Mar-Abr - Sociedade Brasileira de Oftalmologia
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Avaliação da camada <strong>de</strong> fibras nervosas da retina nas afecções neuroftalmológicas da via óptica anterior129Figura 2: Perda difusa da camada <strong>de</strong> fibras nervosas retiniana:falta <strong>de</strong> estriações peripapilares e exposição dos vasos retinianosmuito bem <strong>de</strong>finidas (Figura 2).Perda difusa e parcial das fibras que seja uniformementedistribuída pelo nervo é muito mais difícil <strong>de</strong> perceberao exame clínico, principalmente se for bilateral. Casosparciais unilaterais são melhor avaliados do ponto <strong>de</strong>vista clínico pela comparação com o olho contralateralseja à oftalmoscopia, seja através <strong>de</strong> fotografias.Perda focal das fibras nervosas retinianasPerda focal significa redução das fibras em umaregião circunscrita da via óptica anterior e sua partecorrespon<strong>de</strong>nte na CFNR. A aparência do <strong>de</strong>feito <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>da profundida<strong>de</strong>, largura e posição em relação aodisco óptico. (2) Defeitos profundos e <strong>de</strong> toda espessurasão mais fáceis <strong>de</strong> diagnosticar que os parciais. Os <strong>de</strong>feitosfocais são <strong>de</strong>limitados por curvas que acompanhamo arranjo curvilinear da CFNR nos feixes <strong>de</strong> fibras esempre reduzem em direção ao DO (Figura 3).Defeitos focais pequenos são geralmente melhorvistos a uma distância 1 a 3 discos ópticos afastada dacabeça do nervo óptico, sendo mais reduzidos próximoao disco óptico. Defeitos mais largos, em forma <strong>de</strong> cunha,po<strong>de</strong>m ser vistos até uma distância maior.A distribuição dos <strong>de</strong>feitos focais da CFNR <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>do local da lesão na via óptica anterior. Um acometimentofrequente é aquele que envolve o feixepapilo-macular, com perda importante das fibras no setortemporal do disco óptico (Figura 4).Do ponto <strong>de</strong> vista prático, o tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>feito po<strong>de</strong>ser dividido nas lesões do nervo óptico, do quiasmaóptico, do trato óptico e do corpo geniculado lateral.Alterações na camada <strong>de</strong> fibras nervosasnas lesões dos nervos ópticosDefeitos focais são frequentemente encontrados emFigura 3: Representação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>feito focal na camada <strong>de</strong> fibrasnervosas da retina (seta)vários tipos <strong>de</strong> lesões do nervo óptico, embora a maioriadas lesões possa também causar atrofia difusa das fibras,principalmente nas fases mais avançadas da doença. O tipo<strong>de</strong> perda <strong>de</strong> fibra representa assim a morte axonal <strong>de</strong>corrente<strong>de</strong> qualquer tipo <strong>de</strong> lesão. As principais neuropatiasópticas são representadas pelas neuropatias inflamatórias/<strong>de</strong>smielinizantes, isquêmicas, hereditárias, tóxicas,carenciais, compressivas e traumáticas.Neuropatias inflamatóriasAs neuropatias inflamatórias são frequentes eenglobam as doenças <strong>de</strong>smielinizantes e imuno-mediadas,idiopáticas ou infecciosas. Na fase aguda o DO po<strong>de</strong>ser normal ou apresentar e<strong>de</strong>ma que geralmente é discretoa mo<strong>de</strong>rado. Exsudatos po<strong>de</strong>m ocorrer e hemorragiassão incomuns. A perda da CFNR começa após ummês da crise <strong>de</strong> neurite óptica e continua por 3 a 6 mesesquando então aparecem os <strong>de</strong>feitos na camada <strong>de</strong> fibras.Os <strong>de</strong>feitos po<strong>de</strong>m ser focais ou difusos, ocorrendo ematé 80% dos pacientes com neurite óptica. (10) Existe umapreferência para o acometimento do setor temporal, comperda importante do feixe papilo-macular (Figura 4).A TCO é um método importante na quantificaçãoda lesão axonal <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> neurite óptica aguda e já foibastante investigado em casos on<strong>de</strong> o acometimento donervo óptico está associado à esclerose múltipla (EM).Quando comparado a controles normais os olhos acometidospor neurite óptica apresentam uma redução <strong>de</strong> 33-46%da CFNR à TCO. (39,40) O afilamento é predominantementeno quadrante temporal, envolvendo o feixe papilomaculare se torna evi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> 3 a 6 meses após o episódio agudo. (40)Pacientes com perda mais grave da CFNR e com afilamentointenso da mesma tem menor chance <strong>de</strong> recuperação visual.(11) Costello et al. concluíram que uma medida <strong>de</strong> CFNR<strong>de</strong> 75µm ou menos implica num prognóstico ruim quanto àRev Bras Oftalmol. 2012; 71 (2): 125-38