Versão completa em PDF - Escola de Enfermagem - UFMG
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Dessa forma, ouvir, tocar, falar, estar-ao-lado e asexpressões corporais, são formas <strong>de</strong> aparição do valorútil. É por meio <strong>de</strong>sse valor que a linha <strong>de</strong> cuidado<strong>em</strong> enfermag<strong>em</strong> favorece a integralida<strong>de</strong> do cuidadohumano. Assim, o enfermeiro docente, no ato <strong>de</strong>educar o institui, correlacionando o biológico, o social,o espiritual como processo do cuidado.Assim, traz<strong>em</strong>os o recorte do discurso do <strong>de</strong>poentepara ilustrarmos essa afirmativa e fundar a discussãoque se segue:É o contato <strong>de</strong> um indivíduo com o outro que está ali:um precisando <strong>de</strong> cuidado, e outro que se dispõe afornecer o cuidado. Seja este cuidado qualquer coisa:uma palavra, uma presença. (E6)O <strong>de</strong>poente, por meio do discurso, r<strong>em</strong>ete-nos àpragmática assistencial como se esta fosse oriunda<strong>de</strong> um encontro relacional. De um lado t<strong>em</strong>-se oprofissional enfermeiro, do outro, o cliente. Seresdotados <strong>de</strong> sentimento, possuidores <strong>de</strong> valores quetraz<strong>em</strong>, para aquele momento, suas respectivas escalasvalorativas. Seres que aspiram por valer mais. Seresdotados <strong>de</strong> carências axiológicas. Seres que <strong>de</strong>sejamser reconhecidos como pessoa. 4 Para esses seres, cadaação que seja capaz <strong>de</strong> suprir a carência axiológica, nocampo da prática assistencial, é expressão do valor útil,pois o valor <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> é o que favorece a vida humana<strong>em</strong> sua dimensão biopsicossocial. 10Assim, a atitu<strong>de</strong> do enfermeiro docente diante do clienteque coopera para o favorecimento da vida – entendidanão apenas sob o prisma do biológico – reveste-se dovalor <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong>.Esse é o entendimento manifestado pelo <strong>de</strong>poente, aosignificar, como importante no campo assistencial, aatitu<strong>de</strong> do enfermeiro <strong>de</strong> posicionar-se para “ouvi-lo”, <strong>de</strong>ofertar-lhe uma “palavra”, capaz <strong>de</strong> promover o conforto<strong>em</strong>ocional. Também é significativo o simples ato <strong>de</strong>“estar-ao-lado”, adquirindo uma atitu<strong>de</strong> acolhedora,mormente possibilitando ao cliente vivenciar as fasesda vida, quer sejam <strong>de</strong> alegria, quer sejam <strong>de</strong> tristeza,junto a alguém.Assim, essa atitu<strong>de</strong> perpassa pelo <strong>de</strong>senvolvimento doenfermeiro docente <strong>em</strong> ofertar o cuidado <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>que se paute pela compreensão do cliente como pessoa,agindo com sensibilida<strong>de</strong> para prover a ação profissional,revelando ao discente a amplitu<strong>de</strong> do valor.Logo, o valor útil, para o ato <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>, reveste-se<strong>de</strong> maior significação, pois não se pren<strong>de</strong> exclusivamenteà habilida<strong>de</strong> manual ou gerencial. 11Dessa maneira, o valor é útil à vida quando o enfermeiroouve atentivamente o que o cliente t<strong>em</strong> a dizer; <strong>de</strong>dicandot<strong>em</strong>po àquele que <strong>de</strong>seja não apenas receber omedicamento ou precisa sofrer qualquer procedimentono corpo, mas que <strong>de</strong>seja ser reconhecido comoo pessoa.Esse é o entendimento do <strong>de</strong>poente ao dizer:A mulher, quando esta neste período <strong>de</strong> maternida<strong>de</strong>,necessita muito <strong>de</strong> falar, <strong>de</strong> ser ouvida, e às vezes,<strong>de</strong>ntro da enfermag<strong>em</strong> hospitalar que está fundadasobre o mo<strong>de</strong>lo tecnocrático e biomédico, isto não évalorizado. (E7)Nesse sentido, o enfermeiro docente d<strong>em</strong>onstra aodiscente que a habilida<strong>de</strong> é exigida, mas o cuidado nelanão se encerra, pois pôr-se para ouvir e manter-se <strong>em</strong>uma atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> estar-ao-lado do cliente é expressão <strong>de</strong>cuidar. 12Assim, o docente apresenta ao educando outra forma<strong>de</strong> aparição do valor útil na pragmática assistencialda enfermag<strong>em</strong>, possibilitando-lhe construir umcaminho alternativo à frieza e ao distanciamento do agirtecnocrático diante do cuidar, pautando-se pela atitu<strong>de</strong>profissional no reconhecimento do cliente como pessoa, 4retificando o agir, se assim o <strong>de</strong>sejar. Nesse sentido, o ato<strong>de</strong> educar exige que o docente assuma um papel ativopara a apresentação do valor ao educando.Essa ação, <strong>de</strong>senvolvida pelo enfermeiro docente, assumeum caráter <strong>de</strong> imperativo categórico. 13 Logo, o docentenão po<strong>de</strong> se omitir, pois, se assim o fizer, incorrerá napossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> privar do educando o crescimentoe o <strong>de</strong>senvolvimento axiológico, mantendo-o <strong>em</strong>estado <strong>de</strong> falta no campo dos valores que fundam aprofissão, influenciando <strong>de</strong> forma negativa a construçãoprofissional. 14 Assim, o papel do docente é fundamentalna gênese <strong>de</strong>sse encaminhamento.CONCLUSÃOAo término <strong>de</strong>stas consi<strong>de</strong>rações, pod<strong>em</strong>os afirmarque o enfermeiro docente, <strong>em</strong> sua prática pedagógicoassistencial,apresentou, por meio <strong>de</strong> seu discurso, ovalor útil ao educando. Para o docente, o valor útil nãoestava restrito à questão técnica ou gerencial, mas foimais amplo, pois foi consi<strong>de</strong>rada útil qualquer ação <strong>de</strong>enfermag<strong>em</strong> que buscasse dar ao cliente condições queviabilizass<strong>em</strong> a promoção, a prevenção e a restauraçãoda saú<strong>de</strong>. Notadamente, aspectos relativos a “ouvir”,“estar-ao-lado” do cliente foram consi<strong>de</strong>rados por elecomo útil.Ao mesmo t<strong>em</strong>po, po<strong>de</strong>-se constatar que a relaçãopedagógica estabelecida entre o docente e o discentefundou-se no diálogo permanente, que possibilitou areflexão sobre o cotidiano assistencial, movendo-os aocampo axiológico da profissão.REFERÊNCIAS1. Almeida MCP, Rocha JSY. O saber da enfermag<strong>em</strong> e sua dimensão prática. São Paulo: Cortez; 1986.2. Silva SAI. Valores e educação. 4ª ed. Petrópolis: Vozes; 2000.r<strong>em</strong>E – Rev. Min. Enferm.;15(3): 421-426, jul./set., 2011425