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Versão completa em PDF - Escola de Enfermagem - UFMG

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INTRODUÇÃOO processo <strong>de</strong> envelhecimento populacional está cadavez mais presente tanto nos países <strong>de</strong>senvolvidoscomo nos <strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, tal como no Brasil. Esseexpressivo aumento da população idosa v<strong>em</strong> ocorrendodadas as melhorias das condições <strong>de</strong> vida que resultaramno aumento da expectativa <strong>de</strong> vida das pessoas.Esse envelhecimento populacional acarreta uma série <strong>de</strong>alterações na organização da dinâmica pessoal, familiar,social e profissional, o que influencia o <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> e motiva a necessária readaptação <strong>de</strong>políticas públicas ligadas ao ambiente laboral, à saú<strong>de</strong>e à segurança social da pessoa idosa. 1Associada a essa transformação do perfil d<strong>em</strong>ográfico,ocorreu, paralelamente, a transformação do perfilepid<strong>em</strong>iológico da população brasileira, o que t<strong>em</strong>ocasionado, também, o aumento <strong>de</strong> doenças crônico<strong>de</strong>generativas,as quais, eventualmente, pod<strong>em</strong> comprometera autonomia das pessoas idosas. 2Desse modo, cada vez mais se torna necessário repensaras políticas e práticas <strong>de</strong> assistência e cuidado à pessoaidosa.Na gerontologia, há um consenso <strong>de</strong> que o cuidado àpessoa idosa po<strong>de</strong> ser impl<strong>em</strong>entado tanto pela famíliacomo pelos profissionais e instituições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Nessecontexto, surge a figura do cuidador, aquela pessoa quepresta cuidados para suprir a incapacida<strong>de</strong> funcionalt<strong>em</strong>porária ou <strong>de</strong>finitiva da pessoa idosa. 2De acordo com o vínculo, os cuidadores receb<strong>em</strong>diferentes <strong>de</strong>nominações. Os cuidadores formaiscompreend<strong>em</strong> todos os profissionais e instituiçõesque realizam atendimento sob forma <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong>serviços e cuidadores informais, os familiares, os amigos,os vizinhos, os m<strong>em</strong>bros da igreja, <strong>de</strong>ntre outros. 3Além <strong>de</strong>ssa classificação, há também a <strong>de</strong> cuidadoresprimários, secundários e terciários. Os cuidadoresprimários são os principais responsáveis pela pessoaidosa, pelo cuidado e pela maior parte das tarefas. Ossecundários pod<strong>em</strong> até realizar as mesmas tarefas,mas não possu<strong>em</strong> nível <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>cisão,atuando quase s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong> forma pontual <strong>em</strong> algunscuidados básicos, revezando com o cuidador primário.Os cuidadores terciários são coadjuvantes e nãopossu<strong>em</strong> responsabilida<strong>de</strong> pelo cuidado, substituindoo cuidador primário por curtos períodos e realizando, namaioria das vezes, tarefas especializadas, como compras,pagamentos <strong>de</strong> contas e recebimento <strong>de</strong> pensões. 4Em relação à prestação <strong>de</strong> cuidados, existe umconsentimento <strong>de</strong> que o contexto familiar da pessoaidosa po<strong>de</strong> promover melhores condições <strong>de</strong> cuidado,<strong>em</strong>bora, atualmente, haja um crescente abandono <strong>de</strong>lespor seus familiares.Sabe-se que é principalmente na família que a pessoaidosa encontra apoio, cuidado e proteção, no entanto,o custo oneroso do cuidado para as famílias, associadoàs mudanças dos seus valores, t<strong>em</strong> ocasionado afrequente institucionalização <strong>de</strong>sse idoso, que se torna<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte por motivos físico-funcionais, afetivos oufinanceiros, b<strong>em</strong> como pelo crescente abandono pelospróprios familiares. 5Essa atenção e esse cuidado à pessoa idosa nasinstituições <strong>de</strong> longa permanência preench<strong>em</strong> a lacunaaberta pela impossibilida<strong>de</strong> da família <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r àsnecessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seus idosos. Isso se ocorre quer pelafalta <strong>de</strong> condições socioeconômicas, que não permit<strong>em</strong>manter o seu ente no lar, junto da família, quer porexigências e incompatibilida<strong>de</strong>s das socieda<strong>de</strong>s atuaisno que se refere à organização da família, pela falta <strong>de</strong>políticas públicas que vis<strong>em</strong> apoiar a pessoa idosa e seusfamiliares no cumprimento <strong>de</strong> seu papel. 1Nesse contexto, as instituições <strong>de</strong> longa permanênciaaparec<strong>em</strong> como uma alternativa, que, às vezes, écontestada pelos significados <strong>de</strong> abandono e maus tratosque as acompanham. Quando não exist<strong>em</strong> possibilida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> manutenção que permitam a aproximação dapessoa idosa a seus familiares, as instituições <strong>de</strong>longa permanência representam alternativas quevisam compl<strong>em</strong>entar e nunca substituir a ação dafamília, procurando encontrar medidas e formas <strong>de</strong>prevenção e intervenção que permitam proporcionar umaprestação <strong>de</strong> cuidados ao idoso que tenha <strong>em</strong> conta suaindividualida<strong>de</strong> e suas necessida<strong>de</strong>s. 1No entanto, não há como negar que muitas dasinstituições <strong>de</strong> longa permanência estão sofrendomomentos críticos, incluindo a falta <strong>de</strong> infraestrutura físicae até o insuficiente número <strong>de</strong> cuidadores qualificados.A formação <strong>de</strong> recursos humanos <strong>em</strong> gerontologia dizrespeito diretamente à qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da pessoaidosa, <strong>de</strong>corrente da relação entre as condições físicas,competências comportamentais da pessoa idosa econdições ambientais, pois um ambiente que apresentarecursos físicos e humanos responsivos e a<strong>de</strong>quados àscondições funcionais e comportamentais da pessoa idosapropiciando-lhe uma adaptação positiva. 6A maioria das instituições brasileiras <strong>de</strong> ensino superiorainda não está sintonizada com o atual processo <strong>de</strong>transição d<strong>em</strong>ográfica e suas consequências nos campospolítico, econômico, social e da saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>notado pelaescassez <strong>de</strong> recursos técnicos e humanos capacitados.Por conta disso, a capacitação <strong>de</strong> recursos humanosespecializados para atenção à saú<strong>de</strong> da pessoa idosa éuma das diretrizes da Política Nacional da Pessoa Idosa(PNPI), a qual perpassa por todas as d<strong>em</strong>ais diretrizes,configurando mecanismo privilegiado <strong>de</strong> articulaçãointersetorial e <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> das três esferas<strong>de</strong> governo. 7 Estabelece, ainda, como mecanismofundamental, a criação <strong>de</strong> comissão permanente <strong>de</strong>integração entre os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e as instituições <strong>de</strong>ensino profissional e superior, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proporpriorida<strong>de</strong>s, métodos e estratégias. 7Nesse cenário, o atendimento às pessoas idosas <strong>em</strong>instituições <strong>de</strong> longa permanência passa a ser umapreocupação, uma vez que as ações <strong>de</strong> cuidado sãofrequent<strong>em</strong>ente realizadas por trabalhadores nãor<strong>em</strong>E – Rev. Min. Enferm.;15(3): 348-355, jul./set., 2011349

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