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Versão completa em PDF - Escola de Enfermagem - UFMG

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INTRODUÇÃOO processo saú<strong>de</strong>-doença é resultante da atuação<strong>de</strong> fatores ambientais, sociais, econômicos, como oacesso à alimentação, renda, condições <strong>de</strong> trabalhoe moradia, culturais e históricos. Isso significa que amorbimortalida<strong>de</strong> varia segundo o t<strong>em</strong>po, o espaçoe o grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico, social ehumano <strong>de</strong> cada região. As mulheres adoec<strong>em</strong> maisfrequent<strong>em</strong>ente, fato mais relacionado com a situação<strong>de</strong> discriminação e <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> do que com fatoresbiológicos <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong>. 1Os homens estão <strong>em</strong> melhores condições <strong>de</strong> inserçãono mercado <strong>de</strong> trabalho que as mulheres e receb<strong>em</strong>salários maiores. A morte materna está entre as <strong>de</strong>zprimeiras causas <strong>de</strong> óbito f<strong>em</strong>inino e entre as causasda mortalida<strong>de</strong> materna. O abortamento realizado <strong>em</strong>condições inseguras representa um grave probl<strong>em</strong>a<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública. O acesso a anticoncepção nãoé amplamente oferecido. As mulheres são maisvulneráveis ao acometimento <strong>de</strong> doenças sexualmentetransmissíveis (DSTs) e aids e à violência sexual edoméstica. São também marginalizadas nos meios<strong>de</strong> vida do campo, tendo seu ofício consi<strong>de</strong>radocomo apenas ajuda aos homens. O acesso ao prénatalé um probl<strong>em</strong>a significativo para as mulheresda população rural, das regiões Norte e Nor<strong>de</strong>stee o parto domiciliar <strong>em</strong> muitas situações é a únicaopção disponível para atendê-las. Jovens e idosas têmmenores oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> inserção no mercado <strong>de</strong>trabalho. As presidiárias cumpr<strong>em</strong> pena <strong>em</strong> espaçosina<strong>de</strong>quados e <strong>em</strong> situações insalubres, além <strong>de</strong> ser<strong>em</strong>abandonadas pelos seus parceiros, não ter<strong>em</strong> garantiaplena <strong>de</strong> visitas íntimas e sofrer<strong>em</strong> repressão nos casos<strong>de</strong> relações homossexuais. 2As mulheres constitu<strong>em</strong> a maioria da populaçãobrasileira (50,77%) e são tradicionalmente as principaisusuárias do Sist<strong>em</strong>a Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUS), seja paraacompanhar os filhos ou as pessoas que estejam sobseus cuidados, como pessoas idosas, com <strong>de</strong>ficiência,vizinhos, amigos, seja para cuidar<strong>em</strong> <strong>de</strong> si mesmas.Constitu<strong>em</strong>, portanto, um importante segmento socialpara as políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, pela importâncianumérica e porque as históricas <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rentre homens e mulheres implicam forte impacto nascondições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> f<strong>em</strong>inina. 3As políticas públicas e programas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pod<strong>em</strong> ser<strong>de</strong>finidos como conjuntos <strong>de</strong> disposições, medidase procedimentos que traduz<strong>em</strong> a orientação políticado Estado e regulam as ativida<strong>de</strong>s governamentaisrelacionadas às tarefas <strong>de</strong> interesse público. São também<strong>de</strong>finidas como todas as ações <strong>de</strong> governo, divididas<strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s diretas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> serviços pelopróprio Estado e <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> regulação <strong>de</strong> outrosagentes econômicos. Integram o campo <strong>de</strong> ação socialdo Estado orientado para a melhoria das condições <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> da população e dos ambientes natural, social edo trabalho. Sua tarefa específica <strong>em</strong> relação às outraspolíticas públicas da área social consiste <strong>em</strong> organizaras funções públicas governamentais para a promoção,proteção e recuperação da saú<strong>de</strong> dos indivíduos e dacoletivida<strong>de</strong>. 4As políticas e os programas voltados para a assistênciaà saú<strong>de</strong> da mulher foram formulados, no Brasil, nobojo das políticas nacionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> na primeirameta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> 1930. Nesse período, estiveramlimitados às d<strong>em</strong>andas relativas à gravi<strong>de</strong>z e ao parto.Foram atualizados nas décadas <strong>de</strong> 1950 e 1970, porémmantiveram a visão precária sobre a mulher, dandoconta apenas da sua especificida<strong>de</strong> biológica. S<strong>em</strong>exceção, eram políticas e programas verticalizados es<strong>em</strong> integração com outras ações propostas do governofe<strong>de</strong>ral. As metas eram <strong>de</strong>finidas <strong>em</strong> nível central es<strong>em</strong> qualquer avaliação das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> dapopulação local, por isso não geravam maior impactonos indicadores <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da mulher. 5Em 1984, o Ministério da Saú<strong>de</strong> publicou o Programa<strong>de</strong> Assistência Integral à Saú<strong>de</strong> da Mulher (PAISM). Pelaprimeira vez, a mulher foi consi<strong>de</strong>rada sujeito ativoda sua própria saú<strong>de</strong> e todas as etapas da sua vidaforam consi<strong>de</strong>radas. 6 Porém, <strong>em</strong>bora tenha trazidouma conotação diferente, o enfoque reprodutivo compráticas assistenciais tradicionais persistiu.Decorridos vinte anos da publicação do PAISM, foiformulada uma nova política pública <strong>de</strong> assistênciaà saú<strong>de</strong> da mulher, a Política Nacional <strong>de</strong> AtençãoIntegral à Saú<strong>de</strong> da Mulher <strong>de</strong> 2004, que ampliou asações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para grupos historicamente alijadosdas políticas públicas, como as trabalhadoras rurais, asmulheres negras, mulheres na menopausa e na terceiraida<strong>de</strong>, mulheres com transtornos mentais e <strong>de</strong>ficiências,mulheres lésbicas, indígenas e presidiárias. 3Em 2008, quatro anos <strong>de</strong>pois, o II Plano Nacional<strong>de</strong> Políticas para as Mulheres foi aprovado e incluiuseis novas áreas estratégicas para se somar àquelasabordadas na Política Nacional <strong>de</strong> Atenção Integral àSaú<strong>de</strong> da Mulher. 2 São elas:Participação das mulheres nos espaços <strong>de</strong> po<strong>de</strong>re <strong>de</strong>cisão; Desenvolvimento sustentável no meiorural, na cida<strong>de</strong> e na floresta, com garantia <strong>de</strong>justiça ambiental, inclusão social, soberania esegurança alimentar; Direito a terra, moradiadigna e infraestrutura social nos meios rural eurbano, consi<strong>de</strong>rando as comunida<strong>de</strong>s tradicionais;Cultura, comunicação e mídia não discriminatórias;Enfrentamento ao racismo, sexismo e lesbofobia; eEnfrentamento às <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s geracionais queating<strong>em</strong> as mulheres, com especial atenção às jovense idosas. 2:20Quanto à enfermag<strong>em</strong>, observamos que a história daenfermag<strong>em</strong> brasileira acompanhou a política <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>adotada pelo País.A primeira escola <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> do Brasil foi criada<strong>em</strong> 1890. Entretanto, apenas <strong>em</strong> 1920, com o esboçoda primeira política <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do Estado, é que surgiu anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> normatizar o trabalho <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>.A princípio, a fiscalização da profissão ficou a cargor<strong>em</strong>E – Rev. Min. Enferm.;15(3): 356-364, jul./set., 2011357

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