O que fizemos à memória do século XX? - Fonoteca Municipal de ...
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Flash“Moebius-Transe-Forme” reúne mais<strong>de</strong> 300 <strong>de</strong>senhos originais,ilustrações inéditas incluídasAs metamorfoses <strong>de</strong>Moebius na FundaçãoCartierInquieto, <strong>de</strong>safia<strong>do</strong>r,iconoclasta, imprevisível.Quase to<strong>do</strong>s os adjectivospo<strong>de</strong>m ser aplica<strong>do</strong>s à obra eao percurso <strong>de</strong> Giraud-Moebius mas é eleva<strong>do</strong> o risco<strong>de</strong> ficarem muito aquém <strong>do</strong><strong>que</strong> há <strong>de</strong> mais substancial nassuas criações. Uma exposiçãoinaugurada esta terça-feira naFundação Cartier para a ArteContemporânea, em Paris(po<strong>de</strong> ser visitada até 13 <strong>de</strong>Março <strong>do</strong> próximo ano)procura fixar esse corpo <strong>de</strong>trabalho.“Moebius-Transe-Forme” é otítulo da exposição, a primeira<strong>do</strong> autor em Paris com estadimensão, <strong>que</strong> reúne mais <strong>de</strong>três centenas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhosoriginais, incluin<strong>do</strong> ilustraçõesinéditas. A palavra-chave paraver e enten<strong>de</strong>r a mostra é“metamorfose”, algo <strong>que</strong> tematravessa<strong>do</strong> o percurso <strong>do</strong>artista <strong>de</strong> forma constante econsistente.Moebius nasceu Jean Giraudno dia 8 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1938(Nogent-sur-Marne, França) ecomeçou por assinar como Gir asua primeira obra maior, apartir <strong>de</strong> 1963 – a série“western” Fort Navajo, <strong>de</strong>poisintitulada Blueberry. Moebiussó aparece em 1975, quan<strong>do</strong> oartista participou na fundaçãoda mítica revista “MétalHurlant”, surpreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> tu<strong>do</strong>e to<strong>do</strong>s com um estilo gráfico etemáticas <strong>que</strong> estavam nosantípodas <strong>do</strong> registo realista dafase anterior. “Arzach” (1976),“Le Garage Herméti<strong>que</strong>” e,sobretu<strong>do</strong>, o genial “L’Incal”(1980, em parceria com oinclassificável AlexandroJo<strong>do</strong>rowski) são estaçõesfundamentais <strong>de</strong> uma viagem<strong>que</strong>stiona<strong>do</strong>ra e reflexiva <strong>que</strong> seprolonga em belíssimasilustrações, serigrafias, capas e,fora <strong>de</strong>ste registo, em incursõesno cinema – “O QuintoElemento”, <strong>de</strong> Luc Besson; “OAbismo”, <strong>de</strong> James Cameron;“Tron”, <strong>de</strong> Steven Lisberger;“Alien”, <strong>de</strong> Ridley Scott ou ofilme <strong>de</strong> animação “Les Maîtresdu Temps”, <strong>de</strong> René Laloux).Dois novos filmes sãoapresenta<strong>do</strong>s em antestreia: umfilme <strong>de</strong> animação em 3Dinspira<strong>do</strong> no álbum <strong>de</strong> Moebius“La Planète Encore” e um<strong>do</strong>cumentário <strong>de</strong> 52 minutossob a forma <strong>de</strong> um retrato <strong>do</strong>artista.Esta exposição na FundaçãoCartier não é uma estreia <strong>de</strong>Giraud-Moebius na<strong>que</strong>lainstituição, pois a obra <strong>do</strong>artista já ali tinha esta<strong>do</strong>exposta em 1999 no quadro <strong>de</strong>“1 Mon<strong>de</strong> Réel”, umaexposição articulada em tornodas relações entre a realida<strong>de</strong>,a ficção e a ficção científica.Carlos PessoaAi Weiwei planta 100milhões <strong>de</strong> sementes<strong>de</strong> girassol na TateJá tinha parti<strong>do</strong> uma urna com <strong>do</strong>ismil anos da dinastia Han,transforma<strong>do</strong> ca<strong>de</strong>iras com séculosreviran<strong>do</strong>-lhes os ângulos,envolvi<strong>do</strong> um estádio com 42 miltoneladas <strong>de</strong> aço, transforman<strong>do</strong>-onum ninho, pinta<strong>do</strong> potes <strong>do</strong>neolítico com tintas industriais.Agora, Ai Weiwei, o mais famoso<strong>do</strong>s artistas plásticos chineses (já severá como este título é redutor)lançou ao Turbine Hall da TateMo<strong>de</strong>rn 100 milhões <strong>de</strong> sementes<strong>de</strong> girassol. Ou melhor, pe<strong>que</strong>naspeças <strong>de</strong> porcelana feitas e pintadasà mão, mas iguaizinhas a sementes<strong>de</strong> girassol. Não há duas iguais.Falta ouvir o som <strong>que</strong> provocam<strong>de</strong>baixo <strong>do</strong>s pés. Mas sabemos <strong>que</strong>po<strong>de</strong>mos pisá-las, atirá-las ao ar,<strong>de</strong>itar-nos em cima <strong>de</strong>las, rebolarcom elas, dançar. Aparentementesó não vale levar para casa.Po<strong>de</strong>mos imaginar as horas, osdias, os meses e os anos (<strong>do</strong>is emeio) <strong>de</strong> <strong>que</strong> 1600 artesãos dacida<strong>de</strong> chinesa <strong>de</strong> Jing<strong>de</strong>zhenprecisaram para conseguir os 100milhões <strong>de</strong> sementes. Ai Weiwei feztrês: parecem simples, mas épreciso <strong>de</strong>streza, confessou.Por<strong>que</strong> é <strong>que</strong> Ai não se limitou ausar sementes verda<strong>de</strong>iras epreferiu réplicas? Talvez (e émesmo só uma suposição) por<strong>que</strong> oartista tem esta<strong>do</strong> particularmenteinteressa<strong>do</strong> em explorar – já o fezem várias obras – a <strong>que</strong>stãoverda<strong>de</strong>iro/falso. A sua empresa(também é arquitecto e performer ecura<strong>do</strong>r e escultor e escritor eactivista e..) chama-se Fake Design.A cópia e a produção em massa, jáse sabe, fazem também parte dacultura chinesa.De qual<strong>que</strong>r forma, esta não seráa <strong>que</strong>stão principal neste maracinzenta<strong>do</strong> <strong>que</strong> se esten<strong>de</strong> aolongo <strong>de</strong> mil metros quadra<strong>do</strong>s peloTurbine Hall. Vicente To<strong>do</strong>lí,director da Tate Mo<strong>de</strong>rn, explicouassim a escolha para um espaço <strong>que</strong>já foi ocupa<strong>do</strong>, entre outros, porLouise Bourgeois, Anish Kapoor ouDoris Salce<strong>do</strong>, no âmbito daUnilever Series: “As instalações <strong>de</strong>Weiwei, fre<strong>que</strong>mente <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>escala, estão entre as maissocialmente comprometidas obras<strong>de</strong> arte a serem feitas hoje”.Aparentemente simples, estemar, ou <strong>de</strong>serto como também já ochamaram, é muito mais <strong>do</strong> <strong>que</strong>aquilo <strong>que</strong> aparenta, como <strong>de</strong> restopraticamente todas as obras <strong>de</strong> AiWeiwei, um importante dissi<strong>de</strong>ntepolítico, <strong>que</strong> aos <strong>de</strong>z anos foienvia<strong>do</strong> para um campo <strong>de</strong> trabalhopor<strong>que</strong> o pai, o poeta Ai Qing, eraAs sementes,diz Ai Weiwei,são umsímbolo daChina: Maoera o sol, oschineses eramos girassóis<strong>que</strong> o seguiamum crítico <strong>do</strong> regime.Os chineses comem comfrequência sementes <strong>de</strong> girassol ehavia pouco mais <strong>do</strong> <strong>que</strong> issodurante os anos mais duros daditadura <strong>de</strong> Mao Ze<strong>do</strong>ng, on<strong>de</strong>também falharam as relaçõessociais. Para Ai Weiwei, estassementes reunidas na Taterepresentam o povo <strong>do</strong> seu país esão um “símbolo revolucionário”:Mao era o sol e os chineses girassóis<strong>que</strong> o seguiam.Eram necessários 100 milhões? Oartista referiu <strong>que</strong> o número équatro vezes superior à população<strong>de</strong> Pequim e um quarto <strong>do</strong>sutiliza<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Internet – sem aInternet, os chineses seriamesmaga<strong>do</strong>s pelos seus governantes,<strong>que</strong> se recusam a ver os indivíduos<strong>que</strong> fazem parte da massa, diz Ai,<strong>que</strong> tem um blogue activo epolémico. Até 2 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2011ficaremos a saber o <strong>que</strong> nasce<strong>de</strong>stas sementes.Francisca Gorjão Henri<strong>que</strong>sSTEFAN WERMUTH/ REUTERSAl Pacino po<strong>de</strong> sero Phil Spector <strong>de</strong>David MametAl Pacino é o principal candidato arepresentar o produtor musicalPhil Spector num telefilme basea<strong>do</strong>na sua vida. O filme, ainda semtítulo, será produzi<strong>do</strong> <strong>do</strong> pela HBOFilms. e, adianta o “New YorkTimes”, terá argumento erealização <strong>de</strong> David Mamet.Phil Spector foi produtor <strong>de</strong>bandas como os Beatles e osRamones e inventor da “wall ofsound”, a sobreposição <strong>de</strong>nsa <strong>de</strong>várias camadas <strong>de</strong> sons <strong>de</strong>instrumentos numa peça musical.É uma figura chave na música pop,mas também uma figura polémica- <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2009, cumpre uma pena <strong>de</strong>prisão na Califórnia a peloassassinato da actriz LanaClarkson.A confirmar-se, esta seráa segunda colaboração<strong>do</strong> actor norteamericanocom a HBOFilms, <strong>de</strong>pois <strong>do</strong>telefilme “You Don’tKnow Jack” (2010),sobre o médico<strong>de</strong>fensor epraticante daeutanásia JackKevorkian, <strong>que</strong>valeu a Al Pacinoum Emmy <strong>de</strong>Melhor Actor.Apesar <strong>de</strong> o crime<strong>de</strong> Spector tersi<strong>do</strong> cometi<strong>do</strong> em2003, o produtorpermaneceu livresob pagamento <strong>de</strong>fiança (um milhão <strong>de</strong>dólares) até aoprimeiro julgamento, <strong>que</strong> começouem Março <strong>de</strong> 2007. Mais tar<strong>de</strong>, emSetembro <strong>de</strong>sse ano, o julgamentofoi anula<strong>do</strong>; só foi retoma<strong>do</strong> emOutubro <strong>de</strong> 2008. Em Abril <strong>de</strong>2009, Phil Spector foi con<strong>de</strong>na<strong>do</strong> auma pena <strong>de</strong> 19 anos <strong>de</strong> prisão.Mesmona prisão,Phil Spectorvai dar um“biopic” <strong>de</strong>David MametKEVORK DJANSEZIAN/ AFP4 • Sexta-feira 15 Outubro 2010 • Ípsilon