10.07.2015 Views

Mar-Abr - Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Mar-Abr - Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Mar-Abr - Sociedade Brasileira de Oftalmologia

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

136Monteiro MLRtemporal, o nervo apresenta alterações típicas da atrofiaem banda do nervo, <strong>de</strong> forma análoga àquela <strong>de</strong>scrita acimapara as lesões quiasmáticas. (8,73,82,85) As alterações noolho ipsilateral, no entanto, são mais difíceis <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar. Oolho da hemianopsia nasal apresenta perda das fibras daretina temporal que penetram o disco óptico pelas arcadassuperior e inferior. Estas fibras estão imbrincadas com outrasda retina nasal que também trafegam as arcadas superiore inferior. A atrofia das fibras da hemirretina temporalnão produz, portanto, a perda completa das fibras nas arcadase apenas afilamento das mesmas. A alteração da CFRNdas lesões do trato óptico é indistinguível daquela por lesãono corpo geniculado lateral.Recentemente pu<strong>de</strong>mos estudar dois pacientescom lesões do trato óptico estudados com auxílio doOCT. Demonstramos a perda predominante nos setoresnasal e temporal do disco óptico no olho dahemianopsia temporal com preservação relativa dosquadrantes superior e inferior. (86) No olho dahemianopsia nasal evi<strong>de</strong>nciou-se a perda <strong>de</strong> fibras nosquadrantes superior e inferior do disco óptico, acometendo,portanto, as fibras da retina temporal que penetramo olho pelas arcadas superior e inferior. Os casosserviram para confirmar o valor da TCO na i<strong>de</strong>ntificaçãoda perda neural nestes pacientes. Embora os achadosclínicos <strong>de</strong> pali<strong>de</strong>z <strong>de</strong> papila e <strong>de</strong>feito aferente relativopossam auxiliar a separar os <strong>de</strong>feitos homônimos<strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> lesões do trato óptico ou do corpogeniculado lateral daqueles das radiações e do lobosoccipitais, o OCT po<strong>de</strong> ser útil para <strong>de</strong>finir a perda daCFNR em casos on<strong>de</strong> a observação da pali<strong>de</strong>z é difícil.Lesões que acometem o corpo geniculado lateral(CGL) são as mais raras entre as afecções da via óptica.A suspeita <strong>de</strong>ssas lesões baseia-se no tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitocampimétrico apresentado, associado ao padrão <strong>de</strong> perdada CFNR observado à oftalmoscopia, aos achados noexame das pupilas e aos achados neurológicos associados.O estudo <strong>de</strong> imagem pela tomografiacomputadorizada ou pela ressonância magnética tem aimportante função <strong>de</strong> localizar a lesão e confirmar odiagnóstico. Entretanto, quando os achados aos exames<strong>de</strong> imagem são discretos, tais como ocorre em pequenaslesões isquêmicas do CGL, o diagnóstico po<strong>de</strong> ser difícile <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r fundamentalmente dos achados clínicos edo <strong>de</strong>feito campimétrico.Em um estudo prévio <strong>de</strong>monstramos a utilida<strong>de</strong>da TCO na i<strong>de</strong>ntificação da perda neural em pacientecom lesão discreta no CGL, <strong>de</strong> difícil diagnóstico atépela imagem por ressonância magnética. A dificulda<strong>de</strong>era ainda maior pois o paciente tinha apenas um olho(outro olho em atrofia) o que dificultava a caracterizaçãodo tipo <strong>de</strong> hemianopsia. (87) Após a i<strong>de</strong>ntificação daperda da CFNR pelo OCT o exame <strong>de</strong> imagem por ressonânciamagnética foi repetido utilizando-separâmetros técnicos especiais que facilitaram a i<strong>de</strong>ntificaçãodo CGL. O resultado <strong>de</strong>sse novo exame confirmounossa suspeita <strong>de</strong> lesão isquêmica do CGL à esquerdae serviu para esclarecer <strong>de</strong>finitivamente a causado <strong>de</strong>feito campimétrico. Embora a suspeita clínica tenhasido o fator <strong>de</strong>cisivo para o diagnóstico, a informaçãoobtida através da tomografia por coerência ópticarevelou-se <strong>de</strong> importância fundamental dando suporteaos achados clínicos e reforçando a suspeita diagnóstica.Comentários conclusivosAvanços na semiologia tornaram cada vez maispossível a i<strong>de</strong>ntificação e quantificação da perda neuralretiniana pela análise cuidadosa da CFNR. Como discutidotal aspecto da semiologia assume fundamental importâncianão apenas em glaucoma como em diversasafecções da via óptica anterior. Avanços nas tecnologiasdisponíveis por um lado permitem uma maior acuráciadiagnóstica mas também obrigam a constante atualizaçãopara se compreen<strong>de</strong>r as reais possibilida<strong>de</strong>s e limitações<strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>las. O oftalmologista <strong>de</strong>ve estaratento para tais métodos semiológicos, suas possibilida<strong>de</strong>se causas <strong>de</strong> interpretações errôneas para tirar omelhor proveito dos mesmos no auxílio diagnóstico econdução clínica a<strong>de</strong>quada aos seus pacientes comafecções da via óptica anterior.REFERÊNCIAS1. Hoyt WF, Newman NM. The earliest observable <strong>de</strong>fect inglaucoma? Lancet. 1972;1(7752):692-3.2. Hoyt WF, Frisén L, Newman NM. Fundoscopy of nerve fiberlayer <strong>de</strong>fects in glaucoma. Invest Ophthalmol.1973;12(11):814-29.3. Drance SM, Airaksinen PJ, Price M, Schulzer M, Douglas GR,Tansley BW. The correlation of functional and structuralmeasurements in glaucoma patients and normal subjects. AmJ Ophthalmol. 1986;102(5):612-6.4. Sommer A, Katz J, Quigley HA, Miller NR, Robin AL, RichterRC, Witt KA. Clinically <strong>de</strong>tectable nerve fiber atrophyprece<strong>de</strong>s the onset of glaucomatous field loss. ArchOphthalmol. 1991;109(1):77-83.5. Sommer A, Quigley HA, Robin AL, Miller NR, Katz J, ArkellS. Evaluation of nerve fiber layer assessment. ArchOphthalmol. 1984;102(12):1766-71.6. Frisén L, Hoyt WF. Insidious atrophy of retinal nerve fibers inmultiple sclerosis. Funduscopic i<strong>de</strong>ntification in patients withand without visual complaints. Arch Ophthalmol.1974;92(2):91-7.7. Leal BC, Moura FC, Monteiro ML. Comparação entre opolarímetro <strong>de</strong> varredura a laser, a tomografia <strong>de</strong> coerênciaóptica 1 e o Stratus-OCT na <strong>de</strong>tecção da perda axonal daatrofia em banda do nervo óptico. Arq Bras Oftalmol.2006;69(4):531-7.8. Monteiro ML, Me<strong>de</strong>iros FA, Ostroscki MR. Quantitativeanalysis of axonal loss in band atrophy of the optic nerveusing scanning laser polarimetry. Br J Ophthalmol.2003;87(1):32-7.9. Chan CK, Cheng AC, Leung CK, Cheung CY, Yung AY, GongB, Lam DS. Quantitative assessment of optic nerve headmorphology and retinal nerve fibre layer in non-arteriticanterior ischaemic optic neuropathy with optical coherencetomography and confocal scanning laser ophthalmoloscopy.Br J Ophthalmol. 2009;93(6):731-5. Comment in: Br JOphthalmol. 2009;93(6):703.10. MacFadyen DJ, Drance SM, Douglas GR, Airaksinen PJ,Mawson DK, Paty DW. The retinal nerve fiber layer,neuroretinal rim area, and visual evoked potentials in MS.Neurology. 1988;38(9):1353-8.Rev Bras Oftalmol. 2012; 71 (2): 125-38

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!