13.07.2015 Views

Versão completa em PDF - Escola de Enfermagem - UFMG

Versão completa em PDF - Escola de Enfermagem - UFMG

Versão completa em PDF - Escola de Enfermagem - UFMG

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Vulnerabilida<strong>de</strong> materno-infantil: fatores <strong>de</strong> (não) a<strong>de</strong>são à profilaxia da transmissão vertical do hiveconômicos, socioculturais, políticos e comportamentais,influenciando a efetivida<strong>de</strong> do comprometimento dasgestantes com o tratamento profilático.As dificulda<strong>de</strong>s advindas da situação socioeconômica<strong>de</strong>sfavorecida das gestantes que têm HIV repercut<strong>em</strong>no acesso das gestantes aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e,consequent<strong>em</strong>ente, no acompanhamento e notratamento. Essas dificulda<strong>de</strong>s também interfer<strong>em</strong> noacesso aos serviços <strong>de</strong> educação, no rendimento escolare na continuida<strong>de</strong> dos estudos e, consequent<strong>em</strong>ente,influ<strong>em</strong> na capacida<strong>de</strong> da gestante <strong>de</strong> obter informações,compreendê-las e efetivamente aplicá-las <strong>em</strong> seu cotidiano.Outro resultado das dificulda<strong>de</strong>s socioeconômicas está nainserção no mercado <strong>de</strong> trabalho, repercutindo na rendafamiliar e, muitas vezes, na <strong>de</strong>pendência e submissão damulher ao companheiro. 8,10-12Então, somadas a essas questões estão as condições <strong>de</strong>f<strong>em</strong>inilida<strong>de</strong>, que se refer<strong>em</strong> ao trabalho e rendimento,submissão econômica e social, relações <strong>de</strong> gênero nasocieda<strong>de</strong> e modo <strong>de</strong> infecção. 8-12O trabalho r<strong>em</strong>ete à ocupação das mulheres, que mostraum acúmulo <strong>de</strong> funções <strong>de</strong>ntro e fora do lar. 9 Essasituação aumenta a exposição das mulheres a umasobrecarga <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s que geram <strong>de</strong>sgaste físico e<strong>em</strong>ocional, do qual comumente não pod<strong>em</strong> escapar pelanecessida<strong>de</strong> financeira da família e pela <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong>cuidado <strong>de</strong> seus filhos.O rendimento <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s evi<strong>de</strong>ncia baixar<strong>em</strong>uneração ou ausência no caso <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> do lar. 8-11Isso repercute <strong>em</strong> uma <strong>de</strong>pendência financeira docompanheiro e submissão social evi<strong>de</strong>nciada comofraqueza, passivida<strong>de</strong> e falta <strong>de</strong> perspectiva. 8Essa situação é reforçada pela perspectiva <strong>de</strong> gênero,na qual socialmente as mulheres são associadas aosentimentalismo, à carência e à imaturida<strong>de</strong> afetiva,enquanto os homens se encaixam no padrão damasculinida<strong>de</strong> da representativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> força, ativida<strong>de</strong>,dominação e racionalida<strong>de</strong>. Embora seja constante a lutaf<strong>em</strong>inista pelos direitos das mulheres e igualda<strong>de</strong> social,os homens ainda mantêm a soberania na família. Issor<strong>em</strong>ete a situações <strong>de</strong> violência psicológica, domésticae/ou sexual, representando a condição <strong>de</strong> opressão aque essas mulheres estão submetidas. 8-9Nessa perspectiva, a exposição à infecção pelo HIVacontece basicamente por meio <strong>de</strong> relações sexuaiss<strong>em</strong> preservativos com parceiros com qu<strong>em</strong> mantêmou mantiveram relação estável. 9,11,15 Tais achados nosr<strong>em</strong>et<strong>em</strong> à vulnerabilida<strong>de</strong> social, evi<strong>de</strong>nciados nosel<strong>em</strong>entos, associados à vida das mulheres.Percebe-se a presença <strong>de</strong> condicionantes tanto d<strong>em</strong>asculinida<strong>de</strong> como <strong>de</strong> f<strong>em</strong>inilida<strong>de</strong> – por ex<strong>em</strong>plo,na norma sexual apreendida. Nesta, cabe às mulheresse ocupar<strong>em</strong> com sua saú<strong>de</strong> reprodutiva, com o uso<strong>de</strong> anticoncepcional e com a possibilida<strong>de</strong> da gravi<strong>de</strong>zprecoce ou in<strong>de</strong>sejada; aos homens cabe provar a suamasculinida<strong>de</strong> e, diante disso, po<strong>de</strong>rá ser o uso dopreservativo um <strong>em</strong>pecilho. 24À medida que a epid<strong>em</strong>ia da infecção pelo HIV se expandiaentre a população f<strong>em</strong>inina, várias análises realizadassalientavam que a forma pela qual as relações <strong>de</strong> gênerose encontravam estruturadas <strong>de</strong>finia o contexto <strong>de</strong>vulnerabilida<strong>de</strong> da população f<strong>em</strong>inina: a assimetria<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, particularmente reveladora nas experiênciassexuais e afetivas, e as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s nas relações <strong>de</strong>gênero nas esferas sociais e econômicas, como o menoracesso da mulher à educação e ao <strong>em</strong>prego, baixossalários e dupla jornada <strong>de</strong> trabalho. 25As relações <strong>de</strong>siguais <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e a <strong>de</strong>pendência econômicalimitam o acesso às informações a<strong>de</strong>quadas eatualizadas. 18,23 Adiciona-se o fato <strong>de</strong> não se sentir<strong>em</strong>vulneráveis, sobretudo quando cumpr<strong>em</strong> o papel quea socieda<strong>de</strong> espera <strong>de</strong>las, a monogamia e a <strong>de</strong>dicaçãoao trabalho doméstico. 24As mulheres viv<strong>em</strong> seu cotidiano influenciadas porvalores <strong>de</strong> padrões culturais que as colocam comoresponsáveis por uma multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> papéis sociais:mães, esposas, filhas, profissionais, <strong>de</strong>ntre outros. Esseaglomerado <strong>de</strong> papéis, juntamente com a ênfase dasua função como cuidadoras, po<strong>de</strong> fazer com queelas negligenci<strong>em</strong> os cuidados com a própria saú<strong>de</strong>,aproximando-se da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se infectar<strong>em</strong> peloHIV ou, quando já está infectadas, aproximando-se davulnerabilida<strong>de</strong> ao adoecimento ou à TV do HIV. 19,22Além disso, verifica-se, nos achados, o acesso às informaçõese o conhecimento que surge por meio do serviço<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> durante o diagnóstico <strong>de</strong> HIV prévio à gestação<strong>em</strong> questão, o acompanhamento pré-natal, puerperal epuericultura <strong>em</strong> serviço especializado, b<strong>em</strong> como pelamídia (revista, jornal, cartaz, fol<strong>de</strong>r, rádio, televisão) e pelospares <strong>em</strong> grupos no serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, ONG, comunida<strong>de</strong>ou família. 8,10-11,13,15-16Verificaram-se duas situações: por um lado, mulherescom pouca ou nenhuma informação sobre a infecçãopelo HIV no momento da <strong>de</strong>scoberta da soropositivida<strong>de</strong>e, por outro lado, mulheres que d<strong>em</strong>onstram possuirinformações s<strong>em</strong> que essas impliqu<strong>em</strong> o cuidado àsaú<strong>de</strong>. A falta <strong>de</strong> acesso às informações sobre a infecçãopo<strong>de</strong> criar expectativas errôneas relativas à prevençãoda transmissão do vírus, evolução clínica e tratamentoda doença. 10 Consequent<strong>em</strong>ente, po<strong>de</strong> aumentar apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adoecimento, uma vez que dificulta acompreensão dos danos para a sua saú<strong>de</strong> e a efetivação<strong>de</strong> mudanças <strong>de</strong> comportamento. 8,11A ineficácia das informações sobre a prevenção tambémpo<strong>de</strong> ser o resultado do medo da aids, que é reproduzidosocialmente e vivido pelas pessoas soropositivas ao HIV,causando-lhes ansieda<strong>de</strong>, culpa e estresse. 10Há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> buscar outros espaços <strong>de</strong> promoçãoda educação sexual da população nos próprios serviços<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> nos diferentes níveis <strong>de</strong> atenção, nas múltiplaspossibilida<strong>de</strong>s da mídia e na comunida<strong>de</strong>, aten<strong>de</strong>ndoà população <strong>em</strong> geral nas diferentes faixas etárias e,especificamente, gestantes, mulheres soropositivas eseus pares. 8448 r<strong>em</strong>E – Rev. Min. Enferm.;15(3): 443-452, jul./set., 2011

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!