Avaliação do conhecimento sobre urgências oftalmológicas dos acadêmicos da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina ...101ABSTRACTObjective: To evaluate the knowledge base of Pontifical Catholic University of Campinas medical stu<strong>de</strong>ntsregarding ophthalmic emergencies (OE). Methods: Cross-sectional survey among first-year and sixth-year medicalstu<strong>de</strong>nts based on data collection obtained through a standardized questionnaire containing a self-evaluation testin which the stu<strong>de</strong>nts had to evaluate their knowledge into “good”, “average” or “insufficient”, and 10 multiplechoice questions covering the OE themes. The data were evaluated using measures of central ten<strong>de</strong>ncy and Stu<strong>de</strong>nt’sT test for assessing the continous variables and the Chi-square test for the categorical variables using the GraphPadInStat software. Results: Seventy first-year medical stu<strong>de</strong>nts (77.7%) with an average age of 20.9 years and 49sixth-year medical stu<strong>de</strong>nts (54.4%) with an average age of 24.9 years were interviewed. The majority of first-yearmedical stu<strong>de</strong>nts (83.1%) consi<strong>de</strong>red their knowledge “insufficient” and, the majority of sixth-year medical stu<strong>de</strong>nts(43.2%) classified their knowledge as “average” (p=0.0001). In the multiple choice questions, the first-year medicalstu<strong>de</strong>nts obtained an average gra<strong>de</strong> of 5.5 and the sixth-year medical stu<strong>de</strong>nts, 6.3 (p=0.0065), thus the averagegra<strong>de</strong> obtained by both graduation levels was equal to 5.9. Conclusion: The study found <strong>de</strong>ficiencies in knowledgeabout OE. The results of this study will be used by the Ophthalmology Study Group for planning effective strategiesfor better teaching ophthalmology.Keywords: Evaluation; Health knowledge, attitu<strong>de</strong>s, practice; Stu<strong>de</strong>nts, medical; Education, medical;Ophthalmology/education; Emergencies; QuestionnairesINTRODUÇÃOAs urgências oftalmológicas (UO) representamcerca <strong>de</strong> 7% dos atendimentos em prontos-socorros gerais (1) . Dentre essas afecções oculares,as mais frequentes são: trauma ocular contuso ouperfurante, infecções oculares e orbitárias, glaucomaagudo e as queimaduras químicas (1,2) .O primeiro atendimento <strong>de</strong> uma urgênciaoftalmológica (UO) é realizado geralmente por médicosnão oftalmologistas em prontos-socorros gerais. Sãoesses profissionais os primeiros a conduzirem os casos<strong>de</strong> UO e <strong>de</strong>cidirem sobre o diagnóstico e tratamentoiniciais (3) . Deste modo, conhecimentos básicos em UOsão necessários para se tomar uma conduta correta eprecoce, evitando danos oculares severos e o comprometimentoirreversível da acuida<strong>de</strong> visual.Os médicos não oftalmologistas, em sua maioria,não se sentem seguros no atendimento <strong>de</strong> UO (3) . A insegurançano atendimento é o reflexo da formação insuficienteno ensino da <strong>Oftalmologia</strong> durante a graduaçãomédica, o que po<strong>de</strong> levar ao retardo na condução a<strong>de</strong>quadadas UO e, consequentemente, ao risco potencial<strong>de</strong> dano ocular e diminuição da acuida<strong>de</strong> visual (4) . Destaforma, é imprescindível que a graduação ofereça condiçõesa<strong>de</strong>quadas para formar médicos capacitados a diagnosticar,tratar e encaminhar corretamente ao especialistaos casos <strong>de</strong> urgências oftalmológicas atendidos emserviços não especializados (5,6) . Além dos conhecimentosem UO, o ensino da <strong>Oftalmologia</strong> <strong>de</strong>ve tambémenfatizar a importância do diagnóstico <strong>de</strong> doençassistêmicas com manifestações oculares presentes na rotina<strong>de</strong> diversas especialida<strong>de</strong>s médicas e <strong>de</strong> doençasoculares <strong>de</strong> resolução simples (7) .Deste modo, alterações curriculares e programasextracurriculares com o objetivo <strong>de</strong> aumentar oenvolvimento do acadêmico com a especialida<strong>de</strong> durantea graduação, permitiriam consolidar o conhecimentoem tópicos gerais e no atendimento <strong>de</strong> urgência. Omelhor entendimento da <strong>Oftalmologia</strong> durante a graduaçãogarante a formação <strong>de</strong> profissionais capacitadosao atendimento a<strong>de</strong>quado, contribuindo para a saú<strong>de</strong>ocular e a prevenção da cegueira (6) .Este estudo tem por objetivo avaliar e analisar osconhecimentos sobre urgências oftalmológicas entre osacadêmicos do primeiro ano e último ano <strong>de</strong> graduação daFaculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da PUC-Campinas, fornecendosubsídios para traçar estratégias curriculares <strong>de</strong> ensino eelaboração <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s complementares a serem realizadaspela Liga <strong>de</strong> <strong>Oftalmologia</strong> da PUC-Campinas.MÉTODOSEstudo <strong>de</strong> <strong>de</strong>lineamento transversal (inquérito)realizado entre 119 acadêmicos (70 do primeiro ano e49 do último ano) da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da PontifíciaUniversida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Campinas durante o período<strong>de</strong> agosto a setembro <strong>de</strong> 2010. As entrevistas foram realizadaspelos membros da Liga <strong>de</strong> <strong>Oftalmologia</strong> em diasespecíficos, que buscaram aleatoriamente os acadêmicosdo primeiro e último ano <strong>de</strong> graduação que consentiramem participar do estudo.O questionário elaborado para este estudo (Anexo1 - Questionário) compilou dados pessoais referentesRev Bras Oftalmol. 2012; 71 (2): 100-5
102Rached CR, Oliveira TC, Sousa CLMM, Escu<strong>de</strong>iro IM, Mori LP, Ferreira FP, Xavier JCB, Milioni BHM, Figueiredo RR, Paula MATabela 1Características individuaisdos acadêmicos entrevistadosPrimeiro anoÚltimo anoCaracterísticas n % n %SexoMasculino 23 32,9 23 46,9Feminino 47 67,1 26 53,1Mediana da ida<strong>de</strong> 20 24Tabela 2Percentual das respostas em cada tema da autoavaliação e suas médiasPrimeiro anoÚltimo anoTemas Bom Regular Insuficiente Bom Regular InsuficienteQueimaduras químicas 2,9 10 87,1 36,7 32,7 30,6Trauma ocular 1,4 12,9 85,7 36,7 44,9 18,4Perfurações oculares 1,4 11,4 87,1 34,7 44,9 20,4Fratura <strong>de</strong> órbitas 2,9 5,7 91,4 10,2 38,8 51Glaucoma agudo 1,4 21,4 77,1 18,4 42,9 38,8Infecções oculares 5,7 24,3 70 22,4 55,1 22,4Médias 2,6 14,3 83,1 26,5 43,2 30,3ao acadêmico entrevistado (nome, sexo, ida<strong>de</strong> e ano <strong>de</strong>graduação), uma autoavaliação do conhecimento <strong>de</strong> UOe 10 questões <strong>de</strong> múltipla escolha sobre o tema.Na autoavaliação, os entrevistados julgaram o seuconhecimento em UO como “bom”, “regular” ou “insuficiente”em cada um dos temas abordados (queimadurasquímicas, trauma ocular, perfurações oculares, fraturas<strong>de</strong> órbita, glaucoma agudo e infecções oculares eorbitárias) e, nas questões <strong>de</strong> múltipla escolha, foramavaliados quanto à conduta escolhida em cada questão,recebendo uma nota (escala <strong>de</strong> 0 a 10) segundo o total<strong>de</strong> questões respondidas corretamente.Foi estabelecido como “<strong>de</strong>sempenho esperado” oíndice <strong>de</strong> acerto nas questões <strong>de</strong> múltipla escolha maiorque 80% ou nota maior ou igual a 8, sendo a nota máximaigual a 10.Os dados coletados foram tabulados no MicrosoftExcel® e avaliados por medidas <strong>de</strong> tendência central.Também foram utilizados o Teste T <strong>de</strong> Stu<strong>de</strong>nt para aanálise <strong>de</strong> variáveis contínuas e Teste Qui-quadrado paravariáveis categóricas através do software GraphPadInstat® versão 3.05. O nível <strong>de</strong> significância adotado foi<strong>de</strong> p