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ilidade manual, talento artístico, você nem precisa<br />
ter essas qualidades e essa habilidade, a intenção<br />
é concretizar, dar uma representação visual àquilo<br />
que é desconhecido. Então, a partir do momento em<br />
que a gente expressa, seja de qualquer maneira, um<br />
rabisco, escolher imagens em revistas, coisas que<br />
nós todos fazemos, estamos expressando alguma<br />
coisa e, a partir dessa expressão, começamos a entrar<br />
em contato com o que está dentro da gente:<br />
por que será que eu escolhi isso? Qual é a relação?<br />
E aí a gente vai alinhavando essas expressões. A<br />
expressão, essa questão do fazer, ela é fundamental<br />
dentro do processo da Arteterapia, porque você,<br />
a partir do momento em que você faz alguma coisa,<br />
entra em contato com o material, seja ele qual for;<br />
você manuseia, você experimenta, a partir daí o indivíduo,<br />
ele aprende a se olhar com outros olhos, ele<br />
fica assim, mais consciente daquilo que está dentro,<br />
porque ele está vendo fora e de suas características<br />
e potencialidades. É interessante até a fala<br />
do ser objetiva, porque eu também sou muito objetiva<br />
e trabalhando com alto rendimento, existe muito<br />
essa cobrança de atletas, de comissão técnica:<br />
“Mas como você vai trabalhar concentração? Como<br />
você vai trabalhar confiança?”, são habilidades psicológicas<br />
que a gente desenvolve, mas são muito<br />
subjetivas: como trabalhar isso? E é através da Arteterapia<br />
que existe um fazer que a gente olha, foi<br />
a maneira que eu comecei a mostrar, porque isso é<br />
um material de expressão; então, em todo o trabalho,<br />
numa das reuniões, o que eu fazia era mostrar<br />
aquilo que os atletas faziam no final do processo<br />
para eles entenderem: “Ah, entendi, então foi assim<br />
que você trabalhou a confiança”, os aspectos que a<br />
gente foi trabalhando no decorrer do planejamento;<br />
então, é muito importante, através do que ele faz,<br />
do que ele expressa, darmos o retorno não só para<br />
ele e quando estamos inseridos numa comissão<br />
técnica também: “O que é aquilo que ele fez? Para<br />
que serve?”, principalmente quando estamos inseridos<br />
dentro de um clube ou dentro de uma instituição,<br />
onde são muitos materiais e precisamos da<br />
questão financeira, é obvio: “Eu preciso de tantos<br />
materiais”. “Para que você precisa de tanta argila?”,<br />
então, na realidade, mostramos o valor do trabalho<br />
a partir do momento em que você conta para<br />
o outro aquilo que você está fazendo. Bom, o que<br />
eu comentei agora há pouco sobre a questão do<br />
trabalho e da qualidade do material e o quanto é<br />
importante ter um “para que” e um “por que” cada<br />
material, esse contato com o material que a gente<br />
escolhe, ele é fundamental no processo arteterapêutico,<br />
porque ele potencializa, ele sensibiliza e<br />
ele desenvolve.<br />
“Na hora de escolher, isso<br />
faz parte da escolha, o que<br />
é importante fazer em cada<br />
momento ou dependendo do<br />
momento da equipe ou do atleta,<br />
o que de repente poderia ser<br />
mudado para fazer naquele<br />
momento, para ser desenvolvido”.<br />
Se a gente sabe que a Psicologia do Esporte<br />
tem por objetivo desenvolver as habilidades psicológicas:<br />
eu quero ser um pouco mais do que o<br />
outro atleta, então, eu quero desenvolver alguma<br />
coisa mais que o outro; a ideia é que justamente<br />
esse recurso possa ser um aprendizado, possa ser<br />
uma conquista que ele precisa treinar, desenvolver<br />
para adquirir. Então, é fundamental escolhermos<br />
o material na hora certa, cada material tem a sua<br />
qualidade, se é um material mais consistente, se é<br />
um material mais flexível, como por exemplo, aquarela<br />
ou argila, vamos pensar assim, são materiais<br />
extremamente opostos e cada um toca numa qualidade<br />
psicológica específica. Na hora de escolher,<br />
isso faz parte da escolha, o que é importante fazer<br />
em cada momento ou dependendo do momento<br />
da equipe ou do atleta, o que de repente poderia<br />
ser mudado para fazer naquele momento, para ser<br />
desenvolvido. É aí que entra a questão do esporte<br />
de alto rendimento, o que um atleta quer de alto<br />
rendimento? O resultado final, a medalha? independentemente<br />
do recurso arte-terapêutico utilizado,<br />
o objetivo não é o produto final, o objetivo é o<br />
processo de fazer arte. Então, independentemente<br />
daquilo que vamos propor para o outro entrar em<br />
contato, o mais importante é o como, é o processo.<br />
O produto final é importante, como eu falei para<br />
vocês agora há pouco, até para mostrar a validade,<br />
o quanto aquele trabalho está sendo importante,<br />
sim, mas não só e não é o mais importante. E onde<br />
que eles se encontram, então? A Psicologia do Esporte<br />
e a Arteterapia? Exatamente nessa questão<br />
oposta. A partir do momento em que você ensina<br />
um atleta a aprender e a se desenvolver com relação<br />
a: “Olhe o seu caminho e não só o resultado final”,<br />
ele valoriza o processo dele, não é? Eu sempre<br />
acreditei, dentro do trabalho de preparação psicológica,<br />
que o mais importante é podermos trabalhar<br />
o equilíbrio, trabalhar questões que muitas<br />
vezes não conseguimos trabalhar nas outras áreas,<br />
cada área que eu digo, assim, o preparo para o<br />
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CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia do Esporte: Contribuições para a atuação profissional