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Versão completa em PDF - Escola de Enfermagem - UFMG

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A atenção à saú<strong>de</strong> do hom<strong>em</strong>: ações e perspectivas dos enfermeirosefetivas <strong>de</strong> comportamento. Às vezes, é permitida umapergunta ou outra, mas a realida<strong>de</strong> local e pessoal nãoé levada <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração. Na abordag<strong>em</strong> participativa,não há uma imposição <strong>de</strong> informes a repassar aosusuários; todos participam ativamente e dialogamsobre os t<strong>em</strong>as abordados. Nessa relação educativadialógica, a produção do conhecimento torna-secoletiva, provocando uma modificação mútua, porqueambos – educador e educando – são portadores <strong>de</strong>conhecimentos distintos.Com base nas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas na USF, umaenfermeira criou o seguinte <strong>de</strong>senho (FIG.1):auto<strong>de</strong>terminação e in<strong>de</strong>pendência e constitui umaferramenta importante para a promoção da saú<strong>de</strong> eexercício da cidadania, favorecendo o <strong>de</strong>spertar <strong>de</strong>sujeitos autônomos que possam ultrapassar os limites<strong>de</strong> meros espectadores e constituír<strong>em</strong>-se atores sociaisno cenário da educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.Categoria II – Percepção dos enfermeiros quanto àpopulação masculina da área adscritaEm relação à percepção da população masculina <strong>de</strong>sua área adscrita, a maioria das enfermeiras percebeque os homens procuram pouco a USF, dificultando oreconhecimento das principais necessida<strong>de</strong>s, <strong>em</strong> termos<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, da população masculina <strong>de</strong> sua área adscrita,como verificamos nas falas a seguir:A população masculina frequenta pouco a USF; só v<strong>em</strong>quando já estão com algum probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Parapromoção da saú<strong>de</strong> é muito raro a sua vinda. (E5)FIGURA 1 – Representação das ativida<strong>de</strong>s da USF naqual a enfermeira atua (E6)Essa enfermeira fez a seguinte <strong>de</strong>scrição do <strong>de</strong>senho:Essa é a USF. Nós da Unida<strong>de</strong> estamos entrando nomundo dos homens através do grupo que formamos.(E6).Nessa perspectiva, o trabalho <strong>em</strong> grupo com os homensfaz-se importante, pelo estabelecimento <strong>de</strong> vínculosafetivos entre profissionais/educadores <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> eusuários, mediante a produção <strong>de</strong> saberes, visandoestabelecer maior aproximação entre as necessida<strong>de</strong>sda população masculina e a organização das práticas<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> das unida<strong>de</strong>s básicas.Entre as USFs participantes, apenas uma disponibilizavaativida<strong>de</strong>s específicas para a população masculina daárea adscrita. As enfermeiras <strong>de</strong>ssa Unida<strong>de</strong> trabalham ogrupo como uma alternativa para aten<strong>de</strong>r os usuários, nabusca <strong>de</strong> atingir uma abordag<strong>em</strong> i<strong>de</strong>almente propostapara essa parcela da população, s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> seu contextofamiliar e social.São realizadas ativida<strong>de</strong>s educativas <strong>em</strong> grupo comos homens [...]. O grupo é s<strong>em</strong>anal e t<strong>em</strong>os tido umaboa frequência [...]. Houve um caso <strong>de</strong> um <strong>de</strong>les, queera alcoolista e agora não está mais no vício, estátrabalhando. (E5)Hoje <strong>em</strong> dia o grupo dos homens é muito mais voltadopara a perspectiva <strong>de</strong>les como sujeitos sociais <strong>de</strong>ntroda comunida<strong>de</strong> e on<strong>de</strong> está o hom<strong>em</strong> na saú<strong>de</strong> diante<strong>de</strong>sse contexto. [...] Há reuniões que eu não falo nada,porque eles têm sua dinâmica própria. (E7)A atenção realizada <strong>em</strong> grupos, pautada pela participaçãoativa <strong>de</strong> seus integrantes, facilita o <strong>de</strong>senvolvimento daQuase não tenho contato com a população masculinada minha área. As maiores informações que tenhosobre os homens vêm das mulheres da comunida<strong>de</strong>,dos agentes comunitários <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e da médica daequipe. (E9)Os indicadores epid<strong>em</strong>iológicos são alarmantes: ataxa <strong>de</strong> mor talida<strong>de</strong> dos homens é 15 vezes maiorentre os 20 e 29 anos. As principais causas <strong>de</strong> morteentre homens <strong>de</strong> 15 a 59 anos são violência ou causasexternas, doenças do aparelho circulatório, tumores,doenças mal<strong>de</strong>finidas, doenças do aparelho digestivo edoenças do apare lho respiratório, segundo o Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong>Informações sobre Mortalida<strong>de</strong>. Muitas <strong>de</strong>ssas mortespo<strong>de</strong>riam ser evitadas, não fosse a resistência masculina<strong>em</strong> procurar os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. 19Na enfermag<strong>em</strong>, a ação educativa t<strong>em</strong> um papelpolítico-pedagógico <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> alcance, dado o po<strong>de</strong>rmultiplicador que cada um dos trabalhadores daenfermag<strong>em</strong> <strong>de</strong>ve assumir no <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho das práticas<strong>de</strong> cuidado. Para assumir esse papel implícito no ato <strong>de</strong>cuidar, os enfermeiros <strong>de</strong>v<strong>em</strong> fazer uma análise crítica<strong>de</strong> sua própria formação acadêmica, i<strong>de</strong>ntificando aslacunas <strong>de</strong> conteúdo filosófico, sociopolítico, históricoe antropológico. 18O profissional <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> <strong>de</strong>ve conhecer<strong>de</strong>talhadamente a realida<strong>de</strong> das famílias que moram<strong>em</strong> sua área <strong>de</strong> abrangência, incluindo seus aspectosfísicos e mentais, d<strong>em</strong>ográficos e sociais, para planejar,organizar e <strong>de</strong>senvolver ações individuais e coletivas.Com base no conhecimento do perfil <strong>de</strong> morbimortalida<strong>de</strong>dos homens <strong>em</strong> cada contexto que as USFs estãoinseridas, os serviços <strong>de</strong>v<strong>em</strong> construir as estratégiasassistenciais para cont<strong>em</strong>plar as diferentes necessida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> dos homens, <strong>de</strong> modo a garantir os princípiosda equida<strong>de</strong> e universalida<strong>de</strong> do SUS.Muitas das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> apontadas pelasenfermeiras não se manifestam como um probl<strong>em</strong>a328 r<strong>em</strong>E – Rev. Min. Enferm.;15(3): 324-332, jul./set., 2011

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