.


55<br />

4 ESTUDO DE CASO<br />

Neste capítulo, o trabalho mostra uma breve caracterização da <strong>em</strong>presa<br />

Unidão Transportes e também os resultados e a análise feita na relação entre as<br />

teorias estudadas com os dados coletados junto aos entrevistados da Empresa.<br />

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA<br />

A <strong>em</strong>presa estudada t<strong>em</strong> como razão social o nome de Arlindo De Cesaro e<br />

Cia LTDA, e CNPJ 96.754.734/0001-35. Trata-se de uma <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong> que<br />

utiliza como nome fantasia Unidão Transportes. Foi fundada pelo Sr. Arlindo De<br />

Cesaro (in m<strong>em</strong>ória) e seus sete filhos <strong>em</strong> 8 de abril de 1969. Empresa de médio<br />

porte que atua no ramo de serviços e possui sede na Rua Niterói, nº 1150, bairro<br />

Scharlau, na cidade de São Leopoldo / RS.<br />

O grupo Unidão t<strong>em</strong> como base a experiência <strong>familiar</strong> de mais de 40 anos<br />

na administração de seus negócios. Atualmente, todos os sete filhos continuam no<br />

quadro societário da <strong>em</strong>presa, que está vivenciando a transição da gestão da<br />

primeira para a segunda geração.<br />

Atuante no ramo do transporte rodoviário de cargas, a <strong>em</strong>presa possui filiais<br />

que foram estrategicamente espalhadas pelo Brasil; são pontos de apoio que estão<br />

localizados <strong>em</strong> Araucária no Paraná, Betim <strong>em</strong> Minas Gerais e Paulínea e<br />

Guarulhos, <strong>em</strong> São Paulo. Ainda exist<strong>em</strong> duas filiais que funcionam como braços<br />

logísticos da <strong>em</strong>presa <strong>em</strong> Triunfo, no Rio Grande do Sul e Taboão da Serra, <strong>em</strong> São<br />

Paulo.<br />

Hoje, a <strong>em</strong>presa conta com 121 veículos próprios e personalizados, de<br />

acordo com a necessidade do cliente, e uma base de 360 colaboradores diretos,<br />

tendo como principais clientes: Brask<strong>em</strong>, Gerdau, AGCO, Usiminas, Unidasul, entre<br />

outros.<br />

Ainda é importante salientar que a Unidão é uma <strong>em</strong>presa que busca<br />

s<strong>em</strong>pre a satisfação e a confiança do cliente, procurando desenvolver-se


56<br />

continuamente com apoio tecnológico e um sist<strong>em</strong>a adequado de gestão integrada<br />

baseado na SASSMAQ 2 .<br />

Hoje, a missão da Unidão Transportes é<br />

[...] fornecer soluções personalizadas <strong>em</strong> transporte e logística, mas com<br />

domínio da tecnologia, valorizando nossos talentos e respeitando o meio<br />

ambiente, visando crescimento com rentabilidade, entendendo e provendo o<br />

mercado somente com serviços de alta qualidade.<br />

Sua visão é composta por<br />

[...] aliar-se a <strong>em</strong>preendimentos que evidenci<strong>em</strong> as melhores oportunidades<br />

no ramo de transporte e logística; treinar equipes internas, desenvolvendo<br />

competência para a intermediação de alianças com nossos clientes;<br />

investimentos concretos, merecendo a confiança de nossos clientes<br />

internos e externos; concentrar esforços e recursos para ser a melhor<br />

alternativa para o transporte no país; praticar nossa visão com positivismo,<br />

na certeza de que, com nosso comprometimento, estar<strong>em</strong>os fazendo a<br />

'coisa certa'.<br />

Como valores, a <strong>em</strong>presa Unidão preza pela:<br />

Competência - orientação para o mercado;<br />

União - comprometimento de todos;<br />

Transparência - precisão e objetividade;<br />

Ética - profissionalismo;<br />

Rentabilidade - solidez financeira;<br />

Qualidade de Vida - b<strong>em</strong> estar de todos.<br />

A próxima seção do trabalho visa apresentar aos leitores a análise feita entre<br />

as teorias estudadas e os acontecimentos atuais sobre a profissionalização da<br />

gestão da <strong>governança</strong> dentro da Transportadora Unidão.<br />

2<br />

Sist<strong>em</strong>a de avaliação de saúde, segurança, meio ambiente e qualidade (2° edição de<br />

2005/ABIQUIM)


57<br />

4.2 RESULTADOS E ANÁLISE<br />

Este tópico do estudo t<strong>em</strong> o propósito de apresentar uma análise feita entre<br />

o que foi estudado teoricamente e o que foi coletado nas entrevistas realizadas entre<br />

os m<strong>em</strong>bros e acionistas da <strong>em</strong>presa Unidão Transportes. T<strong>em</strong> como objetivo<br />

entender o que acontece na gestão <strong>familiar</strong> da <strong>em</strong>presa, comparando com o que<br />

preconizam os autores escolhidos para fundamentar teoricamente o estudo, que é<br />

tão discutido nos dias de hoje.<br />

Visando uma melhor organização para o desenvolvimento da análise, o<br />

acadêmico autor primeiramente separou as perguntas por categorias teóricas. Logo<br />

<strong>em</strong> seguida, agrupou todas as respostas de cada pergunta, classificando cada<br />

entrevistado com as letras A (diretor geral), B (acionista), C (gerente financeiro) e D<br />

(diretor comercial). Sendo assim, obteve-se mais facilidade na comparação das<br />

respostas coletadas.<br />

Com a intenção de iniciar a análise e melhor entender o surgimento da<br />

<strong>em</strong>presa no ramo de transporte rodoviário de cargas, primeiramente foi questionado<br />

junto aos entrevistados como a organização foi fundada e como era definido o perfil<br />

do seu fundador ou principal gestor atual da Unidão Transportes.<br />

Quanto à fundação da <strong>em</strong>presa, ficou claro que o objetivo inicial era apenas<br />

servir como apoio do grupo de supermercados que também pertencia à família. No<br />

entanto, essa ideia já tinha uma futura visão de terceirizar serviços, e assim<br />

aconteceu a partir do ano de 1988. Com relação a isso, é interessante ressaltar o<br />

que comentou o entrevistado D sobre a transportadora: “<strong>em</strong> 2005, <strong>em</strong> virtude de<br />

uma fusão da rede de supermercados, quebrou todos os vínculos com as d<strong>em</strong>ais<br />

<strong>em</strong>presas do grupo e passou a gerenciar seus processos de forma independente,<br />

<strong>em</strong>bora mantendo o mesmo quadro de acionistas”.<br />

Quanto ao perfil do fundador, o entrevistado A foi o único que comentou<br />

sobre o patriarca, relatando que:<br />

[...] o fundador era um cara visionário, <strong>em</strong>preendedor, operacional, viu<br />

grande oportunidade de agregar dois negócios que tinham relação entre si,<br />

mas que também seria uma nova fonte de renda. Íntegro, humilde, simples,<br />

introspectivo, guerreiro, força braçal, apego grande pela família, união<br />

<strong>familiar</strong>, buscava agregar a família.


58<br />

Em relação ao atual gestor, as respostas foram bastante s<strong>em</strong>elhantes entre<br />

os entrevistados C e D, para os quais se trata de uma pessoa que exerce boa<br />

liderança, muito ligado às suas raízes, hom<strong>em</strong> de palavra e, muitas vezes, ainda se<br />

mostra resistente a mudanças. Mas vale ressaltar o que comentou o entrevistado D:<br />

“esse perfil, com o passar dos anos, v<strong>em</strong> melhorando a cada dia, mostrando-se<br />

cada vez mais flexível e disposto à inovação”.<br />

S<strong>em</strong> fugir do raciocínio, o entrevistado B também expôs sua opinião sobre o<br />

atual gestor, comentando que a gestão administrativa da <strong>em</strong>presa ainda é um pouco<br />

paternalista/centralizadora, mas, mesmo assim, há elogios, que ele é dinâmico,<br />

objetivo e exerce boa liderança no ambiente <strong>em</strong>presarial, que acredita no franco<br />

crescimento da <strong>em</strong>presa. Todavia, é necessário ter precaução, pois, segundo<br />

Casillas, Vasquez e Dias (2007, p. 25), as <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es „„além de ter<strong>em</strong><br />

dificuldades para crescer e atingir formas organizacionais sofisticadas, elas<br />

apresentam baixa expectativa de vida, <strong>em</strong> comparação às <strong>em</strong>presas não-<strong>familiar</strong>es,<br />

e elevadíssima taxa de mortalidade‟‟.<br />

Ao continuar a entrevista, o pesquisador percebeu como importante saber<br />

quantas pessoas formavam a sociedade <strong>em</strong>presária e dessas, quantas efetivamente<br />

trabalhavam na <strong>em</strong>presa. S<strong>em</strong> maiores diferenças nas respostas, ficou claro que a<br />

Unidão é formada por sete sócios irmãos, mas que, efetivamente, apenas um<br />

trabalha na organização, tendo um segundo presidente que é considerado um<br />

conselheiro / auditor. Quanto a esse último aspecto, há uma curiosidade citada pelo<br />

entrevistado B que comentou:<br />

[...] a <strong>em</strong>presa é dividida <strong>em</strong> sete sócios, compostos por quatro irmãos,<br />

cada um detém uma participação de 17%, e mais três irmãs, cada uma<br />

detém uma participação de 11%. Isto é uma característica comum e cultural<br />

nas <strong>em</strong>presas antigas, nas quais os homens s<strong>em</strong>pre ganhavam mais<br />

participação nas <strong>em</strong>presas do que as mulheres.<br />

Essa declaração pode ser um ex<strong>em</strong>plo de “liderança masculina”, um<br />

machismo que muitos diz<strong>em</strong> ter existido nas décadas passadas.<br />

Para Bornholdt (2005), o governo das <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es possui regras e<br />

normas que vieram de diferentes interesses e de uma cultura organizacional<br />

formada ao longo da história. Esse mesmo autor comenta que os interesses<br />

financeiros acumulados ou herdados, o fato de trabalhar ou não na <strong>em</strong>presa e o fato<br />

de assumir um papel estratégico são alguns componentes deste processo.


59<br />

Bernhoeft e Gallo (2003) relatam que m<strong>em</strong>bros da família que são proprietários e<br />

ocupam posições estratégicas na sociedade têm grande responsabilidade no futuro<br />

da <strong>em</strong>presa; sabe-se que antigamente a primeira geração decorria de seu vínculo<br />

com o trabalho. Mas já a partir da segunda geração, esse elo se dava por um<br />

sist<strong>em</strong>a de valores comuns e pelo o que cada um herdava na sua devida proporção.<br />

Essa afirmação não condiz com o que acontece dentro da Unidão, pois, conforme<br />

evidenciado na pesquisa, a Unidão já está na segunda geração e apenas um sócio<br />

trabalha efetivamente na <strong>em</strong>presa, independente do percentual de participação dos<br />

outros acionistas.<br />

Após realizar a análise inicial deste trabalho, abaixo segue um quadro com<br />

as principais características notadas pelo pesquisador <strong>em</strong> relação ao fundador e<br />

atual gestor da <strong>em</strong>presa Unidão Transportes.<br />

PERFIL DO FUNDADOR E DO ATUAL GESTOR DA UNIDÃO TRANSPORTES<br />

Características<br />

Comentário<br />

Fundador da <strong>em</strong>presa era uma pessoa<br />

visionária e <strong>em</strong>preendedora, tinha um grande<br />

foco na operacionalidade. Pessoa humilde e<br />

simples que s<strong>em</strong>pre buscava agregar família.<br />

Isso é bastante importante para a Empresa,<br />

pois o fato de s<strong>em</strong>pre buscar agregar família,<br />

ajuda na redução de conflitos. Quando o<br />

assunto é negócios, fica mais tenso. Mas é<br />

amenizado, quando a família se encontra <strong>em</strong><br />

momentos festivos ou até <strong>em</strong> churrascos no<br />

sítio, parece que nada aconteceu. E isso é<br />

um ponto muito positivo.<br />

Atual gestor da <strong>em</strong>presa Unidão também é<br />

voltado para o aspecto operacional, exerce<br />

boa liderança no ambiente <strong>em</strong>presarial, mas<br />

ainda está resistente a mudanças por<br />

administrar a <strong>em</strong>presa com métodos mais<br />

tradicionais. Todas as decisões passam por<br />

ele, tornando, assim, a <strong>em</strong>presa mais<br />

centralizadora/paternalista. Esse perfil está<br />

mudando aos poucos, e esse gestor v<strong>em</strong><br />

aceitando determinadas ideias inovadoras.<br />

No entanto, de forma lenta.<br />

Aqui há aspectos positivos e negativos que<br />

repercut<strong>em</strong> no crescimento da Unidão<br />

Transportes. A liderança exercida pelo diretor<br />

é fundamental dentro de uma <strong>em</strong>presa, mas<br />

ela precisa ter limites. O diretor da Unidão<br />

deveria inovar sua gestão, dando autonomia<br />

para o quadro diretivo tomar determinadas<br />

decisões. Caso consiga mudar seu perfil e<br />

realmente aceitar as mudanças necessárias,<br />

a Unidão só t<strong>em</strong> a crescer e melhorar a sua<br />

gestão da <strong>governança</strong>.<br />

Quadro 2 - Perfil do fundador e do atual gestor da Unidão Transportes<br />

Fonte: Elaborado pelo acadêmico<br />

A partir de um breve conhecimento com relação à <strong>em</strong>presa Unidão<br />

Transportes, onde foram relatadas suas características, seu surgimento e sua


60<br />

distribuição do quadro societário, o trabalho segue com a análise sobre a gestão da<br />

<strong>governança</strong> e a profissionalização da organização. E para buscar os objetivos do<br />

estudo com mais objetividade e melhor entendimento dos leitores, esta etapa foi<br />

dividia <strong>em</strong> dois subtópicos: a) Gestão da <strong>governança</strong> b) Profissionalização.<br />

No decorrer desses dois subtópicos, também serão comentados<br />

questionamentos sobre sucessão, cultura organizacional, <strong>em</strong>preendedorismo e<br />

vantag<strong>em</strong> competitiva que possuam vínculos com os assuntos abordados.<br />

4.2.1 Gestão da <strong>governança</strong><br />

Após verificar que a <strong>em</strong>presa Unidão possui sete sócios <strong>em</strong> seu quadro de<br />

acionistas e que apenas um deles atua efetivamente na <strong>em</strong>presa, o pesquisador<br />

questionou como ocorriam os processos decisórios na transportadora, com o<br />

objetivo de saber se existia ou não um conselho administrativo, pois, afinal de<br />

contas, são sete proprietários e não apenas um. Conforme resposta unânime, notase<br />

que o atual diretor operacional da Empresa trata-se de uma pessoa que toma as<br />

decisões praticamente sozinho, tornando, assim, a gestão da <strong>em</strong>presa mais<br />

centralizadora. Ainda sobre esse assunto, foi comentado, também que, <strong>em</strong> alguns<br />

casos, <strong>em</strong> algumas decisões participam o diretor geral ou a equipe de gestores de<br />

cada setor. Teve entrevistado que mencionou, de forma mais amena, sobre o fato da<br />

<strong>em</strong>presa ser centralizadora. Um ex<strong>em</strong>plo disso foi o que relatou o entrevistado A: „„a<br />

operação diária é feita pelo diretor operacional, que conta com uma equipe de<br />

gestores, mas s<strong>em</strong>pre acaba se envolvendo diretamente nas definições‟‟. Essas<br />

situações, segundo Bornholdt (2005), às vezes, pode causar certas crises por parte<br />

da segunda ou terceira geração, pois essa geração também é dona do negócio e,<br />

muitas vezes, não pode executar na prática o „„poder real‟‟. A chance disso<br />

acontecer quando se t<strong>em</strong> uma direção centralizadora é muito maior. O entrevistado<br />

D ainda comentou sobre os d<strong>em</strong>ais sócios da <strong>em</strong>presa, dizendo que, normalmente,<br />

encontram-se uma vez por ano para apresentação de resultados e que, na maioria<br />

das vezes, são consultados apenas quando há necessidade de ser<strong>em</strong> feitos<br />

investimentos mais altos.


61<br />

Ainda nessa questão, foi possível notar que o Conselho da Unidão<br />

Transportes não é um conselho <strong>familiar</strong> atuante, justamente por não participar de<br />

questões sobre a gestão do negócio, e sim apenas quando se envolve <strong>em</strong> questões<br />

de crédito, além das eventuais reuniões para apresentação de resultados, o que é<br />

praticamente normal nas <strong>em</strong>presas.<br />

É interessante ressaltar, <strong>em</strong> relação a essas eventuais reuniões feitas com o<br />

Conselho da Unidão Transportes, o que comentou o entrevistado C: “são reuniões<br />

improdutivas e s<strong>em</strong> decisões específicas, devido à falta de conhecimento dos outros<br />

acionistas <strong>em</strong> relação ao próprio negócio”. Nessa perspectiva, Casilas, Vásquez e<br />

Dias (2007, p. 113) ressaltam que:<br />

A importância e as funções do conselho de administração pod<strong>em</strong> variar<br />

consideravelmente de uma <strong>em</strong>presa para outra. Para algumas <strong>em</strong>presas, o<br />

conselho de administração constitui o núcleo da tomada de decisões<br />

estratégicas, enquanto, para outras, o conselho não passa de uma figura<br />

decorativa, s<strong>em</strong> responsabilidades e tarefas definidas, e cuja finalidade<br />

essencial é manter alguns m<strong>em</strong>bros da família ocupados ou justificar a<br />

r<strong>em</strong>uneração de alguns deles.<br />

No caso da Unidão Transportes, o Conselho configura-se mais como uma<br />

representatividade secundária, tendo <strong>em</strong> vista a pouca participação dos acionistas<br />

na gestão do negócio, por consequência, na gestão da <strong>governança</strong> da Empresa.<br />

Na opinião do acadêmico - autor, o Conselho deveria atuar mais junto ao<br />

diretor operacional para que as ideias sobre a gestão do negócio foss<strong>em</strong> mais<br />

consolidadas e debatidas, evitando brigas entre a família, o que prejudicaria muito o<br />

crescimento da transportadora. Conforme o entrevistado C, se os acionistas não<br />

possu<strong>em</strong> muito conhecimento do próprio negócio, deveriam buscá-lo ou, então, criar<br />

um conselho profissional para ajudar no desenvolvimento <strong>em</strong>presarial da Unidão.<br />

Para Bornholdt (2005, p. 79), „„o conselho de família é um órgão optativo, mas de<br />

fundamental importância a ser considerado nas <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es‟‟. Segundo<br />

Casillas, Vásquez e Díaz (2007), o conselho <strong>familiar</strong> é uma estrutura fixa e é<br />

composto por um grupo de <strong>familiar</strong>es que se reúne de t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> t<strong>em</strong>po para discutir<br />

a situação tanto da <strong>em</strong>presa quanto da família e, também, para estabelecer certas<br />

políticas e mecanismos para enfrentar possíveis probl<strong>em</strong>as e desafios.<br />

Através disso, compreende-se, então, que a Unidão deveria mudar essa<br />

situação e tentar fazer com que as decisões foss<strong>em</strong> mais compartilhadas entre os


62<br />

sócios, e não apenas os assuntos “delicados” como mencionou o entrevistado A<br />

referindo-se às questões de crédito. Caso a opção por um conselho profissional<br />

fosse escolhida, os acionistas poderiam obter informações mais seguidamente<br />

através da participação “in loco” desses profissionais.<br />

Na concepção de Bernhoeft e Gallo (2003, p. 26), „„para ter sucesso como<br />

uma família <strong>em</strong>presária é importante que o grupo se fortaleça como uma família nas<br />

suas cumplicidades, valores e forma de administrar suas diferenças. Para tanto, um<br />

conselho de família pode contribuir‟‟. Esse seria um passo interessante para a<br />

<strong>em</strong>presa Unidão, pois a família fora dos negócios é unida e amiga. Entretanto, no<br />

momento <strong>em</strong> que os negócios são assuntos, criam-se conflitos. É importante seguir<br />

a linha de pensamento de Bornholdt (2005, p. 47): „„a questão de disputa de poder<br />

entre irmãos requer muito diálogo, combinações, respeito, renúncias e<br />

compensações. Compartilhar esses sentimentos é um grande desafio‟‟.<br />

Foi constatado pelo pesquisador que, muitas vezes, pessoas que deveriam<br />

formar esse conselho ve<strong>em</strong> as falhas, as anomalias, mas não expõ<strong>em</strong> sua opinião<br />

por saber que nada é feito, além de ter<strong>em</strong> a esperança de que no, futuro, a gestão<br />

mudará.<br />

Para saber sobre o conselho <strong>familiar</strong> e como é o processo de decisão da<br />

Unidão Transportes, o aluno – autor aproveitou e questionou sobre os treinamentos<br />

internos e externos das pessoas que des<strong>em</strong>penham cargos de administração. Essa<br />

pergunta teve algumas divergências nas respostas. Apenas os entrevistados A e D<br />

seguiram o mesmo posicionamento, relatando que há um plano de treinamentos,<br />

todavia, é mais focado para o segmento operacional da <strong>em</strong>presa. O entrevistado A<br />

disse que:<br />

Como a <strong>em</strong>presa é de médio porte, os treinamentos são mais operacionais.<br />

Porém, as duas netas que trabalham possu<strong>em</strong> formação superior. Ainda<br />

não há cultura de forte investimento <strong>em</strong> capacitação de pessoas. O<br />

administrativo participa mais de eventos, feiras ou coisas do gênero.<br />

Nesse sentido, o entrevistado C ressaltou que os principais acionistas não<br />

possu<strong>em</strong> conhecimento do próprio negócio e, assim, não seria possível aplicar<br />

treinamentos. A resposta do entrevistado B compl<strong>em</strong>enta: “hoje os únicos <strong>familiar</strong>es<br />

que participam de treinamentos são as filhas dos acionistas. T<strong>em</strong>os duas atuando,


63<br />

uma é financeira e outra gerente de RH. Os diretores, eventualmente, apenas<br />

participam de feiras e palestras”.<br />

Em relação a esses comentários dos entrevistados, é preciso enfatizar que o<br />

treinamento é fundamental para todos os colaboradores e proprietários de uma<br />

organização que deseja crescer <strong>em</strong> um mercado competitivo, como esse que se<br />

insere a Unidão Transportes. A cada dia, as pessoas têm de buscar inovações, estar<br />

ligadas s<strong>em</strong>pre ao que o mercado está exigindo e aperfeiçoar suas habilidades. Por<br />

isso, para Casillas, Vásquez e Díaz (2007), é muito importante que os dirigentes de<br />

uma <strong>em</strong>presa tenham destrezas e habilidades suficientes para desenvolver<strong>em</strong> suas<br />

funções <strong>em</strong>presariais, ou seja, que tenham a formação e a capacitação necessárias<br />

para o cargo que exerc<strong>em</strong>. O pensamento não pode ser diferente, afinal, se a<br />

pessoa está <strong>em</strong> um cargo, de tanta responsabilidade como é um dirigente, ela deve<br />

ter capacidade e deve fazer por merecer estar nesta função. Isso seria um grande<br />

passo a ser seguido não apenas pela Unidão, e sim pelas <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es, <strong>em</strong><br />

geral, que quer<strong>em</strong> evoluir e permanecer atuantes. Freitas e Frezza (2005, p. 34)<br />

alertam que „„além da família exercer a gestão também com base na propriedade, o<br />

estilo com que a <strong>em</strong>presa é administrada parece ser fundamental para o êxito‟‟.<br />

Por isso, o pesquisador acredita que, além dos treinamentos operacionais já<br />

existentes na Unidão, seria de grande valia criar uma grade de treinamentos para o<br />

setor administrativo, estabelecer parcerias com escolas de capacitação que<br />

possu<strong>em</strong> cursos de gestão, o que seria uma ideia interessante, pois, além de buscar<br />

constante inovação nas áreas administrativas, tornaria viável fazer “pacotes” de<br />

treinamentos com preços mais acessíveis para a <strong>em</strong>presa objeto deste estudo.<br />

Tendo <strong>em</strong> vista o aspecto desenvolvimento da família <strong>em</strong>presária, e<br />

procurando entender qual a visão dos entrevistados <strong>em</strong> relação à <strong>em</strong>presa que<br />

trabalham, o pesquisador percebeu a grande valia de ouvir <strong>em</strong> qual estágio os<br />

m<strong>em</strong>bros da <strong>em</strong>presa acreditam que a Unidão esteja no momento.<br />

Os entrevistados A e D afirmaram acreditar que a <strong>em</strong>presa está no estágio<br />

de jov<strong>em</strong> família <strong>em</strong>presária, mesmo que já se tenha netos do fundador trabalhando<br />

na organização. Para essa afirmação, utiliza-se o que ressaltou o entrevistado D:<br />

“precisamos amadurecer nosso processo de profissionalização para daí, sim, subir<br />

de estágio”. Jov<strong>em</strong> família <strong>em</strong>presária, para Gersick et al. (1997), é quando a<br />

<strong>em</strong>presa encontra-se <strong>em</strong> um estágio inicial, com um proprietário controlador e um


64<br />

fundador. Relacionado à Unidão, faz sentido, pois, conforme visto até aqui, a<br />

<strong>em</strong>presa conta basicamente com um controlador.<br />

O entrevistado C disse não saber o que responder quanto a essa questão<br />

por não identificar nenhum tipo de trabalho sendo realizado quanto a isso. O<br />

entrevistado B, que é um acionista, manifestou crença que a <strong>em</strong>presa encontra-se<br />

<strong>em</strong> expansão/formalização, pois, conforme entende, foi o patriarca qu<strong>em</strong> fundou a<br />

<strong>em</strong>presa, e os filhos (segunda geração) assumiram uma sociedade. Quanto a isso,<br />

Gersick et al. (1997) define que o estágio de expansão/formalização é quando o<br />

controle acionário passa de um proprietário controlador para uma forma de<br />

sociedade entre irmão, e a família está no estágio de entrada na <strong>em</strong>presa. Os filhos<br />

estão entre os 15 e 25 anos de idade e os pais já estão na meia idade ou acabaram<br />

de passar por ela.<br />

Considerando as respostas, algumas delas s<strong>em</strong> muito conteúdo, o<br />

acadêmico acredita que a organização esteja <strong>em</strong> uma fase de entrelaçamento de<br />

estágios entre jov<strong>em</strong> família <strong>em</strong>presária e expansão/formalização. Jov<strong>em</strong> família<br />

<strong>em</strong>presária porque realmente a Unidão possui apenas um controlador que atua<br />

diretamente. Já expansão/formalização porque há uma sociedade de irmãos por<br />

trás, podendo tornar-se, assim, um estágio de expansão/formalização, mesmo que<br />

esse quadro societário não seja atuante.<br />

Tendo como base as respostas obtidas, o acadêmico questionou os<br />

entrevistados como os atuais gestores e d<strong>em</strong>ais m<strong>em</strong>bros da organização<br />

entendiam o conceito de profissionalização e se acreditavam que a Unidão possuía<br />

uma gestão profissionalizada. Nessa questão, as respostas sobre o entendimento do<br />

assunto foram dadas de forma similar, visto que os entrevistados responderam que<br />

a profissionalização é “saber separar negócios e família”. É quando os m<strong>em</strong>bros da<br />

<strong>em</strong>presa possu<strong>em</strong> capacidade e competência para exercer<strong>em</strong> determinado cargo,<br />

não importando o grau de parentesco.<br />

Essas afirmações mostram que os entrevistados têm certo conhecimento<br />

sobre o assunto e, para confirmação disso, Casillas, Vásquez e Díaz (2007)<br />

destacam que a profissionalização de uma <strong>em</strong>presa depende da atuação dos<br />

profissionais <strong>em</strong> seus cargos. Eles dev<strong>em</strong> ser capacitados, tendo aptidões e atitudes<br />

exigidas pela função a ser realizada, ou seja, essas pessoas precisam ser as<br />

melhores para cada cargo proposto.


65<br />

Quanto à gestão profissionalizada da Unidão, notou-se que a <strong>em</strong>presa não<br />

se apresenta na plenitude, pois, de acordo com o entrevistado B,<br />

[...] <strong>em</strong> função dos modelos tradicionais utilizados pelo diretor operacional,<br />

esse processo ainda está um pouco lento. Acredito que t<strong>em</strong>os muito a<br />

evoluir ainda. Talvez contratar um profissional de fora para fazer esse<br />

trabalho poderia ajudar a profissionalizar toda a <strong>em</strong>presa mais rapidamente.<br />

Em relação a isso, as respostas também foram descritas de forma parecida,<br />

pois os entrevistados acreditam que a <strong>em</strong>presa v<strong>em</strong> evoluindo <strong>em</strong> relação à sua<br />

profissionalização. É possível perceber, com essas declarações, que a <strong>em</strong>presa v<strong>em</strong><br />

buscando atingir um estágio profissional, mas que ainda exist<strong>em</strong> falhas sendo<br />

cometidas. Conforme comentou o entrevistado D,<br />

[...] ainda há uso de recursos da <strong>em</strong>presa por parte de <strong>familiar</strong>es, mesmo<br />

aqueles que hoje não atuam na organização [...]; há receios entre os irmãos<br />

de causar<strong>em</strong> certo constrangimento ou abalo nas relações <strong>familiar</strong>es <strong>em</strong><br />

virtude de cobranças e estabelecimento de regras mais profissionais.<br />

Reforçando a ideia de pouca profissionalização na Unidão, porém<br />

ressaltando que a Empresa obtém resultados significativos, é interessante o que<br />

comenta o entrevistado A: “a <strong>em</strong>presa ainda não possui 100% de profissionalização.<br />

E mesmo dando resultados, a gestão poderia ser mais compartilhada com o<br />

conselho, de forma mais madura e profissional”.<br />

Nesse sentido, observa-se a importância de profissionalizar uma <strong>em</strong>presa<br />

para a busca dos objetivos <strong>em</strong>presariais, pois, conforme Casillas, Vásquez e Díaz<br />

(2007, p. 101):<br />

As <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es, por conta de suas particularidades e apesar da sua<br />

grande heterogeneidade, dev<strong>em</strong> elaborar um sist<strong>em</strong>a de <strong>governança</strong><br />

adequado para suas características específicas que garanta a defesa de<br />

todos os agentes nela envolvidos.<br />

Mas e para a <strong>em</strong>presa Unidão? Em que patamar de mercado os<br />

entrevistados gostariam de ver a <strong>em</strong>presa <strong>em</strong> que trabalham? Qual o objetivo<br />

<strong>em</strong>presarial que desejariam para a transportadora? As respostas obtidas foram<br />

arrojadas e buscam objetivos de cunho nacional. Segundo o entrevistado C, “[...]<br />

gostaria de ver a minha <strong>em</strong>presa dentre as maiores do Brasil, mas não <strong>em</strong> relação


66<br />

ao faturamento e, sim, na questão rentabilidade”. Seguindo esse desejo, o<br />

entrevistado D revelou que “gostaria de vê-la reconhecida como uma das melhores<br />

<strong>em</strong>presas de Transportes e Logística do país, <strong>em</strong> constante ascensão e com<br />

rentabilidade. Meu objetivo é fazer com que isso aconteça”. Os entrevistados A e B<br />

também responderam de forma parecida, ao afirmar<strong>em</strong> que pretend<strong>em</strong> ver uma<br />

<strong>em</strong>presa profissionalizada que tenha muito sucesso e rentabilidade.<br />

Mediante essas respostas, verifica-se que os m<strong>em</strong>bros entrevistados têm<br />

muita vontade de ver a <strong>em</strong>presa Unidão crescer no mercado. Além disso,<br />

mostraram-se dispostos a buscar os objetivos dessa organização. Todavia, buscar o<br />

reconhecimento como a melhor <strong>em</strong>presa do Brasil no segmento de transportes é um<br />

desafio significativo. Há muitas situações relacionadas à gestão e profissionalização<br />

que precisam ser adequadas para que esse desejo dos entrevistados seja<br />

alcançado.<br />

Quanto a isso, o pesquisador buscou entender como a Unidão procura<br />

inovar seus processos administrativos sob uma visão <strong>em</strong>preendedora, no que diz<br />

respeito à profissionalização da gestão da <strong>governança</strong> e, também, quanto à<br />

prestação de serviços e ao atendimento ao cliente. O entrevistado A disse que a<br />

profissionalização é um fator relevante que v<strong>em</strong> sendo desenvolvido por<br />

profissionais que trabalham na Unidão; ainda frisou não descartar a possibilidade de<br />

contratar um profissional externo para agilizar o referido processo. Essa resposta<br />

contrasta com o que relatou o entrevistado C que também comentou sobre o<br />

atendimento da Unidão Transportes: “atualmente vejo poucos movimentos quanto à<br />

profissionalização. Mas <strong>em</strong> relação ao cliente, é uma das melhores <strong>em</strong>presas, pois<br />

se t<strong>em</strong> uma preocupação muito grande com todos”. O entrevistado D reforçou o bom<br />

atendimento da transportadora e, também, comentou de forma s<strong>em</strong>elhante ao que<br />

disse o entrevistado A:<br />

[...] o atendimento é indiscutível, t<strong>em</strong>os uma preocupação muito grande com<br />

os nossos clientes. Por isso, chegamos a personalizar o atendimento <strong>em</strong><br />

muitos casos. Quanto a inovar, a Unidão v<strong>em</strong> tentando, mas volto a dizer,<br />

um profissional especializado ajudaria, e muito.<br />

Com as respostas obtidas, nota-se que a Unidão realmente precisaria de um<br />

profissional especializado na profissionalização de <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es, pois t<strong>em</strong><br />

características de uma <strong>em</strong>presa que quer crescer no mercado <strong>em</strong> que atua.


67<br />

Como visto, a <strong>em</strong>presa t<strong>em</strong> objetivos arrojados e tenta captar mais alguns<br />

aspectos positivos para o seu crescimento. O pesquisador, ainda, buscou saber se a<br />

Unidão era uma <strong>em</strong>presa que tinha diferenciais perante seus concorrentes, e quais<br />

seriam. Nesse quesito, reforçou-se a questão do atendimento personalizado ao<br />

cliente. Segundo o entrevistado D:<br />

Seu diferencial está no atendimento personalizado dado ao cliente, desde o<br />

desenho da operação até o pós-venda e na excelência dos serviços<br />

prestados. O comprometimento com os requisitos estabelecidos nas<br />

negociações são primordiais para a Unidão Transportes, assim como o<br />

desenvolvimento constante de tecnologias de ponta.<br />

Essa afirmação pode significar que a Unidão diferencia-se através de mais<br />

de um aspecto: tendo produto de qualidade, velocidade e inovação na tecnologia. O<br />

produto de qualidade, segundo Bat<strong>em</strong>an e Snell (1998, p. 35), “[...] é a excelência de<br />

seu produto, incluindo sua atratividade, ausência de defeitos, confiabilidade e<br />

segurança a longo prazo”.<br />

Depois desses depoimentos sobre diferenciais apresentados pela <strong>em</strong>presa<br />

Unidão, o acadêmico pesquisador quis saber, junto aos entrevistados, o que eles<br />

identificavam que poderia ser aprimorado no sist<strong>em</strong>a de gestão da <strong>governança</strong> da<br />

Transportadora <strong>em</strong> relação à competitividade frente ao mercado concorrencial.<br />

Nesse questionamento, os entrevistados A e B relataram que “hoje a <strong>em</strong>presa<br />

deveria continuar com a excelência na prestação de seus serviços”. O entrevistado<br />

C foi um pouco mais além, ressaltando que:<br />

Acredito que o que falta para o Grupo Unidão é primeiramente, que os<br />

sócios entendam do seu negócio e não se vejam como donos e sim como<br />

acionistas no qual o negócio t<strong>em</strong> de ser lucrativo, partindo daí para olhar as<br />

novas oportunidades dentro de clientes atuais <strong>em</strong> que se pode gerar<br />

infinitamente negócios rentáveis.<br />

O entrevistado D também deu sua opinião, afirmando que seria interessante<br />

“uma gestão mais estratégica, com planejamento e previsão de futuro. Estabelecer<br />

ações de longo prazo pode ser o diferencial daqui a mais uns anos”. Na opinião do<br />

pesquisador, o entrevistado C e D teriam razão quanto aos posicionamentos e<br />

opiniões apresentados, visto a grande dificuldade das <strong>em</strong>presas <strong>em</strong> sobreviver<strong>em</strong><br />

no mercado com uma gestão <strong>em</strong>presarial amadora.


68<br />

Atualmente, nada pode estar bom e ser definitivo. Tudo s<strong>em</strong>pre pode ser<br />

melhorado. O(s) responsável (eis) pela <strong>em</strong>presa dev<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre buscar uma atuação<br />

que faça sua organização crescer cada vez mais. De acordo com Padula (apud<br />

FREITAS, 2005, p. 41), “cada fase de crescimento caracteriza-se por fatores que<br />

são a chave para o desenvolvimento dos sist<strong>em</strong>as de gestão”. Assim sendo, sugerese<br />

atentar para:<br />

- o estilo gerencial adotado pelo <strong>em</strong>preendedor e seus dirigentes;<br />

- a estrutura organizacional;<br />

- o nível de formalização dos sist<strong>em</strong>as administrativos;<br />

- os principais objetivos estratégicos;<br />

- o grau de engajamento do patrão–dirigente na condução do negócio.<br />

Se o dirigente que conduz uma <strong>em</strong>presa ficar acomodado pensando que<br />

tudo esta ótimo, consequent<strong>em</strong>ente sua equipe terá a mesma atitude. Isso pode<br />

ocasionar uma queda enorme no rendimento e nos resultados de uma <strong>em</strong>presa.<br />

Ainda mais <strong>em</strong> <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong>, como é o caso da Unidão, onde a cultura<br />

organizacional é muito significativa e cultivada.<br />

Em relação ao assunto cultura organizacional, o acadêmico perguntou aos<br />

entrevistados como percebiam a cultura organizacional influenciando no crescimento<br />

da <strong>em</strong>presa, e se realmente eles entendiam que essa cultura poderia ter essa<br />

influência. Todas as respostas vão do encontro ao que pensa o acadêmico, ou seja,<br />

a equipe trabalha de acordo como é tratada e como a <strong>em</strong>presa é dirigida. Para os<br />

entrevistados, é através da cultura que se contagia os colaboradores de uma<br />

<strong>em</strong>presa. Com a intenção de entender um pouco melhor a opinião dos<br />

entrevistados, utilizou-se do que relata o entrevistado B:<br />

Os funcionários com muitos anos de casa têm um amor enorme pelo<br />

fundador da <strong>em</strong>presa e pelo jeito que a <strong>em</strong>presa trata-lhes. Isso faz com<br />

que eles se dediqu<strong>em</strong> ao máximo para fazer a <strong>em</strong>presa crescer,<br />

influenciando diretamente os novos. Acho que a cultura pode sim ter<br />

influência no crescimento da Unidão.<br />

Confirmando a importância da cultura organizacional de uma <strong>em</strong>presa,<br />

Casillas, Vásquez e Díaz (2007) afirmam que os bons conhecimentos sobre<br />

administração estratégica mostram, cada vez com mais clareza, como é importante<br />

ter uma cultura própria adequada para que o sucesso continuado seja alcançado na


69<br />

<strong>em</strong>presa, pois as pessoas que nela trabalham viv<strong>em</strong> essa cultura de forma fiel e<br />

intensa.<br />

Com conhecimento sobre a Gestão da <strong>governança</strong> da <strong>em</strong>presa Unidão<br />

Transportes, diante dos seus objetivos e seu diferencial, segue o Quadro 3, síntese,<br />

que apresenta alguns principais pontos notados pelo pesquisador. Esses aspectos<br />

positivos e negativos também são comentados pelo acadêmico, ao lado de cada<br />

it<strong>em</strong> relatado.<br />

GESTÃO E GOVERNANÇA NA UNIDÃO TRANSPORTES<br />

(continua)<br />

Características<br />

Empresa com traços paternalistas. Em muitas<br />

ocasiões, é guiada por modelos tradicionais.<br />

As decisões s<strong>em</strong>pre passam pelo diretor<br />

operacional.<br />

Conselho <strong>familiar</strong> pouco atuante.<br />

M<strong>em</strong>bros da cúpula diretiva possu<strong>em</strong> pouco<br />

conhecimento sobre a gestão do próprio<br />

negócio.<br />

Empresa com foco no desenvolvimento<br />

operacional.<br />

Empresa com pessoas que têm “grandes”<br />

perspectivas, pensam <strong>em</strong> abrangência<br />

Nacional.<br />

Personalização de atendimento aos clientes.<br />

Comentário<br />

Hoje <strong>em</strong> dia, tendo <strong>em</strong> vista a grande<br />

competitividade do mercado, o atual diretor<br />

deveria aceitar as mudanças com mais<br />

facilidade. Buscar informações dos novos<br />

modelos de gestão para se atualizar e<br />

impl<strong>em</strong>entar a <strong>em</strong>presa Unidão; Ou oferecer<br />

mais autonomia para outras pessoas ligadas<br />

ao quadro diretivo para fazer isso.<br />

O conselho <strong>familiar</strong> é peça importante para o<br />

sucesso de uma <strong>em</strong>presa. Por isso, acreditase<br />

que o Conselho de irmãos da Unidão<br />

deveria estar mais presente na organização.<br />

Uma maior participação traria conhecimento<br />

do negócio aos m<strong>em</strong>bros do Conselho e,<br />

inclusive, mais ideias para auxiliar no<br />

crescimento e na prosperidade da <strong>em</strong>presa.<br />

Estratégias para busca de objetivos a longo<br />

prazo deveriam ser debatidas <strong>em</strong> reuniões do<br />

Conselho de Administração.<br />

Seria interessante a Unidão criar maneiras de<br />

aperfeiçoar sua gestão de <strong>governança</strong><br />

administrativa. O único plano de treinamentos<br />

que possui é focado na parte operacional.<br />

Isso, com certeza, prejudica o crescimento da<br />

organização e pode ser reflexo do perfil do<br />

fundador e atual gestor da <strong>em</strong>presa.<br />

A <strong>em</strong>presa deveria ouvir mais essas pessoas.<br />

Talvez, esse fosse um passo para o diretor<br />

operacional seguir, dando força e aceitando<br />

algumas mudanças para que o objetivo<br />

<strong>em</strong>presarial, citado pelos entrevistados, fosse<br />

alcançado: ser reconhecida como a melhor<br />

<strong>em</strong>presa de transporte e logística do País.<br />

Empresa que valoriza muito o cliente que<br />

t<strong>em</strong>. Isso é um processo que ajuda muito na<br />

gestão do negócio; a <strong>em</strong>presa que trabalha<br />

dessa forma, muitas vezes, é capaz de tornar<br />

o cliente dependente da Unidão.


70<br />

GESTÃO E GOVERNANÇA NA UNIDÃO TRANSPORTES<br />

Características<br />

Empresa com boa equipe de trabalho, que<br />

segue uma cultura tradicional.<br />

Quadro 3 - Gestão e Governança<br />

Fonte: Elaborado pelo acadêmico<br />

Comentário<br />

Esse é o aspecto favorável da cultura<br />

organizacional da Unidão Transportes.<br />

Conforme visto <strong>em</strong> relatos no decorrer do<br />

texto, os funcionários têm um respeito e um<br />

carinho muito grande pelo fundador da<br />

<strong>em</strong>presa. Além disso, segu<strong>em</strong> a boa<br />

liderança exercida pelo atual gestor. Esses<br />

fatores dev<strong>em</strong> ser mantidos na <strong>em</strong>presa<br />

Unidão para que a equipe continue<br />

trabalhando com vontade e dedicação na<br />

busca pelos resultados.<br />

No próximo tópico, o objetivo é relatar questões sobre a profissionalização<br />

na Unidão, buscando s<strong>em</strong>pre a relação com o que é comentado por autores <strong>em</strong><br />

suas obras teóricas referenciais.<br />

4.2.2 Profissionalização<br />

Como parte de uma eficaz gestão administrativa, sabe-se que, quando uma<br />

<strong>em</strong>presa chega a atingir um determinado nível de crescimento, a profissionalização<br />

de sua gestão é peça fundamental para que o sucesso continue <strong>em</strong> ascensão.<br />

Segundo Casillas, Vásquez e Díaz (2007, p. 78), “se precisáss<strong>em</strong>os escolher até<br />

cinco pontos-chave relacionados com a continuidade das <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong> ao longo<br />

do t<strong>em</strong>po, certamente estaria entre eles a profissionalização”.<br />

Os negócios, hoje <strong>em</strong> dia, não consegu<strong>em</strong> mais sobreviver com uma gestão<br />

amadora, <strong>em</strong> virtude da alta concorrência e competitividade presente na<br />

cont<strong>em</strong>poraneidade. A cada dia, surg<strong>em</strong> novas “barreiras”, novos desafios a ser<strong>em</strong><br />

enfrentados, e a melhor maneira para vencê-los é ter uma equipe competente e<br />

qualificada, com bom planejamento e boas estratégias <strong>em</strong>presariais, o que facilita<br />

muito a busca do objetivo organizacional.<br />

Visto que os entrevistados possu<strong>em</strong> conhecimento sobre o que é a<br />

profissionalização de uma <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong>, relatado anteriormente no subtópico de<br />

Gestão da <strong>governança</strong> (4.2.1), e visando essa grande preocupação, o aluno


71<br />

pesquisador buscou saber, através da entrevista, como se caracterizam os<br />

processos de profissionalização da Unidão Transportes. A intenção foi saber se a<br />

<strong>em</strong>presa já está realizando algum tipo de trabalho <strong>em</strong> relação a isso, ou não.<br />

Abaixo, são apresentados os questionamentos feitos pelo acadêmico, s<strong>em</strong>pre<br />

buscando relacionar a prática com a teoria.<br />

Por isso, para iniciar a busca de informações sobre a profissionalização na<br />

<strong>em</strong>presa Unidão, primeiramente foi questionado aos entrevistados se a Unidão<br />

possui um plano de promoção e ascensão definido e de que maneira os<br />

colaboradores são promovidos. A resposta, praticamente unânime, foi negativa. Os<br />

entrevistados deram a entender que a <strong>em</strong>presa não possui plano de promoção e<br />

ascensão, ressaltando que os funcionários são promovidos de acordo com o seu<br />

rendimento e necessidade de suprir alguma vaga <strong>em</strong> aberto.<br />

É interessante ressaltar que, novamente, foi citado o fato da <strong>em</strong>presa ser<br />

dirigida por modelos tradicionais. Para o entrevistado B, “a <strong>em</strong>presa não possui<br />

planos de promoção e ascensão definidos, pois a cultura da <strong>em</strong>presa é ainda muito<br />

voltada para modelos e formatos tradicionais”. Seguindo essa ideia, o entrevistado C<br />

também disse: “na minha opinião não, devido a probl<strong>em</strong>as culturais”. Em relação a<br />

essa confirmação, o entrevistado D comentou: “não, é através de uma avaliação<br />

informal do gestor <strong>em</strong> relação ao des<strong>em</strong>penho de cada colaborador <strong>em</strong> sua equipe.<br />

Todas as promoções e alterações salariais dev<strong>em</strong> ter o aval do diretor operacional”.<br />

Desse modo, confirma-se que a <strong>em</strong>presa ainda possui vínculos com os modelos<br />

tradicionais e antigos da administração, pois tudo precisa ser avaliado e autorizado<br />

pelo diretor operacional.<br />

Percebe-se, através das respostas, que isso é uma situação que precisa ser<br />

aprimorada na Unidão. O processo é complexo, pois a cultura seguida pelo diretor<br />

operacional é algo que v<strong>em</strong> de longo t<strong>em</strong>po, não sendo fácil de mudar. Para o<br />

diretor, se s<strong>em</strong>pre deu certo desta maneira, porque mudaria agora? Todavia, mesmo<br />

com todas as dificuldades, é necessário que essa mudança comece a ocorrer, pois<br />

conforme Bernhoeft (2003, p. 103):<br />

É frequente que estas <strong>em</strong>presas efetivamente necessit<strong>em</strong> profissionalizar<br />

vários dos sist<strong>em</strong>as de gestão para dar base a processos que, até o<br />

momento, vêm sendo executados com grande intuição e sucesso, mas que,<br />

no futuro, <strong>em</strong> uma <strong>em</strong>presa de maior porte e complexidade, serão mais b<strong>em</strong><br />

efetuados caso se fundament<strong>em</strong> numa sist<strong>em</strong>atização conveniente.


72<br />

A profissionalização começa a ocorrer com essas mudanças que parec<strong>em</strong><br />

não ser significativas, mas são de extr<strong>em</strong>a importância. É importante também saber<br />

quais as habilidades e competências que os gestores das <strong>em</strong>presas julgam<br />

necessárias para administrar e prosperar as <strong>em</strong>presas. Nesse sentido, o acadêmico<br />

fez questão de questionar acerca desse assunto <strong>em</strong> relação à Transportadora<br />

Unidão.<br />

O entrevistado A citou algumas habilidades, mencionando:<br />

[...] planejamento – organização – visão - estratégia – ética – comunicação<br />

– profissionalismo – dedicação – tomada de decisão – inovação –<br />

transparência – disciplina – credibilidade – atendimento – humildade –<br />

<strong>em</strong>patia – pró-atividade. Essas competências e comportamentos são<br />

pr<strong>em</strong>issas básicas e, mundialmente, conhecidas nas <strong>em</strong>presas de sucesso.<br />

Dando sequência ao mesmo questionamento, a resposta do entrevistado C<br />

foi bastante interessante, pois, focado <strong>em</strong> gestão de negócios, relatou que:<br />

A palavra gestão é o principal fator de sucesso de uma <strong>em</strong>presa, gestão de<br />

pessoas, gestão de contratos, gestão de custos, etc. A relação custo<br />

benefício é o principal fator faltante dentro das organizações. Na minha<br />

opinião, ainda estamos na fase da aprendizag<strong>em</strong> com a nova economia.<br />

Nós nos preocupamos 100% com a operacionalidade, deixando as<br />

oportunidades passar<strong>em</strong>.<br />

Ainda <strong>em</strong> relação às competências necessárias para atuar dentro da Unidão<br />

transportes, o entrevistado D mostrou um quadro <strong>em</strong> que constava o que a <strong>em</strong>presa<br />

busca nos candidatos que surg<strong>em</strong>. Esse Quadro 4 é apresentado a seguir:


73<br />

Foco nas necessidades dos<br />

clientes<br />

Desenvolvimento do trabalho <strong>em</strong><br />

equipe<br />

Flexibilidade<br />

Orientação na atualização da<br />

tecnologia<br />

Gerenciamento de parcerias<br />

O atendimento é essencial para a <strong>em</strong>presa, cumprir prazos,<br />

regras, zelar pela mercadoria do cliente. Sigilo nas<br />

informações é primordial, além de atender, dev<strong>em</strong>os superar<br />

as necessidades e expectativas de nossos clientes.<br />

Comprometimento de cada m<strong>em</strong>bro da equipe. Ao mesmo<br />

t<strong>em</strong>po que realiza seu trabalho, precisa entender e auxiliar na<br />

necessidade do “outro”.<br />

Para que as necessidades dos clientes sejam atendidas<br />

prontamente, é necessário que se tenha uma postura flexível,<br />

capaz de compreender e se adaptar rapidamente.<br />

Conhecimento e capacidade de apontar e reconhecer as<br />

tecnologias relevantes às atividades da <strong>em</strong>presa.<br />

Tecnologias essas que mantenham a <strong>em</strong>presa a frente do<br />

mercado, otimizando processos, reduzindo custos e criando<br />

ferramentas logísticas para excelência do atendimento,<br />

garantindo, assim, a credibilidade do serviço prestado.<br />

Capacidade de manter e conquistar parcerias duradouras<br />

com clientes e fornecedores.<br />

Quadro 4 - Habilidades e competências<br />

Fonte: Empresa Unidão Transportes<br />

Muitas vezes, essas competências pod<strong>em</strong> ser encontradas nos <strong>familiar</strong>es,<br />

mas <strong>em</strong> outras ocasiões não. No caso da Unidão, seria importante fazer uma análise<br />

dos <strong>familiar</strong>es que têm vontade de trabalhar na <strong>em</strong>presa. Caso não haja nenhuma<br />

pessoa apta para isso, a busca por profissionais do mercado seria uma maneira de<br />

profissionalizar a gestão da <strong>governança</strong> na <strong>em</strong>presa. Conforme se sabe, através de<br />

Bernhoeft (2003), é muito comum se falar <strong>em</strong> profissionalizar a <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong>.<br />

Essa expressão não quer dizer diretamente que se deva trocar os m<strong>em</strong>bros da<br />

família por profissionais fora da sociedade, que tenham títulos acadêmicos de<br />

prestígio ou que tenham anos de experiências <strong>em</strong> <strong>em</strong>presas importantes. O<br />

importante mesmo é simplesmente ter pessoas competentes para des<strong>em</strong>penhar<strong>em</strong><br />

suas funções. Até o momento, a Unidão não possui nenhum tipo de treinamento e<br />

preparo para os <strong>familiar</strong>es de gerações mais novas, o que seria aconselhável<br />

começar.<br />

Por isso, notando essa anomalia na <strong>em</strong>presa, o pesquisador questionou os<br />

entrevistados, perguntando quais as qualidades que os líderes levam <strong>em</strong><br />

consideração para a contratação de um funcionário, se o fato de ser <strong>familiar</strong> fazia<br />

diferença. O entrevistado A comentou:


74<br />

Deve seguir o perfil do cargo. Confiança, integridade, estabilidade <strong>familiar</strong> e<br />

profissional, experiência na função, escolaridade adequada,<br />

comprometimento e disponibilidade. Independente se é <strong>familiar</strong> ou não, o<br />

candidato deve ter competência para o cargo da vaga <strong>em</strong> aberto. Mas, se a<br />

pessoa preencher os requisitos, um <strong>familiar</strong> será muito b<strong>em</strong>-vindo.<br />

Com a resposta do entrevistado B, pode-se entender que já houve tentativas<br />

de <strong>familiar</strong>es entrar<strong>em</strong> na <strong>em</strong>presa, porém, s<strong>em</strong> preparação e causando certos<br />

desconfortos: “hoje <strong>em</strong> dia, o <strong>familiar</strong> t<strong>em</strong> mais dificuldade de entrar na <strong>em</strong>presa <strong>em</strong><br />

função de probl<strong>em</strong>as passados que não foram b<strong>em</strong> planejados. Há certo receio de<br />

estragar os laços <strong>familiar</strong>es”. O entrevistado D seguiu o mesmo pensamento: “diz<strong>em</strong><br />

que não, mas acredito que faça. Há o receio de que a contratação não dê certo e já<br />

pensam na dificuldade que será de passar esse feedback aos <strong>familiar</strong>es”.<br />

Com tais afirmações, pode-se notar que a Unidão não estaria preparada<br />

para exercer gestão da profissionalização com os <strong>familiar</strong>es. Os líderes e gestores<br />

atuais não sab<strong>em</strong>, de forma clara, a real diferença entre propriedade e gestão, com<br />

exceção do entrevistado A que disse ser b<strong>em</strong>-vindo um <strong>familiar</strong>. De acordo com<br />

Freitas (2005, p. 41), „„[...] a profissionalização começa a ocorrer quando a<br />

organização deixa de ser apenas „„um negócio da família‟‟ para tornar-se uma<br />

<strong>em</strong>presa profissional. A separação entre propriedade e gestão passa a ser<br />

percebida com mais clareza‟‟.<br />

Na opinião do pesquisador, autor deste estudo, a <strong>em</strong>presa encontra-se um<br />

pouco dividida, pois, <strong>em</strong> certos momentos, parece buscar a profissionalização com<br />

determinadas atitudes, mas, <strong>em</strong> outras ocasiões, como essa por ex<strong>em</strong>plo, o aspecto<br />

profissional parece ficar de lado. Freitas (2005) alerta que, quando o assunto se trata<br />

da condução de <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es, a profissionalização deve ir além dos gestores,<br />

alcançando a família, para que venha a exercer seu papel de acionista. No caso da<br />

Unidão, isso parece ausente.<br />

Através disso, é possível perceber que o diretor operacional estaria fazendo<br />

a sua parte, enquanto que o Conselho <strong>familiar</strong>, formado pelos irmãos acionistas, não<br />

estaria tomando atitudes e decidindo questões essenciais, ou então, que seus<br />

m<strong>em</strong>bros não sab<strong>em</strong>/não quer<strong>em</strong> enfrentar mudanças profissionais.<br />

Na sequência do processo de entrevistas, o pesquisador quis saber dos<br />

entrevistados se a <strong>em</strong>presa Unidão possuía um planejamento estratégico formal e<br />

organizado, pois esse é um dos fatores determinantes para uma <strong>em</strong>presa que<br />

deseja profissionalizar a gestão da <strong>governança</strong> e alcançar o sucesso pleno. As


75<br />

respostas para esse questionamento apresentam dificuldades quanto ao quesito<br />

“planejamento”, pois percebe-se que a Unidão não possui uma cultura de<br />

planejamento, de preparação. Atualmente, possui apenas a busca de objetivos a<br />

curto prazo, o que se caracteriza como uma visão tradicional de gerir o negócio.<br />

Todos os entrevistados relataram que a <strong>em</strong>presa não possui nenhum<br />

planejamento formal e definido. Para melhor entender essa questão, menciona-se o<br />

que relatou o entrevistado D:<br />

Não. Exist<strong>em</strong> apenas ações de curto prazo que visam atingir um objetivo<br />

próximo. Não possui pela cultural talvez, pois nunca houve. Não há uma<br />

mobilização/exigência da Direção e acionistas <strong>em</strong> relação a isso. A <strong>em</strong>presa<br />

v<strong>em</strong> crescendo <strong>em</strong> um ritmo acelerado, porém s<strong>em</strong> um planejamento<br />

efetivo.<br />

Nessa resposta, nota-se novamente a pouca participação do<br />

Conselho/acionistas, que ainda é reforçada pelo entrevistado C: “cabe ressaltar aqui<br />

que os sócios que não atuam na <strong>em</strong>presa são complacentes a esta estrutura”. Com<br />

isso, pode-se notar que a Unidão não segue o que relatam Casillas, Vásquez e Díaz<br />

(2007, p. 102): „„dirigir a <strong>em</strong>presa significa determinar a orientação estratégica a<br />

longo prazo e participar das decisões relacionadas à atribuição de recursos<br />

essenciais de longo alcance‟‟. É importante uma mudança imediata nessa situação<br />

da Empresa, pois isso será fundamental para o seu futuro, conforme comenta<br />

Bornholdt (2005, p. 117): “cuidar do futuro significa contribuir (pensar, avaliar, sugerir<br />

e aprovar) para o posicionamento estratégico; o planejamento estratégico é a<br />

impl<strong>em</strong>entação das opções estratégicas”.<br />

Ainda sabendo que a Unidão precisa profissionalizar sua gestão e assim<br />

buscar esses planejamentos inexistentes, o entrevistado A disse que: “não. Ainda<br />

não possui porque primeiro dev<strong>em</strong>os profissionalizar a <strong>em</strong>presa e criar a cultura do<br />

planejamento. Mas claro que todos os anos o conselho, <strong>em</strong> conjunto, define certos<br />

objetivos, que hoje seriam nosso planejamento”. Tendo <strong>em</strong> vista a grande<br />

importância do planejamento para as organizações, Freitas e Schmidt (2009, p. 73)<br />

ressaltam que “o planejamento é uma ferramenta muito importante para o sucesso e<br />

a sobrevivência da <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong> no mercado. Não só a parte estratégica, como<br />

também a profissionalização e a sucessão dos gestores”.<br />

Visto que a família proprietária t<strong>em</strong> a cultura de objetivos a curto prazo,<br />

torna-se necessário, antes de qualquer medida, que os gestores estejam cientes de


76<br />

alguns assuntos como o que descreve Ricca (1998) ao ressaltar que o primeiro<br />

passo, antes de tudo, é saber qual o motivo do sucesso ou fracasso da <strong>em</strong>presa.<br />

Para isso, também se torna relevante saber se a família está ciente de que alguns<br />

objetivos pessoais só pod<strong>em</strong> ser atingidos a longo prazo, não sendo criadas<br />

expectativas irreais. Beldi et al. (2010, p. 109) reforçam essa ideia, afirmando que:<br />

[...] é essencial que haja uma boa comunicação sobre os valores da família,<br />

sua missão e visão a longo prazo para todos os m<strong>em</strong>bros, mantendo-os<br />

informados e atualizados sobre os principais desafios, realizações e rumos<br />

estratégicos da <strong>em</strong>presa, especialmente para aqueles que não estão<br />

envolvidos diretamente com a gestão dos negócios.<br />

Na sequência dos questionamentos, o pesquisador quis ouvir dos<br />

entrevistados sobre que aspectos da profissionalização, na opinião deles, poderiam<br />

ser aprimorados na transportadora. Para o entrevistado A: “estamos tentando buscar<br />

essa profissionalização, mas é um processo um pouco complicado. Acho que,<br />

primeiramente, dev<strong>em</strong>os ter um foco nisso para ver o que realmente estamos<br />

precisando”. Essa resposta é interessante, pois mostra que o entrevistado detém<br />

conhecimento do assunto, porém não se consegue identificar atitudes que reflitam<br />

esses posicionamentos na prática.<br />

Percebe-se que todas as respostas foram dadas com boa visão. O<br />

entrevistado B, que é um acionista e não participa do dia-a-dia da <strong>em</strong>presa,<br />

ressaltou que “hoje dentro da <strong>em</strong>presa t<strong>em</strong> processos e regras sim, e mesmo não<br />

participando do dia a dia da <strong>em</strong>presa, acredito que isso possa ser melhorado. Talvez<br />

uma maior participação do conselho possa ser um aspecto a ser melhorado”.<br />

Seguindo esse raciocínio, o entrevistado C destacou: “acredito que a <strong>em</strong>presa<br />

necessita começar algum trabalho de profissionalização, onde não seria um trabalho<br />

de hoje para amanhã, e sim um trabalho a longo prazo onde se identificariam as<br />

reais oportunidades para o crescimento sustentável da <strong>em</strong>presa no futuro”.<br />

Através dessas respostas, pode-se inferir que as pessoas estão dispostas a<br />

criar planejamentos a longo prazo, faltando, contudo, ações para que a<br />

profissionalização da Unidão se inicie, de fato, pelo quadro diretivo e pelos<br />

acionistas. O Conselho precisa ser mais presente na Transportadora, tendo <strong>em</strong> vista<br />

a grande influência que possui. Segundo Rosa e Freitas (2011, p. 52), “[...] nas<br />

<strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es, a cultura organizacional sofre grande influência da família e de


77<br />

seus herdeiros”. Na Unidão, uma influência positiva <strong>em</strong> relação à profissionalização<br />

seria muito importante.<br />

Sugere-se, então, que a <strong>em</strong>presa estudada siga o que comenta Bornholdt<br />

(2005, p. 78): “a boa prática da <strong>governança</strong> corporativa t<strong>em</strong> como alicerce o<br />

exercício na transparência, o fundamento na confiança e o suporte no compromisso<br />

e no respeito <strong>em</strong> relação a todos os atores, direta e indiretamente envolvidos com<br />

uma organização”. Para isso, é muito importante saber diferenciar a relação entre<br />

negócio e família.<br />

A seguir, o Quadro 5 apresenta características pesquisadas no decorrer do<br />

trabalho, b<strong>em</strong> como um comentário de como essas particularidades acontec<strong>em</strong> na<br />

Empresa Unidão Transportes.<br />

PROFISSIONALIZAÇÃO<br />

(continua)<br />

Características<br />

Empresa s<strong>em</strong> plano de promoção e ascensão<br />

definido.<br />

Empresa de família grande e, mesmo assim,<br />

não possui trabalho de preparação para<br />

sucessores <strong>familiar</strong>es.<br />

Empresa s<strong>em</strong> cultura de planejamento e<br />

estratégia.<br />

Processo de profissionalização não preparado<br />

de maneira correta.<br />

Comentário<br />

Interessante criar um plano de promoção e<br />

ascensão definido na Empresa.<br />

Já buscando a descentralização dos processos<br />

que, atualmente, são liberados apenas com o aval<br />

do diretor operacional.<br />

A Unidão deveria trabalhar mais os <strong>familiar</strong>es das<br />

novas gerações, buscando a profissionalização<br />

da Empresa. Isso manteria o espírito trabalhador<br />

da família e, além disso, o quadro diretivo poderia<br />

ser ocupado por pessoas de confiança, evitando<br />

profissionais do mercado.<br />

Interessante começar algum trabalho <strong>em</strong> relação<br />

ao planejamento a longo prazo da <strong>em</strong>presa<br />

Unidão. Assim, a busca dos objetivos ficaria mais<br />

exequível. Isso é fundamental para o crescimento<br />

e a competitividade da <strong>em</strong>presa no mercado.<br />

Hoje <strong>em</strong> dia, a <strong>em</strong>presa v<strong>em</strong> crescendo com a<br />

busca de objetivos a curto prazo, mas, quando<br />

chegar a um certo grau de complexidade e de<br />

crescimento, poderá ter dificuldades caso não<br />

tenha adotado essa cultura do planejamento.<br />

A <strong>em</strong>presa está consciente, ou<br />

inconscient<strong>em</strong>ente, buscando uma<br />

profissionalização. É possível, no entanto,<br />

perceber que não está com uma preparação<br />

adequada para isso. O ideal, no momento, seria<br />

elaborar um planejamento para esse processo e,<br />

assim, correr menores riscos de frustração futura.


78<br />

PROFISSIONALIZAÇÃO<br />

Características<br />

Dirigentes com formação e capacitação<br />

idônea.<br />

Buscas estratégicas que proporcionam maior<br />

agilidade e poder competitivo.<br />

Regras e limites, mesmo para proprietários.<br />

Comentário<br />

O nível operacional é bom devido à experiência,<br />

porém, quanto aos processos de administração e<br />

gestão, está deixando a desejar.<br />

É visível a vontade das pessoas <strong>em</strong><br />

profissionalizar a <strong>em</strong>presa. Entretanto, a Unidão<br />

está encontrando barreiras. Isso, como foi<br />

comentado nas entrevistas, pode ser devido ao<br />

fato da direção da <strong>em</strong>presa ser muito<br />

centralizadora/paternalista.<br />

Nota-se que será difícil impor esse tipo de atitude<br />

na Empresa, visto que, muitas vezes, o Conselho<br />

diretivo n<strong>em</strong> expõe ideias por saber que n<strong>em</strong> tudo<br />

será seguido.<br />

Quadro 5 - Profissionalização<br />

Fonte: Elaborado pelo acadêmico<br />

Após a elaboração do Quadro 5 sobre profissionalização, <strong>em</strong> que foram<br />

ressaltados os principais aspectos captados durante as entrevistas com gestores da<br />

Unidão Transportes, a próxima seção é cont<strong>em</strong>plar as considerações finais.


79<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Este trabalho realizado sobre <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es focou mais<br />

especificamente t<strong>em</strong>as como a gestão da <strong>governança</strong> e consequent<strong>em</strong>ente a<br />

profissionalização.<br />

Atualmente o assunto <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es não possui unanimidade<br />

conceitual quanto a sua definição, apresentando divergências entre as opiniões dos<br />

autores estudados neste trabalho. Todavia, sabe-se, conforme conhecimento geral,<br />

que é a organização <strong>em</strong> que o capital pertence a uma família.<br />

O fato de ter escolhido o assunto <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es, deve-se, à grande<br />

importância que essas possu<strong>em</strong> perante a economia mundial, na geração de<br />

<strong>em</strong>prego e renda <strong>em</strong> uma região e <strong>em</strong> um país.<br />

Em relação ao probl<strong>em</strong>a de pesquisa, “como se desenvolv<strong>em</strong> os processos<br />

de gestão da <strong>governança</strong> na <strong>em</strong>presa Unidão e de que maneira esses processos<br />

poderiam ser aprimorados no sentido de otimizar a profissionalização da gestão na<br />

<strong>em</strong>presa”, foi possível saber, entender e aprender esses desafios. Isso porque a<br />

Unidão possui atualmente uma <strong>governança</strong> centralizada/paternalista, <strong>em</strong> que todas<br />

as decisões são informadas para o diretor operacional para que ele as analise.<br />

Notou-se também a pouca atuação do Conselho de família, que não está<br />

executando suas responsabilidades de maneira continua e eficaz. Quanto à<br />

profissionalização da gestão, notaram-se aspectos favoráveis, e outros merecedores<br />

de atenção por parte da cúpula diretiva, pois o mercado exige profissionalização na<br />

gestão da <strong>governança</strong> para que a <strong>em</strong>presa possa continuar alcançando seus<br />

objetivos e assim expandir-se cada dia mais, além de ganhar mais poder<br />

competitivo. Dentro da <strong>em</strong>presa Unidão Transportes, ficou evidente que a <strong>em</strong>presa<br />

está buscando essa profissionalização na sua atual gestão, porém percebeu-se que<br />

há ações ainda configuradas <strong>em</strong> modelo “tradicional” de gestão, ou seja, processos<br />

cristalizados ao longo do t<strong>em</strong>po.<br />

Vale ressaltar que muitas vezes as barreiras encontradas são as mudanças<br />

que deveriam ser realizadas dentro da organização, no entanto, essas mudanças<br />

não são feitas. Acredita-se que o fato de existir uma direção paternalista, prejudica a<br />

<strong>em</strong>presa na questão profissionalização da gestão, todavia, também, é interessante<br />

destacar aqui que o perfil do diretor operacional v<strong>em</strong> mudando aos poucos, ou seja,


80<br />

ele t<strong>em</strong> sido mais aberto às transformações organizacionais propostas pelos<br />

gestores da <strong>em</strong>presa.<br />

A cultura da Unidão é outro ponto que chamou atenção no decorrer deste<br />

trabalho. A <strong>em</strong>presa possui um vinculo muito forte com seus colaboradores, um<br />

aspecto muito positivo para a <strong>em</strong>presa, que conta com a total dedicação e respeito<br />

dos seus funcionários. Porém a falta de planejamento dentro da transportadora é<br />

algo que atrasa os processos de profissionalização de sua gestão, de sua<br />

<strong>governança</strong>.<br />

Com um pouco mais de 40 anos no mercado, o objeto de estudo desse<br />

trabalho pouco pratica um planejamento estratégico. Percebe-se a falta da cultura do<br />

planejamento dentro da organização, o que acredita-se ser um aspecto fundamental<br />

a ser repensado. Os objetivos visados s<strong>em</strong>pre foram os de curto prazo, atualizados<br />

de ano <strong>em</strong> ano, e, ainda assim, a <strong>em</strong>presa está <strong>em</strong> franco crescimento, porém os<br />

esforços para isso são mais dispendiosos.<br />

Sendo assim, a hipótese apresentada no inicio deste trabalho, de certa<br />

forma se confirma, pois se afirmou que apesar de a <strong>em</strong>presa Unidão vir alcançando<br />

crescimento e aumentando sua competitividade no mercado dos negócios, diante de<br />

um mercado à sua disposição, sob o ponto de vista do acadêmico, a <strong>em</strong>presa pode<br />

situar-se <strong>em</strong> um nível mais elevado de des<strong>em</strong>penho organizacional. Isso ocorreria<br />

mediante uma profissionalização mais eficaz da gestão de sua <strong>governança</strong> na<br />

<strong>em</strong>presa.<br />

Mediante a realização deste estudo, verificou-se que a <strong>em</strong>presa está <strong>em</strong><br />

crescimento, porém, s<strong>em</strong> uma gestão profissionalizada e planejamento adequado.<br />

Por isso, é possível sim, que cresça cada vez mais no momento <strong>em</strong> que iniciar<br />

trabalhos mais específicos e organizados, com pessoas ainda mais especializadas e<br />

melhor preparadas tecnicamente. O que poderia ser um diferencial, um “valor”<br />

agregado à gestão da <strong>governança</strong> da Empresa.<br />

O objetivo geral deste trabalho visou analisar os processos de gestão da<br />

<strong>governança</strong> e de profissionalização da <strong>em</strong>presa Unidão Transportes, transportadora<br />

de médio porte que atua no segmento de serviços e está situada na região do Vale<br />

do Sinos (RS). Tinha a finalidade de entender e relacionar a repercussão desses<br />

processos de gestão na realidade organizacional da <strong>em</strong>presa, e assim aconteceu o<br />

acadêmico, que também pertence à família, teve oportunidade de conhecer mais a<br />

<strong>em</strong>presa e alguns dos seus processos de gestão, que não imaginava, mesmo já


81<br />

tendo realizado outros trabalhos na organização. Esse conhecimento deveu-se às<br />

entrevistas não estruturadas realizadas com três m<strong>em</strong>bros da Transportadora,<br />

sendo um diretor geral, o gerente financeiro e o diretor comercial, além de um<br />

acionista.<br />

No que se refere aos objetivos específicos, destaca-se o primeiro objetivo<br />

específico que era conhecer o processo de gestão da <strong>governança</strong> na <strong>em</strong>presa. O<br />

aluno pesquisador teve sucesso, pois conheceu e aprendeu de que maneira a<br />

<strong>em</strong>presa é dirigida pelo diretor operacional e seus acionistas; com relação ao<br />

segundo específico, compreender como ocorre o processo de profissionalização na<br />

<strong>em</strong>presa Unidão, também se obteve sucesso, visto que ela está consciente ou não,<br />

de formar mais aleatória, buscando sua profissionalização, mas sob um enfoque<br />

organizacional desestruturado.<br />

Quanto ao terceiro objetivo específico, que era realizar diagnóstico sobre as<br />

possíveis ações que facilit<strong>em</strong> os processos de gestão da <strong>governança</strong> e de<br />

profissionalização da Unidão visando sua competitividade, ficou claro que a Unidão<br />

precisa antes de tudo, descentralizar sua direção, com a criação de projetos mais<br />

formais, com ou s<strong>em</strong> <strong>familiar</strong>es, que tenham vontade de trabalhar na organização;<br />

isso é algo de extr<strong>em</strong>a importância para inovar a gestão da <strong>governança</strong> na Empresa.<br />

A identificação do perfil do fundador e do atual gestor da Empresa, que tinha<br />

a intenção de verificar aspectos que facilitariam ou dificultariam ações<br />

organizacionais para profissionalização da gestão, foi o quarto objetivo especifico<br />

deste trabalho. Notou-se que a organização atualmente é muito<br />

paternalista/centralizadora, o que dificulta a profissionalização. Outro aspecto que<br />

advém desde os t<strong>em</strong>pos do fundador é o fato do atual gestor ser muito dedicado ao<br />

foco operacional da <strong>em</strong>presa, <strong>em</strong> detrimento de uma gestão mais estratégica.<br />

O último objetivo que visava verificar como a gestão da cultura<br />

organizacional pode contribuir para esses processos da profissionalização da gestão<br />

da Unidão, também foi alcançado. Nesse aspecto, percebeu-se que a <strong>em</strong>presa<br />

possui pontos fortes e fracos relacionados à sua cultura; o aspecto positivo, é que a<br />

<strong>em</strong>presa trata muito b<strong>em</strong> os seus funcionários e, consequent<strong>em</strong>ente, conta com total<br />

respeito e dedicação desses. Já o aspecto negativo, é o fato de a <strong>em</strong>presa ser<br />

dirigida com base <strong>em</strong> modelos tradicionais da administração, sendo muito difícil de<br />

aceitar determinadas mudanças.


82<br />

O presente estudo possibilitou efetiva contribuição para a <strong>em</strong>presa Unidão,<br />

pois o acadêmico t<strong>em</strong> a perspectiva de apresentar o trabalho ao Conselho da<br />

família. No entanto, será preciso um alinhamento com pessoas referenciais para<br />

lidar com o assunto internamente, além de trocar ideias para saber qual o momento<br />

adequado de colocar esse assunto <strong>em</strong> pauta.<br />

Para o acadêmico, o estudo proporcionou excelente aprendizado no que se<br />

refere ao t<strong>em</strong>a <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es. Houve uma aprendizag<strong>em</strong> relevante sobre as<br />

questões de gestão da <strong>governança</strong> e da profissionalização. Sendo assim, conhecer<br />

a maneira como são conduzidos os processos, é muito importante para a busca de<br />

projetos de melhoria que possam ser implantados na organização, com a finalidade<br />

de aprimorar o que se viu estar falho.<br />

Transcorrendo o estudo, destaca-se que houve certa dificuldade com<br />

relação às entrevistas previstas, devido a compromissos de um dos entrevistados,<br />

que estava viajando quando foi realizada a coleta de dados. Porém, o acadêmico foi<br />

desenvolvendo o que tinha já recolhido, <strong>em</strong> termos de dados, e quando o<br />

entrevistado retornou, foi feita a entrevista e as suas respostas catalogadas ao<br />

conjunto de informações colhidas.<br />

A escassez de obras bibliográficas específicas sobre as <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es<br />

é algo que também pode ser visto como uma limitação, considerando o acervo que a<br />

biblioteca da Universidade oferece, além de existir<strong>em</strong> poucas obras disponibilizadas<br />

pelas editoras nacionais.<br />

De modo geral, sugere-se, a continuidade deste estudo através de outras<br />

pesquisas relacionadas às novas práticas de gestão da <strong>governança</strong> e<br />

profissionalização. Além do mais, indica-se que novos estudos sobre <strong>em</strong>presas<br />

<strong>familiar</strong>es sejam realizados, tendo <strong>em</strong> vista a grande importância que esses<br />

<strong>em</strong>preendimentos representam para economia regional, nacional, e por que não<br />

também dizer, internacional.<br />

Para finalizar este trabalho, é oportuno registrar que o estudo sobre<br />

<strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es foi de grande valia para a organização e para a vida pessoal e<br />

profissional do aluno autor, pois esse conseguiu aprender e conhecer mais sobre o<br />

assunto e práticas de gestão nas <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es, sendo possível aplicar<br />

futuramente as teorias lidas e estudadas na própria <strong>em</strong>presa Unidão Transportes.


83<br />

REFERÊNCIAS<br />

ABIQUIM, Departamento técnico. Comissão de transportes. Sist<strong>em</strong>a de Avaliação<br />

de Segurança, Saúde, Meio Ambiente e Qualidade: transporte rodoviário. 2. ed.<br />

revisada e ampliada. Local: São Paulo: ABIQUIM, 2005. 101 p.<br />

ALMEIDA, Flávio de. Como ser um <strong>em</strong>preendedor de sucesso: como fazer a sua<br />

estrela brilhar: transformando energia <strong>em</strong> auto-estima, crise <strong>em</strong> oportunidade, medo<br />

<strong>em</strong> corag<strong>em</strong>. Belo Horizonte, MG: Leitura, 2001. 144 p.<br />

ÁLVARES, Elismar. Governando a <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong>. Rio de Janeiro: Qualitymark,<br />

2003. 160 p.<br />

BARBIERI, Elisa Morganti Bertaso. A Batalha das Herdeiras: na Empresa Familiar.<br />

Porto Alegre, RS: Sagra, 1997. 131 p.<br />

BATEMAN, Thomas S.; SNELL, Scott A. Administração: construindo vantag<strong>em</strong><br />

competitiva. São Paulo: Atlas, 1998. 539 p.<br />

BELDI, Cássio et al. De herdeiro para herdeiro: como se preparar para perpetuar e<br />

ampliar os negócios de sua família. São Paulo: Editora Gente, 2010. 199 p.<br />

BERNHOEFT, Renato; GALLO, Miguel. Governança na <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong>. Rio de<br />

Janeiro: Elsevier, 2003.<br />

______. Como criar, manter e sair de uma sociedade <strong>familiar</strong> (s<strong>em</strong> brigar). 4.<br />

ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2005. 144 p.<br />

BIEHL, Kátia A. A sucessão nas <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es. In: FREZZA, Cleusa Maria<br />

Marques et al. Gestão <strong>em</strong> <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es: discutindo a sucessão e a<br />

profissionalização. Novo Hamburgo: Feevale, 2005, p. 9-36.<br />

BOHNENBERGER, Maria Cristina. Cultura Organizacional. In: FREZZA, Cleusa<br />

Maria Marques et al. Gestão <strong>em</strong> <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es: discutindo a sucessão e a<br />

profissionalização. Novo Hamburgo: Feevale, 2005, p. 47-59.<br />

BORNHOLDT, Werner. Governança na <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong>: impl<strong>em</strong>entação e<br />

prática. Porto Alegre: Bookman, 2005. 182 p.


84<br />

CAMPOS, Alexandre et al. O comportamento <strong>em</strong>preendedor. Porto Alegre: Sulina,<br />

2003. 216 p.<br />

CASILLAS, José Carlos; VÁSQUEZ, Adolfo; DÍAZ, Carm<strong>em</strong>. Gestão da <strong>em</strong>presa<br />

<strong>familiar</strong>: conceitos, casos e soluções. São Paulo: Thomson Learning, 2007. 270 p.<br />

CHÉR, Rogério. Empreendedorismo na veia: um aprendizado constante. Rio de<br />

Janeiro: Elsevier: SEBRAE, 2008. 228 p.<br />

CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo: dando asas ao espírito<br />

<strong>em</strong>preendedor: <strong>em</strong>preendedorismo e viabilização de novas <strong>em</strong>presas: um guia<br />

eficiente para iniciar e tocar seu próprio negócio. 3. ed. rev. e atual. São Paulo, SP:<br />

Saraiva, 2008. 281 p.<br />

CURADO, Fernando. A <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong> a salvo de rupturas. São Paulo: Saint<br />

Paul Editora, 2010. 126 p.<br />

DALLA COSTA, Armando. Sucessão e sucesso nas <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es.<br />

Curitiba: Juruá, 2010. 203 p.<br />

DEGEN, Ronald Jean. O <strong>em</strong>preendedor: fundamentos da iniciativa <strong>em</strong>presarial.<br />

São Paulo: McGraw-Hill, 1989. 368 p.<br />

DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: transformando ideias <strong>em</strong><br />

negócios. Rio de Janeiro: Campus, 2001. 299 p.<br />

FLEURY, Afonso; FLEURY, Maria Tereza L<strong>em</strong>e. Estratégias <strong>em</strong>presariais e<br />

formação de competências: um quebra – cabeça caleidoscópio da indústria<br />

brasileira. São Paulo: Atlas, 2006. 155 p.<br />

FLORIANI, Oldoni Pedro. Empresa <strong>familiar</strong> ou... Inferno <strong>familiar</strong>?. Curitiba: Juruá,<br />

2006. 227 p.<br />

FREITAS, Ernani César de. A Profissionalização da Gestão <strong>em</strong> Empresa Familiar.<br />

In: FREZZA, Cleusa Maria Marques et al. Gestão <strong>em</strong> <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es:<br />

discutindo a sucessão e a profissionalização. Novo Hamburgo: Feevale, 2005, p. 37-<br />

46.<br />

FREITAS, Ernani César de; FREZZA, Cleusa Maria Marques. Gestão e Sucessão<br />

<strong>em</strong> Empresa Familiar. Gestão e Desenvolvimento, Novo Hamburgo, RS, v. 2, n. 1,<br />

p. 31-43, jan. 2005.


85<br />

FREITAS, Ernani César de; SCHMIDT, Serje. Gestão organizacional <strong>em</strong> Empresas<br />

Familiares no Vale dos Sinos/RS. Gestão e Desenvolvimento, Novo Hamburgo,<br />

RS, ano 6, v. 6, n. 1, p. 71-82, jan. 2009.<br />

FREZZA, Cleusa Maria Marques et al. Gestão <strong>em</strong> <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es: discutindo<br />

a sucessão e a profissionalização. Novo Hamburgo: Feevale, 2005. 136 p.<br />

GARCIA, Volnei Pereira. Desenvolvimento de Famílias Empresárias. Rio de<br />

Janeiro, RJ: Qualitymark, 2001. 356 p.<br />

GERSICK et al. De geração para geração: ciclos de vida das <strong>em</strong>presas <strong>familiar</strong>es.<br />

São Paulo, SP: negócio, 1997. 308 p.<br />

GORDON, Grant; NICHOLSON, Nigel. Empresas <strong>familiar</strong>es: seus conflitos<br />

clássicos e como lidar com eles. Barueri, SP: Disal, 2008. 323 p.<br />

HISRICH, Robert D.; PETERS, Michael P. Empreendedorismo. 5. ed. Porto Alegre:<br />

Bookman, 2004. 592 p.<br />

KLEIN, Anderson Felipe; FREITAS, Ernani Cesar de. Governança na Empresa<br />

Familiar: Um estudo de caso sobre Gestão, Profissionalização e Sucessão. Gestão<br />

e Desenvolvimento, Novo Hamburgo, RS, Ano 7, v. 7, n. 1, p. 55-68, jan. 2010.<br />

LEONE, Nilda Maria de Clodoaldo Pinto Guerra. Sucessão na <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong>:<br />

preparando as mudanças para garantir sobrevivência no mercado globalizado. São<br />

Paulo: Atlas, 2005. 198 p.<br />

LODI, João Bosco. O fortalecimento da <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong>. São Paulo: Pioneira,<br />

1989. 139 p.<br />

______. A <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong>. São Paulo: Pioneira, 1993.<br />

______. A ética na <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong>. São Paulo: Pioneira, 1994.138 p.<br />

OLIVEIRA Djalma de Pinho Rebouças de. Estrutura organizacional: uma<br />

abordag<strong>em</strong> para resultados e competitividade. São Paulo: Atlas, 2006. 322 p.<br />

PADULA, Antônio Domingos. Empresa <strong>familiar</strong>: tendências e racionalidades <strong>em</strong><br />

conflito. Passo Fundo, RS: UPF, 2000. 256 p.


86<br />

PASSOS, Édio; BERNHOEFT, Renata; BERNHOEFT, Renato; TEIXEIRA, Wagner.<br />

Família, família, negócios à parte: como fortalecer laços e desatar nós na <strong>em</strong>presa<br />

<strong>familiar</strong>. São Paulo, SP: Gente, 2006. 156 p.<br />

PORTER, Michael E. Vantag<strong>em</strong> competitiva: criando e sustentando um<br />

des<strong>em</strong>penho superior. Rio de Janeiro, RJ: Campus, 1989. 512 p.<br />

PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani César de. Metodologia do<br />

trabalho cientifico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. Novo<br />

Hamburgo: Feevale, 2009. 288 p.<br />

RICCA, Domingos. Da <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong> a <strong>em</strong>presa profissional. São Paulo:<br />

Editora CLA, 1998. 96 p.<br />

ROSA, Felipe; FREITAS, Ernani César de. Empresas Familiares: a complexidade da<br />

continuidade. Gestão e Desenvolvimento, Novo Hamburgo, RS, ano 8, v. 8, n. 1, p.<br />

47-60, jan. 2011.<br />

VIDIGAL, Antonio Carlos. Viva a <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong>! Rio de Janeiro: Rocco, 1996.<br />

132 p.<br />

YIN, Robert K. Estudo de Caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman,<br />

2001. 205 p.


APÊNDICES<br />

87


88<br />

APÊNDICE A - ENTREVISTA APLICADA AOS GESTORES E ACIONISTAS DA<br />

EMPRESA EM ESTUDO<br />

UNIDÃO TRANSPORTES<br />

1) Como a <strong>em</strong>presa foi fundada? Como você define o perfil do fundador ou<br />

principal gestor (atual) da sua <strong>em</strong>presa? Há quanto t<strong>em</strong>po você atua como diretor da<br />

<strong>em</strong>presa?<br />

2) Quantas pessoas são proprietárias da organização? Destas pessoas<br />

proprietárias, quantas trabalham efetivamente na <strong>em</strong>presa e que cargos ocupam?<br />

3) A <strong>em</strong>presa t<strong>em</strong> um plano de promoção e ascensão profissional definido e<br />

organizado? Explique a partir de quais critérios os colaboradores são promovidos.<br />

4) De que maneira ocorr<strong>em</strong> os processos decisórios na <strong>em</strong>presa? Que tipos<br />

de reuniões são realizadas e ocorr<strong>em</strong> <strong>em</strong> que periodicidade? De gestão? De<br />

profissionalização? Comente.<br />

5) O que você entende por profissionalização na <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong>? Você<br />

acredita que a sua <strong>em</strong>presa possui uma gestão profissionalizada? Em caso positivo,<br />

explique como foi o processo e de que forma a <strong>em</strong>presa profissionalizou a gestão.<br />

Em caso negativo, explique porque a <strong>em</strong>presa ainda não profissionalizou sua gestão<br />

(dificuldades).<br />

6) Os <strong>familiar</strong>es que des<strong>em</strong>penham cargos de administração participam de<br />

treinamentos internos? Quais? Participam de treinamentos externos? Quais?<br />

7) Quais habilidades e competências são necessárias para administrar e<br />

prosperar a sua <strong>em</strong>presa? Comente e justifique suas resposta.<br />

8) Existe um planejamento estratégico (processo gerencial que diz respeito à<br />

formulação de objetivos para a seleção de programas de ação e para sua execução)


89<br />

formal e organizado na <strong>em</strong>presa? Explique como ele é. Se não, por que a <strong>em</strong>presa<br />

não.<br />

9) Considerando o aspecto desenvolvimento da Família <strong>em</strong>presária, <strong>em</strong> qual<br />

estágio a <strong>em</strong>presa se encontra? Estágio de jov<strong>em</strong> família <strong>em</strong>presária? Estágio de<br />

expansão/formalização, ou estágio de <strong>em</strong>presa <strong>familiar</strong> complexa (<strong>em</strong>presa com<br />

varias gerações e de propriedade de primos, que atingiu um estágio maduro de<br />

desenvolvimento)?<br />

10) Quais são as principais qualidades que os líderes levam <strong>em</strong><br />

consideração para a contratação de um funcionário? Sendo <strong>familiar</strong> ou não, isso faz<br />

diferença?<br />

11) O que você espera ou como gostaria de ver sua <strong>em</strong>presa no futuro?<br />

Qual o seu objetivo <strong>em</strong>presarial?<br />

12) Considera-se a cultura organizacional como o conjunto de normas<br />

informais que orientam o comportamento dos m<strong>em</strong>bros de uma organização e que<br />

direcionam suas ações para o alcance dos objetivos. Quais aspectos positivos<br />

pod<strong>em</strong> ser percebidos com relação à cultura organizacional da <strong>em</strong>presa no que diz<br />

respeito à gestão e governaça da <strong>em</strong>presa Unidão Transprotes?<br />

13) No seu entendimento, que aspectos relativos à profissionalização da<br />

gestão poderiam ser aprimorados e por quê? Como?<br />

14) Quanto à cultura organizacional, seria necessário mudar traços culturais<br />

que permanec<strong>em</strong> desde a fundação e outros que foram incorporados? Quais<br />

aspectos de cultura organizacional poderiam ser incorporados na <strong>em</strong>presa e por<br />

quê?<br />

15) De que maneira a cultura organizacional pode influenciar no crescimento<br />

da <strong>em</strong>presa? Você acredita que ela possa mesmo ter essa influência?<br />

16) O sist<strong>em</strong>a de gestão e <strong>governança</strong> da <strong>em</strong>presa Unidão Transportes t<strong>em</strong><br />

perfil <strong>em</strong>preendedor? Explique.


90<br />

17) Como a Unidão procura inovar seus processos administrativos sob uma<br />

visão <strong>em</strong>preendedora, no que diz respeito à profissionalização da gestão, à<br />

prestação de serviços e ao atendimento ao cliente? Comente.<br />

18) A Unidão Transportes caracteriza-se como <strong>em</strong>presa competitiva perante<br />

seus concorrentes? Através de que diferenciais? Por quê?<br />

19) O que a <strong>em</strong>presa Unidão poderia aprimorar no seu sist<strong>em</strong>a de gestão e<br />

<strong>governança</strong> <strong>em</strong> relação à competitividade frente ao mercado concorrencial?<br />

Explique.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!