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UNIVERSIDADE FEEVALE ADRIANA BARCELOS HAAG ...

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<strong>UNIVERSIDADE</strong> <strong>FEEVALE</strong><br />

<strong>ADRIANA</strong> <strong>BARCELOS</strong> <strong>HAAG</strong><br />

CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS E AS ENTRELINHAS NO USO DA<br />

INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO<br />

Novo Hamburgo<br />

2012


<strong>ADRIANA</strong> <strong>BARCELOS</strong> <strong>HAAG</strong><br />

CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS E AS ENTRELINHAS NO USO DA<br />

INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO<br />

Trabalho de Conclusão de Curso<br />

apresentado como requisito<br />

parcial à obtenção de grau de<br />

Licenciatura em Pedagogia pela<br />

Universidade Feevale.<br />

Orientadora: Prof.ª Dra. Patrícia Brandalise Scherer Bassani<br />

Novo Hamburgo<br />

2012


<strong>ADRIANA</strong> <strong>BARCELOS</strong> <strong>HAAG</strong><br />

Trabalho de Conclusão do Curso de Licenciatura em Pedagogia, com o título<br />

Concepções pedagógicas e as entrelinhas no uso da informática na educação,<br />

submetido ao corpo docente da Universidade Feevale, como requisito necessário à<br />

obtenção do grau de Licenciada em Pedagogia.<br />

Aprovado por:<br />

_____________________________________________<br />

Prof.ª Dra. Patrícia Brandalise Scherer Bassani<br />

(orientadora)<br />

_____________________________________________<br />

Prof.ª Me. Cristiane Ramos Vieira<br />

(Banca Examinadora)<br />

_____________________________________________<br />

Prof.ª Dra. Débora Nice Ferrari Barbosa<br />

(Banca Examinadora)<br />

Novo Hamburgo, novembro de 2012.


AGRADECIMENTOS<br />

Como já dizia o sábio e eterno inspirador de sonhos, Paulo Freire,<br />

"A liberdade, que é uma conquista, e não uma doação, exige permanente<br />

busca. Busca permanente que só existe no ato responsável de quem a faz.<br />

Ninguém tem liberdade para ser livre: pelo contrário, luta por ela<br />

precisamente porque não a tem. Ninguém liberta ninguém, ninguém se<br />

liberta sozinho, as pessoas se libertam em comunhão."<br />

Agradeço a Deus pela vida e por ter iluminado essa conquista. Intensamente<br />

agradeço a todas as pessoas que fizeram parte dessa minha constante busca por<br />

liberdade.<br />

Agradeço a minha mãe (in memóriam) por ter dedicado a sua vida em prol<br />

de minha primeira formação. Essa dedicação contribuiu, na minha infância, para o<br />

discernimento entre o certo e o errado e na vida adulta na busca pela verdade,<br />

justiça e cidadania, bem como a conquista de sonhos.<br />

Professores, a vocês o meu muito obrigada! Agradeço de maneira especial à<br />

Prof.ª Dra. Patrícia Bassani, minha orientadora, pelo profissionalismo e competência<br />

com o qual conduziu esse trabalho. Muito obrigada pela disponibilidade e apoio, a<br />

mim dedicados. Também agradeço à Prof.ª Dra. Débora Barbosa por participar da<br />

minha banca avaliadora. Por aceitar contribuir com seus saberes.<br />

À Prof.ª Me. Cristiane Ramos, agradeço por ter instigado durante a minha<br />

formação acadêmica, o verdadeiro sentido de ser Pedagoga. Obrigada por me<br />

contagiar com sua garra, competência e a real conquista da liberdade.<br />

Muito obrigada aos meus familiares, em especial ao meu sogro, minha<br />

sogra, minha sobrinha Lanusa e sobrinho Jonatan pelo constante apoio.<br />

Obrigada aos amigos e amigas, pelas palavras de incentivo e os momentos<br />

de descontração vivenciados por nós.<br />

Colegas acadêmicas, obrigada pelo companheirismo, pelas angústias,<br />

alegrias e sonhos compartilhados nesta trajetória.<br />

E a você Ezequiel, obrigada por ter sido o meu porto seguro. Por seu<br />

incentivo, sua força e seu amor. Essa vitória divido contigo.<br />

Agradeço e dedico essa conquista aos meus filhos Maurício, Mônica e<br />

Priscila, Por vocês eu almejei esse sonho, a liberdade.


RESUMO<br />

O presente estudo tem por objetivo geral analisar a articulação entre a<br />

concepção pedagógica da escola e o uso da informática na educação, trata-se de<br />

uma pesquisa de estudo de caso de cunho qualitativo. Na metodologia da pesquisa<br />

utilizou-se como instrumentos de coleta de dados, a análise documental, as<br />

entrevistas semiestruturadas e o diário de observação. O espaço da pesquisa<br />

efetivou-se em três escolas públicas municipais do Vale do Rio dos Sinos e objetivou<br />

analisar como a concepção pedagógica da escola se revela no uso do laboratório de<br />

informática. Neste sentido, o referencial teórico do estudo inicia com o conceito das<br />

concepções epistemológicas empirismo, apriorismo e construtivismo e os referidos<br />

modelos pedagógicos, diretivo, não diretivo e relacional. Na sequência aborda a<br />

relevância do Projeto Político Pedagógico, faz um breve histórico da informática na<br />

educação até os estudos atuais e sobre o seu uso como ferramenta pedagógica. A<br />

revisão bibliográfica teve como aporte diversos autores, entre eles Piaget (1975),<br />

Becker (2001, 2003), Freire(1996, 2000), Vasconcellos (2007, 2009), Veiga (2011),<br />

Nogueira (2012), Papert (2008), Valente (1995, 1999), Tajra (2010), Moran (2012) e<br />

Libâneo (2004).Constatou-se, através da pesquisa alguns entraves técnicos e<br />

pedagógicos no uso do laboratório de informática. Dessa forma,o uso do laboratório<br />

de informática revelou-se parcialmente em consonância com a concepção<br />

pedagógica da escola.<br />

Palavras-chave: Informática na educação. Concepções pedagógicas. Projeto<br />

Político Pedagógico.


ABSTRACT<br />

The present study has the general objective to analize the articulation between<br />

the pedagogical conception of the school and the use of computing in education, it is<br />

a research case study, qualitative. In the methodology of this research was used like<br />

an instrument of data collection, a document analysis, semi-structured interviews and<br />

observation journal. The space of the research was accomplished in three public<br />

schools od Vale do Rio dos Sinos and aimed to analyze how the pedagogical<br />

conception of the school reveals in use of computer lab. In this way, the theoretical<br />

study begins with the concept of epistemological concepts empiricism, constructivism<br />

and apriorism and those pedagogical models, directive, non-directive and relational.<br />

Following discusses the relevance of Pedagogical Political Project. It does a brief<br />

history of computing in education until the current studies and on its use as a<br />

pedagogical tool. The bibliographic revision had like base some authors, including:<br />

Piaget (1975), Becker (2001, 2003), Freire(1996, 2000), Vasconcellos (2007, 2009),<br />

Veiga (2011), Nogueira (2012), Papert (2008), Valente (1995, 1999), Tajra (2010),<br />

Moran (2012) e Libâneo (2004). It is found, through research, some technical and<br />

pedagogical barriers in the use of the computer lab. In this way, the use od the<br />

computer lab proved partly in line with the school's pedagogical conception.<br />

Keywords: Computers in education. Pedagogical conceptions. Political Pedagogical<br />

Project.


SUMÁRIO<br />

INTRODUÇÃO.............................................................................................................8<br />

1 CONCEPÇÕES EPISTEMOLÓGICAS E SUAS IMPLICAÇÕES<br />

PEDAGÓGICAS.....................................................................................................10<br />

1.1 CONCEPÇÃO EPISTEMOLÓGICA EMPIRISTA E SEU MODELO<br />

PEDAGÓGICO DIRETIVO 10<br />

1.2 CONCEPÇÃO EPISTEMOLÓGICA APRIORISTA E SEU MODELO<br />

PEDAGÓGICO NÃO-DIRETIVO........................................................................11<br />

1.3 CONCEPÇÃO EPISTEMOLÓGICA CONSTRUTIVISTA E SEU MODELO<br />

PEDAGÓGICO RELACIONAL...........................................................................12<br />

2 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: LEGITIMANDO O USO DA<br />

INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO...........................................................................15<br />

2.1 A QUESTÃO DA AUTONOMIA NO PPP............................................................17<br />

2. 2 GESTÃO E O PPP.............................................................................................18<br />

2.3 PROFESSOR E O PPP.......................................................................................18<br />

3 COMPUTADOR NA ESCOLA................................................................................20<br />

3.1 TRAÇANDO UM HISTÓRICO DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO: DA<br />

MÁQUINA DE ENSINAR À MÁQUINA DE APRENDER .................................... 22<br />

3.2 SOFTWARES EDUCACIONAIS.......................................................................... 29<br />

3.3 TENDÊNCIAS E ESTUDOS ATUAIS .................................................................. 33<br />

4 METODOLOGIA .................................................................................................... 38<br />

4.1 CONTEXTO DA PESQUISA .............................................................................. 41<br />

5 RESULTADOS E ANÁLISES ................................................................................ 43<br />

5.1 A CONCEPÇÃO PEDAGÓGICA DA ESCOLA, O ESPAÇO DO PROJETO<br />

POLÍTICO PEDAGÓGICO E SUAS IMPLICAÇÕES NO USO DO<br />

LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA.................................................................. 45<br />

5.2 COMPUTADORES NA ESCOLA: SEUS ASPECTOS TÉCNICOS E<br />

PEDAGÓGICOS ................................................................................................ 51<br />

5.3 MODELOS PEDAGÓGICOS E O APRENDIZADO NO USO DO LABORATÓRIO<br />

DE INFORMÁTICA ............................................................................................ 57<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 64<br />

REFERÊNCIAS..........................................................................................................66<br />

APÊNDICES...............................................................................................................70


APÊNDICE A - CRONOGRAMA DA COLETA DE DADOS.......................................70<br />

APÊNDICE B - DIÁRIO DE OBSERVAÇÃO..............................................................71<br />

APÊNDICE C - QUESTÕES NORTEADORAS DA ENTREVISTA<br />

SEMIESTRUTURADA APLICADA AS COORDENADORAS PEDAGÓGICAS..72<br />

APÊNDICE D - QUESTÕES NORTEADORAS DA ENTREVISTA<br />

SEMIESTRUTURADA APLICADA AS PROFESSORAS DO LABORATÓRIO .. 73<br />

APÊNDICE E - QUESTÕES NORTEADORAS DA ENTREVISTA<br />

SEMIESTRUTURADA APLICADA AS PROFESSORAS TITULARES .............. 74


8<br />

INTRODUÇÃO<br />

A abordagem que perpassa as relações de ensino e aprendizagem na<br />

escola, atualmente também vem se constituindo pelo uso da informática. Neste<br />

sentido, compreender, analisar, problematizar e refletir sobre o uso da informática na<br />

educação, torna-se relevante diante da abrangência de suas possibilidades<br />

pedagógicas. Nesta perspectiva, cabe ao campo de atuação da Pedagogia fazer a<br />

relação teoria/prática, a qual é a essência da especificidade do ato de educar.<br />

Dessa maneira, a presente pesquisa almeja investigar em três escolas<br />

públicas municipais de uma cidade do Vale do Rio dos Sinos, como a concepção<br />

pedagógica da escola se revela no uso do laboratório de informática?<br />

Os objetivos específicos visam identificar a concepção pedagógica da<br />

escola, problematizar a articulação da mesma com a prática no laboratório de<br />

informática, conceituar o processo de ensino-aprendizagem neste espaço e<br />

identificar a postura do professor diante da informática na educação<br />

Essa investigação inicia-se por meio de uma revisão teórica de autores<br />

relacionados ao tema de pesquisa. O aporte teórico traz autores como Seymour<br />

Papert, José Valente, Paulo Freire, Celso Vasconcellos, Jean Piaget, Fernando<br />

Becker,José Libâneo, entre outros. Esta etapa constitui-se na base para a reflexão<br />

almejada, onde no primeiro capítulo busca-se conceituar as concepções<br />

epistemológicas e seus modelos pedagógicos.<br />

No segundo capítulo é abordada a relevância do Projeto Político Pedagógico<br />

para a sustentação da concepção pedagógica da escola.<br />

No terceiro capítulo adentra-se nas questões do uso do computador na<br />

escola, traçando um breve histórico de sua inserção na educação e como se<br />

delineou os aspectos pedagógicos nesta trajetória até os tempos atuais. Neste<br />

capítulo também se busca descrever os diversos tipos de softwares educacionais e<br />

suas implicações pedagógicas, e finaliza-se com algumas tendências para o uso do<br />

computador na escola, onde o aprendizado apresenta-se em uma abordagem de<br />

construção do conhecimento e o computador como uma ferramenta pedagógica.


9<br />

No quarto capítulo é descrita a metodologia da pesquisa de caráter<br />

qualitativa. Utilizam-se os instrumentos de análise documental, entrevista semiestruturada<br />

com as coordenadoras pedagógicas, professoras titulares e professoras<br />

do laboratório e um diário de observação das turmas envolvidas na investigação.<br />

Após a imersão no campo empírico e a consequente coleta dos dados, chega<br />

o momento de dialogar e refletir a luz do embasamento teórico que permeia o<br />

presente estudo. Dessa maneira, a partir do quinto capítulo são elencadas três<br />

categorias para análise, a fim de responder ao objeto de pesquisa que moveu e<br />

guiou a construção do ―saber pedagógico‖. A primeira categoria aborda a concepção<br />

pedagógica da escola, o espaço do Projeto Político Pedagógico e suas implicações<br />

no uso do laboratório de informática. A segunda categoria busca compreender os<br />

aspectos técnicos e pedagógicos no uso do computador na escola. A terceira<br />

categoria busca a relação entre os modelos pedagógicos e o aprendizado no uso do<br />

laboratório de informática.<br />

Por último, são feitas as considerações finais, problematizando algumas das<br />

questões elencadas na proposta metodológica dessa pesquisa. Também são<br />

trazidas à discussão novas questões, as quais emergiram durante a pesquisa e na<br />

sua permanente reflexão.


1 CONCEPÇÕES EPISTEMOLÓGICAS E SUAS IMPLICAÇÕES<br />

PEDAGÓGICAS<br />

10<br />

A toda ação pedagógica pressupõe-se uma intencionalidade, essa se<br />

encontra pautada por uma teoria que a sustente. Portanto, entende-se que a prática<br />

pedagógica relacionada ao uso da informática na educação também deve estar<br />

pautada em uma ação teoricamente embasada.<br />

Dessa maneira, torna-se necessário elencar uma concepção epistemológica<br />

para estabelecer essa relação teoria/prática. Portanto, é necessário o prévio<br />

entendimento das teorias: empirismo, apriorismo e construtivismo. Além disso, esta<br />

precisa estar legitimada através do Projeto Político Pedagógico da escola, com o<br />

propósito de sustentar e legitimar todas as práticas ocorridas em âmbito escolar,<br />

com a finalidade de um melhor entendimento sobre as referidas teorias. Este<br />

capítulo apresenta um breve esboço sobre as concepções epistemológicas e suas<br />

implicações pedagógicas a partir dos estudos de Becker (2001).<br />

1.1 CONCEPÇÃO EPISTEMOLÓGICA EMPIRISTA E SEU MODELO<br />

PEDAGÓGICO DIRETIVO<br />

O modelo pedagógico diretivo é sustentado pelo empirismo. Embasado<br />

nesse pressuposto teórico, o professor acaba restringindo a sua atuação na mera<br />

transmissão do conhecimento acumulado pela sociedade e não propõe a<br />

transformação da mesma. Nas palavras de Becker (2001, p.18),<br />

Como se vê, essa pedagogia, legitimada pela epistemologia empirista,<br />

configura o próprio quadro da reprodução da ideologia; reprodução do<br />

autoritarismo, da coação, da heteronomia, da subserviência, do silêncio, da<br />

morte da crítica, da criatividade, da curiosidade.<br />

Nesta perspectiva, a curiosidade, o questionamento e a autonomia do aluno<br />

não tem espaço para serem exercidas. Da mesma forma a bagagem de saberes que


11<br />

possuem os alunos têm pouca importância nesse processo de aprendizagem. Fato<br />

que acaba por não proporcionar uma aprendizagem significativa e construtiva de<br />

conhecimentos adquiridos.<br />

Em uma perspectiva pedagógica diretiva o professor é o detentor do<br />

conhecimento, somente ele é capaz de ensinar algum conhecimento novo ao aluno.<br />

Essa atuação docente é chamada de transmissão do conhecimento. Esse professor<br />

também considera que o aluno desde o seu nascimento, e em todo o posterior<br />

desenvolvimento ―[...] é uma folha de papel em branco; é tábula rasa‖ (BECKER,<br />

2001, p.17). Portanto, todo o conhecimento que esse indivíduo venha a adquirir<br />

durante o seu desenvolvimento e consequente aprendizado, só poderá vir de fora<br />

para dentro. Ou seja, é um aprendiz passivo que nada sabe e somente recebe o<br />

conhecimento, o qual ―[...] vem do meio físico ou social‖ (BECKER, 2001, p.17),<br />

representado pela figura do professor. ―Nesta relação, o ensino e a aprendizagem<br />

são polos dicotômicos: o professor jamais aprenderá e o aluno jamais ensinará‖<br />

(BECKER, 2001, p.19). Nesse sentido o aluno não interage com o seu objeto de<br />

estudo, não há problematização ou reflexão sobre o aprendizado. Novas<br />

aprendizagens jamais serão proporcionadas, a partir dessa relação professor-aluno,<br />

pois tudo o que se precisa aprender já se encontra pré-estabelecido.<br />

1.2 CONCEPÇÃO EPISTEMOLÓGICA APRIORISTA E SEU MODELO<br />

PEDAGÓGICO NÃO-DIRETIVO<br />

A concepção epistemológica que sustenta o modelo pedagógico não diretivo<br />

é o apriorismo. Nesta concepção de teoria do conhecimento, da mesma forma que<br />

na diretiva o aprendizado, o questionamento e a reflexão acabam sucumbindo.<br />

Entretanto, no apriorismo o conhecimento, a priori, já está previsto e nesta relação<br />

de ensino-aprendizado o professo torna-se impossibilitado de ensinar e o aluno<br />

torna-se o único meio da aprendizagem. Nas palavras de Becker (2001, p.22) ―o<br />

aluno (A), pelas suas condições prévias, determina a ação – ou inanição – do<br />

professor (P)‖. Dessa forma cada aluno vai ter o aprendizado que estiver inscrito


12<br />

hereditariamente em si, tornando esse processo excludente e omisso, pois ―O aluno<br />

guindado a um status que ele não tem nem poderia sustentar, e sua nãoaprendizagem<br />

explicada como déficit herdado, impossível, portanto, de ser<br />

superado‖ (BECKER, 2001, p. 22 e 23).<br />

Portanto, em uma concepção apriorista, a relação ensino e aprendizagem<br />

ficam impossibilitadas de acontecer, pois ao professor é negada a essência da<br />

docência e ao aluno lhe é atribuído a responsabilidade por seu próprio aprendizado.<br />

Na pedagogia não-diretiva, compreende-se que o professor deve interferir o<br />

menos possível no aprendizado do aluno. Se na pedagogia diretiva era o meio que<br />

determinava o aprendizado do aluno, neste modelo é a bagagem hereditária do<br />

aluno que pré determina o aprendizado. Nas palavras de Becker (2001), ―Tudo está<br />

previsto. É suficiente proceder a ações quaisquer para que tudo aconteça em termos<br />

de conhecimento‖(p.20). Este tipo de modelo pedagógico acaba por renunciar a<br />

ação docente.<br />

1.3 CONCEPÇÃO EPISTEMOLÓGICA CONSTRUTIVISTA E SEU MODELO<br />

PEDAGÓGICO RELACIONAL<br />

A epistemologia que sustenta o modelo pedagógico relacional é o<br />

construtivismo. O processo de ensino e aprendizagem ocorre de forma mútua e<br />

reflexiva, tanto o aluno aprende, quanto o professor. Neste sentido Becker (2001, p.<br />

27) escreve que ―O professor construirá, a cada dia, a sua docência, dinamizando<br />

seu processo de aprender. Os alunos construirão, a cada dia, a sua ‗discência‘,<br />

ensinando, aos colegas e ao professor, novas coisas, noções, objetos culturais‖.<br />

Este pressuposto teórico é a base para uma efetiva construção do<br />

conhecimento transformador, pois o aluno tem condição de agir sobre o seu meio<br />

físico e social, sendo capaz de criar novos conhecimentos a partir do que já sabe.<br />

Nas palavras de Becker (2001), ―essa sala de aula não reproduz o passado pelo<br />

passado, mas debruça-se sobre o passado porque aí se encontra o embrião do<br />

futuro‖ (p.28). Dessa forma, o aluno é capaz de pensar criticamente, problematizar,


13<br />

refletir tornando-se capaz de compreender e transformar na realidade a qual está<br />

inserido e o professor passa a ser o agente mediador dessa transformação.<br />

Nesta abordagem pedagógica relacional, o professor procura desafiar os<br />

alunos a partir de atividades que tenham significado no contexto vivido por eles. O<br />

professor planeja atividades nas quais os alunos possam explorar os materiais e<br />

torna-se o mediador dos questionamentos, das hipóteses e das problematizações<br />

das atividades realizadas. Dessa forma os alunos têm espaço para inferir o que<br />

pensam sobre o assunto, agindo sobre esse novo conhecimento, e o professor tem<br />

condições de conhecer o que o seu aluno sabe sobre aquele conteúdo, a fim de<br />

planejar as próximas atividades. Neste sentido, Becker (2001, p.23) afirma ―[...] que<br />

o aluno só aprenderá alguma coisa, isto é, construirá algum conhecimento novo, se<br />

ele agir e problematizar a sua ação‖.<br />

Neste processo de aprendizagem o professor não acredita na transferência<br />

do conhecimento, nem no aluno tábula rasa da concepção empirista. Tampouco no<br />

absolutismo pré-determinante da bagagem hereditária do aluno na concepção<br />

apriorista. Em conformidade Becker escreve que ―Para Piaget, mentor por<br />

excelência de uma epistemologia relacional, não se pode exagerar a importância da<br />

bagagem hereditária nem a importância do meio social‖ (2001, p.25). O que<br />

desencadeia o conhecimento nesta abordagem é a sua construção. Nesta<br />

perspectiva, todo o conhecimento que o aluno tenha previamente serve de patamar<br />

para novos conhecimentos. Os quais, não se constituem pela transferência dos<br />

conhecimentos, mas sim pela ação do sujeito sobre o meio físico e social, ―portanto,<br />

a aprendizagem é, por excelência, construção; ação e tomada de consciência da<br />

coordenação das ações‖ (BECKER, 2001, p.24).Este modelo pedagógico é<br />

constituído pela ação e interação do sujeito com o meio, a partir também dos seus<br />

conhecimentos prévios, a fim de construir um novo conhecimento.Nesta perspectiva<br />

de obtenção do conhecimento, Piaget (1975, p.336) destaca que,<br />

[...] pode-se conceber a inteligência como o desenvolvimento de uma<br />

atividade assimiladora cujas leis funcionais são dadas a partir da vida<br />

orgânica e cujas sucessivas estruturas que lhe servem de órgãos são<br />

elaboradas por interação dela própria com o meio exterior.<br />

Portanto, a gênese do conhecimento está no próprio indivíduo e se constrói<br />

através do processo de assimilação (BECKER, 2001) explica que ―[...] consiste em


14<br />

atividade transformadora exercida sobre o objeto (p.84)‖. A adaptação ―[...]em<br />

atividade transformadora do sujeito sobre si mesmo, para atender aos desafios<br />

vindos do objeto (p.84)‖. A busca ativa pelo equilíbrio entre esses dois processos<br />

acontece através da equilibração. Dessa maneira, entende-se que o processo de<br />

conhecimento, ou seja, o aprendizado se dá somente através da ação do sujeito,<br />

não é passível de ser ensinado, mas sim de ser apreendido.<br />

Com base na compreensão dos referidos pressupostos teóricos é possível<br />

elencar uma teoria para sustentar o trabalho pedagógico na escola. Isso deve estar<br />

legitimado pelo Projeto Político Pedagógico, descrito no próximo capítulo.


2 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: LEGITIMANDO O USO DA<br />

INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO<br />

15<br />

O Projeto Político Pedagógico deve ser compreendido como um norteador<br />

das ações desenvolvidas na escola, conforme Vasconcellos (2009),<br />

O projeto Político-Pedagógico é o plano global da instituição. Pode ser<br />

entendido como a sistematização, nunca definitiva, de um processo de<br />

planejamento participativo, que se aperfeiçoa e se objetiva na caminhada,<br />

que define claramente o tipo de ação educativa que se quer realizar, a partir<br />

de um posicionamento quanto à sua intencionalidade e de uma leitura da<br />

realidade (p.17).<br />

Neste sentido, adquire o conceito de um documento de manifestação<br />

coletiva e política dos sujeitos envolvidos: direção, coordenação, professores,<br />

alunos, funcionários e comunidade escolar, capaz de construir a identidade da<br />

escola. Revela em seu significado mais explícito, as necessidades, anseios,<br />

possibilidades e planos de ação no âmbito escolar; o qual também é capaz de<br />

proporcionar a transformação de uma determinada realidade. Nas palavras de Veiga<br />

(2011, p.13),<br />

O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional, com um<br />

sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente. Por isso<br />

todo projeto pedagógico da escola é, também, um projeto político por estar<br />

intimamente articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses<br />

reais e coletivos da população majoritária.<br />

Dessa maneira, o Projeto Político Pedagógico assume sua dimensão<br />

político-pedagógica, buscando planejar e agir criticamente em uma determinada<br />

realidade, visando a interação e a transformação dos sujeitos envolvidos neste<br />

contexto escolar. Conforme Vasconcellos (2009),<br />

Ora, entendemos que o projeto é justamente a ferramenta, o instrumento, a<br />

mediação que propiciará a mudança, já que esta é sua essência, qual seja,<br />

no processo de hominização, o ato de planejar se coloca como a<br />

manifestação da inconformidade dos nossos remotos antepassados com<br />

aquilo que estava dado; planejar, portanto, na sua gênese, poderia ser<br />

considerado outro nome de transformar. Cabe resgatar este sentido<br />

primordial (p.27).<br />

O Projeto Político Pedagógico surge mediante o desejo de mudança, desejo<br />

de melhorar algo ou de aperfeiçoar, só se planeja quando se deseja alcançar algum


16<br />

objetivo ou transformar algo já existente. Constitui-se em um documento que é<br />

organizado em três grandes partes: Marco Referencial, Diagnóstico e Programação,<br />

as quais se encontram articuladas entre si (VASCONCELLOS, 2007).<br />

O Marco Referencial é a parte da elaboração do Projeto Político Pedagógico<br />

que propõe a tomada de decisão epistemológica. Primeiramente pela leitura da<br />

realidade geral (Marco Situacional), por seguinte o ideal geral (Marco filosófico) e por<br />

último o ideal específico (Marco Operativo). ―Expressa o ‗rumo‘, o horizonte, a<br />

direção que a instituição escolheu, fundamentado em elementos teóricos da filosofia,<br />

das ciências, da fé. Implica, portanto em opção e fundamentação‖<br />

(VASCONCELLOS, 2007, p.182).<br />

Portanto, é necessário que tanto a direção, a coordenação e os professores<br />

tenham o devido conhecimento das concepções epistemológicas e suas implicações<br />

pedagógicas, a fim de embasar com firmeza essa construção. Ideia que Veiga<br />

(2011) sustenta,<br />

[...] necessitamos de um referencial que fundamente a construção do<br />

projeto político-pedagógico. A questão é, pois, saber a qual referencial<br />

temos que recorrer para a compreensão de nossa prática pedagógica.<br />

Nesse sentido, temos que nos alicerçar nos pressupostos de uma teoria<br />

pedagógica crítica viável, que parta da prática social e esteja<br />

compromissada em solucionar os problemas da educação e do ensino de<br />

nossa escola (p.14).<br />

Trata-se de trabalhar na construção de um Projeto Político Pedagógico<br />

imerso na realidade da escola, para tanto é preciso ter um diagnóstico do contexto<br />

escolar.<br />

O Diagnóstico se constitui ―[...] no sentido mais preciso de localização das<br />

necessidades da instituição, [...]‖. (VASCONCELLOS, 2007, p.188). Em um primeiro<br />

momento é necessário conhecer essa realidade através da pesquisa e da<br />

consequente análise dos problemas ou desafios gerados nesse contexto. No<br />

segundo momento se faz o julgamento da realidade, a partir da escolha do<br />

referencial. Nesta etapa o ideal e o real entram em confronto, entre o que se deseja<br />

alcançar e o que vem sendo realizado, este processo acaba por constituir a<br />

identidade da escola.<br />

Após conhecer e julgar a realidade é o momento de localizar as<br />

necessidades da escola.


17<br />

A parte da Programação constitui um ―[...]conjunto de ações concretas<br />

assumido pela instituição, naquele espaço de tempo previsto no plano, que tem por<br />

objetivo superar as necessidades identificadas‖. (VASCONCELLOS, 2007, p.194).<br />

Esse conjunto de ações almeja viabilizar que o ideal estabelecido no planejamento<br />

aconteça no real da escola.<br />

2.1 A QUESTÃO DA AUTONOMIA NO PPP<br />

Com o intuído de elaborar um Projeto Político Pedagógico significativo, a<br />

escola precisa ter autonomia juntamente com os demais envolvidos nessa realidade.<br />

Conforme escreve Veiga (2011), ―A principal possibilidade de construção do projeto<br />

político pedagógico passa pela relativa autonomia da escola, de sua capacidade de<br />

delinear sua própria identidade‖ (p.14). Este princípio também está expresso no art.<br />

15 da LDB,<br />

Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de<br />

educação básica que os integram progressivos graus de autonomia<br />

pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas<br />

gerais de direito financeiro público (BRASIL, 1996).<br />

Entretanto, a autonomia somente é vivenciada se a escola e sua<br />

comunidade pensar em um Projeto Político Pedagógico a partir de uma construção<br />

da identidade desse local, e não como uma determinação ou obrigação do sistema<br />

educacional (VASCONCELLOS, 2007). Ao mesmo tempo em que relativamente é<br />

atribuída à escola a autonomia administrativa e pedagógica, lhe é cobrada a<br />

responsabilidade pelos sucessos ou insucessos escolares.<br />

Para Alonso, (2003) a autonomia escolar passa pelo prisma da autonomia<br />

relacional, por ser um órgão pertencente a um sistema de ensino, ―[...] portanto,<br />

mesmo reconhecendo a identidade de uma escola ao permitir que ela apresente o<br />

seu Projeto Político Pedagógico, o sistema escolar estabelece condições e limites<br />

para a sua execução‖. (2003 p.85). Dessa forma, a autonomia da escola torna-se<br />

relativa, pois a mesma está interligada a um sistema maior que é regido por normas<br />

e regras gerais administrativas, pedagógicas e financeiras.


18<br />

2.2 GESTÃO E O PPP<br />

Diante dessa permanente construção da autonomia da escola, o papel do<br />

gestor torna-se fundamental para propiciar um espaço aberto a problematizações e<br />

reflexões acerca da elaboração do Projeto Político Pedagógico. O gestor é um<br />

articulador e mediador das necessidades da comunidade escolar com o sistema da<br />

educação, onde a autonomia escolar é passível de ser conquistada mediante a<br />

capacidade da gestão escolar, que busque ―[...] aumento de flexibilidade, alterações<br />

no sistema de controle e desburocratização dos processos administrativos,<br />

tornando-os mais adequados àquela realidade escolar‖ (ALONSO, 2003, p.87).<br />

O trabalho coletivo é fundamental nesse processo de autonomia da escola e<br />

também é compreendido como parte da atuação do gestor. De acordo com Alonso<br />

(2003), ―O trabalho coletivo é uma meta a ser perseguida pelos dirigentes escolares<br />

uma vez que a tarefa de educar, mais que qualquer outra, é construída por uma<br />

ação conjunta dos vários personagens que atuam nesse processo‖ (p.100). Nesta<br />

perspectiva, um ambiente de trabalho que propicie a reflexão, a problematização e a<br />

troca de saberes, torna-se um ambiente rico em aprendizagens.<br />

2.3 PROFESSOR E O PPP<br />

Seguindo o entendimento que o Projeto Político Pedagógico norteia toda a<br />

ação educativa, a atuação docente também fica mediada pelos pressupostos<br />

descritos nesse documento. De acordo com Bussmann (2011, p.38), ―Em primeiro<br />

lugar o projeto político delineia de forma coletiva a competência principal esperada<br />

do educador e de sua atuação na escola‖. Entende-se, dessa forma, a necessidade<br />

do professor refletir constantemente sobre a relação da teoria com a prática em sua<br />

ação docente. Analisando, questionando e problematizando se a sua prática está de<br />

acordo com a proposta descrita no Projeto Político Pedagógico. O professor ao


19<br />

assumir essa postura docente e reflexão passa a compreender a relevância do<br />

Projeto Político Pedagógico como norteador do desenvolvimento de seu trabalho na<br />

escola.<br />

Portanto, à medida que o Projeto Político Pedagógico orienta todas as ações<br />

da escola, cabe esclarecer que o uso do computador também deve ficar a crivo de<br />

uma proposta de trabalho descrita nesse documento, a fim de legitimar o uso da<br />

informática na educação. Dessa forma, os professores elencam uma proposta<br />

pedagógica de aprendizagem fazendo uso dessa tecnologia, à luz da concepção<br />

epistemológica prevista no documento orientador.<br />

No próximo capítulo será abordado o uso dessa tecnologia como uma<br />

ferramenta pedagógica capaz de proporcionar a construção do conhecimento.


20<br />

3 COMPUTADOR NA ESCOLA<br />

Para compreender a dimensão que o uso do computador pode alcançar no<br />

ambiente escolar se faz necessário esclarecer que o aprendizado é um processo de<br />

ação interligada e contínua das vivências dos alunos em meio a essas tecnologias<br />

também. De acordo com Costas (2003), ―tecnologias são os meios, os apoios, as<br />

ferramentas que utilizamos para que os alunos aprendam‖ (p.153). Ideia que Moran<br />

(2012) partilha, ―Sem dúvida as tecnologias nos permitem ampliar o conceito de<br />

aula, de espaço e tempo, de comunicação audiovisual, e estabelecer pontes novas<br />

entre o presencial e o virtual [...]‖ (p.12). Porém, o uso dessas tecnologias aplicadas<br />

a educação, precisam estar imersas em uma proposta que vise a relação ensinoaprendizagem.<br />

Esta perspectiva de educação está imersa na chamada Sociedade<br />

do Conhecimento (TAJRA, 2010), onde há uma diversidade de informações,<br />

entretanto cabe criar estratégias de seleção dessas informações e transformá-las<br />

em conhecimento. Dessa forma, o uso do computador na escola, torna-se uma<br />

ferramenta 1 capaz de proporcionar uma escola integrada na formação de um aluno<br />

ativo, crítico e capaz de agir sobre o seu objeto de conhecimento, conforme Valente<br />

(1999, p.37),<br />

[...] a mudança pedagógica que pretendemos não é passível de ser<br />

resolvida com uma solução mágica, com a compra de equipamentos<br />

sofisticados. Essa mudança é muito mais complicada e os desafios são<br />

enormes. Porém, se eles não forem atacados com todos os recursos e<br />

energia que nós, educadores, dispomos, corremos o risco de ter que nos<br />

contentar em trabalhar em um ambiente obsoleto e em descompasso com a<br />

sociedade atual.<br />

Dessa maneira, a escola almeja meios técnicos e pedagógicos adequados<br />

para essa proposta do uso do computador como uma ferramenta pedagógica. Ao<br />

encontro dessa proposta, o governo federal vem desenvolvendo diversas ações<br />

1 Neste estudo será utilizado o conceito de ferramenta pedagógica para se referir a uma abordagem<br />

didática na qual o computador possibilita a construção do aprendizado por meio dos recursos<br />

tecnológicos dispostos neste equipamento (VALENTE, 1999).


21<br />

referentes ao uso dos computadores nas escolas. No site do governo federal<br />

http://www.mec.gov.br/ encontram-se algumas dessas ações, onde o PROINFO 2<br />

destaca-se por sua maior abrangência junto às escolas. Também ganha destaque o<br />

projeto piloto PROUCA 3 , que vem sendo desenvolvido em alguns municípios<br />

brasileiros.<br />

Articulado a essas ações, o uso das tecnologias nas escolas propõe uma<br />

abordagem didático-pedagógico de construção do conhecimento. A formação dos<br />

professores orienta-se para a relação técnica e pedagógica no uso do computador.<br />

Também neste novo contexto da educação, o conhecimento é compreendido pelo<br />

viés do aprendizado, o qual se dá através dos conhecimentos prévios e da ação e<br />

interação do sujeito com o meio. Esta questão do conhecimento com enfoque no<br />

aprendizado, também apareceu no documento da UNESCO 4 (2000), que descreve<br />

os quatro pilares para a educação do século XXI,<br />

[...] a comissão presidida por J. Delors chegou à conclusão de que a<br />

educação deve ser organizada com base em quatro princípios-pilares do<br />

conhecimento que são: Aprender a Conhecer, Aprender a Viver Juntos,<br />

Aprender a Fazer e Aprender a Ser...(WERTHEIN e CUNHA, p.22).<br />

Em conformidade com essa proposta de construção do conhecimento, o uso<br />

do computador apresenta-se como uma eficiente ferramenta pedagógica passível de<br />

construir o conhecimento. De acordo com Valente (1995, p.2), ―O ensino pelo<br />

computador implica que o aluno, através da máquina, possa adquirir conceitos sobre<br />

praticamente qualquer domínio‖.<br />

Evidentemente o investimento de equipamentos e suporte técnico no uso do<br />

computador na escola é fundamental, entretanto deve estar associado ao fazer<br />

pedagógico. O computador não deve ser visto como um fim para o trabalho<br />

pedagógico eficiente, porém como meio de uma prática pedagógica que almeje a<br />

construção do conhecimento. Neste rumo, almeja-se que professores e alunos<br />

2 Programa Nacional de Tecnologia Educacional, constitui-se na implantação de laboratórios de<br />

informática, mediante a instalação técnica de computadores e acesso a internet nas escolas públicas<br />

rurais, com mais de 50 alunos, e, nas escolas públicas urbanas com mais de 100 alunos.<br />

3 Programa Um Computador por aluno. Esse programa consiste na distribuição de um computador por<br />

aluno.<br />

4 Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.


22<br />

possam refletir e agir criticamente perante o uso do computador, bem como dos<br />

recursos de pesquisa, comunicação e informação que a internet possa proporcionar.<br />

Esta intenção também se encontra descrita no programa de ações da<br />

UNESCO, junto ao Brasil, planejadas para o período de 2011 / 2012,<br />

[...] a aplicação e o desenvolvimento das TICs na área de educação<br />

ocorrem por meio da capacitação inicial e continuada de professores e da<br />

cooperação internacional. Objetiva-se, com isso, a troca de experiências no<br />

enfrentamento de enormes desafios postos pela introdução das TICs na<br />

educação, sobretudo com relação à avaliação das estratégias em curso<br />

(p.38).<br />

Esta proposta propõe tanto uma constante formação do professor mediante<br />

as novas tecnologias da informação e comunicação, como para uma atuação<br />

pedagógica imersa nesse contexto. A UNESCO, também estabelece a necessidade<br />

de implantação, manutenção, suporte técnico, pedagógico e o devido<br />

acompanhamento para que esse recurso na educação seja assegurado. Entretanto,<br />

desenvolver seu uso com fundamentação epistemológica é o fio condutor dessa<br />

prática pedagógica.<br />

educativo.<br />

A seção a seguir apresenta um histórico do uso do computador no contexto<br />

3.1 TRAÇANDO UM HISTÓRICO DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO: DA<br />

MÁQUINA DE ENSINAR À MÁQUINA DE APRENDER<br />

Os primeiros ensaios do uso da informática na educação tiveram suas bases<br />

no ensino através das máquinas (VALENTE, 1995). Em 1924 Dr. Sidney Pressey<br />

inventou uma máquina que corrigia testes de múltipla escolha e, no início de 1950,<br />

B.F.Skinner, idealizou a máquina de ensinar. Ao utilizar-se dessa máquina o aluno<br />

tem acesso ao conteúdo a ser ensinado de forma linear e sequencial. Ao final da<br />

explicação de cada conteúdo, denominado módulo, o aluno deve responder a uma<br />

questão em um espaço em branco ou escolher uma das respostas de múltipla<br />

escolha. Dessa maneira o resultado é obtido de forma imediata. Ao acertar, o aluno<br />

passa para o próximo módulo. Caso tenha errado, a resposta pode ser fornecida


23<br />

pela máquina ou o aluno pode rever o conteúdo em outros módulos que possam lhe<br />

ajudar. O uso dessa máquina configura-se na reprodução da concepção empirista<br />

de educação. Sua aplicação pedagógica é reproduzir o professor atuante do modelo<br />

pedagógico tradicional.<br />

Dessa forma, em meados dos anos 50 os computadores começaram a ser<br />

usados na educação, juntamente com o início de sua comercialização, inicialmente<br />

usados, em 1958, como máquinas de ensinar. ―Essa abordagem tem suas raízes<br />

nos métodos de instrução programada tradicionais porém, ao invés do papel ou do<br />

livro, é usado o computador‖. (VALENTE, 1995, p.2). Nesta abordagem, idealizada<br />

por Skinner, o uso do computador na educação visava armazenar informações e<br />

transmiti-las aos alunos, enraizada na teoria tradicional de aprendizagem, sendo<br />

apresentada através dos softwares tutoriais e de exercício-e-prática (VALENTE,<br />

1995).<br />

Dessa forma, a inserção da informática na educação, delineou-se<br />

inicialmente embasada na concepção de aprendizagem empirista. Essa teoria<br />

embasava a grande maioria dos modelos pedagógicos da época. Por esse motivo o<br />

início do uso do computador nas escolas não causou grandes mudanças no<br />

processo de ensino-aprendizagem.<br />

A informática na educação do Brasil iniciou na década de 1970, com alguns<br />

educadores das Universidades brasileiras, influenciados sobre o que já vinha<br />

acontecendo nos EUA e na França. De acordo com Valente (1999), nos EUA eram<br />

realizadas pesquisas sobre informática na educação e as decisões referentes a sua<br />

implantação ficavam a cargo de cada escola. Ou seja, tratava-se de um governo<br />

descentralizado e as decisões do trabalho pedagógico obedeciam as necessidades<br />

de mercado. A informática nesse contexto estava voltada para desenvolver<br />

habilidades e a transmitir informações. Por outro lado, na França as decisões eram<br />

centralizadas e obedeciam às ordens governamentais, os interesses eram a<br />

disseminação da cultura do uso da informática no país.<br />

Entretanto, diferentemente desses países, a inserção da informática em<br />

nosso país refletiu em uma proposta de mudança pedagógica no ensino escolar,<br />

(VALENTE, 1999), ―No nosso programa, o papel do computador é o de provocar<br />

mudanças pedagógicas profundas, em vez de "automatizar o ensino" ou preparar o<br />

aluno para ser capaz de trabalhar com a informática‖ (p.8). No Brasil os estudos e


24<br />

pesquisas voltados para o uso da informática na educação aconteceram a partir de<br />

uma relação direta das Universidades com as escolas públicas. As universidades<br />

pioneiras em estudos nessa área foram a Universidade Federal do Rio de Janeiro<br />

(UFRJ), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Federal do<br />

Rio Grande do sul (UFRGS). Este processo de implantação e desenvolvimento da<br />

informática reuniu um grupo de técnicos e pesquisadores da área, onde o governo,<br />

representado pelo Ministério da Educação e da Cultura (MEC), ocupava-se somente<br />

em acompanhar, viabilizar e implantar as decisões do grupo de profissionais.<br />

As pesquisas e ações dessa área passaram a delinear uma possibilidade de<br />

mudança pedagógica na relação de ensino-aprendizagem tradicional das escolas.<br />

Essa abordagem tradicional é pautada pela transmissão do conhecimento<br />

acumulado, em que o aluno deve adquirir uma postura passiva, pois este nada sabe<br />

e muito lhe precisa ser ―ensinado‖.<br />

Contrária a essa abordagem, o uso do computador nas escolas trás uma<br />

proposta de construção do conhecimento, embasada na teoria Piagetiana do<br />

conhecimento. Nesta abordagem relacional, o aluno interage ativamente na<br />

construção do conhecimento, pois é um sujeito em constante ―aprendizado‖.<br />

O teórico Papert (2008) também aborda essas duas concepções de uso do<br />

computador na educação. Faz referência ao termo ―instrucionismo‖ como uma forma<br />

tradicional de aprendizado. E ao termo ―construcionismo‖ com uma abordagem<br />

relacional de aprendizado. Nas palavras de Papert (2008, p.137), ―[...] o<br />

construcionismo, minha reconstrução pessoal do construtivismo, apresenta como<br />

principal característica o fato de examinar mais de perto do que outros ismos<br />

educacionais a ideia da construção mental.‖ Nesta perspectiva, o uso do computador<br />

se apresenta como uma ferramenta pedagógica de construção do conhecimento.<br />

Dessa forma, imerso em uma concepção pedagógica construtivista,o Brasil<br />

buscou traçar seus próprios caminhos rumo à informática na educação. Para uma<br />

melhor compreensão dessa caminhada, serão descritas algumas das principais<br />

ações de inserção da informática na educação do Brasil, de acordo com TAJRA


25<br />

(2010), VALENTE (1999), NASCIMENTO (2007) e o site do Ministério da Educação<br />

e da Cultura. 5<br />

Em 1971, na Universidade Federal de São Carlos (SP), aconteceu um<br />

Seminário intensivo sobre o uso de computadores no ensino de Física, ministrado<br />

por Huggins, especialista da Universidade de Dartmouth (EUA). No Rio de Janeiro<br />

ocorreu a Primeira Conferência Nacional de Tecnologia em Educação Aplicada ao<br />

Ensino Superior (I CONTECE).<br />

Em 1972, foi criada a CAPRE, (Coordenação de Atividades de<br />

Processamento Eletrônico), com o objetivo de gerenciar as políticas governamentais<br />

da área.<br />

No ano de 1973, na UFRJ, o Núcleo de Tecnologia Educacional para a<br />

Saúde e o Centro Latino-Americano de Tecnologia Educacional (Nutes/Clates) usou<br />

software de simulação no ensino de Química. Na UFRGS realizaram-se algumas<br />

experiências, usando simulação de fenômenos de Física com alunos de graduação.<br />

Em 1975, na Unicamp, um grupo de pesquisadores, coordenados pelo<br />

professor Ubiratan d‘Ambrósio, do Instituto de Matemática, Estatística e Ciências da<br />

Computação, escreveram o documento ―Introdução de Computadores nas Escolas<br />

de 2o Grau‖, financiado pelo acordo do MEC com o Banco Interamericano de<br />

Desenvolvimento (BID), mediante convênio com o Programa de Reformulação do<br />

Ensino (Premen)–MEC, existente na época. A Unicamp recebeu a visita dos<br />

cientistas da informática Seymour Papert e Marvin Minsky, com uma abordagem de<br />

construção do conhecimento em informática, disseminando a linguagem LOGO 6 .<br />

Em 1976 um grupo de pesquisadores da Unicamp visita o MEDIA-Lab do<br />

Instituto de Tecnologia de Massachusetts nos Estados Unidos MIT/EUA. Na<br />

Unicamp, um grupo interdisciplinar das áreas de computação, linguística e psicologia<br />

educacional, dão início às primeiras pesquisas sobre o uso de computadores na<br />

educação, utilizando a linguagem LOGO. Papert e Minsky retornaram ao Brasil para<br />

5 www.mec.gov.br<br />

6 Linguagem de Programação que propõe o ensino através do computador como meio de<br />

desenvolvimento do processo de aprendizagem pelo aluno.


26<br />

ministrar seminários e participar das atividades do grupo de pesquisa sobre o uso de<br />

LOGO em Educação.<br />

Em 1979 é extinta a CAPRE e criada a SEI (Secretaria Especial de<br />

Informática), ligada ao Conselho Nacional de Segurança, causando<br />

questionamentos sobre o seu vínculo com a ditadura militar.<br />

No ano de 1981, acontece em Brasília, o I Seminário Nacional de Informática<br />

na Educação, coordenado pela SEI, MEC e CNPq.<br />

No ano seguinte, 1982, ocorre o II Seminário Nacional de Informática na<br />

Educação, em Salvador.<br />

Em 1983 é criada a CE/IE (Comissão Especial de Informática na Educação),<br />

ligada à SEI, CSN e à Presidência da República, com a função de fomentar a<br />

inserção dos computadores nas escolas públicas.<br />

Neste mesmo ano o governo implanta o Projeto Educom (Educação com<br />

computadores), primeira ação oficial e concreta para levar os computadores até as<br />

escolas. Esta proposta é um marco na inserção dos computadores nas escolas<br />

como ferramenta pedagógica embasada no construtivismo. Nesta abordagem,o<br />

aluno constrói seu conhecimento de maneira ativa e lúdica, a partir da sua ação e<br />

interação de qualidade com o meio, neste caso utilizando-se dos recursos<br />

proporcionados pelo computador, de acordo com Valente (1995, p.13),<br />

Segundo esta modalidade o computador não é mais o instrumento que<br />

ensina o aprendiz, mas a ferramenta com a qual o aluno desenvolve algo, e,<br />

portanto, o aprendizado ocorre pelo fato de estar executando uma tarefa por<br />

intermédio do computador.<br />

Em 1984 foi aprovada a Lei de Informática (lei n. 7.232), impondo restrições<br />

ao capital estrangeiro, e tornando legal a aliança do Estado com o capital privado<br />

nacional no enfrentamento dos interesses externos. A reserva de mercado deveria<br />

durar oito anos, até que as indústrias nacionais pudessem competir com a produção<br />

estrangeira.<br />

Também neste ano foram oficializados os cinco centros pilotos do Projeto<br />

Educom: UFPE (Univ. Federal de Pernambuco), UFRJ (Universidade Fed. do Rio de<br />

Janeiro), UFMG (Universidade Fed. de Minas Gerais), UFRGS (Universidade Fed.<br />

do Rio Grande do Sul) e Unicamp (Univ. Est. De Campinas).


27<br />

No ano de 1987 foi criado o Projeto Formar, responsável pela formação dos<br />

professores, e o Projeto Cied, com o objetivo de implantar os Centros de Informática<br />

e Educação, buscando atender alunos e professores de 1º e 2º graus e de educação<br />

especial, bem como a comunidade em geral.<br />

Em 1989 iniciou o Programa Nacional de Informática Educativa (Proninfe),<br />

através da Portaria Ministerial n2 549/GM, que tinha por finalidade "Desenvolver a<br />

informática educativa no Brasil, através de projetos e atividades articulados e<br />

convergentes, apoiados em fundamentação pedagógica, sólida e atualizada, de<br />

modo a assegurar a unidade política, técnica e científica imprescindível ao êxito dos<br />

esforços e investimentos envolvidos."<br />

A UNESCO, em 1994 criou a Cátedra UNESCO de Educação a Distância<br />

(UNESCO, 2008) da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, que se<br />

constituiu em um espaço de reflexão, pesquisa e experimentação no uso<br />

pedagógico das tecnologias de informação e comunicação (TIC).<br />

Desde 1997, o governo mantém o Programa Nacional de Informática na<br />

Educação (Proinfo). De acordo com o portal do MEC, destinado ao Proinfo (2012),<br />

essa ação ―É um programa educacional com o objetivo de promover o uso<br />

pedagógico da informática na rede pública de educação básica. O programa leva às<br />

escolas computadores, recursos digitais e conteúdos educacionais. Em<br />

contrapartida, estados, Distrito Federal e municípios devem garantir a estrutura<br />

adequada para receber os laboratórios e capacitar os educadores para uso das<br />

máquinas e tecnologias‖.<br />

E sob o decreto nº 6300 de 12 de dezembro de 2007, o governo lança o<br />

Programa Nacional de formação Continuada em Tecnologia Educacional (Proinfo-<br />

Integrado), que conforme o portal do MEC referente ao Proinfo-Integrado (2012) é<br />

um programa de formação voltada para o uso didático-pedagógico das TIC no<br />

âmbito escolar. Integrado as questões de distribuição dos equipamentos<br />

tecnológicos e à oferta de conteúdos e recursos multimídia e digitais. Recursos<br />

oferecidos pelo Portal do Professor, pela TV Escola e DVD Escola, pelo Domínio<br />

Público e pelo Banco Internacional de Objetos Educacionais.<br />

Outra ação do governo está constituindo-se através do Programa Um<br />

Computador por Aluno (PROUCA), no portal do MEC intitulado UCA (2012), essa<br />

ação tem como objetivo ser um projeto Educacional utilizando tecnologia, inclusão


28<br />

digital e adensamento da cadeia produtiva comercial no Brasil. O projeto foi<br />

apresentado ao governo brasileiro no Fórum Econômico Mundial em Davos - Suíça,<br />

em janeiro de 2005. Em junho daquele ano, Nicholas Negroponte, Seymour Papert e<br />

Mary Lou Jepsen vieram ao Brasil especialmente para conversar com o presidente e<br />

expor a ideia com detalhes. O presidente não só a aceitou, como instituiu um grupo<br />

interministerial para avaliá-la e apresentar um relatório.<br />

O governo também vem realizando ações com base em uma proposta de<br />

Educação a Distância, que visa à formação continuada dos professores para o uso<br />

pedagógico das diferentes tecnologias da informação e da comunicação. Está<br />

expressa no portal do MEC destinado ao programa Mídias na Educação (2012).<br />

Como continuidade a proposta didático-pedagógica das TIC, o governo<br />

financia uma plataforma chamada e-Proinfo, que segundo o portal do MEC,<br />

destinado ao e-Proinfo (2012) é um Ambiente Virtual Colaborativo de Aprendizagem<br />

que permite a concepção, administração e desenvolvimento de diversos tipos de<br />

ações, como cursos a distância, complemento a cursos presenciais, projetos de<br />

pesquisa, projetos colaborativos e outras diversas formas de apoio à distância.<br />

Atualmente a informática tem gerado inúmeras reflexões e ações por parte<br />

de várias instituições de estudos e pesquisas na área. A UNESCO vem abordando o<br />

assunto em seus relatórios. Em março deste ano (2012), o governo do Brasil<br />

juntamente com a UNESCO assinou um acordo para a criação de um Centro<br />

Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, com<br />

sede em São Paulo. A partir desse acordo, odepartamento cetic.br ( Centro de<br />

estudo de uso das TIC) do nic.br (nucleo de informação e coordenação do ponto br)<br />

fica designado como Centro de Categoria II da Unesco, passando a hospedar o<br />

primeiro centro de estudos sobre o assunto.Esse acordo visa ―contribuir para a<br />

construção inclusiva de sociedades do conhecimento por meio de tecnologias de<br />

informação e comunicação‖ (NIC.BR, 2012). Suas principais ações baseiam-se na<br />

capacitação, centro de conhecimento para a sociedade da informação, laboratório<br />

de ideias e cultura e ética na internet.<br />

Em julho, também de 2012, foi inaugurado O Centro Nacional de Referência<br />

em Tecnologia Assistiva (CNRTA). É uma ação da Secretaria de Ciência e<br />

Tecnologia para a Inclusão Social (SECIS), a fim de possibilitar a interação entre as<br />

várias iniciativas e práticas no campo da Tecnologia Assistiva. Conforme o Centro


29<br />

de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), essa ação busca articular o<br />

desenvolvimento dos setores acadêmico e produtivo, bem como das entidades<br />

especializadas no atendimento as pessoas com deficiências e os órgãos<br />

governamentais (CTI, 2012).<br />

Entre essas diversas ações para a inserção do computador na escola, a<br />

formação do professor frente a essa tecnologia sempre se fez presente. Dessa<br />

maneira, identificar e analisar o tipo de software utilizado nas aulastambém faz-se<br />

necessário para a prática docente. Neste sentido, apróxima seção abordará os tipos<br />

de softwares educacionais.<br />

3.2 SOFTWARES EDUCACIONAIS<br />

Cabe novamente destacar que a formação e a constante atualização do<br />

professor são fundamentais para o uso do computador na escola. Essa formação<br />

precisa também contemplar o conhecimento sobre os diversos tipos de softwares<br />

educacionais. De acordo com Tajra (2010, p.107), ―Ir para um ambiente de<br />

informática sem ter analisado o programa a ser utilizado é o mesmo que ministrar<br />

uma aula sem planejamento e sem ideia do que fazer‖.<br />

O reconhecimento dessa capacidade de análise do professor deve partir<br />

primeiramente da compreensão do que é um software educacional, nas palavras de<br />

Oliveira (2001),<br />

O que caracteriza um software como educacional é sua inserção em<br />

contextos de ensino-aprendizagem. Assim, nessa perspectiva, um<br />

determinado programa de computador pode ser considerado um produto<br />

educacional se adequadamente utilizado pela escola, mesmo que não tenha<br />

sido produzido com finalidade de uso no sistema escolar (p.73).<br />

Existem diferentes tipos de softwares educacionais, de acordo com Valente<br />

(1995), Oliveira (2001), Tajra (2010), tutoriais, aplicativos, multimídias, entre outros<br />

descritos a seguir. Porém, é importante destacar que cabe ao professor selecionar e<br />

analisar tais softwares, a fim de compreender seus objetivos específicos e qual<br />

metodologia pedagógica pertence.


30<br />

a) Programas tutoriais: Esse tipo de software é denominado de instrução<br />

programada, representa uma versão computadorizada do método de ensino<br />

tradicional. Porem, por ser apresentado na tela do computador fica mais atraente e<br />

―moderno‖ para o aluno. Este software acaba por ter uma aceitação maior tanto por<br />

parte do professor como dos alunos, por apresentar o mínimo de mudança no<br />

modelo pedagógico tradicional, pouco domínio do professor sobre seu uso e uma<br />

postura passiva do aluno. Um exemplo deste tipo de software pode ser encontrado<br />

no site http://nautilus.fis.uc.pt/softc/programas/soft11.htm.<br />

b)Programas de exercício-e-prática: Este software é similar ao tutorial,<br />

entretanto o aluno precisa dar respostas frequentemente e o resultado do seu<br />

desempenho aparece logo em seguida. Basicamente são usados para realizar<br />

exercícios e revisão do conteúdo desenvolvido em aula, que envolvam memorização<br />

e repetição. Geralmente são aplicados aos conteúdos de aritmética e vocabulário.<br />

Um exemplo é o site http://www.mocho.pt/ .<br />

c) Jogos educacionais: Através dos jogos educacionais a criança se sente<br />

motivada e desafiada para descobrir e aprender livremente, porém é necessário<br />

privilegiar que o aluno reflita sobre seus acertos ou erros a cada jogada.Exemplos<br />

de jogos educacionais são encontrados no site<br />

http://edumatec.mat.ufrgs.br/softwares/soft_funcoes.php<br />

d) Simulação: A finalidade desses softwares é fazer a simulação de um<br />

acontecimento real através do virtual. É apropriado por se tratarem de experimentos<br />

que na vida real seriam perigosos, caros ou de difícil desenvolvimento. São os casos<br />

das atividades que envolvem substâncias químicas, questões ambientais. Este tipo<br />

se software possibilita que o aluno desenvolva hipóteses, teste e analise os<br />

resultados. Propicia o trabalho em grupo, a tomada de decisões e o aprendizado<br />

através da reconstrução do conceito original, entretanto a simulação não deve ser<br />

usada por si só, mas sim como complemento do conteúdo abordado. Esta relação<br />

entre o software de simulação e o mundo real,é fundamental para que o aluno<br />

assimile que na vida real os fatos não são sempre passíveis de manipulação. Este<br />

programa pode-se encontrar em<br />

http://www.fisica.ufpb.br/~romero/objetosaprendizagem/Rived/12Hidrostatica<br />

/index.html


31<br />

e) Modelagem: Este software consiste que o aluno implante o modelo de<br />

algum fenômeno no computador. A partir disso, o aluno, pode iniciar um processo de<br />

simulação alterando e observando o fenômeno com base na proposta inicial do<br />

trabalho. Um exemplo está disponível no site http://modellus.fct.unl.pt/<br />

f) Enciclopédias eletrônicas: Trata-se de versões virtuais das conhecidas<br />

enciclopédias impressas, porém é uma fonte de pesquisa muito mais rápida de<br />

acesso a informação.Um exemplo é o site http://www.wikipedia.org/, considerada a<br />

maior enciclopédia eletrônica que conhecemos.<br />

g) Objetos de aprendizagem: Este tipo de software propicia um ambiente de<br />

interatividade tanto para professores como para alunos. É possível a construção do<br />

conhecimento significativo e a troca de saberes. O MEC mantém o programa RIVED<br />

(Rede Interativa e Virtual de Educação) com o site http://rived.mec.gov.br/. Este<br />

portal (RIVED, 2012) define objeto de aprendizagem como,<br />

[...] qualquer recurso que possa ser reutilizado para dar suporte ao<br />

aprendizado. Sua principal ideia é "quebrar" o conteúdo educacional<br />

disciplinar em pequenos trechos que podem ser reutilizados em vários<br />

ambientes de aprendizagem. Qualquer material eletrônico que provém<br />

informações para a construção de conhecimento pode ser considerado um<br />

objeto de aprendizagem, seja essa informação em forma de uma imagem,<br />

uma página HTM, uma animação ou simulação.<br />

Outra opção do MEC é o portal do professor pelo site<br />

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/index.html e o repositório<br />

http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/. A Universidade Federal do Rio Grande do<br />

Sul (UFRGS) através do Centro Interdisciplinar de Novas Tecnologias na Educação<br />

(CINTED) mantém o projeto CESTA - Coletânea de Entidades de Suporte ao uso de<br />

Tecnologia na Aprendizagem pelo site http://www.cinted.ufrgs.br/CESTA/e o<br />

repositório de Mídias Digitais para matemática (MDmat), no site<br />

http://mdmat.mat.ufrgs.br/ . A Universidade Federal do Ceará (UFC) mantém o<br />

PROATIVA - um Grupo de Pesquisa e Produção de Ambientes Interativos e Objetos<br />

de Aprendizagem, através do site http://www.proativa.vdl.ufc.br/ . A Universidade<br />

Regional UNIJUÍ, mantém o Laboratório Virtual de Matemática, pelo site<br />

http://www.projetos.unijui.edu.br/matematica/.<br />

h) Aplicativos: Os softwares aplicativos permitem que os alunos<br />

desempenhem tarefas práticas no computador. Os exemplos mais conhecidos


32<br />

desses aplicativos são o Word para editar textos e o Excel para elaborar planilhas e<br />

gráficos.<br />

i) Programação: Através desses softwares é possível que tanto alunos como<br />

professores desenvolvam programas sem avançados conhecimentos de<br />

programação. Ao programar o computador o aluno constrói conhecimento, pois<br />

precisa entender para processar as informações, dessa forma transformando-as em<br />

conhecimento adquirido. O primeiro exemplo de software desse tipo que tivemos no<br />

Brasil foi o LOGO. Nas palavras de Oliveira (2001, p.83) ―No LOGO o processo de<br />

criação é mais importante do que o produto em si‖. Dessa maneira esse tipo de<br />

software é uma riquíssima ferramenta pedagógica. Não somente como recurso de<br />

programação, mas como meio para a construção do conhecimento.<br />

j) Multimídia: Quanto ao conceito de multimídia aplicado ao software<br />

educativo, Valente (1995) adverte para a diferença entre o uso da multimídia pronta<br />

e o uso da sua construção pelo aluno. No caso da multimídia pronta o aluno tem<br />

uma infinidade de opções e informações. Entretanto, não é garantia da efetiva<br />

compreensão e transformação das mesmas em conhecimento. Ao passo que na<br />

multimídia de autoria os alunos constroem o seu sistema de multimídia. Dessa<br />

maneira são capazes de refletir sobre os objetivos alcançados. Os recursos desse<br />

software são perfeitamente empregados como ferramenta pedagógica, onde a<br />

relação aluno-professor se estabelece pela mediação e a interação sobre o objeto<br />

do conhecimento. Alguns exemplos são o Audacity, Movie Maker, Power Point, entre<br />

outros.<br />

k) Autoria: Esse software é um programa equipado com diversos recursos de<br />

multimídia, como animação de áudio, de imagens e textos. Proporciona tanto a<br />

professores como aos alunos a construção de um material de própria autoria.Dessa<br />

maneira o professor atua como mediador do conhecimento e o aluno como sujeito<br />

ativo nessa construção. É uma ferramenta pedagógica que propicia essa<br />

abordagem. Os softwares mais conhecidos são o Visual Class, o Everest, e o<br />

Hyperstudio.


33<br />

3.3 TENDÊNCIAS E ESTUDOS ATUAIS<br />

O uso do computador nas escolas está se delineando em uma perspectiva<br />

de construção, interação e socialização do conhecimento. O computador também<br />

passa a ser um meio de produção virtual passível de ser socializado via internet.<br />

Nesta perspectiva de uso da internet, Moran (2012, p.46) complementa que, ―O<br />

professor – tendo uma visão pedagógica inovadora, aberta, que pressupõe a<br />

participação dos alunos – pode utilizar algumas ferramentas simples da internet para<br />

melhorar a interação presencial-virtual entre todos‖.<br />

Os recursos de multimídia e objetos de aprendizagem também se<br />

apresentam como meio para a pesquisa, seleção e produção de saberes. Neste<br />

sentido o uso dessa ferramenta pedagógica aplicada em ambiente escolar envolve<br />

uma proposta de trabalho que faz uso do computador como meio de produção do<br />

conhecimento. No decorrer da história da inserção da informática na educação, o<br />

computador sempre buscou alcançar essa proposta pedagógica. Nesta mesma<br />

perspectiva os projetos de trabalho são vistos como uma opção que contempla essa<br />

abordagem de mudança na escola. De acordo com Hernández (2007),<br />

[...] a visão do conhecimento e do currículo que implicam pode contribuir<br />

para essa mudança na Escola, mas, sempre levando em conta que NÃO<br />

SÃO ―a‖ mudança na educação, nem ―a‖ solução para os problemasda<br />

instituição escolar, nem, muito menos, dos que a sociedade leva à Escola<br />

(p.61).<br />

Porém, é incontestável a contribuição dos projetos para o aprendizado, pois<br />

através desta abordagem, o objeto de conhecimento se constrói de maneira<br />

significativa. De acordo com Nogueira (2012), ―O projeto ainda pode propiciar<br />

diferentes mecanismos de trabalhar o processo de aprendizagem não só na área<br />

cognitiva, mas também na motora (p.81)‖. O mesmo autor, também complementa<br />

que os projetos contribuem no processo de elaboração do conhecimento, em uma<br />

projeção de sonhos e desejos,<br />

São esses fatores impulsionadores que levam o sujeito a iniciar sua busca,<br />

sua pesquisa, a caminhada para a descoberta e as ações de investigação,<br />

dando espaço para o surgimento do novo. Todo esse processo é permeado<br />

por ações, do sujeito ou de um coletivo, que levam à efetiva realização do<br />

projeto (p.77).


34<br />

Neste sentido, também contempla uma aprendizagem por meio da pesquisa.<br />

O aluno sonha, planeja, traça objetivo, investiga, levanta hipóteses, reflete ,<br />

apresenta os resultados e os avaliam juntamente com professores e demais alunos.<br />

O aluno age em todos os processos da pesquisa. Constitui-se em um aprendizado<br />

mais amplo e significativo, gerado pela construção ativa e reflexiva do<br />

conhecimento. Neste sentido (NOGUEIRA, 2012),<br />

Como podemos notar, o projeto, se bem trabalhado, pode auxiliar a<br />

formação de um sujeito integral, com possibilidades de desenvolvimento em<br />

diferentes áreas, formando-se amplamente, não limitando-se a uma ou<br />

outra competência privilegiada nos diferentes contextos (p.81).<br />

Moran (2012) também defende essa produção do conhecimento significativo,<br />

por meio dos projetos de aprendizagem colaborativos, ―Os alunos que se envolvem<br />

nesses processos de parceria têm a oportunidade de desenvolver competências,<br />

habilidades e aptidões que serão úteis a vida toda‖ (p.127). Imerso nessa proposta<br />

de projetos de trabalho, através do uso do computador é possível realizar trabalhos<br />

de autoria, onde o aluno passa de mero usuário do computador, para autor de<br />

projetos em multimídia ou de documentos web (NOGUEIRA, 2012). Através dos<br />

projetos de autoria o aluno planeja o que e como vai fazer o trabalho. Executa a<br />

atividade, cria textos, importa imagens e sons. Depura os textos pesquisados, a<br />

qualidade gráfica e estética. Apresenta e expõe pela internet através dos sites de<br />

comunicação ou diretamente no computador. Avalia mediante o auxílio dos<br />

professores e colegas de aula, pelos meios da internet ou diretamente do<br />

computador.<br />

Entretanto, o desenvolvimento do trabalho por projetos, deve perpassar pelo<br />

processo de planejamento. O ato docente de planejar revela a relação intrínseca da<br />

teoria com a prática. É através do planejamento que o professor revela sua proposta<br />

pedagógica, seus objetivos e planos de desenvolvimento do aprendizado. Nas<br />

palavras de Vasconcellos (2007, p.35), ―[...] planejar é antecipar mentalmente uma<br />

ação a ser realizada e agir de acordo com o previsto; é buscar fazer algo incrível,<br />

essencialmente humano: o real ser comandado pelo ideal‖.<br />

No caso do laboratório de informática, o planejamento participativo é o<br />

indicado entre o professor responsável pelo laboratório e o titular da turma. De<br />

maneira que o aprendizado desenvolvido nas aulas do laboratório de informática


35<br />

venha a contemplar as diversas áreas do conhecimento desenvolvidas em sala de<br />

aula.<br />

O planejamento também estabelece ao professor uma busca por mudança<br />

(FREIRE, 1996), ―É a partir deste saber fundamental: mudar é difícil mas é possível,<br />

que vamos programar nossa ação político-pedagógica [...]‖. (p.79). Portando, no<br />

momento do planejamento o professor também assume a sua concepção<br />

epistemológica. Ao fazer essa escolha o professor estará optando pela mudança, a<br />

tomada de consciência do sujeito pelo seu meio físico e social. Ou pela reprodução<br />

do status quo, ou seja, a submissão do sujeito pelo que está imposto pelo poder.<br />

Porém o professor comprometido com a construção do conhecimento, faz seu<br />

planejamento primeiramente pela reflexão da teoria/prática e pelo desejo de<br />

transformação. Pois, a medida que o professor assume seu ato de planejar, também<br />

assume o papel de sujeito transformador. Ao planejar ―[...] podemos dizer que o<br />

indivíduo está na condição de sujeito de transformação quanto a uma prática,<br />

quando em relação a ela há um querer [...]‖ (VASCONCELLOS, 2007, p.39).<br />

Nesta perspectiva, para o professor inserir o uso do computador em suas<br />

aulas, é primeiramente necessário que esteja disposto à mudança, ao novo e ao<br />

desafio. Trata-se do professor assumir um papel de pesquisador das novas<br />

tecnologias, fazer com que esses recursos sejam usados como ferramentas<br />

pedagógicas de seu planejamento de aula. Com essa intenção é necessário que o<br />

professor além de conhecimento pedagógico, tenha o mínimo de domínio técnico de<br />

informática e conhecimento sobre os diversos softwares educacionais. O professor<br />

passa a ser o mediador do conhecimento neste contexto e o aluno um sujeito ativo<br />

sobre o objeto de conhecimento.<br />

Portanto, a essência do conhecimento neste processo de ensino e<br />

aprendizagem dá-se através da ação e interação do aluno com o meio físico e<br />

social, conforme Becker (2001), ―O conhecimento não nasce com o indivíduo nem é<br />

dado pelo meio social. O sujeito constrói seu conhecimento na interação com o meio<br />

– tanto físico como social‖ (p.71).<br />

Porém, para que ocorra efetivamente o aprendizado, faz-se necessário um<br />

ambiente de interação de qualidade. Ao aluno é preciso oportunizar um ambiente<br />

problematizador, ativo e aberto a ação tanto com o meio físico como o social. Neste


36<br />

contexto, o aluno tem a oportunidade de agir ativamente na construção do<br />

conhecimento (BECKER, 2001).<br />

Nesse sentido, o ambiente informatizado pode ser um campo fértil de<br />

interação para o processo do conhecimento, nas palavras de Valente (1999, p.37),<br />

A qualidade da interação aprendiz-objeto, descrita por Piaget, é<br />

particularmente pertinente no caso do uso da Informática e de diferentes<br />

softwares educacionais. Do mesmo modo que não é o objeto que leva à<br />

compreensão, não é o computador que permite ao aluno entender ou não<br />

um determinado conceito. A compreensão é fruto de como o computador é<br />

utilizado e de como o aluno está sendo desafiado na atividade de uso desse<br />

recurso.<br />

Da mesma forma, apontam Dalbosco e Brandão (2006), ―Essa interação<br />

com os objetos de conhecimento através de ambientes informatizados está cada vez<br />

mais atrativa e dinâmica [...]‖. (p.107). Evidenciam-se dessa maneira, as TIC como<br />

uma pertinente contribuição para a informática na educação, pois,<br />

A contribuição mais significativa das tecnologias da informação e<br />

comunicação, com um caráter geral, é a capacidade para intervir como<br />

mediadoras nos processos de aprendizagem e, inclusive, modificar a<br />

interatividade gerada, de tal maneira que, no campo educativo, a qualidade<br />

vinculada ao uso das tecnologias, na realidade, une-se à qualidade da<br />

interatividade, como a fator-chave nos processos de ensino-aprendizagem.<br />

(PABLOS, 2008, p.74).<br />

Dessa forma,os ambientes informatizados de ensino estão permitindo ao<br />

professor seguir a concepção pedagógica do construtivismo, pois com base nessa<br />

teoria de aprendizado nada está acabado ou é transferido ao aluno de forma pronta,<br />

mas sim uma construção. O conhecimento, nesta abordagem teórica é uma<br />

infinidade de possibilidades que podem ser realizadas.<br />

Essa construção dá-se<br />

através da interação do sujeito com o meio físico e social e de sua efetiva ação<br />

sobre esse meio (BECKER, 2001).<br />

O professor embasado nessa linha teórica do conhecimento, assumirá<br />

(BECKER, 2001) o modelo pedagógico de atuação relacional, passando a entender<br />

o conhecimento como um processo de construção, o qual não se encontra dividido<br />

em saberes ou disciplinas. O conhecimento é compreendido como um todo, uma<br />

interação do sujeito como meio; não sendo possível que o professor divida o<br />

conhecimento em partes, pois uma parte esta interligada a outra neste processo de<br />

aprendizagem.


37<br />

Desta forma cabe a escola, planejar, coordenar e avaliar o desenvolvimento<br />

da tecnologia na educação, bem como os recursos capazes de proporcionar a<br />

construção e interação do conhecimento. Porém Freire (2000) salienta que,<br />

A compreensão crítica da tecnologia, da qual a educação de que<br />

precisamos deve estar infundida, e a que vê nela uma intervenção<br />

crescente sofisticada no mundo a ser necessariamente submetida a crivo<br />

político e ético. Quanto maior vem sendo a importância da tecnologia hoje<br />

tanto mais se afirma a necessidade de rigorosa vigilância ética sobre ela<br />

(p.101 e 102).<br />

Neste sentido, compete ao profissional da Pedagogia, mediante o<br />

conhecimento das teorias, bem como do processo de ensino-aprendizagem,<br />

também debruçar-se sobre o uso da informática na educação. Pois, nas palavras de<br />

Libâneo (2004),<br />

[...] a prática educativa é um fenômeno constante e universal inerente à vida<br />

social, se é um âmbito da realidade possível de ser investigado, se é uma<br />

atividade humana real, ela se constitui como objeto de conhecimento,<br />

pertencendo essa tarefa à Pedagogia que é, por isso, teoria e prática da<br />

educação (p.95 e 96).


38<br />

4 METODOLOGIA<br />

Com o propósito de caracterizar o presente estudo como um trabalho<br />

científico, torna-se necessário utilizar-se de procedimentos metodológicos para que<br />

assim o configure como uma pesquisa científica. Conforme afirmam Marconi e<br />

Lakatos (2006, p,83), ―[...] podemos concluir que a utilização de métodos científicos<br />

não é da alçada exclusiva da ciência, mas não há ciência sem o emprego de<br />

métodos científicos‖. Ideia que Prodanov e Freitas (2009) partilham:<br />

[...]a metodologia deve ser definida como um elemento facilitador da<br />

produção de conhecimento, uma ferramenta capaz de auxiliar a entender o<br />

processo de busca de respostas e o próprio processo de nos<br />

posicionarmos, adequadamente, com perguntas pertinentes (p.19).<br />

Dessa forma, a referida pesquisa é de natureza aplicada, pois ―[...] objetiva<br />

gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas<br />

específicos. Envolve verdades e interesses locais‖ ( PRODANOV; FREITAS, 2009,<br />

p.62). Do ponto de vista de seus objetivos é uma pesquisa exploratória com<br />

abordagem qualitativa, entendida como ―[...] uma relação dinâmica entre o mundo<br />

real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a<br />

subjetividade do sujeito[...]‖ (PRODANOV; FREITAS, 2009, p.81).<br />

A delimitação do problema de pesquisa foi fundamental para o<br />

desenvolvimento desse estudo, conforme Moroz e Gianfaldoni (2006, p.25)―[...] a<br />

possibilidade de sucesso na investigação de um problema está ainda condicionada a<br />

sua formulação clara e objetiva,[...]‖.<br />

Este estudo tem como objetivo geral analisar a articulação entre a<br />

concepção da epistemologia pedagógica da escola e o uso da informática na<br />

educação. Delimitou o problema de pesquisa a responder: ―Como a concepção<br />

pedagógica da escola se revela no uso do laboratório de informática?‖<br />

Para tanto, destacam-se os seguintes objetivos específicos:<br />

a) Identificar a concepção da epistemologia pedagógica da escola.<br />

b) Problematizar a articulação da concepção pedagógica da escola com a<br />

prática utilizada no laboratório de informática.<br />

c) Conceituar o processo de ensino-aprendizagem.


39<br />

d) Identificar o papel do profissional da educação diante da informática.<br />

Dessa forma, tomaram-se como base as seguintes questões de pesquisa:<br />

a) Qual a concepção epistemológica da escola?<br />

b) Qual o espaço do Projeto Político Pedagógico no uso da informática na<br />

educação?<br />

c) Como se revela o processo de ensino-aprendizagem no uso da<br />

Informática na educação?<br />

d) Qual a atuação do professor nesse contexto?<br />

e) Ocorre o planejamento participativo no uso da informática na educação?<br />

f) Qual o modelo pedagógico do ambiente informatizado da escola?<br />

O presente estudo parte da seguinte hipótese: O uso do laboratório de<br />

informática não se revela em consonância com a concepção epistemológica da<br />

escola.<br />

Como métodos de procedimentos, os quais proporcionam um<br />

direcionamento mais específico no processo da pesquisa, Prodanov e Freitas (2009)<br />

escrevem que, ―Esses métodos têm por objetivo proporcionar ao investigador os<br />

meios técnicos, para garantir a objetividade e a precisão no estudo dos fatos sociais‖<br />

(p.45).<br />

Devido a problemática dessa pesquisa, optou-se pelo procedimento técnico<br />

do estudo de caso. Iniciou-se primeiramente um levantamento bibliográfico e teórico<br />

acerca do tema informática na educação. Em seguida foi realizada a coleta de<br />

dados, com registro do cronograma descrito no apêndice A. Buscou-se analisar a<br />

concepção pedagógica de três escolas públicas municipais do Vale do Rio dos<br />

Sinos, denominadas escola A (EA), escola B (EB) e escola C (EC), mediante a<br />

análise documental do Projeto Político Pedagógico das mesmas.<br />

Com a finalidade de compreender melhor em qual teoria a escola encontrase<br />

embasada e como essa se revela no uso do laboratório de informática, foi<br />

construído um diário das observações, apêndice B, das aulas no laboratório de<br />

informática das três escolas envolvidas na pesquisa. Assim esse estudo utilizou-se<br />

do método observacional, pois ―[...] podemos afirmar que qualquer investigação em<br />

ciências sociais deve se valer, em mais de um momento, de procedimentos<br />

observacionais‖(PRODANOV; FREITAS, 2009, p.47).


40<br />

Dessa forma, em cada escola, a critério da direção da instituição foi<br />

observada uma turma do 4º ano, denominadas turma de observação da escola A<br />

(TOEA), turma de observação da escola B (TOEB) e turma de observação da escola<br />

C (TOEC). As observações foram realizadas no decorrer de duas semanas no<br />

período da tarde, o que resultou em 2 períodos de observação em cada turma,<br />

registradas no diário de observações. É relevante o uso dessa técnica em uma<br />

investigação de cunho social, a qual deve ser realizada com critérios de observação<br />

detalhada sobre o objeto de pesquisa, Marconi e Lakatos (2006) destacam que,<br />

A observação é uma técnica de coleta de dados para conseguir informações<br />

e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade.<br />

Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou<br />

fenômenos que se desejam estudar (p.192).<br />

Para melhor compor os dados de articulação com a teoria foi realizada uma<br />

entrevista semiestruturada com as coordenadoras pedagógicas. Denominadas por<br />

coordenadora pedagógica da escola A (CPEA), coordenadora pedagógica da escola<br />

B (CPEB) e coordenadora pedagógica da escola C (CPEC).<br />

Também foi realizada uma entrevista semiestruturada com a professora do<br />

laboratório, denominada professora do laboratório da escola A (PLEA), professora<br />

do laboratório da escola B (PLEB) e professora do laboratório da escola C (PLEC).<br />

Com o mesmo objetivo foi realizada uma entrevista com a cada professora<br />

titular das turmas observadas, denominando-as respectivamente como professora<br />

titular da escola A (PTEA), professora titular da escola B (PTEB) e professora<br />

titularda escola C (PTEC).<br />

As questões que nortearam as entrevistas com as coordenadoras<br />

pedagógicas estão no apêndice C, as entrevistas com as professoras do laboratório<br />

no apêndice D e com as professoras titulares no apêndice E. Todas as entrevistas<br />

foram agendadas com antecedência e com a duração aproximada de 30min, com<br />

gravação de áudio e depois transcritas ao trabalho de pesquisa.<br />

Com a finalidade de melhor adequar as questões da entrevista,<br />

semiestruturada ao objeto de pesquisa, foi realizado uma entrevista piloto com uma<br />

coordenadora pedagógica, uma professora titular e uma professora do laboratório de<br />

informática, todas em outra escola municipal.


41<br />

A devida permissão para realizar a referida pesquisa foi consentida pela<br />

Secretaria de Educação Municipal, mediante o esclarecimento de seu principal<br />

objeto de pesquisa e obedecendo aos critérios de ética. Ficou assegurado o sigilo<br />

dos dados adquiridos, bem como o nome das escolas e dos sujeitos entrevistados<br />

na pesquisa. Com a finalidade de manter em sigilo o nome dos espaços<br />

educacionais envolvidos neste estudo, o termo de esclarecimento da pesquisa, bem<br />

como a referida autorização protocolada pela Secretaria de Educação Municipal,<br />

ficarão arquivados junto da documentação da coleta de dados com a pesquisadora.<br />

A análise dos resultados foi articulada através da triangulação dos dados,<br />

que conforme (CAUDURO, 2004), consiste em confrontar as diferentes fontes<br />

coletadas, associá-las em categorias geradas pela análise de conteúdo e confrontálas<br />

com a teoria estudada. Neste referido estudo, utilizou-se a triangulação teórica,<br />

metodológica e por fontes. Ao passo que a todo o momento buscou-se realizar a<br />

triangulação reflexiva, fundamental para gerar um posicionamento crítico e reflexivo<br />

sobre o tema de pesquisa.<br />

4.1 CONTEXTO DA PESQUISA<br />

A presente pesquisa foi realizada em três ambientes escolares da rede<br />

pública municipal de uma cidade do Vale do Rio dos Sinos, os quais estão<br />

localizados em três diferentes bairros do mesmo município. As referidas escolas<br />

envolvidas na pesquisa, em média, são de grande abrangência. Neste estudo foram<br />

denominadas escola A (EA) ,escola B (EB) e escola C (EC) conforme a sequência<br />

da sua localização dentro do município.<br />

A EA é uma Escola de Ensino Fundamental, responsável pelo atendimento<br />

a589 alunos do 1º ao 9º ano, nos turnos da manhã e da tarde. Fica próxima do<br />

centro da cidade. Somando-se professores e demais funcionários totalizam-se um<br />

número de 55 pessoas envolvidas no trabalho desta escola. Abrange o atendimento<br />

a três diferentes bairros e tem uma realidade sócio-econômica bem diversificada. A<br />

diversidade de culturas também se faz presente neste espaço educativo. Porém, a


42<br />

participação dos pais e da comunidade em eventos ocorridos na escola éem sua<br />

grande maioria efetiva.<br />

A EB também é uma Escola de Ensino Fundamental e abrange o<br />

atendimento a 448 alunos do 1º ao 9º ano nos turnos da manhã e da tarde. Neste<br />

espaço atuam 44 funcionários entre professores e demais funcionários. A escola<br />

localiza-se afastada do centro do município. As condições sócio-econômicas dos<br />

alunos são de classe média baixa e baixa. O envolvimento da família não é<br />

satisfatório, pois os pais não participam ativamente da vida escolar dos seus filhos.<br />

A EC é uma Escola de Ensino Fundamental do 1º ao 9º ano, que atende 488<br />

alunos e conta com a colaboração de 41 pessoas entre professores e demais<br />

funcionários. Esta escola faz divisa com outro município e gera o atendimento aos<br />

alunos dessa localidade também. Na questão sócio-econômica os alunos pertencem<br />

a famílias com renda média. Essas famílias participam ativamente da vida escolar,<br />

envolvidas nos eventos desse espaço.


43<br />

5 RESULTADOS E ANÁLISES<br />

Perpassado o aprofundamento teórico sobre o problema de pesquisa e a<br />

imersão no campo empírico da mesma, chega o momento de analisar, refletir e<br />

construir novos saberes. É o momento de constatar hipóteses ou construir novos<br />

questionamentos acerca do tema de pesquisa. Dessa forma, as reflexões se<br />

constituíram em uma relação permanente com a teoria sobre o tema da pesquisa em<br />

estudo. Da mesma forma, as categorias de análise guiaram-se com base no<br />

referencial teórico e os dados obtidos na coleta de dados. A primeira categoria<br />

elencada é a concepção pedagógica da escola, o espaço do PPP e suas<br />

implicações no uso do laboratório de informática. A segunda categoria é o<br />

computador na escola, seus aspectos técnicos e pedagógicos. Por último, o modelo<br />

pedagógico e o aprendizado no uso do laboratório de informática.<br />

Com o propósito de uma melhor compreensão do texto reflexivo que se<br />

articula na seção seguinte, é pertinente a organização de uma legenda. Dessa<br />

maneira, as tabelas 1, 2 e 3 buscam esclarecer os procedimentos da coleta de<br />

dados, bem como os espaços e os sujeitos envolvidos neste estudo. Esta legenda<br />

está organizada por meio da abreviação e a sua referida descrição:<br />

Tabela 1 – Análise documental<br />

ANÁLISE<br />

DOCUMENTAL<br />

ABREVIAÇÕES<br />

EA - PPP<br />

EB - PPP<br />

EC - PPP<br />

DESCRIÇÃO<br />

Escola A – Projeto<br />

Político Pedagógico<br />

Escola B – Projeto<br />

Político Pedagógico<br />

Escola C – Projeto<br />

Político Pedagógico


44<br />

Tabela 2 – Entrevista semiestruturada<br />

ABREVIAÇÕES<br />

DESCRIÇÃO<br />

ENTREVISTA<br />

SEMIESTRUTUR<br />

ADAS<br />

CPEA<br />

CPEB<br />

CPEC<br />

Tabela 3 – Diário de observação<br />

Coordenadora<br />

pedagógica da escola A<br />

Coordenadora<br />

pedagógica da escola B<br />

Coordenadora<br />

pedagógica da escola C<br />

PLEA Professora do<br />

laboratório da escola A<br />

PLEB Professora do<br />

laboratório da escola B<br />

PLEC Professora do<br />

laboratório da escola C<br />

PTEA Professora titular<br />

da escola A<br />

PTEB Professora titular<br />

da escola B<br />

PTEC Professora titular<br />

da escola C<br />

ABREVIAÇÕES<br />

DESCRIÇÃO<br />

DIÁRIO<br />

DE<br />

OBSERVAÇÃO<br />

TOEA Turma de<br />

observação da escola A<br />

TOEB Turma de<br />

observação da escola B<br />

TOEC Turma de<br />

observação da escola C


45<br />

5.1 A CONCEPÇÃO PEDAGÓGICA DA ESCOLA, O ESPAÇO DO PROJETO<br />

POLÍTICO PEDAGÓGICO E SUAS IMPLICAÇÕES NO USO DO LABORATÓRIO<br />

DE INFORMÁTICA<br />

Para identificar a teoria que se apresenta nas três escolas do estudo, se fez<br />

necessário a análise do Projeto Político Pedagógico destas instituições. Na EA, EB e<br />

EC, o Projeto Político Pedagógico encontra-se em reconstrução, com ano de sua<br />

última formulação em 2001 na EA e2008 na EB e EC.<br />

Primeiramente, no PPP da EA, os pressupostos teóricos e a metodologia<br />

são descritos da seguinte forma:<br />

[...] apresentamos o construtivismo como concepção epistemológica que<br />

norteia o nosso trabalho. O conhecimento enquanto forma de conteúdo<br />

começa a aparecer à medida em que há trocas entre o ser e o meio.<br />

Trabalhar numa linha construtivista significa dizer que o aluno é capaz de<br />

pensar, fazer, agir, operar, criar e construir a partir da realidade vivida.<br />

Significa dizer também que o professor deve ser orientador, mediador da<br />

aprendizagem, encorajando as crianças a serem ativos e curiosos. EA -<br />

PPP<br />

Na EB a metodologia se apresenta desta maneira:<br />

A metodologia utilizada na escola fundamenta-se na ideia de que o aluno é<br />

um ser ativo e de relações, portanto é o sujeito do seu processo de<br />

aprendizagem. O professor exerce o papel de mediador na interação do<br />

aluno com o objeto do conhecimento e com o grupo. A sala de aula deve<br />

ser um ambiente prazeroso ao aluno, onde ele se sinta a vontade para<br />

testar suas hipóteses, questionar e trocar informações e experiências com o<br />

grupo. EB – PPP<br />

E na EC a metodologia expressa no PPP é:<br />

A Escola Municipal [...] tem como proposta de metodologia estratégias de<br />

trabalho em grupo que, entre outros, ofereça oportunidades de trabalho<br />

reflexivo, desenvolvendo a capacidade crítica, de argumentação, a atenção,<br />

facilitando a circulação e socialização de informações e organizando a<br />

aprendizagem como uma tarefa social, fruto da cooperação entre pessoas e<br />

grupos.EC – PPP<br />

Com base no que se verificou no PPP das três escolas, identifica-se como<br />

norteador de suas práticas, a concepção pedagógica construtivista. Nesta<br />

perspectiva, Becker (2001, p.73) afirma que, ―A educação deve ser um processo de<br />

construção de conhecimento ao qual ocorrem, em condição de complementaridade,


46<br />

por um lado, os alunos e professores e, por outro, os problemas sociais atuais e o<br />

conhecimento já construído‖.<br />

Neste sentido, no momento em que a escola faz sua opção epistemológica,<br />

também assume sua intencionalidade perante a educação e os sujeitos envolvidos<br />

neste contexto. De acordo com Freire (1996) a educação não é ou jamais deverá ser<br />

neutra, pois no momento que o professor assume determinada postura pedagógica<br />

está fazendo sua escolha política também. Ideia que Vasconcellos (2009)toma como<br />

sustentação para a relevância do PPP, ―[...] algum interesse político nós sempre<br />

servimos, que não há neutralidade; se não temos um projeto explícito e assumido,<br />

com certeza estamos seguindo o projeto de alguém [...]‖ (p.19). Neste sentido, é de<br />

suma importância o professor conhecer as teorias de aprendizagem, suas<br />

implicações pedagógicas, e em qual aprendizado essas escolhas resultarão.<br />

Também se acredita que essa apropriação do professor, seja fundamental para dar<br />

sustentação a sua prática, bem como servir de base para a constante reflexão do<br />

seu fazer pedagógico.<br />

Portanto, as referidas escolas ao fazerem sua opção teórica pelo<br />

construtivismo assumiram uma atitude política de intervenção crítica no mundo e a<br />

tomada de consciência perante a realidade pertencente.Porém essa construção só é<br />

possível a partir da ação e interação de qualidade dos sujeitos sobre o objeto de<br />

conhecimento. Nesta abordagem teórica os alunos se constituem ativos sobre o seu<br />

meio físico e social, capazes de ocasionar transformações neste meio.<br />

Após identificar a concepção pedagógica das escolas, é o momento de<br />

compreender como esta se revela no uso do laboratório de informática. Bem como o<br />

espaço que ocupa o documento que legitima essa teoria, o PPP, perante<br />

professores, alunos e comunidade escolar.<br />

Inicialmente busca-se entender como as coordenadoras pedagógicas,<br />

professoras titulares e professoras do laboratório fazem a relação teoria e prática no<br />

uso do laboratório de informática. Com base na pergunta: De que maneira você<br />

acredita que a concepção pedagógica da escola esteja presente no uso do<br />

laboratório de informática, em particular na turma do 4º ano?<br />

A CPEA possui formação em Biologia e pós-graduação em Educação<br />

Ambiental e atua como coordenadora pedagógica há dez meses na escola.


47<br />

―No proporcionar para os alunos esse contato com essas tecnologias, para<br />

que a aula se torne diferenciada e para que os alunos se tornem motivados.<br />

Eu acho que é nesse sentido,porque a tecnologia tem que estar presente no<br />

dia-a-dia e auxiliando a aprendizagem‖– CPEA.<br />

A CPEB tem Licenciatura em História e atualmente realiza uma Pós-<br />

Graduação em Mídias na Educação, atua como coordenadora há 1 ano e 6 meses.<br />

―A gente quer uma escola onde o aluno seja o centro, o criador, que ele<br />

tenha opções de desenvolver seu trabalho com criatividade [...]. Essa é uma<br />

concepção que a escola tem de pensar no aluno como um todo. Pensando<br />

a nível de 4º ano o nosso laboratório de informática nós temos um<br />

profissional capacitado que junto com a professora organiza a melhor<br />

ferramenta para usar, aquele tema, aquele assunto que a professora e os<br />

alunos tem interesse em trabalhar. Então a partir do momento que a<br />

professora na sala de aula organiza com a professora do LIE qual é o<br />

melhor caminho pra se trabalhar determinado assunto da sala de aula. [...]<br />

porque o LIE é para ser um braço uma extensão do trabalho do professor<br />

no laboratório de informática. Ele tem a capacidade de criar, de poder<br />

desenvolver suas potencialidades, há jogos que dá pra ser trabalhado, ele<br />

consegue ter noção do seu progresso, ele consegue aprender, ele<br />

consegue usar as ferramentas que estão dispostas ali‖- CPEB.<br />

A CPEC é formada em Pedagogia e atua nesta função ha3 anos na escola.<br />

―É mais um recurso para os alunos desenvolverem o que estão aprendendo<br />

em sala de aula. O professor titular intensifica o conteúdo na informática‖ –<br />

CPEC.<br />

A PTEA possui o magistério e atua na área há 30 anos. Atualmente não<br />

realiza curso na área de informática, porém em 2009 iniciou um sobre TIC,<br />

entretanto não o concluiu.<br />

―Eu não vejo muito. Eu acho que... eu não sei te responder essa<br />

pergunta.Eu não vejo muito, eu não sei se do 6º ano apareça mais, mas dos<br />

pequenos eu não vejo muito‖. PTEA.<br />

A PTEB é formada em Pedagogia e atua no município há 14anos. No<br />

momento realiza duas capacitações na área. Uma sobre slides e o outro sobre o uso<br />

do audacity, ambos fornecidos pela prefeitura do município.<br />

―Acredito que no momento que a teoria pedagógica propõe a elaboração e a<br />

prática de projetos, o laboratório de informática e as demais tecnologias,<br />

como a lousa interativa, são ferramentas inovadoras e importantes para<br />

ampliar ainda mais o conhecimento e despertar o raciocínio e o senso<br />

crítico dos nossos alunos‖ – PTEC.


48<br />

A PTEC tem formação em magistério e atua a 30 anos na área. Atualmente<br />

não realiza formação na área de informática, porém afirma já ter realizado em outro<br />

momento.<br />

―Oferecendo esse tipo de recurso pros alunos, eu acho que isso é muito<br />

importante‖ - PTEC.<br />

A PLEA é formada em Licenciatura em Computação e atua há1 ano no<br />

laboratório. O motivo pelo qual escolheu essa função foi por ter decido ter um<br />

emprego de acordo com a capacitação que estava cursando. Antes de coordenar o<br />

laboratório de informática trabalhava em uma empresa e durante a graduação em<br />

uma escola de informática por 4 anos. Atualmente não está realizando formação<br />

continuada, porém ministra cursos de capacitação para professores do município.<br />

―A teoria da escola, eu vou te dizer que na verdade eu não conheço o PPP<br />

da escola, sou nova aqui na escola. Eu tenho feito mais um trabalho com a<br />

coordenadora e com os professores‖–PLEA.<br />

A PLEB é formada em Artes Visuais, no ano de2008 realizou um curso de<br />

capacitação para coordenação de laboratório de 120h. Motivo pelo qual decidiu se<br />

disponibilizar na SMEC para essa função. Antes atuou por 10 anos com turmas de<br />

séries iniciais. Atualmente realiza uma Pós-graduação com ênfase em Mídias na<br />

Educação.<br />

―O laboratório de informática trabalha em consonância com a proposta da<br />

escola, tudo o que é aplicado na sala de aula é executado aqui, a gente faz<br />

um trabalho coletivo, onde é uma extensão da sala de aula aqui, é uma<br />

ferramenta a mais de aprendizado pros alunos‖– PLEB.<br />

A PLEC tem Licenciatura em Matemática e atua no laboratório desde 2011.<br />

Realizou diversos cursos na área e optou pelo trabalho no laboratório por interesse<br />

próprio, solicitando a vaga na prefeitura. Antes atuava em turmas dos anos finais do<br />

ensino fundamental. Atualmente também realiza uma Pós em Mídias na Educação e<br />

durante o ano realiza diversos outros cursos de aperfeiçoamento, no momento um<br />

de Word Pad.<br />

―O laboratório vem pra dar suporte, pra dar apoio pra professora e pros<br />

alunos. Então eles utilizam na pesquisa de material,na construção de textos,<br />

na inserção de imagens dentro do assunto que eles estão trabalhando,eles<br />

fazem a visita pelo Google Maps, realizam tabelas, todas as ferramentas<br />

que tu tem no laboratório‖ - PLEC.


49<br />

As falas da CPEB, PLEB, PLEC e PTEB identificam-se com a teoria expressa<br />

no PPP da EB e EC, pois o computador é visto por essas educadoras como uma<br />

ferramenta pedagógica, capaz de proporcionar a construção do conhecimento. Ideia<br />

que Papert (2008) defende, ―O tipo de conhecimento que as crianças mais precisam<br />

é o que as ajudará a obter mais conhecimento‖ (p.135). Também cabe destacar, que<br />

essas educadoras possuem ou estão procurando uma formação sobre o uso da<br />

informática na educação. Dessa maneira, a busca por uma formação se apresenta<br />

como um fator relevante no uso do computador como ferramenta<br />

pedagógica.Percebe-se que no momento que o professor tem domínio técnico e<br />

pedagógico do uso da informática é possível fazer essa relação teoria e prática<br />

adequadamente. Ao passo que só é possível inferir, analisar, refletir e relacionar<br />

sobre o que nos apropriamos e possuímos conhecimento.<br />

A CPEA, CPEC e PTEC compartilham a opinião de que é importante o uso do<br />

laboratório de informática e dos recursos da tecnologia, entretanto não demonstram<br />

conhecer o real potencial, enquanto ferramenta pedagógica. Respostas como ―[...]o<br />

computador motiva o aluno, é a ferramenta da atualidade ou o computador facilita<br />

(acelera) a educação‖ (VALENTE, 1999, p. 97) derivam da ideia que o computador é<br />

meramente um facilitador da aprendizagem. Entretanto, o uso do computador em<br />

uma perspectiva de construção do conhecimento, possibilita ao aluno agir sobre o<br />

objeto de conhecimento e não receber o conhecimento pronto.<br />

A PLEA ao relatar não conhecer o PPP escola, demonstra não apropriar-se<br />

do documento norteador do trabalho pedagógico da escola. Entretanto, essa<br />

apropriação também deve fazer parte da atuação do professor, nas palavras de<br />

Veiga (2011, p.13), ―Ele é construído e vivenciado em todos os momentos, por todos<br />

os envolvidos com o processo educativo da escola‖. Desta forma, para o trabalho do<br />

professor é fundamental ter acesso e apropriar-se da teoria da escola, a fim de que<br />

possa ocorrer a relação com a sua prática.<br />

A PTEA, mediante sua resposta, demonstra não ter domínio da concepção<br />

pedagógica que embasa o PPP da escola, e, portanto não consegue fazer a relação<br />

com a prática. Nas palavras de Freire (1996), saber fazer essa relação é<br />

fundamental para o exercício da reflexão crítica, ―A reflexão crítica sobre a prática se<br />

torna uma exigência da relação Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando<br />

blá, blá, blá e a prática, ativismo‖ (p.22).


50<br />

Também Valente (1999) destaca que o professor deverá ―[...] ter um profundo<br />

conhecimento dos pressupostos teóricos que embasam os processos de construção<br />

de conhecimento e das tecnologias que possam facilitar esses processos‖ (p.35).<br />

Verifica-se dessa maneira que na EB, tanto a coordenadora pedagógica,<br />

como a professora de laboratório e a professora titular, expressam em suas falas, a<br />

teoria descrita no PPP da escola. Da mesma forma fazem a relação teoria e prática<br />

no uso da informática na educação. E na EA e EC, evidenciou-se a não apropriação<br />

da teoria que sustenta o trabalho pedagógico, bem como do uso do computador<br />

como ferramenta pedagógica.<br />

Outro questionamento surgiu para analisar se nas reuniões pedagógicas o<br />

laboratório de informática era mencionado e com qual enfoque. As respostas das<br />

professoras do laboratório de informática foram respectivamente as seguintes:<br />

―Eu participo das reuniões pedagógicas e o laboratório feliz ou infelizmente<br />

algumas vezes foi como cobrança de um espaço que existe e que as vezes<br />

não é bem utilizado, desta questão que deve haver uma parceria na hora do<br />

planejamento, e as vezes o professor se vê um pouco perdido porque ele é<br />

acostumado a planejar sozinho, e o que a gente percebe é que há a troca<br />

de experiências, mas ela é fora, não nas reuniões pedagógicas – PLEA.<br />

―É mencionado principalmente no que se refere ao blog da escola que é o<br />

instrumento de divulgação do que acontece aqui na escola. Tem um blog<br />

pra cada uma das turmas e é pedido que os professores tragam atividades<br />

para serem publicadas nesse blog‖ – PLEB.<br />

maneira:<br />

―Quando alguma coisa não está acontecendo dentro do previsto, daí eu<br />

peço pra coordenação, explico o que está acontecendo, então na reunião é<br />

tratado, mas de uma forma geral não costuma acontecer‖ – PLEC.<br />

E as respostas das professoras titulares se apresentaram da seguinte<br />

“Ela pede bastante a utilização, a coordenação. Ela quer que a gente utilize<br />

bastante, mas aqui é mais a lousa, utilizada a lousa, para os alunos<br />

poderem interagir‖-PTEA.<br />

―As gurias sempre pedem colocam pra gente estar junto, em parceria com<br />

aprofessora de laboratório no laboratório de informática, usar a lousa dentro<br />

do possível‖ - PTEB.<br />

“Olha, eu não vejo muito‖ – PTEC.


51<br />

A partir da fala da PLEA é possível identificar a necessidade do planejamento<br />

participativo e a resistência de alguns professores internalizarem essa prática.Idéia<br />

que Alonso (2003) também problematiza,<br />

No caso da escola, o trabalho coletivo constitui preocupação mais recente e<br />

nem sempre encontra aceitação por parte dos diretores ou mesmo dos<br />

professores que, por força do hábito de trabalhar isoladamente, vêem nisso<br />

uma perda de tempo ou uma tarefa suplementar (p.99)<br />

Nos relatos da PLEC E PTEC, percebe-se que o uso do laboratório de<br />

informática é pouco mencionado nas reuniões. Já a PLEB, relata que é<br />

mencionado mais com o enfoque de divulgação das atividades da escola. Tanto<br />

a PTEA como a PTEB percebem a abordagem como forma de cobrança por seu<br />

uso. Portanto, o espaço coletivo para problematizar, refletir e planejar sobre o<br />

uso da informática como ferramenta pedagógica, não se efetiva nas reuniões<br />

pedagógicas da EA, EB e EC.<br />

Entretanto para Vasconcellos (2009) este espaço ―[...] é a condição mesma<br />

para a concretização de uma prática transformadora. Trata-se do espaço de<br />

trabalho coletivo constante na escola ou, mais especificamente, da reunião<br />

pedagógica semanal‖ (p.119). Porém o uso da informática na educação, deve<br />

fazer parte das questões abordadas nas reuniões pedagógica. Pois é o espaço<br />

dos educadores construírem juntos meios técnicos e pedagógicos do uso do<br />

computador na escola.<br />

5.2 COMPUTADORES NA ESCOLA: SEUSASPECTOS TÉCNICOS E<br />

PEDAGÓGICOS<br />

Para um melhor entendimento de como se apresenta o uso do laboratório de<br />

informática é necessário conhecer as entrelinhas existentes para o uso desse<br />

espaço. Dessa maneira, a pesquisa também busca compreender os aspectos<br />

técnicos e pedagógicos que permeiam o uso do computador na escola. É<br />

pertinente destacar que a lousa interativa é apontada como o principal espaço,<br />

além do laboratório, no qual os alunos têm acesso a informática. Também cabe


52<br />

destacar que são ministrados cursos de capacitação gratuitos aos professores do<br />

município.<br />

Todos os computadores do laboratório têm acesso à internet, com a eventual<br />

exceção de alguma máquina estar em manutenção. Neste caso, o laboratório<br />

tem durante os três primeiros anos, a assistência técnica por uma empresa que o<br />

governo contrata. Depois desses três anos fica por conta da escola. E aparte de<br />

software tem respaldo da secretaria da educação do município.<br />

A velocidade de conexão é apontada como baixa por todas as professoras do<br />

laboratório, pois a escola dispõe de somente 2 mega, proporcionados pelo MEC,<br />

distribuídos por uma média de 25 computadores. Esta baixa conexão também foi<br />

apontada como uma dificuldade na área de informática pela CPEB:<br />

―Nossa maior dificuldade nesse momento é a questão da internet, um<br />

potencial de internet mais rápida pra pesquisar, abrir na sala direto a lousa<br />

interativa e a questão do Linux, pois é um pacote que dependendo do tipo<br />

de recurso ele não abre, como vídeo no Movie Maker‖ - CPEB.<br />

As professoras titulares, ao serem questionadas se o tempo para o uso do<br />

computador durante a hora atividade era suficiente, pensando na velocidade de<br />

conexão, ambas partilharam da mesma opinião:<br />

―Eu acho que o tempo é curto‖ – PTEA.<br />

―O tempo é pouco, pra acesso a internet só em casa. Tem que trazer salvo<br />

no pen drive‖ – PTEB.<br />

“Ah, precisaria mais tempo‖– PTEC.<br />

Dessa maneira verifica-se que na EA, EB e EC a baixa conexão da internet<br />

torna-se um entrave no fazer pedagógico, tanto para professores como para os<br />

alunos. Pois, a plena utilização da internet é capaz de ―[...] promover algumas das<br />

questões mais importantes para a atualidade: a localização de informações e a<br />

comunicação‖ (TAJRA, 2010, p.134). . Entretanto, não é um problema propriamente<br />

passível de ser resolvido pela escola. Pois o limite da conexão, bem como o pacote<br />

do software, é determinado pelo MEC. Dessa maneira, cabe ao MEC manter uma<br />

avaliação constante de suas ações para o desenvolvimento da informática na<br />

educação, focando suas ações tanto em meios técnicos como pedagógicos.<br />

Neste sentido, para também conhecer melhor o trabalho pedagógico, a<br />

pesquisa busca saber junto a coordenação da escola, por quem é realizado o


53<br />

planejamento das aulas do laboratório de informática. Na EA e EB o planejamento é<br />

realizado pela professora titular e na EC pela professora de laboratório. Porém, em<br />

ambas as escolas, as coordenadoras relataram que existe uma prévia troca de<br />

ideias entre a professora do laboratório e a professora titular.<br />

Tanto a PTEA, como aPTEB e a PTEC tem 4 horas semanais para o<br />

planejamento, porém as professoras de laboratório, quanto ao seu horário para o<br />

planejamento, expressam que:<br />

“Eu tenho hora atividade pra mim me organizar, mas devido à 2ªs feiras ter<br />

professores que só tem períodos naquela turma, então eu não consigo me<br />

organizar nesse horário porque eu tenho que atender essas turmas. E eu<br />

não tenho horário fixo com as turmas, a escola é grande. Eu estou sempre<br />

atendendo turma, então eu não tenho esse tempo de ir na sala e conversar<br />

com a professora, e nem a professora no planejamento que é o dia dela –<br />

PLEA.<br />

―Não temos um horário fixo porque eu atendo aqui turmas do 1º aos 9º anos<br />

por disciplina e como tem turmas que vem uma semana por semana não<br />

tem como montar um esquema de horário fixo, mas quando tem um período<br />

livre entre a manhã e a tarde eu uso ele pra planejar‖ - PLEB.<br />

―Sim. 20% da carga horária, o mesmo dos demais professores‖ – PLEC.<br />

A situação que ocorre no horário de planejamento da PLEA e PLEB<br />

prejudica o momento de reflexão do seu fazer pedagógico. Porém, essa reflexão é<br />

necessária em uma concepção de educação que visa à mudança, a transformação,<br />

pois, através da postura reflexiva do professor durante o planejamento, é possível<br />

intervir e mediar a construção do conhecimento. Nas palavras de Vasconcellos<br />

(2007), ―[...] o planejamento é uma questão política, na medida em que envolve<br />

posicionamentos, opções, jogos de poder, compromisso com a reprodução ou com a<br />

transformação, etc‖ (p.41).<br />

Também foi questionado se existe tempo disponível para o planejamento em<br />

conjunto pela professora titular e a professora de laboratório, constatando-se que:<br />

―Não. A gente se encontra na corrida. E a gente comenta eu vou trabalhar<br />

tal coisa ela sugere,a gente troca algumas ideias, mas nada oficial‖ – PTEA.<br />

―Nas minhas horas atividade, eu programo com ela o que a gente vai fazer‖<br />

– PTEB.<br />

“Tem, na 2ª feira a professora de laboratório tem hora planejamento‖ –<br />

PTEC.<br />

―A gente não tem esse tempo, na verdade isso acontece no corredor, na<br />

sala dos professores, alguma coisa assim‖ – PLEA.


“Não temos um horário fixo, mas a gente se encontra no intervalo ou<br />

mesmo a hora que ela está no laboratório a gente já combina o que vai ser<br />

feito pra próxima semana‖ – PLEB.<br />

54<br />

“A maioria dos professores tem, mas como não fecha às vezes com todos<br />

os professores. A gente se comunica por papéis, na hora do recreio, antes<br />

de começar a aula, alguma coisa assim.... mas a maioria coincide com o<br />

meu horário de planejamento” – PLEC.<br />

Com base nesses relatos, verifica-se que na EA, EB e ECnão há um efetivo<br />

tempo para o planejamento participativo.Entretanto para Vasconcellos (2007, p.40),<br />

O empenho no ato de planejar depende, antes de mais nada, do quanto se<br />

julga aquilo importante, relevante (corresponde a interesses do<br />

sujeito/grupo): quando há interesse nos resultados, certamente o<br />

sujeito/grupo vai se envolver no planejamento, a fim de garantir, o máximo<br />

possível que o resultado almejado venha a se concretizar.<br />

Nesta perspectiva, o planejamento quando realizado em parceria, vem a<br />

fortalecer o trabalho realizado no laboratório de informática, pois não basta somente<br />

a troca de informações entre educadores, a esse profissional é inerente a prática<br />

constante e coletiva da reflexão.<br />

A PTEA, PTEB e PTEC afirmam fazer uso do computador durante o<br />

planejamento, com o objetivo principal de realizar pesquisas que envolvam<br />

atividades para os alunos ou para exposição do conteúdo. Estas modalidades de<br />

uso da internet acabam reduzindo o efetivo potencial, de acordo com Dalbosco e<br />

Brandão (2006),<br />

Além de ser uma rica fonte de informações, passível de ser incorporada em<br />

qualquer programa de aula, a internet também oferece excelentes recursos<br />

de comunicação [...]os quais vão desde a simples publicação de<br />

informações até aprimorados instrumentos de comunicação e interação<br />

(p.115).<br />

Pensamento que Alba (2008) partilha:<br />

As novas tecnologias baseadas nas telecomunicações abrem possibilidades<br />

de utilização para gerar novas formas de comunicação, interação com a<br />

informação e socialização em contextos educativos (p.144).<br />

Portanto, apesar da internet oferecer inúmeras possibilidades pedagógicas,<br />

as professoras titulares da EA, EB e EC vem utilizando-a apenas como fonte de<br />

pesquisa para a elaboração das atividades escolares. Evidencia-se dessa maneira,<br />

a importância dos professores se apropriarem do uso da internet também como<br />

ferramenta pedagógica de construção do conhecimento. Conhecer os ambientes


55<br />

onde são abordadas e socializadas questões pertinentes a educação, ao<br />

aprendizado, a informática, enfim, são inúmeras as possibilidades de uso da internet<br />

que contribuem com o trabalho docente.<br />

Quanto a possíveis dificuldades com o uso da informática, as professoras<br />

titulares afirmam que:<br />

―Não. Claro quando é coisa mais elaborada, porque eu não entendo muito,<br />

então fica mais difícil, então eu preciso da ajuda da professora do<br />

laboratório‖ – PTEA.<br />

―Só no caso sobre a internet, porque aqui a gente está com dificuldade de<br />

pegar‖ – PTEB.<br />

―Quando eu encontro, eu peço para a professora do laboratório‖ – PTEC.<br />

Através desses relatos, evidencia-se novamente a relevância da formação<br />

dos professores para o uso da informática, pois a PTEA e a PTEC aproximam seu<br />

pensamento ao delegarem à professora do laboratório maior conhecimento sobre a<br />

informática. Essa postura das professoras titulares acaba por enfraquecer tanto os<br />

meios técnicos como os pedagógicos no uso do laboratório de informática.<br />

Também ao serem questionadas se possuem um conhecimento prévio dos<br />

tipos de softwares que serão utilizados nas aulas de informática, as respostas foram<br />

as seguintes:<br />

―Geralmente a gente troca, procura sempre conversar quais se adéquam<br />

mais ao trabalho que se está fazendo. Mas geralmente a gente procura usar<br />

os que ela sugere e eu procuro alguma coisa em casa quando tenho<br />

tempo‖– PTEA.<br />

―Às vezes a gente combina isso antes, outras vezes não, daí parte dela a<br />

atividade, porque ela também tem o conhecimento mais amplo‖ – PTEB.<br />

―Sim‖– PTEC.<br />

Entretanto, Tajra (2010) aborda que, ―o professor precisa conhecer os<br />

recursos disponíveis nos programas escolhidos para suas atividades de ensino,<br />

somente assim ele estará apto a realizar uma aula dinâmica, criativa, e segura‖<br />

(p.107). As falas das professoras titulares evidenciam mais uma vez a importância<br />

do planejamento conjunto e a necessidade da formação para o uso da informática.<br />

Pois, o planejamento em parceria proporciona uma maior interação entre os<br />

professores sobre os objetivos de aprendizado a serem desenvolvidos. E a formação


56<br />

do professor proporciona também uma maior apropriação dos recursos disponíveis<br />

nos softwares educacionais.<br />

A PTEB afirma realizar diversos projetos envolvendo o uso do computador, a<br />

PTEC relata já ter realizado algum projeto que envolveu o uso do computador, e a<br />

PTEA relata ter realizado no ano passado, justificando o não uso neste ano pelo fato<br />

do não acesso a internet. Ambas classificam essa experiência como bem<br />

gratificante. Percebe-se que o trabalho por projetos, apesar de ser realizado, não é<br />

adotado como abordagem pedagógica frequente no uso do laboratório. Porém,<br />

através do trabalho por projetos é possível que o aluno sonhe, trace planos, levante<br />

hipóteses e construa as descobertas, enfim é um processo complexo de construção<br />

do conhecimento, nas palavras de Nogueira (2012),<br />

São esses fatores impulsionadores que levam o sujeito a iniciar sua busca,<br />

sua pesquisa, a caminhada para a descoberta e as ações de investigação,<br />

dando espaço para o surgimento do novo. Todo esse processo é permeado<br />

por ações, do sujeito ou de um coletivo, que levam à efetiva realização do<br />

projeto (p.77).<br />

Dessa forma, constitui-se em uma abordagem de construção do<br />

conhecimento, adequada também ao uso do computador. Entretanto,<br />

independentemente do uso da internet, embora essa seja extremamente útil durante<br />

as ―descobertas‖ e a socialização de um novo conhecimento, também é cabível o<br />

trabalho por projetos somente fazendo uso do computador.<br />

Os alunos da EA, EB e EC costumam utilizar a internet na escola, de acordo<br />

com as falas das professoras do laboratório, com o seguinte enfoque:<br />

―Eles tem utilizado pra pesquisa, e realização de atividades em sites onde<br />

tem atividades relacionadas com o conteúdo‖ – PLEA.<br />

―Mais como fonte de pesquisa, pra baixar imagens, entrar em jogos<br />

pedagógicos, mais com esse enfoque educacional‖ – PLEB.<br />

―Utiliza a internet pra pesquisa do assunto que estão trabalhando.<br />

Visualização de vídeos sobre o assunto, pra entrar na página dos projetos<br />

da escola que estão envolvidos e no blog da escola‖ – PLEC.<br />

De acordo com Moran (2012), ―A internet é uma mídia que facilita a motivação<br />

dos alunos, pela novidade e pelas possibilidades inesgotáveis de pesquisa que<br />

oferece‖ (p.53). Ao encontro desse pensamento, constata-se nas EA, EB e EC a<br />

prática da pesquisa na internet amplamente citada. Entretanto, esse é um dos<br />

recursos proporcionados pelo uso da internet, sendo fundamental, após essa inicial


apropriação do uso da internet, que o professor passe a explorar mais suas<br />

possibilidades de criação e socialização do conhecimento.<br />

57<br />

5.3 MODELOS PEDAGÓGICOS E O APRENDIZADO NO USO DO<br />

LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA<br />

A modalidade de atendimento aos alunos, nas três escolas, é sistematizada,<br />

com horário e dia marcados pela coordenação, portanto as aulas no laboratório de<br />

informática ocorrem na EA por um período de 50 minutos e na EB e EC por 1 hora.<br />

A frequência das aulas é de uma vez por semana. Nos laboratórios os<br />

computadores estão distribuídos por bancadas em sequência, as salas possuem ar<br />

condicionado, uma impressora e um retroprojetor.<br />

A EA tem um espaço amplo, que passou por uma recente reforma e tem 22<br />

computadores. Na EB o laboratório é de tamanho médio e encontra-se em reforma.<br />

Algumas bancadas estão desativadas, mas possui um total de 31 computadores<br />

para uso. A EC também tem um laboratório com espaço médio e 31 computadores.<br />

O relato das observações, que seguem abaixo, obedece aos critérios<br />

previstos no diário de observação do apêndice B.<br />

Na TOEA, está presente a professora titular, a professora do laboratório, a<br />

professora auxiliar de inclusão e 27 alunos. A atividade se constitui em fazer uma<br />

pesquisa na internet sobre os tipos de ventos, assunto esse primeiramente iniciado<br />

em sala de aula. Os alunos contem em seus cadernos as questões que devem ser<br />

pesquisadas.<br />

A professora do laboratório faz uso do retroprojetor para explicar como<br />

acessar os sites de pesquisa na internet e orienta para que leiam e interpretem o<br />

que está escrito no site, para que assim possam responder as questões no caderno.<br />

Mantém constantemente uma atitude questionadora, no intuito de aguçar a<br />

curiosidade dos alunos. Estimula a relação com outros fatos e também demonstra<br />

curiosidade sobre as respostas encontradas pelos alunos.


58<br />

A professora titular observa e orienta os alunos para que façam a atividade<br />

corretamente, conforme as questões escritas no caderno e que mantenham a<br />

disciplina, entretanto a orientação de como proceder em uma pesquisa na internet<br />

fica sob a atuação da professora de laboratório.<br />

Os alunos trabalham em duplas, escolhem a resposta correta e após a<br />

copiam para o caderno. Solicitam a presença da professora ao levantar o braço,<br />

procuram manter o silêncio na sala, falando somente aos pares. Esta atividade teve<br />

continuidade na 2ª observação. Alguns alunos começam a aparentar cansaço tanto<br />

para ler no computador, quanto para escrever no caderno. Entretanto, persistem<br />

para concluir a pesquisa e passar para a próxima etapa da atividade. Nesta etapa,<br />

vão construir cruzadinhas sobre os tipos de ventos, fazendo uso de software<br />

aplicativo, que após serão impressas e respondidas em sala de aula.<br />

Quanto ao uso da internet, Tajra escreve que ―[...] a questão não é apenas ter<br />

acesso à informação, mas saber tratá-la e analisá-la, descartando as possíveis<br />

distorções‖ (2010, p. 145). Percebe-se dessa forma que a atuação da professora do<br />

laboratório está de acordo com essa proposta, pois constantemente orienta o<br />

desenvolvimento da pesquisa a partir da análise e interpretação dos dados obtidos<br />

virtualmente. Incentiva constantemente a reflexão e a curiosidade pela pesquisa, e a<br />

construção da cruzadinha é uma proposta de atividade de autoria e socialização<br />

entre os alunos.<br />

Entretanto, também se verifica neste espaço alguns procedimentos de uma<br />

sala de aula diretiva. Revelados pelo comportamento dos alunos durante a<br />

silenciosa etapa de cópia no caderno, onde o computador passa a ser uma versão<br />

computadorizada do quadro negro.<br />

A atuação da professora titular também revela a crença na transmissão do<br />

conhecimento, na medida em que os orienta para copiar as respostas conforme as<br />

questões do caderno e para manter o comportamento silencioso, inibindo o diálogo e<br />

a reflexão. O aluno passa a ser apenas um receptor da informação obtida do<br />

computador. A maior preocupação dos alunos consiste em copiar corretamente e em<br />

silêncio, do que em refletir sobre a pergunta. Porém Tajra (2001) orienta para o<br />

professor ―[...] promover o confronto das informações localizadas, verificar a validade<br />

delas, procurando sempre estimular o senso crítico do aluno‖ (p.135).


59<br />

Portanto, apesar do uso do laboratório na EA apresentar uma proposta de<br />

atividade no modelo relacional, através da atividade de construção das cruzadinhas<br />

pelos alunos. As entrelinhas pedagógicas no desenvolvimento da atividade<br />

reproduzem a maneira tradicional de aprendizado. Dessa forma, na EA, revela-se o<br />

modelo pedagógico diretivo.<br />

Na TOEB está presente a professora titular, a professora do laboratório e 21<br />

alunos. Os softwares utilizados são o aplicativo, multimídia e os jogos educacionais.<br />

A atividade desenvolvida primeiramente é construir uma apresentação em Power<br />

Point sobre uma saída de campo da turma. A professora do laboratório explica<br />

como inserir imagem, falas com balão, entre outros recursos do Power Point,<br />

conforme os alunos vão tendo a necessidade de utilizar tais recursos em seu<br />

trabalho. A professora titular interfere o mínimo possível junto a turma e os alunos<br />

trabalham em duplas montando os slides.<br />

Na aula da 2ª observação são apresentados os trabalhos, a professora do<br />

laboratório faz uso do retroprojetor para ir passando os slides e a professora titular<br />

assiste junto aos demais alunos as apresentações. Os alunos estão atentos para ver<br />

suas fotos e para ver quais as falas colocadas pelos colegas. O tempo final da aula<br />

é disponibilizado como tempo livre para jogos da internet, neste momento os alunos<br />

ficam eufóricos pelos jogos e a grande maioria joga em duplas.<br />

Através dos softwares aplicativos e multimídia é possível aos alunos criare<br />

socializar a sua produção. Os jogos educacionais revelam o desejo mais intenso dos<br />

alunos, o genuíno prazer de aprender mediante a ação e interação com o meio. Nas<br />

palavras de Valente (1995)―Os jogos, do ponto de vista da criança, constituem a<br />

maneira mais divertida de aprender‖ (p.10).<br />

A postura da professora de laboratório e dos alunos, durante a atividade de<br />

elaboração da apresentação em Power Point, revela o prazer pela criação. Este<br />

espaço de sala de aula, Becker (2001) descreve como ―[...] a construção e a<br />

descoberta do novo, é a criação de uma atitude de busca e de coragem que essa<br />

busca exige‖ (p.28). Percebe-se que nesta sala de aula, o trabalho em duplas<br />

proporciona o diálogo, a troca de ideias, a cooperação, a reflexão e o afeto entre os<br />

pares. Também de acordo com Becker (2001), ―[...] a ação começa a fluir de ambas<br />

as partes, e não só na relação professor-aluno ou aluno-professor, mas também na<br />

relação aluno-aluno‖ (p.41).


60<br />

Porém, a professora titular ao anular sua postura perante o espaço do<br />

laboratório de informática, acaba por ―[...] inconscientemente, na maioria das vezes –<br />

renuncia àquilo que seria a característica fundamental da ação docente: a<br />

intervenção no processo de aprendizagem do aluno‖(BECKER, 2001, p.21).<br />

Desta forma, no espaço do laboratório da EB, apresenta-se uma dualidade<br />

de concepção pedagógica entre professora do laboratório e professora titular.<br />

Entretanto, o processo de aprendizagem desenvolvido entre professora do<br />

laboratório e os alunos, revela-se no modelo pedagógico relacional.<br />

Na TOEC está presente a professora titular, a professora do laboratório, 30<br />

alunos e 1 aluno monitor de outra turma. Os softwares utilizados são o aplicativo e<br />

os jogos educacionais. A atividade desenvolvida é a digitação de um texto, sobre<br />

uma saída de campo da turma, o qual estava previamente escrito no caderno.<br />

A professora do laboratório faz uso do retroprojetor para explicar os passos<br />

que os alunos devem seguir durante as atividades no computador. Solicita que todos<br />

parem e cruzem os braços para escutar sua explicação, após esse momento colocase<br />

a disposição para possíveis dúvidas, circulando entre os alunos. As explicações<br />

envolvem como fazer a escolha da letra, tamanho da fonte e como salvar o<br />

documento. Atua ativamente, instrui, estabelece regras de comportamento e<br />

também orienta sobre a ortografia correta, como iniciar frases com letra maiúscula e<br />

as demais letras minúsculas. No final da aula,a professora de laboratório orienta que<br />

na próxima aula terminarão de digitar o texto. Passa a apresentar no projetor as<br />

imagens que havia baixado, referente o lugar da saída de campo da turma.<br />

Questiona se algum aluno tem interesse em mais alguma imagem, pois na próxima<br />

aula poderão escolher duas imagens para colocar junto ao texto e após imprimir. O<br />

monitor segue as ordens da professora do laboratório, auxiliando os alunos nas<br />

questões técnicas do uso do aplicativo.<br />

A professora titular orienta sobre o comportamento, a disciplina, as questões<br />

de ortografia e auxilia os alunos com mais dificuldade na escrita. Nas questões<br />

sobre o uso do aplicativo deixa a comando da professora do laboratório.<br />

Os alunos permanecem frente aos seus computadores digitando os textos e<br />

não devem olhar ou ajudar o colega do lado, também são orientados para cuidarem<br />

do seu trabalho. Levantam a mão quando tem alguma dúvida, ou chamam pelo<br />

nome das professoras para resolver dúvidas sobre a escrita ou o uso computador.


61<br />

Na 2ª observação a atividade realizada são os jogos educacionais, pois<br />

conforme combinação da turma, na última 5ª feira do mês, os alunos tem direito a<br />

atividade do jogo livre. Em um primeiro momento a metade da turma tem acesso aos<br />

jogos da internet e os demais aos jogos disponíveis no programa do computador. Na<br />

metade da aula troca essa ordem. Os alunos jogam, na grande maioria,<br />

individualmente.<br />

O software aplicativo é utilizado para o conhecimento e a prática do editor de<br />

texto. De acordo com Tajra (2010), ―[...] são softwares que apresentam vários<br />

recursos de elaboração de textos [...] Os editores de textos ajudam no<br />

desenvolvimento das habilidades linguísticas‖ (p.62).<br />

Entretanto, a atividade extensa de cópia do caderno para o computador,<br />

acaba por absorver a proposta de uso dos recursos do aplicativo. A criação, a troca<br />

e a cooperação entre os alunos também é sucumbida.<br />

A atuação da professora do laboratório revela a prática do professor detentor<br />

do conhecimento. De acordo com Becker (2003) ―Essas concepções pedagógicas<br />

submetem incondicionalmente o aluno ao professor. A hegemonia do aluno é<br />

derivada da – e somente da – hegemonia do professor‖ (p.72).<br />

A atuação da professora titular restringiu-se as orientações sobre a escrita e<br />

do comportamento. A postura dos alunos se revela passiva perante o objeto de<br />

aprendizagem. Nesta abordagem, Becker (2001) escreve que,<br />

O professor acredita no mito da transferência do conhecimento [...]. Tudo o<br />

que o aluno tem a fazer é submeter-se à fala do professor: ficar em silêncio,<br />

prestar atenção, ficar quieto e repetir tantas vezes quantas forem<br />

necessárias, escrevendo, lendo, etc., até aderir em sua mente, o que o<br />

professor deu (p.18).<br />

No momento dos jogos, os alunos demonstram uma maior satisfação.<br />

Entretanto, mediante a prática condicionada nas aulas, revelam uma postura<br />

individualista ao jogar sozinhos, negando dessa maneira a troca de saberes e a<br />

construção coletiva.<br />

Mediante a relação estabelecida de ensino- aprendizagem, no laboratório da<br />

EC, revela-se o modelo pedagógico diretivo.<br />

Com o propósito de compreender melhor como se estabelece o processo de<br />

aprendizagem no espaço do laboratório das três escolas, buscou-se conhecer a


visão dos educadores da EA, EB e EC sobre a contribuição da informática para a<br />

educação:<br />

62<br />

―Eu penso que a informática na educação é o que tem de melhor, porque eu<br />

em sala de aula eu não saberia mais voltar sem o uso dessa tecnologia, a<br />

tua aula se torna diferente‖ - CPEA.<br />

―A informática primeiramente eu vejo a questão da criação, não tem uma<br />

coisa só, a tua capacidade criativa é com certeza ali uma ferramenta que tu<br />

tem pra usar‖ - CPEB.<br />

―Com o uso da tecnologia os trabalhos se tornam mais ricos e com<br />

qualidade‖ - CPEC.<br />

―Eu acho que traz bastante conhecimentos, a busca, porque o futuro das<br />

crianças, do país vai ser esse, relacionado a tecnologia e que não sabe vai<br />

ficar pra traz, vai fazer cada vez mais benefícios‖ – PTEA.<br />

―Pra ampliar o conhecimento deles com certeza, eles vislumbrarem outras<br />

coisas, outras ideias, até a nível de imagens, que pra eles as vezes é muito<br />

pobre‖ – PTEB.<br />

―Contribui muito pro conhecimento deles e pra porque a gente procura cada<br />

vez mais uma maneira de cativar os teus alunos pra que eles tenham<br />

vontade de aprendem e com a informática tu consegue isso, porque é um<br />

recurso que eles valorizam e gostam muito‖ – PTEC.<br />

―Contribui Em função de que as vezes tu tem aquele aluno com dificuldade<br />

de atenção e o computador faz com que ele fique mais focado. A questão<br />

da geração y geração z, eles não conseguem ter o foco em um objeto e sim<br />

em vários ao mesmo tempo, várias atividades. Então eu acho que nós<br />

temos que aprender a lidar com isso e o computador, um tablet, algum outro<br />

recurso assim ele vem fazer isso‖ – PLEA.<br />

―É uma ferramenta que agrega mais conhecimento, agora tu tem um mundo<br />

de informação na tua frente...‖ – PLEB.<br />

―Eu acho que é um grande salto, os alunos através da informática eles<br />

passaram a conhecer muito mais, ter uma vivência maior, eles começaram<br />

a abstrair muito mais. As consequências disso a gente ainda vai ver. Mas<br />

acredito que estão cada vez mais rápidos, na questão do novo‖ - PLEC.<br />

As falas da CPEA, CPEC, PTEA, PTEB, PTEC e PLEC se aproximam pelo<br />

fato de considerarem a informática como caminho de melhoria da educação,<br />

entretanto Moran (2012) complementa que, ―Elas são importantes, mas não<br />

resolvem as questões de fundo. Ensinar e aprender são os desafios maiores que<br />

enfrentamos em todas as épocas e particularmente agora [...]‖ (p.12). Esse<br />

pensamento sustenta que o uso das tecnologias na educação também precisa estar<br />

impermeado pelo aspecto pedagógico. Dessa maneira o ensino e a aprendizagem<br />

devem permanecer como o foco principal no uso da informática na educação e não


63<br />

o uso da informática ganhar status de soberania diante a aprendizagem. Portanto, o<br />

embasamento teórico é fundamental para se estabelecer uma caminhada de uso da<br />

informática como ferramenta pedagógica.<br />

Nos relatos da CPEB, PLEA e PLEB, percebe-se uma abordagem do uso da<br />

informática como ferramenta pedagógica. Dalbosco e Brandão (2006)<br />

complementam que,<br />

[...] ambientes informatizados de ensino que seguem uma teoria<br />

construtivista do conhecimento devem reunir recursos tecnológicos que<br />

permitam ao aluno um alto grau de interatividade, propiciando interfaces<br />

que lhe permitam a criação de representações virtuais, de modo que ele<br />

possa não apenas tomar decisões, mas, também, manipular, vivenciar,<br />

participar, experimentar. (p.107).<br />

A aprendizagem, nesta perspectiva proporciona a ação e interação do aluno<br />

com o seu objeto de aprendizagem. Configura-se, neste sentido o permanente<br />

processo de aprendizagem, caracterizado por Freire como um eterno aprender a<br />

aprender. Portanto percebe-se que na EA e EB por parte de alguns educadores,<br />

existe a relação teoria e prática da aprendizagem, que conforme Becker (2003), ―O<br />

desenvolvimento do conhecimento que, segundo Piaget, embasa toda<br />

aprendizagem ocorre nesse nível, e não no mero nível da ação prática‖ (p.66).


64<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Pedagogia é, então, o campo do conhecimento que se ocupa do estudo<br />

sistemático da educação, isto é,do ato educativo, da prática educativa<br />

concreta que se realiza na sociedade como um dos ingredientes básicos da<br />

configuração da atividade humana (LIBÂNEO, 2004, p.30).<br />

Perpassado o aprofundamento teórico e a análise dos dados, é o momento<br />

de fazer algumas considerações em busca da construção do ―saber pedagógico‖,<br />

com base na relação teoria e prática pré-determinante desta pesquisa. Interessante<br />

foi constatar que, diferentemente da hipótese inicial 7 , foi possível verificar que o uso<br />

do laboratório de informática revela-se parcialmente em consonância com a<br />

concepção pedagógica da escola.<br />

O construtivismo foi identificado como teoria pedagógica das três escolas<br />

envolvidas neste estudo. Entretanto, as entrelinhas para que realmente se efetive a<br />

relação da teoria com a prática, compromete o fazer pedagógico no uso do<br />

laboratório de informática. Algumas questões elencadas neste estudo revelaram as<br />

entrelinhas desses entraves, tanto técnicos como pedagógicos no uso do laboratório<br />

de informática.<br />

O Projeto Político Pedagógico não faz parte do trabalho permanente de<br />

reflexão da escola. Pois, devido ao período de sua construção, não satisfaz mais<br />

aos atuais anseios da comunidade escolar. Também não é fonte de apropriação<br />

teórica por todos os professores, além do que a falta de embasamento teórico<br />

acarreta a dissociação entre a teoria e a prática no uso do laboratório de informática.<br />

Também se verificou que nas reuniões pedagógicas, o uso do laboratório de<br />

informática não é problematizado efetivamente com uma abordagem de ferramenta<br />

pedagógica. Da mesma forma, constatou-se que não há um momento oficial para o<br />

planejamento em conjunto entre a professora titular e a professora do laboratório.<br />

7 O uso do laboratório de informática não se revela em consonância com a concepção epistemológica<br />

da escola.


65<br />

Entraves técnicos, como a baixa conexão de internet foi problematizado pela<br />

maioria dos professores, apontado como dificuldade no uso da informática na<br />

educação, entretanto esse entrave seria passível de ser solucionado, mediante<br />

ações do MEC.<br />

As práticas pedagógicas mais significativas, quanto ao uso do computador<br />

como ferramenta pedagógica, foram identificadas nas professoras que buscam<br />

cursos de formação para uso da informática. Entretanto, a dualidade de atuação<br />

entre as professoras de laboratório e titulares, bem como as práticas internalizadas<br />

no modelo pedagógico diretivo, acabam gerando enormes entraves técnicos e<br />

pedagógicos no uso da informática. O uso do laboratório de informática revela um<br />

espaço de muitos outros questionamentos e problematizações acerca da informática<br />

educacional.<br />

Dessa forma, alguns questionamentos invadem o meu ―saber pedagógico‖.<br />

Por que o documento norteador de toda uma prática profissional permanece<br />

as sombras do efetivo trabalho pedagógico da escola?<br />

Os educadores conhecem verdadeiramente a teoria que fundamenta a<br />

instituição em que atuam?<br />

Por que, apesar de todo o embasamento construtivista, as nuances do<br />

modelo pedagógico diretivo ainda se apresentam no espaço escolar?<br />

As ações do MEC satisfazem realmente ao desenvolvimento da informática<br />

como ferramenta pedagógica?<br />

A instituição escolar oportuniza a prática pedagógica participativa?<br />

Penso que a construção do conhecimento foi por mim vivenciada através<br />

dessa pesquisa. Estudar, conhecer e me apropriar do uso da informática na<br />

educação, por meio da pesquisa, constatou que o verdadeiro aprendizado ocorre<br />

realmente por meio da ação. Ação que interminavelmente acaba gerando novos<br />

desafios e novos saberes.<br />

A ação foi sempre o verbo que me moveu nesta caminha de construção de<br />

saberes. Saberes esses, adquiridos durante a minha formação no curso de<br />

Pedagogia e que neste momento sinto-me satisfeita por ter vivenciado plenamente.<br />

Fico grata por todos os professore que fizeram parte dessa minha trajetória e que<br />

aos poucos foram instigando o meu ―saber pedagógico‖ Afinal, Pedagogia e<br />

pedagogos para quê?


66<br />

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69


70<br />

APÊNDICES<br />

APÊNDICE A - CRONOGRAMA DA COLETA DE DADOS<br />

DATA ESCOLA PROCEDIMENTO<br />

06/09 EA ANÁLISE do PPP<br />

10/09 EC ANÁLISE DO PPP<br />

12/09 EB ANÁLISE DO PPP<br />

13/09 EC 1ª OBSERVAÇÃO<br />

17/09 EB 1ª OBSERVAÇÃO<br />

ENTREVISTA PLEB<br />

18/09 EB ENTREVISTA PTEB<br />

21/09 EA 1ª OBSERVAÇÃO<br />

ENTREVISTA PLA<br />

24/09 EC ENTREVISTA PLEC<br />

ENTREVISTA PTEC<br />

25/09 EA ENTREVISTA PTEA<br />

27/09 EC 2ª OBSERVAÇÃO<br />

ENTREVISTA CPEC<br />

28/09 EA 2ª OBSERVAÇÃO<br />

01/10 EB 2ª OBSERVAÇÃO<br />

ENTREVISTA CPEA<br />

ENTREVISTA CPEB


71<br />

APÊNDICE B - DIÁRIO DE OBSERVAÇÃO<br />

O espaço físico do laboratório;<br />

Sujeitos do espaço;<br />

Software utilizado;<br />

Descrição da atividade;<br />

A interação professor aluno frente ao uso do computador;<br />

A postura do professor do laboratório quanto ao aprendizado frente ao uso<br />

do computador;<br />

A postura do professor titular quanto ao aprendizado frente ao uso do<br />

computador;<br />

A postura dos alunos quanto ao aprendizado frente ao uso do computador;<br />

DATA/HORÁRIO ESCOLA OBSERVAÇÕES


72<br />

APÊNDICE C - QUESTÕES NORTEADORAS DA ENTREVISTA<br />

SEMIESTRUTURADA APLICADA AS COORDENADORAS PEDAGÓGICAS<br />

1.Qual a sua formação e a quanto tempo atua como coordenadora<br />

pedagógica nesta escola?<br />

2.De que maneira você acredita que a concepção pedagógica da escola<br />

esteja presente no uso do laboratório de informática, em particular na turma do 4º<br />

ano?<br />

3.Os conteúdos do 4º ano, desenvolvidos no laboratório de informática são<br />

descritos em planejamento por qual professor(a)?<br />

4.A escola encontra alguma dificuldade na área da informática na educação?<br />

5.De que maneira você acredita que a informática contribui para a<br />

educação?


73<br />

APÊNDICE D - QUESTÕES NORTEADORAS DA ENTREVISTA<br />

SEMIESTRUTURADA APLICADA AS PROFESSORAS DO LABORATÓRIO<br />

1.Qual a sua formação e qual a sua experiência antes de trabalhar no<br />

laboratório de informática?<br />

2.Quando e por que você passou a trabalhar no laboratório de informática?<br />

3.Na época participou de alguma formação para assumir essa função?<br />

4.Pensando na teoria pedagógica da escola, de que maneira você acredita<br />

que ela esteja presente no uso do laboratório de informática, em particular na turma<br />

do 4º ano?<br />

5.Nas reuniões pedagógicas o laboratório de informática é<br />

mencionado?Com qual enfoque?<br />

6.Tem horário para o planejamento das aulas do 4º ano?<br />

7.Tem horário disponível para o planejamento com a professor titular?<br />

8.Todos os computadores do laboratório têm acesso á internet?<br />

9.A velocidade de conexão é baixa ou não?<br />

10.Como é feito a manutenção dos computadores?<br />

11.0s alunos do 4º ano utilizam a internet? De que maneira?<br />

12.No que você acredita que a informática contribui para a educação?


74<br />

APÊNDICE E - QUESTÕES NORTEADORAS DA ENTREVISTA<br />

SEMIESTRUTURADA APLICADA AS PROFESSORAS TITULARES<br />

1.Qual a sua formação e a quanto tempo atua na área?<br />

2.Qual o tempo disponível na escola para o planejamento?<br />

3.Ao realizar seu planejamento inclui o uso da informática? De que maneira?<br />

4.Tem horário disponível para o planejamento com a professor do<br />

laboratório?<br />

5.Você faz uso do computador e tem acesso a internet na escola?<br />

6.O tempo é suficiente para o uso do computador?<br />

7.Você tem conhecimento prévio dos tipos de softwares que serão utilizados<br />

nas aulas de informática?<br />

8.Você já realizou ou realiza alguma formação continuada na área de<br />

informática?<br />

9.Encontra alguma dificuldade no uso da informática?<br />

10.Você percebe alguma diferença entre o aprendizado na sala de aula e no<br />

laboratório de informática? dê exemplo:<br />

11.A turma do 4º ano realiza ou já realizou projetos de trabalho que<br />

envolvam o uso da informática? De que forma?<br />

12.Nas reuniões pedagógicas é problematizado o uso do computador na<br />

educação? Com qual enfoque?<br />

13.No que você acredita que a informática contribui para a educação?

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