Jornal Oficial:Um escritorpacifica<strong>do</strong>:“Há <strong>que</strong>mdiga <strong>que</strong> sou<strong>de</strong>masia<strong>do</strong>feliz para serum excelenteromancista”PEDRO MARTINHOlisboaSessão <strong>de</strong> encerramento > Entrega <strong>do</strong> Prémio <strong>do</strong> públicoSessão conjunta com DocLisboa > Abertura da secção Heartbeatbenda bilili !<strong>de</strong> Florent <strong>de</strong> la Tullaye e Renaud Barret16 outubro 22h00 > são jorge 1Documentário musical <strong>que</strong> extravasa energiaalmadaSessão <strong>de</strong> encerramentogainsbourg (vie heroï<strong>que</strong>)<strong>de</strong> Joann Sfar17 outubro 21h30 > f. m. romeu correia,auditório fernan<strong>do</strong> lopes-graçaUm retrato singular, imaginativo e cheio <strong>de</strong>ternura <strong>de</strong> um mito maior da canção francesaportoSessão <strong>de</strong> abertural’illusioniste<strong>de</strong> Sylvain Chomet19 outubro 21h30 > fundação <strong>de</strong> serralvesPoesia, ternura e melancolia nesta vibrantehomenagem a Jac<strong>que</strong>s Tatiguimarãesle petit nicolas<strong>de</strong> Laurent Tirard21 outubro 14h30 > c. cultural vila florO mais célebre <strong>do</strong>s alunos franceses pela primeiravez no cinema, para gáudio <strong>de</strong> miú<strong>do</strong>s e graú<strong>do</strong>sfaroSessão <strong>de</strong> aberturamicmacs à tire-larigot<strong>de</strong> Jean-Pierre Jeunet24 outubro 21h30 > teatro mun. <strong>de</strong> faroO cria<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Ámelie regressa com o seu habitualimaginário <strong>de</strong>senfrea<strong>do</strong>, poético e diverti<strong>do</strong>coimbraSessão <strong>de</strong> abertural’arnacœur<strong>de</strong> Pascal Chaumeil3 novembro 21h00 > t. a. g. v.Um <strong>de</strong>licioso frente-a-frente cheio <strong>de</strong> humorentre o sedutor Romain Durise a irresistível Vanessa ParadisPARCEIROS MÉDIAPARCEIROSINSTITUCIONAISmesma pessoa? O <strong>que</strong> mu<strong>do</strong>u <strong>de</strong>s<strong>de</strong>a nossa juventu<strong>de</strong>? Perguntas <strong>de</strong>stetipo são feitas por toda a gente enão apenas por escritores.To<strong>do</strong>s vivemos várias vidas?Vamos mudan<strong>do</strong> radicalmente. Mantenhoum diário <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os meus 18anos e, através <strong>de</strong>le, consigo regredirno tempo e ver um “eu” <strong>que</strong>, ao longo<strong>do</strong>s anos, se vai revelan<strong>do</strong> candidamente,sem qual<strong>que</strong>r disfarce.Acontece não me reconhecer, o <strong>que</strong>se torna cada vez mais evi<strong>de</strong>nte à medida<strong>que</strong> envelheço. No caso <strong>de</strong> “Tempesta<strong>de</strong>”levei o tema até às últimasconsequências, uma vez <strong>que</strong> AdamKindred é <strong>de</strong>sapossa<strong>do</strong> <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> aquilo<strong>que</strong> faz parte da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> contemporânea:cartões <strong>de</strong> crédito, telemóveis,casas, empregos, e é remeti<strong>do</strong>para uma condição quaseanimalesca.Adam regressa ao grau zero daexistência numa regressão muitorápida. Foi sua intenção mostrara capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resistência e <strong>de</strong>adaptação <strong>do</strong>s seres humanos?Sim. Quan<strong>do</strong> Adam se vê obriga<strong>do</strong> a<strong>de</strong>vorar uma gaivota bate no fun<strong>do</strong>,mas consegue inverter a sua <strong>que</strong>da.Já escrevi quatro romances em torno<strong>de</strong>ste assunto e interrogo-me se nãoserá por<strong>que</strong> atingi um ponto na minhavida em <strong>que</strong> sinto necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> me <strong>que</strong>stionar. Tenho um passa<strong>do</strong>complica<strong>do</strong> e, quan<strong>do</strong> me perguntamon<strong>de</strong> estão as minhas raízes, não tenhocertezas <strong>de</strong> nada. A minha própriahistória é muito vaga, e talvezseja essa a razão <strong>do</strong> meu interessepelas <strong>que</strong>stões da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.Quem acompanha a sua obratem a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seguirtambém a sua vida, os seushumores e os seus interesses: osprimeiros livros são passa<strong>do</strong>sem África, segue-se o perío<strong>do</strong>americano – com o <strong>de</strong>lirante“Stars and Bars” e os contos<strong>de</strong> “On the Yankee Station” – e<strong>de</strong>pois, ao longo <strong>do</strong>s anos, vaiabordan<strong>do</strong> temas diferentes emcenários distintos, e<strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> para trás a ironiamuito corrosiva <strong>do</strong>s seusprimeiros romances.To<strong>do</strong>s os meus romances são diferentes,sempre <strong>de</strong>sejei sentir-me estimula<strong>do</strong>e curioso em relação a assuntostotalmente distintos uns <strong>do</strong>s outros.Tenho a noção <strong>de</strong> <strong>que</strong> “Stars andBars” é o meu livro mais engraça<strong>do</strong>mas, por exemplo, “Armadillo” tambémé uma comédia.Retoma essa veia em“Tempesta<strong>de</strong>”, on<strong>de</strong> surgemsituações e personagensbastante cómicas.Sim, há sempre absur<strong>do</strong>, ironia e humornegro nos meus romances, o <strong>que</strong><strong>de</strong>ve ter a ver com o meu temperamento.Mas, quan<strong>do</strong> penso no <strong>que</strong> jáescrevi, reparo <strong>que</strong>, em três <strong>do</strong>s meuslivros (“As Novas Confissões”, “Viagemao Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> um Coração” e,agora, “Tempesta<strong>de</strong>”), me preocupeiem criar ficções tão reais quanto possível.Desce o início da ameaçaterrorista à escala global, em2001, as pessoas são vigiadas ato<strong>do</strong> o instante. Parece quaseimpossível <strong>que</strong> alguém, comoo seu protagonista, consiga<strong>de</strong>saparecer por completo emLondres.É verda<strong>de</strong>. Em Inglaterra temos maiscâmaras <strong>de</strong> vigilância por cidadão <strong>do</strong><strong>que</strong> qual<strong>que</strong>r outro país. No entantohá 200 mil <strong>de</strong>sapareci<strong>do</strong>s e nem to<strong>do</strong>sestão mortos; há a<strong>que</strong>les <strong>que</strong> conseguiramescapar ao radar social.Para o fazer é preciso, no entanto,abdicar <strong>de</strong> uma vida confortável: nãose po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar qual<strong>que</strong>r vestígio,paga-se tu<strong>do</strong> com dinheiro, procurasecomida no lixo. É uma existênciamuito básica e precária. Des<strong>de</strong> <strong>que</strong>escrevi este livro acontece-me andarem Londres e reparar com muita acuida<strong>de</strong>nos Adams Kindred com os <strong>que</strong>me cruzo. O meu olhar mantém-sefoca<strong>do</strong> nessas pessoas <strong>que</strong>, por escolhaou necessida<strong>de</strong>, saltaram parafora <strong>do</strong> século <strong>XX</strong>I.Em <strong>de</strong>terminada altura, Adamprocura ajuda na Igreja <strong>de</strong>St John Christ, on<strong>de</strong> tambémas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s se diluem (atémesmo a <strong>de</strong> Jesus Cristo). Toda agente se chama John (homens emulheres), toda a gente tem umnúmero. É essa a sua visão <strong>de</strong>uma socieda<strong>de</strong> distópica?Em situações extremas as pessoaspo<strong>de</strong>m ser seduzidas e cair em armadilhas.A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>sta igreja, <strong>que</strong> euinventei, é cómica, mas existem lugaressemelhantes, liga<strong>do</strong>s a religiõesfundamentalistas, evangélicas.Em “Tempesta<strong>de</strong>” aspersonagens nunca sãototalmente boas nem totalmentemás: a prostituta a<strong>do</strong>ra o filho,o assassino empe<strong>de</strong>rni<strong>do</strong> amao cão, o executivo impie<strong>do</strong>so ésentimental e ingénuo, o próprioAdam muda constantemente…Sim, neste romance tentei incutir uma24 • Sexta-feira 15 Outubro 2010 • Ípsilon
certa i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> re<strong>de</strong>nção. Até mesmoAdam acaba por amar Rita, o <strong>que</strong> lhedá uma enorme serenida<strong>de</strong>. Existealgo nas pessoas a <strong>que</strong> não se consegueresistir: o po<strong>de</strong>roso <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> afectoe <strong>de</strong> amor, bem como a ânsia <strong>de</strong>reciprocida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses sentimentos.O título <strong>de</strong>ste livro estárelaciona<strong>do</strong> com o facto <strong>de</strong>Adam ser um climatologista.Serve-lhe <strong>de</strong> metáfora parao facto <strong>de</strong> a existência daspessoas – apesar <strong>de</strong> toda a novatecnologia e da ciência – ser tãoimprevisível quanto o tempo?Penso <strong>que</strong> as nossas vidas são regidaspela boa e pela má sorte <strong>que</strong> temos.Adam, <strong>que</strong> parece uma figura quasedivina – um homem <strong>que</strong> produz chuva–, é impotente perante as forças dapouca sorte. Esta i<strong>de</strong>ia da força <strong>do</strong>“<strong>de</strong>stino” está sempre presente nasminhas obras.Adam é um homem bemforma<strong>do</strong>. Exactamente por ser<strong>de</strong>cente, simpático e afável é <strong>que</strong>cai em <strong>de</strong>sgraça. Não existe, nasua obra, qual<strong>que</strong>r “justiça”,seja divina ou <strong>do</strong>s homens?Claro. Os acontecimentos, em “Tempesta<strong>de</strong>”,reflectem essa absoluta indiferença<strong>do</strong> universo, <strong>que</strong>, emborapensemos o contrário, não nos <strong>de</strong>venada. É uma <strong>que</strong>stão <strong>de</strong> lançar os da<strong>do</strong>s,<strong>de</strong> atirar a moeda ao ar. Há poucotempo terminámos as filmagens daadaptação televisiva <strong>de</strong> “Viagem aoFun<strong>do</strong> <strong>do</strong> Coração”, um romance em<strong>que</strong> está bem patente esta i<strong>de</strong>ia, principalmenteno <strong>que</strong> diz respeito aoprotagonista, Logan Mountstuart, <strong>que</strong>encara tu<strong>do</strong> o <strong>que</strong> lhe acontece comoproduto da boa e da má sorte, o <strong>que</strong>irrita os amigos. Não compreen<strong>de</strong>mcomo é <strong>que</strong> ele po<strong>de</strong> viver com uma“Tenho um passa<strong>do</strong>complica<strong>do</strong> e, quan<strong>do</strong>me perguntam on<strong>de</strong>estão as minhasraízes, não tenhocertezas <strong>de</strong> nada.A minha própriahistória é muito vaga,e talvez seja essaa razão <strong>do</strong> meuinteresse pelas<strong>que</strong>stões dai<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>”filosofia tão básica. Mas por<strong>que</strong> não?Fazemos o <strong>que</strong> po<strong>de</strong>mos, mas, no final,o <strong>que</strong> é <strong>que</strong> isso conta?A meio <strong>do</strong> livro, acontece algomuito interessante: o início<strong>do</strong> <strong>de</strong>clínio <strong>do</strong> gran<strong>de</strong>, rico epo<strong>de</strong>roso Ingram coinci<strong>de</strong> com oprincípio da ascensão <strong>de</strong> Adam.Foi por acaso ou fazia parte <strong>do</strong>seu projecto para a trama?Começo sempre por fazer um plano,sem o qual não trabalho. Por vezeslevo mais tempo a fazer pesquisa e aarquitectar <strong>do</strong> <strong>que</strong> a escrever. No caso<strong>de</strong> Ingram era óbvio para mim <strong>que</strong>o seu <strong>de</strong>clínio começa quan<strong>do</strong> ele seapercebe <strong>que</strong> é totalmente impotenteface à <strong>do</strong>ença.O rio Tamisa surge como umaespécie <strong>de</strong> personagem extraneste romance. Porquê toda estaimportância?Só quan<strong>do</strong> acabei <strong>de</strong> o escrever é <strong>que</strong>me apercebi da importância <strong>do</strong> rio,<strong>que</strong> surge como um ser vivo, mutável,complexo. Sabia <strong>que</strong> o ia usar masnão esperava <strong>que</strong> se tornasse tão omnipresente.O livro começa num ponto<strong>que</strong> é mesmo ao la<strong>do</strong> da minhacasa e observo sempre com espantoas marés <strong>que</strong> criam um <strong>de</strong>snível <strong>de</strong>cinco metros nas águas, tornan<strong>do</strong> asmargens sempre diferentes. É umapresença muito forte.Em “Tempesta<strong>de</strong>”acontecimentos semelhantessão vivi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> maneira diferentepor pessoas diferentes: o <strong>que</strong>é óptimo para alguns po<strong>de</strong>ser terrível para outros. Acha<strong>que</strong> estas contradições criammal-entendi<strong>do</strong>s com gravesrepercussões na vida daspessoas?Sim. Remeto-me para a minha obsessãopor Tchékhov: as suas históriassão muitas vezes sobre pessoas <strong>que</strong><strong>de</strong>veriam acabar juntas, mas <strong>que</strong> sãovítimas <strong>de</strong> algum acontecimento – porvezes algo completamente fútil, idiota– <strong>que</strong> lhes estraga a vida. No nossodia-a-dia vemos amigos e conheci<strong>do</strong>sa soçobrarem e pensamos no <strong>que</strong> é<strong>que</strong> aconteceu para <strong>que</strong> tenham es<strong>que</strong>ci<strong>do</strong>o <strong>que</strong> é fundamental nas suasvidas; também há pessoas <strong>que</strong>acham <strong>que</strong> têm <strong>que</strong> ser necessariamentefelizes mas falham, e falhar éa coisa mais humana <strong>que</strong> existe. Falhamosmesmo quan<strong>do</strong> as oportunida<strong>de</strong>sestão diante <strong>do</strong>s nossos olhos.Tchékhov é muito mo<strong>de</strong>rno por<strong>que</strong>as suas personagens não são idiotasnem irresponsáveis, nem cegas, sãoapenas pessoas.Este livro é um “thriller”, masfoge aos cânones <strong>do</strong> género. Nãoexiste um fim, uma solução.Não se fica a saber o <strong>que</strong> po<strong>de</strong>ráacontecer e o suspense continuapara além da acção.Costumo retirar alguma coisa <strong>do</strong>s romances<strong>de</strong> género – em “Armadillo”,<strong>do</strong>s livros sobre conspirações; em “Inquietu<strong>de</strong>”,<strong>do</strong>s <strong>de</strong> espionagem – e usooscomo uma espécie <strong>de</strong> motor <strong>que</strong>mantém em funcionamento a minha“bela máquina”, a minha narrativa.Acredito <strong>que</strong> o <strong>que</strong> faz com <strong>que</strong> o leitorsinta a necessida<strong>de</strong> irresistível <strong>de</strong> continuara ler é a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> saber o <strong>que</strong>vai acontecer. Procuro transmitir essaenergia. Às vezes até me aborrece <strong>que</strong>as pessoas digam <strong>que</strong> leram um <strong>do</strong>smeus livros sem parar (risos); é o caso<strong>de</strong> “Tempesta<strong>de</strong>”. Houve críticos <strong>que</strong>disseram <strong>que</strong> este romance era “fácil”,como se isso fosse um <strong>de</strong>feito (risos).Tem afirma<strong>do</strong> <strong>que</strong> evita o“<strong>de</strong>mónio da especificida<strong>de</strong>”e costuma baralhar as pistas,como acontece neste romance.Porquê?Quan<strong>do</strong> escrevo um livro cuja acçãose passa no passa<strong>do</strong> tento ser criteriosopara <strong>que</strong> tu<strong>do</strong> surja com enormeexactidão. O meu próximo romanceinicia-se em Viena, em 1913, e a minhapesquisa tem si<strong>do</strong> tão exaustiva quantopossível. Mas quan<strong>do</strong> escrevo sobreo aqui e agora, da<strong>do</strong>s específicos – o<strong>que</strong> está a dar na televisão, <strong>que</strong>m ganhouo Campeonato <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>, o <strong>que</strong>diz o primeiro ministro – tornam-seimediatamente data<strong>do</strong>s. Foi por isso<strong>que</strong>, neste livro, evitei mencionar nomese lugares. Quero <strong>que</strong> o livro sejaintemporal e possa ser li<strong>do</strong> da mesmaforma em 2020, por exemplo. Não<strong>que</strong>ro <strong>que</strong> certos <strong>de</strong>talhes contribuampara encerrar os meus livros numacápsula <strong>do</strong> tempo.Dedica to<strong>do</strong>s os seus livros à suamulher, Susan.Sempre <strong>que</strong> acabo <strong>de</strong> escrever umlivro penso <strong>que</strong> não há mais ninguéma <strong>que</strong>m o possa <strong>de</strong>dicar. Ela acompanha-meno processo e é a minha primeiraleitora e uma crítica severa. Naverda<strong>de</strong>, é a minha arma secreta.Não há dúvida <strong>de</strong> <strong>que</strong> parece seruma pessoa felizÉ verda<strong>de</strong>. Há <strong>que</strong>m diga <strong>que</strong> sou <strong>de</strong>masia<strong>do</strong>feliz para ser um excelenteromancista (risos). Mas <strong>que</strong> diabo, nãoé preciso ser-se infeliz, <strong>de</strong>sespera<strong>do</strong>,triste. Um gran<strong>de</strong> amigo meu, romancista,<strong>que</strong> também tem uma vida felize estável, diz sempre <strong>que</strong> <strong>que</strong>m andaà <strong>de</strong>riva numa jangada num mar infesta<strong>do</strong><strong>de</strong> tubarões não precisa <strong>de</strong>saltar para a água, só para experimentara sensação <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>vora<strong>do</strong>.Ver crítica <strong>de</strong> livros na pág. 36 e segs.Ípsilon • Sexta-feira 15 Outubro 2010 • 25