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Versão completa em PDF - Escola de Enfermagem - UFMG

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Acesso à mamografia: percepções dos responsáveis pela Política da Saú<strong>de</strong> da MulherNós tínhamos o mamógrafo que estragou, nós estamos<strong>em</strong> fase <strong>de</strong> tentar instalar um novo mamógrafo. Estavindo uma mastologista pra cá, porque por enquanto anossa referencia é Pelotas, e tá complicado. (RPSM 11)Ano passado, teve uma campanha feita pelo Avon, senão me engano, era ‘Um beijo pela vida’, que permitiaa i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que se conseguisse um mamógrafo para omunicípio. Daí fiz<strong>em</strong>os uma caminhada, fiz<strong>em</strong>os umprojeto e o levamos projeto ao conhecimento da Avon[...], na tentativa <strong>de</strong> conseguir um mamógrafo para quenos facilitasse o pedido <strong>de</strong> exames. Porque, na verda<strong>de</strong>,a gente t<strong>em</strong> que limitar entre aspas cotas, por que nosnão vamos fazer mamografia <strong>em</strong> todas as mulheresacima <strong>de</strong> 40 anos. (RPSM 14)Percebe-se que esses profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> estãocomprometidos com as necessida<strong>de</strong>s da comunida<strong>de</strong>e engajados <strong>em</strong> ampliar a autonomia e a capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> resolutivida<strong>de</strong> da intervenção dos serviços eações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>em</strong> prol das usuárias do SUS. Essesprofissionais parec<strong>em</strong> ter clareza <strong>de</strong> que o câncer d<strong>em</strong>ama é o que mais mata as mulheres gaúchas e que,no entanto, se <strong>de</strong>tectado precoc<strong>em</strong>ente, oferece 98%<strong>de</strong> chances <strong>de</strong> cura. Mulheres que se submet<strong>em</strong> àsmamografias regularmente reduz<strong>em</strong> <strong>em</strong> até 30% o risco<strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> por essa doença. 3A campanha “Um beijo pela vida”, referida pela RPSM14, existe <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2003. É atualmente uma das principaisfrentes <strong>de</strong> atuação do Instituto Avon contra o câncer d<strong>em</strong>ama. Ela dá suporte financeiro e logístico a projetos quelevam a mulher a ter mais informação sobre o câncer d<strong>em</strong>ama e mais acesso a exames <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção e tratamento.O instituto Avon já doou 19 mamógrafos, <strong>de</strong>ntre outrosequipamentos, para centros <strong>de</strong> atendimento público. 13Mamografia disponibilizada s<strong>em</strong> probl<strong>em</strong>asSegundo os RPSMs, apenas três municípios não possu<strong>em</strong>probl<strong>em</strong>as para disponibilizar a mamografia às usuáriasdo SUS:Quanto à cota, nunca tiv<strong>em</strong>os probl<strong>em</strong>a para marcar.(RPSM12)T<strong>em</strong>os facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> marcar <strong>em</strong> Pelotas. L<strong>em</strong>bro quenão é um t<strong>em</strong>po muito longo que se aguarda. Eu nãosei qual é a nossa cota. (RPSM 18)Nós não t<strong>em</strong>os tido probl<strong>em</strong>as com a cota. Como anossa população é pequena, a gente não t<strong>em</strong> tidoprobl<strong>em</strong>a. (RPSM 19)Como não têm uma d<strong>em</strong>anda para a realização damamografia, os RPSMs 12, 18 e 19 não têm probl<strong>em</strong>aspara marcar o exame no município <strong>de</strong> referência paraa realizaçao do exame. Tais afirmações são, no mínimo,paradoxais, se consi<strong>de</strong>rarmos a recomendação doMinistério da Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> que a mamografia <strong>de</strong>ve serrealizada anualmente a partir dos 40 anos. Diantedisso, acredita-se que as mulheres não estão sendoincentivadas, tampouco informadas pelos profissionais<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sobre a importância da prevenção e darealização da mamografia para o diagnóstico precocedo câncer <strong>de</strong> mama anualmente.CONSIDERAÇÕES FINAISCom base neste estudo foi possível i<strong>de</strong>ntificar comoinsatisfatória o acesso ao exame <strong>de</strong> mamografia <strong>em</strong>relação à d<strong>em</strong>anda das climatéricas usuárias do SUSnos municípios <strong>de</strong> abrangência da 3ª CRS/RS. A maioriados RPSMs encontra-se insatisfeita quanto às cotas <strong>de</strong>seus municípios para a realização da mamografia, poissão <strong>em</strong> número insuficiente às suas reais d<strong>em</strong>andas,fato que limita a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> as climatéricasrealizar<strong>em</strong> o diagnóstico precoce do câncer <strong>de</strong> mama.Diante <strong>de</strong>ssa situação, questiona-se: De que adianta osprofissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> estimular<strong>em</strong> e conscientizar<strong>em</strong> asmulheres sobre a importância <strong>de</strong> fazer<strong>em</strong> o autoexamee a mamografia se os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> não oferec<strong>em</strong>condições para tal?Em suma, questiona-se qual a contribuição efetivados equipamentos <strong>de</strong> mamografia para essa tarefaamplamente coletiva, que é produzir saú<strong>de</strong> quandolimitações <strong>de</strong> acesso e cotas são impostas. É precisorever a cobertura do exame <strong>de</strong> mamografia para queesteja <strong>de</strong> acordo com as necessida<strong>de</strong>s não somentedas climatéricas, mas <strong>de</strong> todas as usuárias que tenhamindicação <strong>de</strong> realizá-la. A d<strong>em</strong>anda não <strong>de</strong>veria serreprimida pela oferta do serviço, que t<strong>em</strong> limitado oacesso das usuárias do SUS ao uso <strong>de</strong>sse serviço <strong>de</strong>prevenção e <strong>de</strong>tecção precoce do câncer <strong>de</strong> mama.O câncer <strong>de</strong> mama é t<strong>em</strong>ido pelas mulheres não somentepor estar relacionado com a f<strong>em</strong>inilida<strong>de</strong>, mas tambémpela conjuntura biopsicossocial que permeia todos osfatores <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong>ssa patologia. As mulheres maisatingidas pelo câncer <strong>de</strong> mama são as <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> entre 45e 65 anos, dada a tendência <strong>de</strong> aumentar, cada vez mais,o número <strong>de</strong> mulheres nessa faixa etária <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> doaumento da expectativa <strong>de</strong> vida. Portanto, é preciso quesejam reavaliadas as ações <strong>de</strong> prevenção e <strong>de</strong>tecçãoprecoce do câncer <strong>de</strong> mama para que, <strong>em</strong> curto prazo,a 3ª CRS não esteja mais <strong>em</strong> segundo lugar, entre as CRS,com o segundo maior índice <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> f<strong>em</strong>ininapor câncer <strong>de</strong> mama. É importante consi<strong>de</strong>rar queessa incidência elevada po<strong>de</strong> estar relacionada à maiornotificação e registro <strong>de</strong>sses dados.A redução da incidência está diretamente associada àsmedidas <strong>de</strong> prevenção e <strong>de</strong> conscientização da populaçãoquanto aos fatores <strong>de</strong> risco do câncer <strong>de</strong> mama; jáa redução da mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da capacida<strong>de</strong>do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>em</strong> <strong>de</strong>tectar o câncer o maisprecoc<strong>em</strong>ente possível e tratá-lo a<strong>de</strong>quadamente. Dessaforma, há relação <strong>de</strong> inter<strong>de</strong>pendência entre promoção,prevenção e assistência a ser oferecida à mulher.A execução <strong>de</strong> diversas ações <strong>de</strong> controle do câncer<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>ravelmente, do estágio <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cada município e <strong>de</strong> suasparticularida<strong>de</strong>s socioculturais e econômicas. Issoporque, cada vez que o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> não respon<strong>de</strong>a<strong>de</strong>quadamente à d<strong>em</strong>anda que a ele se apresenta,370 r<strong>em</strong>E – Rev. Min. Enferm.;15(3): 365-371, jul./set., 2011

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