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Mar-Abr - Sociedade Brasileira de Oftalmologia

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116Silva JAS, Silva RS, Ambrósio Jr RINTRODUÇÃOOglaucoma é uma neuropatia óptica com lesõescaracterísticas que causam <strong>de</strong>feitos específicosno campo visual. (1,2) O aumento da pressãointra-ocular (PIO) é o fator <strong>de</strong> risco mais importante,sendo também o foco da terapêutica para controle dadoença. (3,4) Variações da estrutura corneana geram alteraçõesnas medidas da PIO, principalmente por meio datonometria <strong>de</strong> aplanação <strong>de</strong> Goldmann (TAG). (5,6) Diante<strong>de</strong>sse fato, a córnea tornou-se objeto <strong>de</strong> estudo naslesões glaucomatosas já há algum tempo, principalmentecom a paquimetria central, que faz a medida da espessuracorneana central (ECC). A média da ECC na populaçãoé <strong>de</strong> 556 micra, segundo Ambrósio, com <strong>de</strong>sviopadrão <strong>de</strong> 35 micra, variando entre 454 e 669 micra. 7 AECC foi <strong>de</strong>monstrada como fator <strong>de</strong> risco mais importanteem pacientes hipertensos oculares. (8) A explicaçãopara isto está vinculada ao fato <strong>de</strong> que as medidas daPIO através da TAG hipoestimam as aferições emcórneas com a espessura diminuída, e por isso não sãotratados, (9,10) consequentemente aumentam o risco <strong>de</strong> progressãoda escavação do nervo óptico <strong>de</strong>vido à constantelesão causada pela PIO aumentada.O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> predição que combina os dados doOHTS (Ocular Hypertension Treatment Study) e doEGPS (European Glaucoma Prevention Study Group)calcula para cada 40 micra <strong>de</strong> diminuição da ECC, háum risco duas vezes maior <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> lesãoglaucomatosa em cinco anos. 9Outros parâmetros da córnea, como aceratometria, também exercem importante influênciano “erro” da medida da PIO por aplanação, que éhiperestimada em casos <strong>de</strong> córneas mais espessas e maiscurvas. Diante <strong>de</strong>sses fatos, levantou-se o questionamentosobre a necessida<strong>de</strong> da existência <strong>de</strong> novos parâmetrospara uma melhor avaliação da córnea, frente a sua fundamentalimportância no seguimento dos pacientesglaucomatosos.A paquimetria é um exame fundamental na avaliação<strong>de</strong>sses pacientes, porém o seu uso isolado po<strong>de</strong>trazer uma série <strong>de</strong> equívocos <strong>de</strong> interpretação nos seusresultados, tornando-se necessário o uso <strong>de</strong> novastecnologias, como por exemplo, o aparelho ORA (OcularResponse Analyser, ® Reichert).O ORA é um tonômetro <strong>de</strong> sopro que utiliza umpulso <strong>de</strong> ar extremamente controlado e monitorado emsua intensida<strong>de</strong>, com fases ascen<strong>de</strong>ntes e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntessimétricas. O exame leva cerca <strong>de</strong> 20 milisegundos. Opulso <strong>de</strong> ar <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>formação na superfície dacórnea, que passa por um primeiro momento <strong>de</strong>aplanação, que é i<strong>de</strong>ntificado por um pico no reflexo dacórnea (Figura 1). Após tal momento, a córnea aindasofre a pressão do pulso <strong>de</strong> ar até ficar ligeiramente côncava(Figura 1), e retorna ao seu estado original <strong>de</strong> modoa passar por um segundo momento <strong>de</strong> aplanação (Figura1). O comportamento da córnea e o sinal obtido duranteo exame representam as proprieda<strong>de</strong>sbiomecânicas da córnea medida. A diferença entre aspressões, nos momentos <strong>de</strong> aplanação <strong>de</strong> entrada e saída,está relacionada com a capacida<strong>de</strong> viscoelástica dacórnea <strong>de</strong> armazenar energia, <strong>de</strong>nominada histerese.Quatro parâmetros são gerados na versão atualdo software do ORA: (11)- PIO calibrada para Goldmann;- PIO compensada da córnea;- Histerese;- Fator <strong>de</strong> resistência corneana.É possível analisar as alterações biomecânicassofridas, apresentando uma diminuição importante nacapacida<strong>de</strong> viscoelástica da córnea para absorver energiado sopro <strong>de</strong> ar simétrico (11) (sua fase ascen<strong>de</strong>nte éidêntica a sua fase <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte).Relato <strong>de</strong> casoPaciente do sexo feminino, 54 anos, branca, do lar,natural do Rio <strong>de</strong> Janeiro, sem comorbida<strong>de</strong>s ocularespré-existentes, em tratamento para hipertensão arterialcom Captopril 25mg 2x/ao dia, veio ao serviço com queixa<strong>de</strong> redução da acuida<strong>de</strong> visual em ambos os olhos(AO), principalmente em olho direito. Relato <strong>de</strong> mãecom história <strong>de</strong> glaucoma. Ao exame oftalmológico, apaciente apresentava acuida<strong>de</strong> visual sem correção <strong>de</strong>20/150 em AO. Realizada a refração, a acuida<strong>de</strong> passoua 20/40 e 20/30 respectivamente. (refração: +1,75 = -0,50 x 90º - 20/40 /+1,50 = -0,50 x 85º - 20/30).A TAG era <strong>de</strong> 18mmHg no olho direito e17mmHg no olho esquerdo, às 17 horas. Ao exame nalâmpada <strong>de</strong> fenda (biomicroscopia) observou-se em AOcórneas transparentes, com guttata 2+/4+ (Figura 2), cataratanuclear grau 2 e catarata subcapsular posteriorleve. Na gonioscopia, ângulo aberto até o esporãoescleral nos quatro quadrantes em AO. Campo visualrevelando diminuição difusa da sensibilida<strong>de</strong> em AOsem alterações específicas.Foi medida a espessura corneana central atravésda paquimetria, com valor <strong>de</strong> 620 micra em AO. (7) Realizaram-seos exames <strong>de</strong> não contato e avaliaçãoRev Bras Oftalmol. 2012; 71 (2): 115-18

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